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Avicultura Entrevista Exclusiva

Pesquisadora Janice Zanella destaca avanços da Embrapa Suínos e Aves em sete anos

Nos últimos sete anos, a instituição se aproximou das indústrias e dos produtores para saber quais eram suas reais necessidades. O objetivo: criar linhas de pesquisa, gerar conhecimento científico e embasar mudanças que os setores necessitavam.

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Nos últimos sete anos a Embrapa Suínos e Aves se aproximou das indústrias e dos produtores para saber quais eram suas reais necessidades. O objetivo: criar linhas de pesquisa, gerar conhecimento científico e embasar mudanças que os setores necessitavam. Esse é um dos avanços da Embrapa Suínos e Aves, com sede em Concórdia, SC, sob a chefia da pesquisadora Janice Zanella, que deu posse a seu sucessor, o pesquisador Everton Krabe, em 1º de novembro. Confira um balanço da gestão, sob a ótica de Janice Zanella, uma das mais renomadas e respeitadas pesquisadoras de suínos e aves do mundo.

O Presente Rural – Conte um pouco de sua trajetória acadêmica e profissional.

Janice Zanella – Nasci no Sul de Minas Gerais, minha família é de agricultores, plantavam café, criavam gado de leite. Fiz o ensino médio em Minas, fiz Medicina Veterinária na universidade federal em Belo Horizonte. Qaundo estava terminando meu curso, tive a oportunidade de uma bolsa de estudos da CNPQ e vim para Concórdia (SC), para trabalhar na Embrapa. Quem me orientava na época era o Nelson Mores. Fiz um ano na patologia, depois fiquei mais um ano na virologia e depois fui trabalhar na Sadia, na BRF. Fiquei lá no laboratório. Nesse meio tempo que fiquei na BRF, consegui uma bolsa e fui para os Estados Unidos, para a Universidade de Nebrasca, no meio oeste americano, para fazer meu mestrado. Acabei ficando, fiz o PHd e iniciei o pós doutorado.

Nesse tempo abriu concurso da Embrapa, prestei, passei e voltei para o Brasil em 1998. Comecei a trabalhar na pesquisa, com virologia de suínos e aves, depois me dediquei somente a suínos. Durante esse tempo fiz vários projetos, fiz o primeiro diagnóstico de Circuvírus, o primeiro diagnóstico de Influenza, desenvolvi metodologias de diagnóstico para várias doenças virais de suínos que não estavam estabelecidos no Brasil, por exemplo para PRRS e diagnóstico da PED.

Uma das grandes contribuições que dei foi atuar junto na erradicação da doença de Algeski, isso deu um diferencial para Santa Catarina. Na época a gente apoiava o Estado livre de aftosa sem vacinação, a gente estimulou o governo do Estado para implementar barreiras.

Orientei muitos colegas em vários projetos, atuei em vários comitês, organizamos eventos técnicos e também ajudei muito como membro de vários comitês na OIE, (Peste Suína Clássica, Peste Suína Africana), desde 2011 sou membro de um grupo de especialistas no mundo para controle e monitoramento da Influenza em suínos.

Recentemente fui indicada como uma das 25 pessoas no mundo para trabalhar com uma saúde (One Health), faço parte de um grupo bem forte, de apoio à questão da saúde única, juntamente com a FAO, a OIE e a OMS. Sou a única pessoa no Brasil que está trabalhando nesse comitê.

De 2008 a 2010 fiquei no laboratório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Laboratório Central de Diagnóstico e Pesquisa, em Iowa. Lá consegui trabalhar com várias doenças, como PRRS e Influenza. Foi justamente durante a pandemia de 2009 da Influenza. Pude trazer essas metodologias de diagnóstico mais aprimoradas para o Brasil. Todo o trabalho de monitoramento de Influenza que hoje fazemos foi graças a essa parceria com a equipe do USDA.

O Presente Rural – Como chegou até a chefia da Embrapa Suínos e Aves?

Janice Zanella – Cheguei à chefia da Embrapa porque sempre gostei de desafios, sempre gostei de trabalhar muito, sou extremamente motivada, dedicada, posso reconhecer isso. Quero estar sempre fazendo o melhor, buscando fazer diferente e encarando os desafios.

