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Avicultura

Pirâmide da produção: a avicultura como você nunca viu

Produção de bisavós, avós e matrizes é completamente diferente e mais complexo que criar frangos de corte.

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Fotos: Arquivo/OP Rural

A indústria avícola está em constante evolução e o melhoramento genético é uma das chaves para o sucesso. Uma maneira de melhorar a genética é a partir de aves em granjas núcleo que têm pedigree, um registro genealógico dos ancestrais de um animal que traça sua linhagem. Essas granjas núcleo ficam nos Estados Unidos e em países da Europa para garantir a segurança genética. O Brasil importa ovos incubados que vão dar origem às bisavós. Todo o processo, da importação ao monitoramento, é certificado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Poucas empresas no mundo detêm o mercado genético avícola. O especialista em avicultura, atuando há mais de 23 anos em toda a cadeia e diretor associado de Marketing na Cobb-Vantress, Cassiano Marcos Bevilaqua, explica que no caso da Cobb uma ave da granja núcleo pode fornecer até 23 bisavós. Essas 23 bisavós eclodem nos incubatórios do Brasil e vão para granjas, onde podem produzir cerca de 725 avós. Da mesma forma acontece com as avós, que podem produzir 29 mil matrizes, uma média de 40 matrizes por avó. Essas matrizes, por sua vez, vão gerar cerca de 5,2 milhões de ovos férteis. A produtividade potencial aumenta por meio da seleção genética, que elimina as aves com defeitos e as avalia com base em parâmetros específicos.

Depois das bisavós, as linhagens masculina e feminina são separadas, e cada uma é cruzada com uma linhagem diferente. Este processo é diferente para cada pedigree, com diferentes letras atribuídas a cada linhagem. Por exemplo, o pedigree A pode ser cruzado com o pedigree B, enquanto o pedigree C pode ser cruzado com o pedigree D.
A hibridização resulta em diferentes características, como maior rendimento de carcaça, melhor qualidade da carne de peito e maior ganho de peso. Os marcadores genéticos ajudam a identificar traços de DNA, como resistência a certas doenças e ganho de peso melhorado.

“As bisavós são importadas pelo Brasil em ovos férteis. O ovo é incubado aqui, em granjas credenciadas pelo Mapa, com certificações para trabalhar somente com material importado. Depois, essas aves passam por um período de quarentena, onde são feitas coletas para exames e monitoramento para saber se estão saudáveis e aptas a começar a produzir as avós”, explica Bevilaqua.

O profissional explica que a seleção vai retirar dos lotes aves que não tenham características desejáveis. Ou seja, bisavós e avós que não se enquadram nas características específicas são descartadas. “Existe uma série de parâmetros, itens avaliados, para seguir no processo de produção. Tanto no processo de bisavós quanto de avós existe uma seleção”, comenta.

Hibridização

Bevilaqua destaca que “a partir das bisavós temos separadas a linha fêmea e macho. São aproximadamente dez fêmeas para cada macho em todo o processo, com tratamento diferenciado para machos e fêmeas em todas as fases”. Para o pintinho de um dia ter as características de quatro linhagens puras (ABCD), são feitos cruzamentos entre essas linhagens, nessas fases. Por isso a importância da cadeia de aves ter as bisavós e as avós. Sem o cruzamento nessas etapas, os pintinhos não teriam todo o potencial produtivo que apresentam atualmente.

E esse processo não para, tanto que novos machos, com características melhores, são lançados no mercado de tempos em tempos. “São feitos cruzamentos e análises minuciosas para definir qual o produto vai ser melhor. A linha fêmea da Cobb é a mesma há mais de 45 anos, desde 1975, mas a linha macho mudou várias vezes nos últimos anos, como em 2015 e em 2019”, explica o especialista. “O hibridismo é que vai oferecer as características para o frango de corte. Se muda qualquer letra (pedigree), chegamos a características diferentes. Os principais atributos que buscamos são rendimento de carcaça, mais carne de peito, melhor conversão alimentar (CA) e mais ganho de peso diário (GPD)”, destaca. O trabalho para lançar um novo animal no mercado pode levar muito tempo. “De quatro a cinco anos para começar uma linha nova”, destaca o profissional.

