Avicultura
Pesquisadores orientam sobre retirada de antimicrobianos
Doutores Javier Polo e Luís Rangel citam a importância do manejo, nutrição e a inclusão de aditivos na dieta das aves para manter a saudabilidade dos plantéis
Dois reconhecidos pesquisadores do setor avícola brasileiro concederam entrevista exclusiva para O Presente Rural para falar sobre a redução do uso de antimicrobianos na avicultura e as alternativas para evitar prejuízos zootécnicos com a retirada de tais substâncias. Os doutores Javier Polo e Luís Rangel citam a importância do manejo, nutrição e a inclusão de aditivos na dieta das aves para manter a saudabilidade dos plantéis.
O Presente Rural (OP Rural) – Porque o uso de antimicrobianos está sendo reduzido na produção avícola?
Luís Rangel e Javier Polo (LR/JP) – Cada vez mais existe uma pressão de consumidores para a produção de carne de frango produzida sem uso de antibióticos na alimentação. Isso se deve a um temor relacionado à presença de resíduos de antibióticos na carne de frangos e à possibilidade de encontrar-se bactérias resistentes a antibióticos que possam posteriormente atingir o homem e causar problemas de saúde que possam decorrer desse fato.
OP Rural – O que são promotores de crescimento e quais os impactos de sua retirada?
LR/JP – Os promotores de crescimento são antibióticos usados em níveis não terapêuticos. Foi demonstrado que seu uso melhora o crescimento e a conversão alimentar. O impacto da sua retirada afeta a saúde das aves e é necessário que o avicultor tome medidas a esse respeito. As medidas mais importantes estão relacionadas à biosseguridade da granja para evitar a entrada de patógenos e melhorias nas instalações e manejo dos animais. Além disso, a alimentação tem um papel fundamental nessas circunstâncias, uma vez que será necessário utilizar ingredientes muito digestíveis que contribuam para a redução da multiplicação de bactérias indesejáveis no intestino, especialmente o Clostridium Perfringens. Assim, evita-se, por exemplo, problemas de enterite necrótica. Nessa nova situação, é importante adicionar proteínas altamente digestíveis e ingredientes funcionais, como o plasma spray dried, biotina e o butirato de sódio. Também deve-se reduzir a inclusão de farelo de soja e seus fatores anti-nutricionais na primeira dieta dessas aves.
OP Rural – Como o Brasil está lidando com essa nova situação?
LR/JP – O Brasil vem seguindo a tendência mundial de redução de drogas disponíveis para uso na alimentação animal. Entre as proibições do Mapa últimos anos estão avoparcina, arsenicais e antimoniais, cloranfenicol e nitrofuranos, olaquindox, carbadox, violeta genciana, anfenicóis, tetracilinas, beta lactâmicos, quinolonas, sulfonamidas sistêmicas, espiramicina e eritromicina. Além disso, em 2016 foi também proibido o uso de Colistina como melhorador de desempenho para alimentação animal.
OP Rural – Quais são as ferramentas que podem ser usadas para substituir os antibióticos?
LR/JP – Existem diversas medidas que o avicultor deve tomar caso elimine o uso de antibióticos em suas granjas. A primeira medida é melhorar as instalações, especialmente com relação a medidas de biosseguridade para evitar a entrada de patógenos. Deverá melhorar o manejo e modificar a estratégia alimentar. É importante que os pintinhos desenvolvam um trato digestório saudável e robusto que o ajude a enfrentar os diferentes desafios que posteriormente encontrarão durante a vida. É importante modificar a dieta inicial para evitar o excesso de farelo de soja devido aos seus fatores anti-nutricionais e sua baixa digestibilidade. A baixa digestibilidade do farelo de soja faz com que sobre proteína sem ser digerida no intestino grosso e isso acaba promovendo o crescimento bacteriano indesejável no intestino (clostrídios). Portanto, é imprescindível que essas dietas contenham ingredientes altamente digestíveis e é interessante o uso de ingredientes funcionais, como o plasma spray dried, uso de enzimas para uma melhor digestão dos cereais da dieta e outras opções, como biotina e butirato de sódio.
