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Pesquisadores mostram riscos e dão dicas na fase da creche

Palestrantes do Brasil e exterior mostram como é possível o suinocultor minimizar riscos e oferecer condições para o animal expressar seu máximo potencial produtivo

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As oportunidades na fase de creche foram tema de um painel que integrou a programação do 10º Simpósio Internacional de Suinocultura, em 17 de maio, em Porto Alegre, RS. Grandes nomes da pesquisa e produção nacional falaram sobre aditivos, manejo, densidade, espaço entre comedouros, granulometria das rações, ruídos, entre outros aspectos que podem fazer toda a diferença para o ganho de peso satisfatório – ou não – nessa fase.

Mike Tokach, professor da Universidade Estadual de Kansas, Estados Unidos, destacou a necessidade de aditivos para garantir ganho de peso nessa etapa do processo produtivo. Ele falou da importância de nutrientes, alguns até que os profissionais não dão tanto valor, como o sódio. “Aditivos alimentares durante a creche são muitos, como antibióticos, enzimas, prebióticos, probióticos e leveduras, fitogênicos, flavorizantes, acidificantes, adição de microminerais, adsorvente de micotoxinas e aminoácidos de cadeia média. O mais importante é saber para que cada ingrediente serve”, orientou.

Além dos aditivos, a granulometria, que em resumo é o tamanho das partículas da ração, tem grande impacto nessa fase, segundo Tokach. Ele assegura que diversos estudos feitos no mundo mostram que se houver escolha para o animal, há diferentes granulometrias preferidas em diferentes fases. “Na creche, os leitões preferem partículas maiores, peletizadas. Na terminação, preferem partículas menores”, comentou. “Em dietas peletizadas é menos claro, mas animais na creche preferem partículas maiores”, reafirmou.

Espaço entre Comedouros

Que tal ampliar o espaço entre comedouros em 1 centímetro e aumentar em 54 quilos de desmamados para cada 100 animais. Mais que isso, reduzir o canibalismo e diminuir o tempo de início do consumo da ração na creche em 2,5 horas. É o que prova um estudo feito pela pesquisadora Fernanda Laskoski, doutoranda em produção de suínos e estratégias de manejo para a fase de creche pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Ela demonstrou esses resultados durante sua palestra sobre a importância dos espaços entre comedouros nas instalações da creche para melhorar o desempenho do leitão nesse período. “Existem poucos estudos para este tema na creche. Alguns falam de 1,5 centímetro linear até 7 centímetros por animal”, explica.

Em um trabalho feito, o desempenho de leitões submetidos a diferentes espaços de comedouro quando mantidos em alta densidade na fase de creche foi melhor à medida que o espaço entre comedouro era maior. “Submeteram todos animais a 0,23 metros quadrados por leitão, o que é muito próximo da realidade de hoje. Foram feitos quatro espaços de comedouro. O tempo médio de início de consumo pós desmame de acordo com o espaço teve efeito linear. Quanto maior foi o espaço disponível, mais precoce foi o consumo pós desmame”, alertou. Para cada aumento de 1 centímetro, antecipou-se em 2,5 horas o consumo pós desmame.

Essa fase é crítica, pois o leitão deixa de consumir leite para consumir ração. Muitas vezes, o leitão pode passar horas sem comer. “Com mais espaço, há mais ganho de peso na fase. Já para variáveis consumo médio, não houve efeito para consumo médio total ao longo da fase. Para variável de peso final, foram 810 gramas a mais para o maior espaço”, comenta. “Cada aumento de 1 centímetro, aumentou em 54 quilos a cada cem desmamados.

De acordo com a estudiosa, o aumento do espaço entre os comedouros também “reduz a ocorrência de canibalismo de orelha e cauda. “No maior espaço (do estudo) não houve canibalismo. No menor, chegou a 11,9% de cauda e 5,7% de orelha. O espaço de comedouro pode ser associado ao canibalismo. Isso porque a alta densidade gera a ocorrência”, pontua. Para Laskoski, aumentar o espaço entre comedouros mostrou eficiência para amenizar o desafio da alta densidade.

Uniformização na Creche

O também doutorando pela UFRGS, Jamil Faccin, ressaltou a uniformização no momento do alojamento na creche, questionando se vale a pena realizar esse processo. “Carcaças uniformes geram produtos uniformes. Há uma janela entre 108 para 132 quilos ao abate. O manejo com dois mil animais na creche, por exemplo, precisa um dia e dois funcionários para trabalhar. Gera trabalho e gasto de energia da equipe”, sugeriu.

