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Suínos Nutrição

Pesquisas indicam benefícios de minerais orgânicos na nutrição de suínos

Minerais constituem parte importante do organismo animal, representando de 2,8 a 3,2% do peso vivo dos suínos

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito pela equipe técnica da Yes, Verônica Lisboa Santos, Juliana Bueno da Silva, Fabiana Golin Luiggi e Carlos Ronchi

A evolução das técnicas de criação tem possibilitado melhores índices de desempenhos produtivo e reprodutivo dos suínos, permitindo aos nutricionistas formularem dietas cada vez mais específicas, de modo a atender, com maior precisão, as exigências dos animais. Os minerais constituem parte importante do organismo animal, representando de 2,8 a 3,2% do peso vivo dos suínos. Entretanto, as variações na biodisponibilidade destes, as ações de sinergismo ou antagonismo existentes entre estes elementos e os problemas ambientais cada vez mais crescentes com o uso de fontes inorgânicas nas rações de suínos têm alertado pesquisadores a buscar alternativas que resultem em menor excreção pelos animais. A formulação de dietas com níveis de microminerais que excedem as recomendações nutricionais tem sido muito utilizada nas granjas de suínos. O excesso empregado, entretanto, acarreta maior excreção desses elementos devido ao mecanismo homeostático dos tecidos, além de poder causar efeitos prejudiciais, como diarreias e desequilíbrios, que podem levar a redução da biodisponibilidade de outros minerais, sem melhora em sua concentração.

Neste sentido, um aspecto a ser considerado sobre suplementação mineral diz respeito ao uso de minerais na forma orgânica, cuja estrutura molecular permite absorção diferenciada, garantindo o seu melhor aproveitamento.

Os minerais quelatados são íons metálicos ligados quimicamente a uma molécula orgânica, formando estruturas com características únicas de estabilidade e de alta biodisponibilidade mineral. Eles são mais facilmente absorvidos, mais passíveis de propiciar um melhor desempenho, qualidade de carcaça, além de serem altamente disponíveis aos animais. Foram estabelecidas as seguintes definições de elementos traços orgânicos.

  • Quelato metal-aminoácido: produto resultante da reação de um sal metálico solúvel com aminoácidos na proporção molar, isto é, um mol do metal para um a três moles (preferencialmente dois) de aminoácidos na forma de ligação covalente coordenada. O peso molecular médio dos aminoácidos hidrolisados pode ser, aproximadamente, de 150 dáltons e o peso molecular resultante do quelato não deve exceder a 800 dáltons;
  • Complexo aminoácido-metal: produto resultante da complexação de um sal metálico solúvel com aminoácido(s);
  • Complexo aminoácido específico-metal: produto resultante da complexação de um sal metálico solúvel com um aminoácido específico;
  • Metal proteinato: produto resultante da quelação de um sal solúvel com uma proteína parcialmente hidrolisada;
  • Complexo metal-polissacarídeo: produto resultante da complexação de um sal solúvel com polissacarídeo.

Interferências 

Na prática, não basta apenas realizar um aporte de minerais sem considerar os distintos fatores que vão influenciar sua absorção e, portanto, utilização no organismo. Existem diversas circunstâncias que vão atuar sobre a eficiência com a qual um mineral é absorvido:

Interações entre minerais

Formação de precipitados insolúveis quando dois ou mais cátions competem pelo mesmo ânion. Este é o caso do ácido fítico, pois quando um sal solúvel é ionizado no intestino, o cátion pode ser sequestrado por ele, formando fitatos, que são sais estáveis e insolúveis, o que os torna não absorvíveis. Esta reação ocorre, sobretudo, com Ca, Zn e Fe. Por outro lado, pode ocorrer que quando a molécula ligante não esteja presente em excesso, a suplementação de um elemento pode aumentar a disponibilidade de outro ao reduzir-se suas possibilidades para formar complexos.

Competição entre cátions pela mesma proteína de transporte, para passar a parede intestinal. Um exemplo deste fenômeno ocorre entre o Fe e Cu, que são antagonistas, competindo pela transferina (o Cu tem preferência de união, o que pode diminuir a absorção de Fe).

Os processos enzimáticos essenciais podem ser bloqueados pela troca de um co-fator metálico por um metal inativo.

Quando um metal que forma parte de uma metaloenzima é substituído por outro, a atividade enzimática pode bloquear, acelerar ou não variar.

Quando há um aporte excessivo de um metal, não somente há uma menor absorção intestinal sendo que também há uma re-excreção no lúmen intestinal do excesso de metal, o que pode acarretar excreção de outros metais durante o processo.

Mesmo que em termos teóricos estas interações sejam consideradas de forma isolada, geralmente se produzem simultânea ou consecutivamente mais de um processo no organismo animal.

Interações entre vitaminas e minerais

As vitaminas também podem interferir na absorção intestinal de minerais tal como o caso do aumento na absorção de Fe causado pela vitamina C, ou a necessidade de vitamina D para absorção do Ca através do intestino. Isto se complica mais se considerarmos as interações entre vitaminas (p. ex., um excesso de niacina pode deprimir a vitamina D e interferir, portanto, na assimilação e uso do Ca).

