Notícias Expoabra 2023
Pesquisadores da Embrapa Cerrados mostram inovações, desafios e oportunidades para a agricultura do Cerrado
Sebastião Pedro abordou o programa Frente, que dará suporte técnico à Rota da Fruticultura RIDE-DF.

Com palestras em painéis sobre a fruticultura na RIDE-DF, tecnologias de produção para o Cerrado e tecnologias inovativas, a Embrapa Cerrados (DF) participou da semana de plenárias promovida durante a 31ª edição da Expoabra, feira agropecuária realizada de 3 a 17 de setembro no Parque Granja do Torto, em Brasília.
O primeiro painel, “Fruticultura: visão de futuro para a Rota RIDE-DF”, realizado na manhã de segunda-feira (11), focalizou a Rota da Fruticultura na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF), iniciativa do governo federal que tem como objetivo a inclusão produtiva e o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar da região do DF e 33 municípios do Entorno, com ações voltadas ao desenvolvimento da cadeia produtiva de frutas como açaí e mirtilo, visando ao estabelecimento de um polo frutícola nacional.
Ao comentar os novos desafios de pesquisa com açaí e mirtilo, o chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, lembrou o processo de transformação do Cerrado, nos últimos 45 anos, em importante produtor de alimentos, levando o Brasil a se tornar um grande exportador de produtos como soja, milho, café e carnes. “Sabemos que o caminho é longo, mas é possível, com pesquisa, alcançar resultados neste ambiente. Quando nos chegou a ideia do açaí, planta tropical de floresta úmida, e do mirtilo, planta de clima temperado, refletimos e aceitamos o desafio. Não estamos dando um tiro no escuro, porque existe um sistema de pesquisa estabelecido na Embrapa Cerrados, nas universidades e nas empresas estaduais e distritais de pesquisa e extensão rural”, afirmou.
Ele falou sobre o Frente – Programa de Inovação de Suporte à Rota da Fruticultura na RIDE-DF, que busca a introdução dessas espécies frutíferas, que têm comprovada aptidão de mercado; desenvolver tecnologias de produção de frutas; além de induzir o desenvolvimento das cadeias produtivas na região. “Vamos dar o suporte técnico, encontrar os problemas, pesquisar e procurar resolvê-los”, disse, explicando a estrutura e a equipe multidisciplinar da Embrapa Cerrados, que tem trabalhos em fruticultura e agricultura familiar.
O programa prevê experimentos piloto na Unidade, o ajuste tecnológico nas áreas de produção e a realização, paralelamente, de pesquisa e desenvolvimento nos laboratórios e nas propriedades rurais. Entre as ações que estão sendo implementadas, ele citou a formação de coleção de cultivares e do laboratório de micropropagação de mudas isentas de patógenos, além de estudos de manejo, aclimatação de mudas, estabelecimento das culturas, nutrição, doenças, insetos, manejo da irrigação, pós-colheita, entre outras.
“Teremos que aprender muito e transferir o conhecimento para formarmos a cadeia produtiva, gerar empregos, renda e sustentabilidade para a região”, comentou. “É uma caminhada longa, mas sabemos onde queremos chegar. O desafio está posto, o objetivo está claro e temos muita fé no sucesso deste projeto”, completou.
Também participaram do painel o coordenador da Rota das Fruticultura RIDE-DF Luiz Curado, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), e Adriana Nascimento, engenheira agrônoma da Emater-DF, que detalharam as ações da iniciativa.
Tecnologias de produção
O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Unidade, Fábio Faleiro, participou do painel seguinte, “Tecnologias de produção do Cerrado para o Mundo”. Ele lembrou que a revolução da produção agropecuária no Brasil a partir da década de 1970 se deu com a conquista do Cerrado e com as tecnologias desenvolvidas para os sistemas de produção animal e vegetal da região, bem como para o uso dos recursos naturais.
O Cerrado atualmente tem contribuições significativas para a produção nacional de carne bovina (34%), cana-de-açúcar (36%), soja (50%), café (23%), feijão (43%), milho (49%), sorgo (83%) e algodão (86%). “Podemos então dizer que a base dessa conquista são a pesquisa, tecnologia e inovação, além da força do produtor rural brasileiro e das políticas públicas”, comentou, explicando sobre o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, formado pela Embrapa e outras instituições de pesquisa, universidades públicas e privadas, empresas e organismos financiadores.
Nesse sentido, Faleiro destacou o foco de atuação da Embrapa Cerrados – ampliar o conhecimento, a preservação e a utilização racional dos recursos naturais do Bioma Cerrado, desenvolver sistemas de produção vegetal e animal sustentáveis e realizar a inclusão produtiva, democratizando e dando capilaridade às tecnologias desenvolvidas para pequenos, médios e grandes produtores, proprietários de mais de 1 milhão de imóveis rurais na região.
O pesquisador comentou sobre diversas tecnologias que revolucionaram a produção agropecuária no Cerrado, como a tropicalização da soja, do trigo e de frutas de clima temperado; o café e culturas alternativas como a cevada e o girassol; o melhoramento genético de bovinos de corte e de leite e de gramíneas e leguminosas forrageiras; a Fixação Biológica de Nitrogênio; a correção da acidez e o manejo da fertilidade dos solos; a caracterização, manejo e conservação do solo e da água e, mais recentemente, a Bioanálise de Solo (BioAS); o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc); tecnologias de mecanização agrícola; o manejo integrado de insetos-pragas, doenças, plantas daninhas e nematoides; sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta; a recuperação e renovação de pastagens degradadas. Informações sobre essas e outras tecnologias estão disponíveis aqui e aqui.
Ao falar sobre a busca do equilíbrio entre agronegócio, sociedade e recursos naturais, Faleiro salientou que a ocupação antrópica desordenada e o extrativismo predatório são incompatíveis com a agricultura sustentável. “A agricultura é a vocação do Brasil e é o que sustenta o País do ponto de vista econômico, social e ambiental. Temos pequenos, médios e grandes produtores que sobrevivem do campo e merecem o nosso respeito”, afirmou, ressaltando que o agro brasileiro é baseado em ciência e tecnologia nacionais que garantem incrementos de produção e de produtividade todos os anos.
Para mostrar como a agropecuária brasileira é criticada injustamente, ele apresentou um gráfico que aponta que as lavouras ocupam apenas 7,8% das terras no Brasil e as pastagens 21,2%. “66,3% do território nacional é destinado a áreas de preservação. Além de produzir, o produtor brasileiro é ambientalista, pois 33,2% de toda a área preservada no País está nos imóveis rurais. Isso não existe em nenhum outro lugar no mundo”, salientou.
