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Plantio Direto e sucessão de culturas contribuem para mitigar emissões de óxido nitroso no Cerrado

Pesquisa mostrou que o manejo convencional com soja ou milho na safra principal, sem uma sucessão cultural, mais a fertilização nitrogenada intensificam as emissões de N2O do solo no Cerrado. Pesquisadores recomendam o SPD associado à escolha da cultura da segunda safra, o que pode alterar o padrão de emissões. Nitrogênio disponível no solo e regime de chuvas são fatores que influenciam as emissões do gás.

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Sistema Plantio Direto apresentou, em relação ao plantio convencional, menores emissões cumulativas de óxido nitroso - Foto: Marcos Carolino de Sá

Pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) e da Universidade de Brasília (UnB) avaliaram possíveis efeitos de diferentes manejos do solo, rotações e sequências de culturas, além de fatores de clima e solo que propiciam emissões de óxido nitroso (N2O) de solos no bioma Cerrado e constataram que o Sistema Plantio Direto (SPD) apresentou, em relação ao plantio convencional, menores emissões cumulativas desse que é um dos principais gases de efeito estufa (GEE), com longo tempo de permanência na atmosfera e significativa contribuição para o aquecimento global.

Os resultados do estudo indicaram, ainda, que o manejo convencional com soja ou milho na safra principal, sem uma sucessão cultural, e a fertilização nitrogenada intensificam as emissões de N2O do solo no Cerrado.

No Cerrado, poucos estudos de longo prazo abordam a influência do manejo de culturas e dos sistemas de rotação nas emissões de N2O do solo. “Os efeitos dos sistemas de uso da terra nas emissões desse gás são o resultado de múltiplas variáveis cujas interações precisam ser melhor compreendidas”, justifica a pesquisadora Alexsandra de Oliveira, uma dos autores do artigo Effects of soil management, rotation and sequence of crops on soil nitrous oxide emissions in the Cerrado: A multi-factor assessment, publicado no Journal of Environmental Management.

Como foi feita a pesquisa
O estudo foi realizado numa área da Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF), durante 25 meses, em um experimento de longa duração instalado em 1996. Foram avaliados três sistemas de uso da terra: plantio direto com rotações e sequências bienais de sorgo após a soja nos dois primeiros anos e feijão-guandu após o milho nos dois anos seguintes (sistema plantio direto soja-sorgo/milho-feijão-guandu); plantio direto com rotações e sequências bienais de milho-feijão guandu nos dois primeiros anos e sorgo após a soja nos dois anos seguintes (sistema plantio direto milho-feijão-guandu/soja-sorgo); plantio convencional com grade de discos e rotação bienal soja-milho (plantio convencional soja/milho); além do Cerrado nativo sem uso agrícola. Os dados foram coletados entre outubro de 2013 e outubro de 2015.

Ilustração: Wellington Cavalcanti com base em conteúdo de Fabiana Ribeiro.

Com o uso de câmaras estáticas fechadas instaladas nos tratamentos, os fluxos de gases do solo foram amostrados 230 vezes ao longo do período da avaliação dos sistemas, com intervalos definidos por eventos como aplicação de insumos, preparo do solo (sob manejo convencional), chuvas, data de plantio, reumedecimento do solo após veranicos, data de colheita, senescência (envelhecimento das plantas), pousio, entre outros fatores que podem influenciar os picos de N2O.

A concentração de N2O das amostras foi determinada em laboratório por cromatografia gasosa.

Resultados
Os autores observaram que as emissões acumuladas de N2O foram influenciadas pelo tipo de manejo do solo e da cultura. Os fluxos cumulativos tanto no primeiro como no segundo ano foram maiores no preparo convencional, sendo que para todo o período analisado (2013-2015), as emissões acumuladas no plantio convencional soja/milho foram de 4,87 kg por hectare (ha), seguidas pelo plantio direto (SPD), sendo 3,47 kg/ha em sistema plantio direto soja-sorgo/milho-feijão-gundu e 2,29 kg/ha em plantio direto milho-feijão-guandu/soja-sorgo; além de 0,26 kg/ha na área com vegetação natural do Cerrado.

Na comparação anual, os valores no segundo ano foram maiores para todas as áreas avaliadas, exceto no Cerrado (ver tabela 1).