Recria e produção

O processo para a produção de matrizes é totalmente distinto de uma produção de frangos comum. O especialista da Cobb cita particularidades do processo, como ajustes nutricionais, controle da qualidade óssea e dos órgãos internos, leitura de conversão alimentar em tempo real, capacidade reprodutiva e produtiva, utilizando observações fenotípicas, equipamentos como ultrassom e raio-x e alta ciência, como a genômica. “É um processo completamente diferente de criar frangos de corte. Apenas 2% das aves pedigree são aproveitadas. É uma quantidade enorme de aves para tirar o melhor das melhores, com tecnologias e ciência de ponta”, explica Bevilaqua.

“Os períodos de produção das bisavós, avós e matrizes são todos iguais. A primeira fase é a recria, onde permanecem na granja entre a primeira e 22 semanas de idade. Esse é o período para formar ave, para ela crescer, desenvolver órgãos reprodutivos para ser apta a seguir no sistema. Ao contrário do frango de corte, por exemplo, etapa em que é desejável que o animal ganhe mais peso em menos tempo, das bisavós às matrizes é preciso ter um controle de peso dos animais, controlar o consumo de ração e mudar a composição em cada fase”, destaca. “Na fase de recria normalmente se usa três tipos de ração, a inicial, que tem mais proteína para fazer a ave crescer, ter ganho de peso, depois a ração de crescimento para manter o desenvolvimento e garantir a formação de musculatura. Na quinta semana é a ração de pré postura, tem mais energia para maior acúmulo de gordura, maior conformação corporal para produzir ovos. Tanto bisavós quanto avós e matrizes segue esse programa nutricional”, aponta o especialista.

Na recria, as aves, recebem pouco estimulo de luz para evitar a precocidade. “A luz tem que ser controlada. São oito horas de luz por dia, com intensidade reduzida, de 3 e 5 lumens. As granjas são dotadas de cortina escura ou até mesmo parede, pois não deve haver entrada de luz externa”, destaca o profissional.

A partir da 23ª semana é hora de transferir as aves selecionadas para a produção, com mais detalhes específicos para essa etapa da pirâmide produtiva da avicultura. “Depois da formação corporal, a ave é transferida com 23 semanas vai para o período de produção. A maioria das granjas de recria e reprodução são separadas. Nessa fase, ela começa a receber estímulos para iniciar a produção de ovos. Entre esses estímulos, dois são mais importantes, que são o volume de ração e o estímulo de luz. Quando chegamos próximo à produção vamos aumentando o volume de ração. Por outro lado, nessa hora as aves estão em galpão aberto, com mais acesso à luminosidade. “Quando vamos para a produção a ave está em galpão aberto, pois precisa receber mais luz e ração, que vai aumentando aos poucos, dependendo da época do ano. O programa de luz sai de oito, para 12, 14, até chegar mais ou menos próximo de 16 horas”, frisa Bevilaqua.

O objetivo é que essa matriz possa produzir até 180 ovos, começando a produzir entre 24 a 25 semanas, com o pico de produção iniciando entre 28 e 30 semanas e uma vida produtiva de 65 semanas. Na produção também são usadas diferentes rações. “A gente usa pré postura até o primeiro ovo, depois troca para ração de postura 1, que tem mais proteína e mais energia, pois nessa fase precisa desse estímulo maior. Depois do pico de produção (8 a 14 semanas de pico, mudamos para a ração de postura 2, com menos energia e proteína, pois temos que controlar o peso da ave. Caso contrário, ela vai gastar muita energia para manter seu peso corporal e não ter energia para a produção de ovos”, menciona o profissional.

“No pico, que se mantém por pelo menos dez semanas, a ave deve produzir um ovo a cada 25 horas. Com a idade a produção vai caindo a produção e com 65 semanas é descartada”, destaca Bevilaqua. Uma particularidade é que é um processo rastreado para proteger o material das casas genéticas. “A ave descartada vai para o frigorífico que tenha SIF (Serviço de Inspeção Federal). É preciso ser identificado para onde vai, ter o controle sanitário e garantir a segurança da genética”, aponta.

Machos e fêmeas

Na recria, machos e fêmeas são criados separadamente. Eles são unidos para o período produtivo têm até dietas diferentes entre eles. “Na recria, o programam nutricional para o macho é o mesmo, exceto por não receber a ração de pré postura. Quando vai pra produção ele recebe ração específica para macho, que tem que ter menos índice de proteína, menos cálcio, menos energia. A gente consegue controlar o peso do macho para que ele consiga copular a fêmeas por um maior período possível”, aponta Bevilaqua. “Existem alguns manejos para evitar que o macho coma a ração da fêmea e vice versa. Existem comedouros separados, onde é feita uma regulagem mais alta do comedouro para o macho, que é maior e consegue comer mais alto. Quando o macho começa a comer a ração dele, baixamos os comedouros das fêmeas. Algumas granjas utilizam restaurantes para machos, um box para comer de manhã”, menciona.