Sempre tive apoio, tanto da família como dos meus colegas, amigos próximos e lideranças do setor. Posso dizer que tenho muitos parceiros, trabalho com muita gente e sou inquieta, gosto de fazer diferente, sempre melhorando e servindo, servindo a Embrapa e servindo o setor. Tive todo esse incentivo.

O processo de seleção de chefias da Embrapa é muito limpo, transparente, baseado em meritocracia. Você precisa fazer um plano de trabalho, que é avaliado. É realizada uma série de entrevistas, é muito aberto, tanto que a última seleção foi toda online. Cheguei à chefia através de uma caminhada, fui galgando em vários pontos, fui atuando tecnicamente como também em termos de atuação administrativa. Sempre liderei projetos, sempre fui gestora de núcleos temáticos, como por exemplo presidente do portfólio de sanidade animal de toda a Embrapa. Então sempre busquei e tive apoio muito forte da diretoria da Embrapa. Isso também me incentivou a chegar à chefia.

O Presente Rural – Enquanto esteve à frente da Embrapa, quais as principais linhas de pesquisa?

Janice Zanella – São várias linhas de pesquisa. Nós atuamos em cinco núcleos temáticos, de sanidade de aves, sanidade de suínos, de produção de aves, produção de suínos e o núcleo temático de meio ambiente. As atividades dentro desses núcleos seguem o plano diretor da Embrapa (PDE). Dentro desse PDE a gente faz um plano de execução da unidade, que é baseada em várias contribuições nas áreas de sanidade, diagnósticos de doenças, de geração de insumos, segurança de alimentos, modernização do abate. A gente atua na sanidade, tanto em doenças de produção quanto em doenças de apoio à defesa, como Senecavírus, por causa da causa da semelhança com Aftosa; Influenza, e a gente vai começar alguns trabalhos com PSA e PSC. Fizemos trabalhos, por exemplo, para produção de vacinas. Na questão do meio ambiente, para trazer mais sustentabilidade, com reuso de água, valorização dos dejetos, a questão do biometano, entre outras. Então a gente atua em sanidade, produção e meio ambiente.

O Presente Rural – Quais os principais resultados obtidos?

Janice Zanella – Os principais resultados são o atendimento às políticas públicas, é a geração de dados, a geração de ciência, gerando dados confiáveis para embasar políticas públicas. O Brasil tem que atender várias normas, tanto internas quanto internacionais, e essas normas vão mudando, como as questões de bem estar, resíduos de microbianos nos alimentos. São vários resultados em sete anos. É um trabalho de uma grande equipe. A Embrapa busca muito as soluções. Entender a dor do cliente, que é o setor como um todo, e procurar desenvolver soluções. Uma das coisas que a gente sempre busca é gerar tecnologia através de inovações abertas, como o abatedouro móvel, que foi um resultado legal, o Nanovo, que é o recobrimento nanoestruturado de ovos, e a vacina da Pesteurella.

Em questão de políticas públicas, todo o trabalho de destinação de animais mortos, a modernização do abate para suínos e aves que está dando um impacto tremendo, tem também as nossas genéticas, como o lançamento de uma fêmea suína, a MO025C.

Tanto questão de tecnologias como pesquisa aplicada, projetos de desenvolvimento em parcerias, a gente teve alguns desafios durante a gestão. Tínhamos o campo experimental que estava abandonado, a gente reativou, levou nossas linhas puras para lá, para anteder normativas e continuar realizando experimentos lá, onde tem o núcleo de conservação. Fizemos uma manutenção tremenda nos campos experimentais, renovamos a frota de veículos, isso tudo com muito apoio.

Uma das coisa que vejo que foi legal foram as parcerias, uma das grandes conquistas foi mostrar que a Embrapa pode ajudar a comunidade não só no setor da suinocultura e avicultura. Desde maio do ano passado a gente tem ajudado o laboratório de saúde pública de Santa Catarina na realização dos testes moleculares de Covid. A gente já realizou mais de 40 mil testes. A gente tem mostrado que a Medicina Veterinária é importante para a saúde pública, importante no conceito de saúde única, que a saúde humana e animal está muito ligada. A nossa pesquisa é muito interdisciplinar. A gente pode atuar em várias frentes.