Foram avaliadas, conforme cada tratamento, as emissões da primeira safra (soja ou milho) e da segunda safra (sorgo ou feijão-guandu). Para a cultura principal (primeira safra), a única diferença significativa foi observada no segundo ano (2014-2015), com as maiores emissões observadas no plantio convencional (2,29 kg/ha), seguidas pelos tratamentos com plantio direto soja-sorgo/milho-feijão-guandu e milho-feijão-guandu/soja-sorgo e, por último, pelo Cerrado.

Mas as diferenças foram marcantes na segunda safra em ambos os anos. Embora não tenha sido plantada uma segunda safra no plantio convencional – para esse sistema, foi analisado o mesmo período em que os demais sistemas estavam com culturas, com plantio convencional soja/milho tendo emissões estatisticamente semelhantes às do sistema plantio direto soja-sorgo/milho-feijão-guandu, e ambas superiores às do sistema plantio direto milho-feijão-guandu/soja-sorgo e ao Cerrado. No segundo ano, plantio convencional soja/milho, plantio direto soja-sorgo/milho-feijão-guandu e plantio direto milho-feijão-guandu/soja-sorgo apresentaram emissões estatisticamente semelhantes entre si e superiores às do Cerrado.

O período de pousio também foi monitorado, considerando o momento em que nenhuma cultura estava sendo cultivada em nenhum dos sistemas agrícolas. As emissões foram maiores no plantio convencional no primeiro e no segundo ano (1,40 kg/ha e 0,89 kg/ha, respectivamente) que nos sistemas de plantio direto, o que, segundo os pesquisadores, sugere que a sucessão de culturas no ano agrícola é uma prática importante por promover ganhos do ponto de vista ambiental, além de outros benefícios agrícolas.

Quanto à produtividade de grãos (soja e milho) e às emissões de N2O em escala de produtividade (miligrama de gás emitido por kg de grão) para as safras 2013/2014 e 2014/2015, foi observado que os sistemas com cultura principal de milho (plantio direto milho-feijão-guandu/soja-sorgo no primeiro ano; plantio direto soja-sorgo/milho-feijão-guandu e plantio convencional no segundo ano) produziram rendimentos mais elevados (ver tabela 2).

Na estação de cultivo de 2014-2015, as emissões de N2O em escala de rendimento dos sistemas avaliados foram estatisticamente semelhantes e mais elevadas que na estação 2013-2014. No entanto, na safra 2014-2015, o plantio direto milho-feijão-guandu/soja-sorgo foi mais eficiente que o plantio convencional soja/milho, ou seja, emitiu menos N2O por kg de grãos.

As emissões acumuladas de N2O foram maiores na primeira safra (milho) no sistema plantio direto soja-sorgo;milho-feijão-guandu entre 2014 e 2015 (254,88 mg N2O/kg grão). Nesse caso, a adubação nitrogenada e a mineralização de resíduos no solo podem ter sido responsáveis ao aumentarem a concentração de nitrogênio mineral, principalmente na estação chuvosa e em temperaturas mais altas no verão.

Para a segunda safra, foram observadas diferenças entre 2013 e 2014 para o sorgo, que, assim como o milho, foi fertilizado com nitrogênio, enquanto entre 2014 e 2015 não foram observadas diferenças na segunda safra sob o sistema plantio direto. Segundo os autores do estudo, a explicação pode estar na variabilidade de variáveis climáticas como chuvas e temperatura. Já o milho em plantio convencional, apesar do elevado rendimento de grãos, apresentou as maiores emissões de N2O, sendo, portanto, o sistema menos eficiente.

Os pesquisadores acreditam que as diferenças nas emissões de N2O entre os anos possam ser atribuídas justamente à sequência de culturas utilizada no período avaliado. O cultivo do sorgo, por exemplo, apesar de estar sob SPD e de ter recebido uma única fertilização com nitrogênio, apresentou emissões semelhantes às do sistema convencional. Além disso, no primeiro ano (2013-2014), as emissões das segundas culturas sob SPD foram mais baixas no caso da cultura de cobertura não fertilizada (feijão-guandu) comparada àquela fertilizada (sorgo). “Portanto, a escolha da segunda safra pode alterar completamente o padrão de emissões”, observa Alexsandra de Oliveira.