A quantidade pode variar minimamente, mas aproximadamente 10 fêmeas para cada macho. “O acasalamento é de 10 para 1. No início da produção a gente coloca um pouco mais, 10,5 ou 11 fêmeas para um macho”, comenta.

Classificação

Todo o processo da produção de bisavós é feito com avaliações fenotípicas e exames clínicos. “Além do controle de ambiência, uma vez por semana faz a pesagem dos animais e ajusta a ração de acordo com os resultados. Em cada semana é preciso alcançar um peso ideal. Depois é feita uma seleção fenotípica, para tirar aves com defeitos, como dorso torto, empenamento, bico torto, etc. Na parte de pedigree é mais detalhado, há uma série de tecnologias de classificação, como avaliação de conversão alimentar em tempo real. A gente mensura o peso no momento que a ave vai ao comedouro e depois o peso que ela vai atingir naquele dia. Isso é feito ave por ave, que são identificadas uma a uma ainda no incubatório. Quando a bisavó cresce, é feito faz raio x para observar a estrutura óssea, e ultrassom para medir como está espessura do peito, conformação, etc.”, aponta.
A genômica, ciência que que estuda o genoma dos organismos a partir do seu sequenciamento completo (DNA), com o objetivo de entender a sua estrutura e função, também é aliada na seleção das melhores. A genômica é utilizada, por exemplo, para manter no processo produtivo aves que tenham mais resistência a determinadas doenças. “Hoje trabalhamos com marcadores genéticos. Coletamos sangue, identificamos o DNA e promovemos aquelas que têm marcador que vai estimar a resistência a determinada doença ou a um maior ganho de peso, por exemplo”. Cada marcador tem características diferenciadas”, aponta.

Entre os principais atributos para definir as bisavós estão CA, ganho de peso, rendimento de carne, rendimento de carne de peito ou carnes nobres, capacidade reprodutiva e eclodibilidade (produção de ovos e nascimento). Outras considerações para a seleção das melhores, de acordo com Bevilaqua, estão avaliação da estrutura óssea, viabilidade e saúde do coração e dos pulmões. “Usamos também um oxímetro para medir o percentual de oxigênio transportado no sangue”, destaca o profissional.

Depois da seleção das bisavós é feita a avaliação fenotípica para as avós e matrizes, ou seja, observando e retirando as aves com problemas visíveis ao olho humano. “É feita uma avaliação fenotípica para retirar aves com problemas nas pernas, dorso, bico cruzado, entre outras”, menciona Bevilaqua. Ainda, em todas as bisavós, avós e matrizes de um dia é feita a debicagem. “A debicagem tem que ser feita para o bico não crescer e ficar pontudo, pois pode quebrar ovos e machucar outras galinhas”.

Peso dos ovos

Depois que as avós começam a colocar os ovos é feito um rigoroso controle de peso e qualidade, em cada fase da vida produtiva, que vão ser incubados para dar origem às matrizes. “Existem uma tabela de peso dos os ovos precisam seguir. Conforme a ave vai aumentando produção, o sistema vai produzindo gemas maiores. Essas gemas maiores, junto com a clara, vão produzir ovos maiores. Isso é bom, mas tem que ser controlado. O peso do ovo impacta no tamanho do pintinho. Em torno de 65% do peso do ovo vai ser o peso do pintinho de um dia. “No início o peso do ovo tem que subir mais rápido para ter maior aproveitamento. O ideal é incubar ovos a partir de 50 gramas. No início da produção o aproveitamento de ovos é baixo. Entre duas e três semanas os ovos de baixo peso são descartados, vendidos como ovo comercial, para o consumo”, amplia Bevilaqua. Ele explica que o aproveitamento médio ideal seria entre 97% e 98% dos ovos do lote.

Localização e sanidade 

No caso da Cobb, todos os ovos férteis de bisavós para a América do Sul São provenientes dos Estados Unidos. “Temos nosso incubatório e as granjas de bisavós no estado de São Paulo. Depois que começam produzir, como aumenta o volume, com uma quantidade maior, elas vão para granjas de avós em cinco estados: São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná. A distribuição no Sul do país acontece em parceria com Agrogen, que é um multiplicador da Cobb”, destaca Bevilaqua. Depois nascem as matrizes, que são entregues para os clientes, como cooperativas e empresas avícolas.