Outra coisa de grande valia foram as parcerias, tanto no Inova Pork quanto no Inova Ave, e agora no programa Inova, que reúne os dois. A gente conseguiu abrir a Embrapa. Abrimos nossos campos experimentais para parcerias, fomos atrás das principais agroindústrias oferecendo nossas equipes para atuar diretamente em projetos com a demanda deles.

Outra coisa interessante foram as emendas parlamentares. A gente teve um relacionamento bem interessante com parlamentares, acima de qualquer partido, principalmente deputados federais e senadores. Um deles que destaco é o Projeto Javali.

São muitas coisas que me veem a mente quando penso nesses últimos anos, é um trabalho de uma equipe com muitas habilidades e muita dedicação.

O Presente Rural – Como é chefiar uma equipe de pesquisadores na Embrapa Suínos e Aves?

Janice Zanella – É um desafio dia a dia, o pesquisador é treinado para ser crítico, e muitas vezes quando a gente é muito crítico, acaba se frustrando, acaba exigindo muito, e isso é normal. Nosso nível é muito lá em cima. Mas falei desde o começo, vamos ter paciência, calma, vamos nos ajudar, trabalhar junto, a gente está aqui para fazer pesquisa com qualidade e criatividade, que era nosso lema, e foi assim. A gente teve muito apoio, a coisa não parou, passamos por dificuldades, principalmente de recursos, mas a equipe se reinventou, fez o possível para inovar, buscar novas parcerias e recursos. Foi muito bom, e tem sido, a gente conseguiu pavimentar um caminho bem interessante. A nova gestão vai poder trabalhar também, dar continuidade, e fazer da forma que para eles seja mais certa e aplicada ao plano de trabalho que eles pensam em realizar.

Sempre liderei equipes, mas não uma equipe tão grande, de 213 pessoas. Foi desafiador, mas também muito recompensador.

O Presente Rural – Quais foram os maiores desafios nesses sete anos?

Janice Zanella – A gente veio de um período de vacas gordas, digamos assim. A gente teve o PAC, tivemos o PAC Embrapa, o Ciência Sem Fronteiras, havia muito investimento na pesquisa brasileira, mas com o tempo a gente foi percebendo que os recursos foram ficando mais escassos, então a gente teve uma redução enorme do nosso orçamento, investimento praticamente zero nos últimos sete anos. Investimento é o que? compra de equipamentos, fazer reforma renovação de frota. A gente tinha vários projetos, como implantação de uma mini usina de energia solar que a gente não conseguiu, por exemplo, mas nós conseguimos outras coisas, como o posto de biometano do biogás, então a gente consegue gerar biometano para abastecer um veículo na unidade. A gente sempre teve parceria com indústrias e outros parceiros então a gente conseguiu manter o trabalho andando.

Vale lembrar que tivemos uma crise política muito forte, tivemos impeachment de presidente, tivemos mudança de presidente da Embrapa, nesses últimos anos tivemos três presidentes na Embrapa, muitos ministros da Agricultura. Cada vez que muda, muda política, dá uma lentidão digamos até tudo se acertar. Outro problema que eu vejo a questão de equipe. Nós estamos mais de 10 anos sem concurso público e para entrar na Embrapa a admissão é somente por concurso público. As equipes vão diminuindo, nós tivemos um plano de demissão incentivada, quando 25 colegas se desligaram, fora outros que também se transferiram, tivemos alguns falecimentos, então isso aí vai diminuindo a equipe. Acredito que uma das grandes dificuldades é a falta de recurso e a falta de pessoas. Mas tudo isso eu digo nos aproximou de outros parceiros e vimos como somos resilientes. Mesmo com todas essas dificuldades a gente conseguiu ainda mostrar que produzimos, que estamos gerando resultados e que a Embrapa é importante para o país. Basicamente isso nos dá uma realização muito grande do trabalho que a gente faz, o reconhecimento que é que é feito tanto pelo setor como também da sociedade brasileira.

O Presente Rural – A pandemia alterou os rumos de trabalho da Embrapa Suínos e Aves?