Outro fator que justifica as variações anuais nas emissões de N2O é a sazonalidade das chuvas nas condições tropicais do Cerrado, onde o período de desenvolvimento das plantas é regulado pelo volume e regularidade das chuvas, que podem ser interrompidas por períodos de seca com diferentes durações. “Vários estudos demonstraram que as variações das emissões de N2O são controladas pela umidade do solo. As chuvas estimulam a atividade microbiana no solo e podem induzir picos nos fluxos diários de N2O. Esse efeito pode ser prolongado ou potencializado se a disponibilidade de substratos de nitrogênio no solo for alta”, explica a pesquisadora.

“Esses resultados demonstram que as emissões de N2O na região do Cerrado se devem a interações que envolvem manejo do solo com ou sem o seu preparo, rotação e sequência de culturas e variáveis de solo e clima”, afirma a pesquisadora Arminda de Carvalho, também da Embrapa Cerrados, acrescentando que as emissões cumulativas de N2O no período 2013-2015 mostraram uma clara distinção entre os usos do solo avaliados.

Os autores do artigo lembram que, como já demonstrado por estudos anteriores sobre o bioma, o preparo convencional é o sistema de cultivo que mais promove aumento nas emissões de N2O e se diferencia das áreas sob vegetação nativa. “Por outro lado, o acúmulo de diferentes frações da matéria orgânica no sistema plantio direto  é um fator-chave para a redução das emissões de N2O do solo no Cerrado”, ressalta o professor Cícero Figueiredo, da UnB.

Oliveira acrescenta que o comportamento intermediário do sistema plantio direto (SPD) no estudo indica que o sistema é uma alternativa aos sistemas convencionais. “Porém, a sequência da cultura deve ser escolhida com cuidado, uma vez que foram observadas emissões diferentes entre os tipos de plantio direto”, recomenda.

Além de Oliveira, Figueiredo e Carvalho, são autores do estudo Artur Muller, Juaci Malaquias, Marcos Carolino de Sá, João Paulo Soares e Marcos Vinícius dos Santos (bolsista), da Embrapa Cerrados, e Fabiana Piontekowski Ribeiro e Isis Lima dos Santos, da UnB.

Papel do N2O nas mudanças no clima
Observações de longo prazo apontam que, entre os períodos 2011–2020 e 1850–1900, a temperatura média global aumentou 1,09 °C, acompanhada pelo aumento dos gases de efeito de estufa (GEE). A tendência crescente da concentração de N2O observada desde 1980 é, em grande parte, impulsionada pela expansão e intensificação da agricultura global. Estudos apontam que cerca de 77% do N2O derivado da atividade humana é emitido por solos agrícolas. Entre as opções de manejo do solo que promovem a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas, o Sistema Plantio Direto (SPD) tem sido amplamente promovido como um manejo promissor de conservação do solo para reduzir os efeitos colaterais ambientais como erosão e degradação do solo, garantindo ao mesmo tempo a produtividade agrícola a longo prazo.

No entanto, estudos recentes afirmam que os efeitos dos sistemas de plantio direto no rendimento das culturas e nas emissões de GEE variam de acordo com a idade, a sequência e a rotação da cultura do SPD. Os sistemas agrícolas convencionais de alto rendimento são frequentemente caracterizados por altas taxas de consumo de energia de combustíveis fósseis, uso excessivo de nutrientes, degradação do solo e poluição da água. SPD e o preparo convencional (PC) afetam as emissões de N2O de maneira diferente, devido a alterações na estrutura do solo, nas taxas de aplicação de nitrogênio e no acúmulo e estabilização de matéria orgânica do solo.

Todos esses fatores também são fortemente influenciados pela sequência da cultura. “Por isso, práticas agrícolas sólidas, que contribuam para tornar a ciclagem de nutrientes, principalmente de nitrogênio, mais eficiente, e para reduzir os GEE, especialmente o N2O, devem ser estabelecidas em nível nacional e regional”, afirma Alexsandra de Oliveira, acrescentando que a diversificação agrícola favorece a ciclagem de nutrientes e o fornecimento de matéria orgânica, enquanto a monocultura pode contribuir para maiores emissões de N2O devido à intensa degradação do solo e ao uso excessivo de fontes de nitrogênio.

Fonte: Assessoria Embrapa Cerrados

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Fotos: Shutterstock

Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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