Interações entre minerais e gorduras

Estas interações podem influir na biodisponibilidade deste mineral no organismo. Um exemplo é a inter-relação existente entre os microminerais e os ácidos graxos, formando sabões insolúveis no trato digestivo

Interações entre fibras e minerais

Diversos estudos têm demonstrado que a presença de fibra não digestível interfere e diminui a absorção de grande parte dos minerais.

Interferência pH-Minerais

O pH intestinal tem grande influência sobre a absorção mineral já que, em geral, pHs alcalinos diminuem a absorção (exceto dos metais alcalinos) e os cátions tendem a formar precipitados insolúveis quando o pH é elevado.

Biodisponibilidade

A biodisponibilidade é definida como o grau que um nutriente ingerido é absorvido de maneira que possa ser utilizado no metabolismo do animal. Esta definição determina que o mineral deva estar disponível não somente em nível dietético, mas também em nível do tecido. O conhecimento sobre a biodisponibilidade dos minerais nos ingredientes e fontes suplementares é importante para a formulação econômica de uma ração para garantir ótimo desempenho animal. Devido a sua maior biodisponibilidade, os minerais quelatados podem substituir as fontes inorgânicas em níveis mais baixos, enquanto que o desempenho é mantido ou mesmo melhorado, possibilitando, ainda, redução nos índices de contaminação ambiental.

Pesquisas

Ferro orgânico na dieta de leitões durante o período de creche

Pesquisador responsável: Dr. Caio Abércio Silva – Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Local: Unidade Produtora de Leitões no estado do Paraná, Brasil.

Materiais e métodos: Com a finalidade de avaliar o efeito da inclusão de Ferro orgânico (quelato metal aminoácido) no desempenho produtivo de leitões na fase de creche, foram utilizadas 64 matrizes (a partir do último terço de gestação) e seus leitões (até a saída da creche, com 63 dias de idade), distribuídas em dois tratamentos, sendo:

T1: Matriz: ração com ferro inorgânico; Leitegada: ração com ferro inorgânico + ferro dextrano injetável

T2: Matriz com ferro inorgânico + ferro orgânico (1kg/tonelada); Leitegada: ração com ferro inorgânico + ferro dextrano injetável + ferro orgânico (1kg/tonelada).

Resultados e conclusão

A suplementação com Ferro orgânico (quelato metal aminoácido) proporcionou melhores índices de desempenho produtivo à leitegada, quando suplementados no período de creche em comparação à leitegada sem suplementação.

Ferro orgânico na alimentação de leitoas lactentes

Pesquisador Responsável: Dr. Caio Abércio Silva – Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Local: Unidade Produtora de Leitões no estado do Paraná, Brasil.

Materiais e métodos: Com a finalidade de avaliar o efeito da inclusão de Ferro orgânico (quelato metal aminoácido) na dieta de porcas em gestação, 64 fêmeas Topigs®, foram distribuídas em 2 tratamentos com 32 repetições (cada porca e sua leitegada foi considerada uma unidade experimental). Os leitões receberam ração pré-inicial dos 8 aos 21 dias de idade (desmame).

Tratamentos experimentais:

T1: Matrizes em gestação e lactação receberam dietas formuladas com sulfato ferroso (gestação: 551mg de ferro/kg de ração; lactação: 537mg/kg de ração) e os leitões receberam ferro dextrano injetável (200mg).

T2: Matrizes em gestação e lactação receberam dietas formuladas com sulfato ferroso (gestação: 551mg de ferro/kg de ração; lactação: 537mg/kg de ração) e os leitões receberam ferro dextrano injetável (200mg aos 3 dias de idade). Porcas em gestação (>84 dias) e os leitões receberam, ainda, ferro na forma orgânica (150mg/kg de ração).

Resultados e conclusão

Mais ferro no leite

O uso de ferro orgânico na dieta das porcas a partir do 84ª dia de gestação até o final da lactação aumentou o teor de ferro no leite.

O maior teor de ferro no leite e a dose adicional de ferro orgânico na dieta dos leitões, provavelmente, contribuíram para o seu melhor desempenho zootécnico.

Considerações finais

Os minerais orgânicos passaram a ser usados no Brasil na década de 70 e ainda são poucas as empresas que apresentam grande variedade destes em seu portfólio. Por terem absorção próxima aos 100%, os quelatos permitem reduzir os requerimentos dietéticos de minerais dos animais. As dietas com suplementação destes têm como intuito atender, de forma eficiente, às recomendações produtivas e reprodutivas dos lotes e transferir os efeitos positivos sobre a qualidade da progênie.

O suprimento das exigências de minerais associados ao fornecimento adequado de energia, proteína e vitaminas e boas práticas de manejo sanitário é fundamental para se conseguir o máximo desempenho animal. A suplementação mineral depende não somente do conteúdo de minerais em um suplemento, mas também da capacidade de absorção e utilização dos mesmos pelos animais, sendo este fato de suma importância para a manutenção do equilíbrio homeostático e para o aumento do desempenho zootécnico dos suínos. Neste contexto, os minerais orgânicos são mais eficientes quando comparados com os minerais inorgânicos por apresentarem maior absorção, maior capacidade de retenção no organismo e maior capacidade de promover efeitos na mineralização.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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