Janice Zanella – Alterou Sim. Ela é uma dos grandes desafios, a gente não tinha visto uma pandemia dessa magnitude nos últimos 100 anos. A última pandemia assim grande desse jeito, claro que a gente teve a gripe A em 2009, mas nada parecido com que a gente tá vendo, o impacto no mundo, na economia mundial, em mortes. A gente viu que realmente aqui no Brasil a situação não foi e não é muito fácil. Tivemos perdas de colegas, isso impactou e impacta muito. Com certeza impacta a cabeça de todo mundo. Todos nós ainda ficamos com essa pergunta: o que que vai ser? A pandemia veio para ter uma mudança, como aconteceu depois da segunda grande mundial, da primeira guerra. Creio que essa foi a mudança do milênio, ela ensinou também muita coisa para a gente. Eu acho que no começo a gente ainda ficou meio sem saber o que fazer, mas nunca paramos, a gente sempre deu continuidade aos trabalhos de uma forma virtual, de forma online e revezamento na unidade. Os campos experimentais não pararam, os laboratórios não pararam, a gente aprendeu a trabalhar diferente.

O Presente Rural – É possível avaliar “estragos” que a pandemia tenha deixado nas pesquisas?

Janice Zanella – A gente perdeu alguns colegas, ficamos com muitas pessoas com dificuldades até psicológicas porque perderam familiares, toda essa insegurança, as pessoas um pouco mais ansiosas, com dificuldade maior de saber o que vai ser daqui para frente, mas com relação às pesquisas eu posso te dizer com toda a segurança que não atrasamos nenhuma atividade, nenhum dos projetos foi interrompido ou foi cancelado. Atrasamos no início da pandemia, mas retomamos, estamos com tudo em dia, além desse apoio que a gente deu para o Ministério da Saúde. Nós conseguimos financiar um projeto de R$ 4 milhões com Finep para estruturar nosso laboratório NB2 Plus para um laboratório nb3, ou seja a gente vai poder atuar muito proximamente ao Ministério da Agricultura e Ministério da Saúde também em apoio principalmente a pandemias e zoonoses. Esse laboratório nb3 vai ter padrão OMS (Organização Mundial de Saúde), então isso foi uma grande conquista que eu posso dizer que foi reflexo também dessa pandemia e que veio para somar.

O Presente Rural – Você foi a primeira mulher a chefiar a Embrapa Suínos e Aves, criada em 1975. Fale sobre isso.

Janice Zanella – Sou a primeira mulher a chefiar a Embrapa, com 46 anos. Realmente foi um momento desafiador, mas eu nunca deixei que isso afetasse a forma de eu trabalhar, o fato de ser mulher, sempre tenho paixão pelo que eu faço e consegui ter reconhecimento. Claro que a mulher ainda parece que ela tem que mostrar porque veio, porque parece que o pessoal não confia de cara, mas tive apoio de toda uma equipe, uma equipe fantástica trabalhando junto comigo, meus chefes adjuntos, todos os meus supervisores. Nós tivemos uma união muito grande de esforços e a gente tem certeza que a gente conseguiu trabalhar e fazer o que a gente se propôs a fazer e mais. Acredito que essa questão de gênero não afetou, acredito muito na diversidade e acredito muito na multidisciplinaridade. As equipes têm que ser formadas por diferenças porque essas diferenças enriquecem a forma de trabalho. São essas diferenças de gerações, diferenças de gênero, de formação de culturas só enriquece.

O Presente Rural – O que vai fazer depois de passar o bastão ao pesquisador Everton Krabbe?

Janice Zanella – O Everton Krabbe é um pesquisador extremamente competente, é uma pessoa extremamente dedicada à Embrapa, é um amigo querido. Vou fazer tudo que eu puder para que seja uma transição muito tranquila, muito profissional. Nesse primeiro momento vou ajudar no que ele precisar, não só ele, mas toda equipe que ele escolheu para ajudar durante esses anos que ele vai ficar à frente da unidade. Eu trabalho para a Embrapa, trabalho para o setor e eu vou continuar fazendo o que eu puder para dar esse apoio.