Em todo o processo, a sanidade e a biosseguridade não tratadas com extremo rigor. “Existe um robusto programa sanitário implantado nas aves para controlar diversas doenças de importância na avicultura. Se você tiver um doença na bisavó vai transmitir para todo seu programa genético, para todas gerações futuras”, frisa Bevilaqua. “No incubatório já recebem in ovo a vacina de Mareck (obrigatório) e a de Gumboro. Durante a vida da ave existe um programa ainda com vacinas contra bronquite, coccidiose e pneumovírus. Algumas empresas também usam vacina contra o reovírus”, explica o profissional.

Ele destaca que até as avós é proibido usar vacina de salmonela, em detrimento de uma legislação do Mapa para manter o controle sanitário, mas essa vacina é usada a partir das matrizes. Além disso, para garantior a sanidade, são feitas coletas de soro para monitorar as principais doenças, como micoplasma, salmonela, leucose, que são tumores, etc. “Se você não percebe pode chegar até o frango, resultando em mais mortalidade e resultado zootécnico comprometido”, amplia.

Os pintinhos

Depois de um longo caminho da pirâmide produtiva, os ovos férteis das matrizes chegam até os incubatórios, onde permanecem até os 18 dias, quando os ovos são transferidos da incubadora para o nascedouro ou sala de nascimento. Os pintinhos nascem aos 21 dias de incubação. Nessa etapa, lembra Bevilaqua, alguns dos pontos de atenção estão no “controle de umidade e temperatura. São dois fatores muito importantes. O ovo perder umidade para que o embrião se desenvolva adequadamente, para ele ter uma maior taxa de nascimento”, frisa o especialista. A taxa de eclodibilidade depende muito de fatores associados, mas Bevilaqua destaca que “na maioria das empresas essa taxa varia entre 82% a 84%”. Ele destaca que a Lar Cooperativa Agroindustrial, do Paraná, tem “a maior taxa de eclosão do mundo, com 88% dos ovos do lote”.

Depois que nascem, mais uma operação complexa é realizada para que os pintinhos cheguem às granjas comerciais de frangos de corte no menor tempo possível. “Depois que nascem alguns cuidados são o controle de temperatura na sala de espera para ser transportado, que deve girar em torno de 22 a 24 graus. O ideal é que do momento do nascimento até chegada na granja não passe de seis horas, mas é preciso ter uma logística precisa para isso”, menciona.

No transporte os cuidados são também de controle de temperatura e umidade. “Os cuidados no transporte incluem manter a temperatura de 21 a 22 graus, com controle de umidade até a chegada no galpão. O pintinho não pode perder hidratação”, destaca.

Só na chegada aos aviários é que de fato o avicultor tem o controle da produção. O importante é aquecer especialmente a cama de aviário para a chegada dos pintinhos. “A granja tem que estar com galpão pré aquecido. A temperatura de cama é importante. Muitas vezes o produtor só olha o termômetro (temperatura ambiental) e esquece da cama. O ideal é que a cama esteja entre 32 e 33 graus. Por isso o pré aquecimento vai depender muito da estrutura do aviário. Alguns galpões é preciso ligar o sistema de aquecimento dois dias antes, outros um dia antes e outros ainda 12 horas antes”, orienta.

O consumo de água e ração também deve ser estimulado para acontecer o mais rapidamente possível. “Tem que ter água fresca e ração. Alguns produtores usam comedouro infantil ração distribuída no papel”, destaca o profissional.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura Corte e Postura. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas

Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.

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Foto: Freepik

O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.

Fotos: Divulgação/MFA

Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.

Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.

Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.

O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.

Destaques

A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.

O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.

De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.

“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.

Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.

“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.

Metodologia

A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.

Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.

Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.

Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.

Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.

Fonte: Assessoria MFA
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Avicultura

Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024

Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.

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Foto: Divulgação/Asgav e Sipargs

A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.

Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.

A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.

Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.

Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.

Fonte: Assessoria Asgav e Sipargs
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Avicultura

Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos

Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.

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Presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: "São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente" - Foto: Divulgação

Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.

Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.

De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.

Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.

Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.

E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.

Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.

Fonte: Assessoria Asgav
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