De acordo com ele, animais que estão mais pesados comem menos e animais mais leves comem mais, mesmo estando na mesma baia. Ele citou um trabalho de mestrado, em que foram feitas quatro baias diferentes – baias de peso misto (pequenos médios e grandes, baias de grandes, baias de médios e baias de pequenos. Segundo ele, a maior uniformidade ocorreu em baias mistas. “Baia com as três categorias se mostrou mais uniforme. Isso porque o grande talvez já tenha percebido que não precisa “brigar para ser o alfa”. Os pequenos que foram separados não cresceram mais. O desempenho zootécnico não é afetado com relação aos animais que coloco nas baias.

Na terminação, entretanto, Faccin recomenda a separação entre as maiores e as menores. “Se eu tiver 2.400 leitões abastecendo duas terminações de 1200, separo as top 50% (mais pesadas). Ganho em tempo na granja e isso sim é interessante”, resumiu.

Sanidade e Fatores Ambientais

Fatores ambientais por vezes deixados de lado, como a poeira e o barulho, podem interferir negativamente no desempenho dos leitões, acusou o médico veterinário Augusto Heck, especialista de sanidade suína da BRF. “Temperatura, umidade, poeira, gases, ruídos, área disponível… A creche é um setor que tem merecido atenção especial nos últimos tempos porque apareceram novidades. Houve um tempo em que essa fase foi negligenciada”, disparou Heck.

O profissional explicou que fatores de predisposição e ambientais interferem diretamente na resposta do animal. O fatores ambientais citados são temperatura, gases, poeira, ruído, equipamentos, espaço social, pessoas e higiene. Na predisposição animal, Heck cita o comportamento, a fisiologia e a imunologia. “Esses fatores podem ser gatilhos para doenças”, defendeu.

Ele cita que a creche pode ser “muito danosa” pelos seguintes desafios: “mudança no tipo de piso, mudança da instalação, da densidade, da ração, umidade, dietas com baixa palatabilidade, falha da ingestão de ração, leitões mais magros e animais doentes”.

Ele comenta que a temperatura precisa estar na zona de termoneutralidade da creche, entre 22 e 28º C. “O frio, na presença do agente patogênico, pode acarretar doenças”, como pneumonia enzoótica e diarreias. “São situações extremamente corriqueiras na nossa estrutura de produção”. Ele ainda alertou para a temperatura efetiva e a sensação térmica. Entre eles, alguns fatores que interferem na sensação térmica do animal que precisam ser observados estão tipo de piso, velocidade do ar, hermeticidade. Ele exemplificou dizendo que um suíno submetido a 26 graus em sua altura, mas com piso de concreto e velocidade do ar incompatível chega a sentir 15,5º C.

“A poeira é um coquetel de problemas. Se levarmos em consideração, temos diversos problemas. Areia, cabelo humano, poeira fina (dependendo da dimensão, é possível que tenhamos o ingresso dessas partículas no trato respiratório), além de carreamento de agentes infecciosos”, citou. Heck listou mais de 20 fungos e bactérias presentes nesse material que podem ser danosos aos planteis suinícolas.

O veterinário também chamou a atenção para os gases na creche, como amônia, dióxido de carbono, metano, monóxido de carbono e sulfeto de hidrogênio, “que trazem prejuízos no desempenho dos animais e para a segurança operacional dos trabalhadores”. Ainda citou “o suíno pode ter impacto negativo quando exposto ao ruído”. “Existem os ruídos súbitos, como explosões, e persistentes, como ventilador. O persistente tem mais impacto, com ocorrência de estresse e até mais canibalismo”.

Heck também falou sobre densidade e espaço entre comedouros. “Acima de 3,5 leitões por metro quadrado gera diarreia pós desmame. Da mesma forma, baias com mais de 20 animais também têm problemas, mas pode lançar mão de ações, como enriquecimento ambiental, cordas e palha no chão. Quando o produtor oferta componentes, controla o gargalo da disponibilidade de espaço”, comentou. Já a falta de espaço entre comedouros, explicou, “aumenta o índice de lesões cutâneas, há um comportamento de disputa”. Já com excesso de espaço, “o animal não respeita a higiene e defeca no comedouro”.

O palestrante destacou também a correta higienização dos equipamentos, respeitando o tempo de ação de cada produto, o respeito ao vazio sanitário e a importância de baias de recuperação confortáveis, limpas e com equipamentos exclusivos para animais doentes.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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