Vou continuar me dedicando na pesquisa. Estou já me incluindo em grupos, eu nunca parei, mas estou retomando com mais força agora. Penso em sair fazer um ano sabático ou no ano que vem ou no outro, depois que acalmar essa pandemia, para ver o que realmente a gente vai fazer, mas eu penso em atuar muito proximamente com a parte de diagnóstico rápido, geração de diagnóstico rápido para que o técnico veterinário de campo possa ter esse primeiro diagnóstico a campo, dar segurança para ele com um diagnóstico clínico e também apoio aos laboratórios parceiros nossos, como o Sedisa e os demais laboratórios para que, quando chegue lá as amostras, já chegue com direcionamento. E também a questão da defesa, a gente vê a Peste Suína Africana chegando aí nas Américas e esse diagnóstico rápido é muito importante. E vacinas. Então o que eu quero fazer é geração de dados, dados epidemiológicos. Uma coisa que eu tenho muito interesse também de trabalhar com parte de compartimentos, são áreas que eu penso em atuar fortemente, na sanidade, é essa a minha proposta agora.

O Presente Rural – Deixe uma mensagem aos colegas de Embrapa e aos profissionais do agro.

Janice Zanella – A mensagem que trago aos meus colegas, que eu deixo para todos é primeiro continuar se dedicando, fazendo o máximo para o país, inovando, porque o nosso lema é inovação, se motivando e principalmente apoiando essa nova gestão, porque a situação não está fácil para o país. Por outro lado o agro nosso é líder mundial, nós somos líderes em várias setores. O Brasil deu muito certo na agricultura e vai continuar dando certo, a gente precisa apoiar isso tudo. E quero que meus colegas sejam felizes, procurarem trabalhar com amor, trabalhar com dedicação, acordar todo dia feliz de ter um emprego e se sentir abençoado em trabalhar no setor tão importante.

O agro é um setor fantástico, setor maravilhoso que eu adoro trabalhar junto, mas não podemos nos acomodar, os desafios estão cada dia mais próximos. A Embrapa tem um trabalho que se chama a visão 2030. O que vem na tua cabeça quando você pensa em próximos desafios? A questão da sustentabilidade. O planeta está passando por mudanças, mudanças climáticas, mudanças demográficas e mudanças sanitárias. Doenças novas vão continuar surgindo, o regime de águas, as mudanças climáticas, o calor, tudo isso vai impactar a produção de grãos, vai impactar a produção animal, a saúde humana e a saúde animal.

A globalização está cada vez maior, então essas doenças estão chegando cada vez mais rápido em vários continentes. A gente também tem que pensar que existem soluções, às vezes não são soluções fáceis, são soluções difíceis, mas por exemplo para a sustentabilidade têm várias tecnologias. Eu acho que o Brasil não pode depender de tecnologia dos outros. Por exemplo, tanto para produção de insumos fertilizantes, vacinas, o Brasil tem que ter isso. A gente viu agora como foi difícil durante a pandemia se manter, desde a construção civil até os diagnósticos moleculares a dificuldade que é de conseguir insumo. O Brasil tem que ser autossuficiente e também abrir.

Veja a China, né? A China comercializa com o mundo inteiro, importa do mundo inteiro e exporta para o mundo inteiro. O Brasil é relativamente fechado, tem que se abrir mais, investir em tecnologia. Dizem que nos próximos 30 anos a tecnologia vai avançar mais que nos últimos 200 anos. A gente vê isso nas comunicações, como evoluiu de um ano para cá.

Os desafios são grandes, mas também a gente tem que aproveitar essas oportunidades e construir o melhor, inovando, fazendo diferente, abrindo a cabeça, saindo da caixa. A ciência está aí para nos ajudar. Eu acredito que a maior conquista da humanidade realmente foi a ciência e a comunicação. Temos que aproveitar a tecnologia, trabalhar juntos, criticar também, mas também usar a criatividade para inovar. Então essa aí a mensagem que eu deixo, agradecendo todos os parceiros, principalmente os parceiros do nosso Inova, que acreditaram na gente, e que continuem nos apoiando e apoiando a Embrapa. E dizer que sempre podem contar comigo.

Avicultura

Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango

Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

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O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

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Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.

O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock

Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.

Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.

O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil

Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

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A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik

Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.

A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.

Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias

Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.

Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.

Fonte: Assessoria Mapa
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Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global

Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

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O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.

A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.

No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.

Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).

Indústria e produção de ovos

O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.

A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras

As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”

Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.

A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.

Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.

Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.

Fonte: Assessoria ABPA
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