OP Rural – O que é e como age o plasma?
LR/JP – O plasma spray dried é um ingrediente que contém um nível muito elevado de proteínas funcionais (cerca de 80%) como albumina, imunoglobulinas, transferrina, fatores de crescimento, peptídeos bioativos e aminoácidos. É um ingrediente muito palatável e digestível. Foi comprovado que melhora a função de barreira do intestino e a integridade da mucosa intestinal, favorecendo o desenvolvimento de um trato digestório são e robusto.
OP Rural – Quais são os benefícios do plasma?
LR/JP – Os animais que consomem plasma spray dried em dietas iniciais apresentam melhor ganho de peso e conversão tendo em vista terem o desenvolvimento de um trato digestório saudável. Esses benefícios, embora mais evidentes na primeira semana de vida do pintinho, são mantidos até a idade de abate. Além disso, foi demonstrado cientificamente que reduz os efeitos negativos associados aos desafios bacterianos, como enterite necrótica ou Pasteurella, portanto, serve como uma ferramenta para o avicultor manter o rebanho sadio em casos de desafios por patógenos em suas instalações.
OP Rural – Como ele pode contribuir para a retirada de antimicrobianos na produção de aves e ovos?
LR/JP – O plasma spray dried é um ingrediente fundamental para os avicultores que deixem de usar antimicrobianos em seu sistema de produção porque, conjuntamente com as melhoras na biosseguridade e manejo, deverá empreender e buscar novas alternativas. Não existe um único produto que resolverá seus problemas. O plasma o ajudará a manter seu rebanho saudável e produtivo, uma vez que observam-se frequentemente perdas produtivas quando os antibióticos são retirados dos sistemas de produção.
OP Rural – Porque escolher o plasma?
LR/JP – O plasma spray dired não exclui a possibilidade de utilizarem-se outros ingredientes funcionais. É difícil que um ingrediente isoladamente possa substituir o uso de antibióticos frente às diversas situações de pressão de patógenos em diferentes granjas. Por isso, é comum que as estratégias para essa finalidade utilizem diferentes ingredientes funcionais. O plasma é considerado um desses ingredientes, pois foi demonstrado seu efeito consistente em numerosos experimentos de campo e em institutos de pesquisa. Isso não exclui a possibilidade de uso de outras substâncias que tenham efeito sinérgico, uma vez que tenham tido seu efeito comprovado cientificamente.
OP Rural – Há mais vantagens do plasma?
LR/JP – Do ponto de vista nutricional, é um ingrediente muito digestível, e devido aos seus componentes funcionais melhora o crescimento e índice de conversão. Além disso, ajuda o sistema imune dos frangos a reduzir os efeitos negativos associados a situações de pressão de patógenos, uma vez que modula a resposta imune e reduz os processos inflamatórios associados à superestimulação imunológica e redireciona energia e nutrientes da dieta para funções produtivas e de crescimento. Isso explica porque em alguns casos observa-se melhoras de viabilidade quando o plasma é adicionado em dietas animais.
OP Rural – Há riscos no uso do plasma?
LR/JP – O plasma spray dried é um ingrediente seguro para uso na alimentação animal. Provavelmente é um dos ingredientes mais estudados com respeito à biosseguridade. Foi estudado e foi demonstrado que o processo de produção contém etapas de controle que garantem que o produto final é seguro frente aos patógenos estudados na produção animal. É importante que o comprador verifique a idoneidade de seus fornecedores e avalie seus controles e garantias de qualidade.
OP Rural – Como é feita a administração? Seu uso precisa ser recomendado por profissional?
LR/JP – Recomenda-se adicionar 1,5 a 2% do plasma spray dried na primeira dieta (primeiros 7 a 10 dias de idade) de frangos de corte. Dependendo do desafio da granja, é possível utilizar-se 0,5 a 0,25% nas dietas seguintes. Recomenda-se que as dietas sejam formuladas por nutricionistas que levem em conta a composição e o perfil aminoacídico do plasma, de modo a balancear as dietas de forma completa e equilibrada.
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
