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Pirataria de sementes causa prejuízo de R$ 2,5 bi por ano ao agro no Brasil

Alerta é da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas e Associação Brasileira de Sementes e Mudas

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O pilar da agropecuária mundial é a semente. Seja para ser utilizada como forma de plantio para agricultura, ou mesmo depois disso para alimentação animal, este pequeno objeto tem um papel fundamental no agronegócio. Mas, ações erradas e criminosas podem causar grandes prejuízos para toda a cadeia. Esse é o caso da pirataria de sementes. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem) e Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), o agronegócio brasileiro tem um prejuízo que chega a R$ 2,5 bilhões anualmente com a pirataria. Somente no Paraná, o montante passa de R$ 464 milhões por ano.

Um dos setores que mais amarga esse prejuízo é o de pesquisas, que deixa de receber os royalties para investir em eficiência e tecnologia. O valor chega a R$ 221 milhões anuais. De acordo com o diretor executivo da Apasem, engenheiro agrônomo Clenio Debastiani, os pesquisadores que deixam de receber este dinheiro são desestimulados a criar novas tecnologias e continuar pesquisando. Em sua opinião, essa prática aumenta os riscos sanitários para a agricultura brasileira. “Além de retrair a pesquisa, ainda existe o risco da aparição de novas doenças e da multiplicação de pragas. Fatores que podem afetar imediatamente toda a agricultura nacional”, afirma.

Outro prejuízo destacado por Debastiani é o econômico do país, já que este é um dinheiro informal e que deixa de circular no mercado nacional. “Boa parte desse dinheiro existe, mas é de forma informal e ilegal, causando prejuízos diretos para toda a economia”, diz. Os prejuízos não param por aí. Produtores que utilizam sementes piratas também são prejudicados, já que não têm direito a seguro agrícola ou mesmo participação em programas do governo, como o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). “Se acontecer uma eventualidade, esse agricultor não tem a quem recorrer, já que sua semente não tem nota fiscal ou certificado de garantia”, conta.

A pesquisa e risco de apagrão tecnológico

A pesquisa realizada pelas entidades em 2017 e divulgada para produtores e pesquisadores em fevereiro, em Cascavel, PR, leva em consideração as principais culturas agrícolas no Brasil, como o algodão, arroz, feijão, milho, soja e trigo. A área cultivada e a quantidade de sementes usadas por área foram levadas em conta, assim como o valor médio de venda do produto e a taxa de utilização de cada um. Dessa forma, segundo o engenheiro agrônomo, se obteve o valor que não circula formalmente na economia nacional pela prática da pirataria.

“Não podemos nos tornar reféns da pirataria. Se não prestarmos atenção e alertarmos a sociedade sobre os riscos, em um futuro muito próximo as pesquisas voltadas ao melhoramento de sementes tendem a diminuir drasticamente em nosso país, podendo causar um apagão tecnológico. Aí uma situação muito mais grave vai se desenhar: a dependência total e adaptação de tecnologias estrangeiras em campos brasileiros”, ressalta Debastiani.

Culturas afetadas

Entre as cadeias pesquisadas, o feijão é líder absoluto. De acordo com a pesquisa, a cada dez sementes cultivadas no Brasil, nove são informais. No entanto, os números são altíssimos para todas as culturas pesquisadas. O engenheiro agrônomo conta que a aveia e o feijão estão entre as principais. “Com a aveia, por exemplo, existem pesquisas públicas muito boas, mas o produtor e a cadeia em si não são estimulados a produzir essa semente porque não existe demanda, dessa forma a atividade acaba virando alvo fácil da pirataria. O feijão é outra cultura muito afetada, uma das mais visíveis”, informa.

Ele acrescenta que a soja e recentemente o milho também têm crescido exponencialmente no setor de pirataria. A oleaginosa, no entanto, é a principal responsável pelo prejuízo bilionário. “Em valores absolutos, a soja é a grande responsável por este enorme prejuízo, principalmente porque é a principal cultura do Brasil”, comenta.

Aumento da pirataria

De acordo com Debastiani, com o passar do tempo a pirataria das sementes foi se tornando algo muito evidente. “A semente é a base da agricultura nacional, o início de tudo. Então, nós como associação e entidade que representa o setor e defende a agricultura legal decidimos fazer esta pesquisa e mostrar estes valores para toda a sociedade para chamar a atenção, para que isto venha à tona e todos os envolvidos tomem consciência daquilo que a pirataria está acarretando para a agricultura nacional”, defende.

Entre os fatores destacados pelos estudiosos do setor sementeiro para o aumento da pirataria, uma das respostas está no rápido crescimento da agricultura global, com oferta de produtos de alto potencial e valor agregado. Segundo Debastiani, com a evolução, muitos aspectos da legislação, por exemplo, ficam obsoletos, e existem falhas em leis e normas, sendo necessário revisar e atualizar constantemente.

Pirateiros e seus alvos

Ele destaca que essas brechas na legislação acabam servindo de munição para os pirateiros. “Em meio a esses desafios surgem os oportunistas que se aproveitam de algumas fragilidades do setor. O comerciante pirata é oportunista e parasita de algum agricultor desinformado ou que não tenha a percepção do efeito negativo que isso possa causar ao seu próprio negócio. O pirata foca no que é mais demandado, porém, não entrega garantia alguma aos seus potenciais compradores, focando em indivíduos ingênuos ou imprudentes”, avalia.

De acordo com a Apasem, quem usa semente pirata em sua atividade expõe desnecessariamente sua propriedade a diversos riscos. “Para estes agricultores é uma grande ilusão pensar que a semente pirata é mais vantajosa, pois avaliando todos os riscos é evidente que os usuários estão pondo suas propriedades em xeque”, ressalta Debastiani.

Entre as ameaças citadas estão o risco legal, pois é uma atividade à margem da lei; os riscos fitossanitários, já que  é possível disseminar doenças e pragas entre as propriedades e regiões; os financeiros, por não ter acesso a seguros e Proagros ou a quem recorrer se a semente pirata não germinar; o risco de sustentabilidade a médio prazo, pois empresas de pesquisas ficam desestimuladas a executar pesquisas regionais quando existe a pirataria de sementes; e o risco de atraso tecnológico, já que o agricultor se afasta do meio técnico e da vanguarda tecnológica.

O engenheiro agrônomo sustenta que o Brasil é um país essencialmente agrícola, sendo este o setor que move o país e amparou as fragilidades da economia nacional nos últimos anos. “E é a semente que faz com que todo o agro seja iniciado. Dessa forma esta é uma matéria prima que deve ser preservada e garantida, porque é uma questão de segurança nacional, alimentar e econômica”, afirma.

Soluções

A Apasem e a Abrasem sugerem alguns meios que podem ser adotados para diminuir a pirataria de sementes. Uma delas são campanhas que despertem a atenção sobre a problemática, como a lançada pelas duas entidades recentemente com o mote: “Tenha uma atitude legal: use sementes certificadas”. Outras frentes sugeridas por representantes das entidades é o ajuste da legislação no aspecto de reconhecer o direito da propriedade intelectual; a racionalização da possibilidade de se salvar semente, não tratando esse tema de forma indiscriminada; a fiscalização mais efetiva com o objetivo de coibir e retirar do mercado a produção e comercialização de sementes ilegais; e um trabalho de conscientização por meio de uma discussão que envolva todas as entidades em fóruns técnicos, buscando o entendimento de que a pirataria impacta negativamente em todos os seus aspectos.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2018.

Fonte: O Presente Rural

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Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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