Entre os novos desafios, Faleiro apontou o desenvolvimento de novas tecnologias para a economia circular; o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU); a adoção de práticas sustentáveis na agricultura; o uso de biomassa, resíduos, bioinsumos e energia renovável; novas tendências de consumo e agregação de valor; novos dados e informações sobre recursos naturais; competitividade e sustentabilidade; segurança e defesa zoofitossanitária; enfrentamentos de mudanças de clima; automação de processos, agricultura de precisão e digital; e o desenvolvimento regional sustentável e a inclusão produtiva.
O pesquisador lembrou que existem no Brasil vários sistemas de produção e perfis de produtores, com alta e com baixa capacidade de investimento. “Temos que desenvolver tecnologias adaptadas para cada grupo de produtores, considerando o desenvolvimento regional e o uso de boas práticas agrícolas que garantam a segurança das pessoas, a segurança alimentar, o meio ambiente e o bem estar animal. Com ciência e tecnologia, é possível produzir e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo”, apontou.
Carlos Banci, engenheiro agrônomo da Emater-DF, foi o outro palestrante do painel. Ele falou sobre os principais desafios enfrentados pelos produtores rurais do Cerrado, como recursos financeiros, custos envolvidos e acesso à tecnologia; as principais oportunidades no sentido da sustentabilidade da região, com destaque para o cooperativismo, também visto como grande desafio.
Tecnologias Inovativas
O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues, foi um dos palestrantes do painel “Tecnologias Inovativas para o Agro”, realizado na terça-feira (12). Segundo ele, meio ambiente e agricultura não devem se opor, mas caminhar juntos. “O negócio do agro é produzir alimentos e não conseguiremos atender à demanda crescente por alimentos sem um meio ambiente saudável. Por outro lado, não teremos um meio ambiente saudável sem uma agricultura forte e sustentável”, enfatizou.
Também participaram do painel o secretário de Ciência e Tecnologia e Inovação do DF, Gustavo Amaral, e a superintendente da Superintendência Científica, Tecnológica e de Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAPDF), Renata Vianna.
“Se nos anos 1970, as tecnologias de destaque estavam relacionadas à correção dos solos, hoje o foco é a questão da sustentabilidade”, afirmou o pesquisador. Ele citou algumas tecnologias de destaque desenvolvidas ao longo dos últimos anos e que possuem esse pilar, como é o caso da Bioanálise de Solos (BioAS), dos remineralizadores de solo, dos bioinsumos, assim como tecnologias conservativas, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e aquelas relacionadas ao melhoramento genético animal e vegetal.
Rodrigues pontuou, no entanto, que o grande gargalo da produção agrícola nos dias atuais é a questão dos recursos hídricos. “E isso não faz sentido num país que tem 12% das reservas hídricas do planeta”. De acordo com ele, as águas das chuvas são as melhores que estão disponíveis, mas elas estão cada vez mais concentradas e incertas. “Por conta disso, a questão da agricultura irrigada passa mais do que nunca a ser fundamental, pois traz estabilidade à produção, o que permite um maior planejamento por parte dos produtores”.
O pesquisador pontuou alguns projetos que estão sendo conduzidos nesse sentido, como o que busca gerar coeficientes técnicos de irrigação para manejo de culturas anuais, bem como aqueles que se propõem a avaliar, adaptar e desenvolver técnicas de manejo de irrigação, avaliar métodos, modelos e sensores de manejo de irrigação, além de capacitar irrigantes sobre as técnicas de irrigação. “Precisamos pensar juntos em como vamos avançar quando o assunto é água. Esse é o grande desafio”.

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Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras
Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

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Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.
A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.
Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:
- US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
- US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
- US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
- US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

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De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.
Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.
Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.
Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.
O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).
Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

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Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.
Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.
Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.
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COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia
Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

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Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.
Energia limpa, economia circular e logística sustentável
No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.
Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.
A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

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energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.
Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.
A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.
O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

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Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.
A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.
Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.
Amazônia reforça protagonismo comunitário
Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

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Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.
Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.
Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou
Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

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Bioenergia e desenvolvimento regional
Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.
O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.
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Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural
Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

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“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.
Obras
Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

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A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.
A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.
A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.
22 mil veículos
O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

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de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.
Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.



