Suínos
Pesquisadora da Embrapa elenca estratégias para enfrentar a Influenza suína
Doença ainda causa grandes preocupações para todo o setor produtivo. Por isso, conhecer a doença e adotar as estratégias corretas para evitá-la é essencial para não ter prejuízos na produção.
Apesar de ser uma velha conhecida já do produtor, a influenza ainda causa grandes preocupações para todo o setor produtivo. Por isso, conhecer a doença e adotar as estratégias corretas para evitá-la é essencial para não ter prejuízos na produção. A médica-veterinária, doutora em Ciências Veterinárias e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava, aborda o tema durante o SBSS (Simpósio Brasil Sul de Suinocultura), realizado em meados de agosto, em Chapecó (SC). O Presente Rural fez uma entrevista exclusiva. Aproveite!
O Presente Rural: Quais são as principais estratégias de manejo para enfrentar a Influenza suína?
Danielle Gava: Para enfrentar a Influenza suína existem várias abordagens de manejo que podem ser adotadas:
- Vacinação: a utilização da vacinação para o controle da influenza tem se mostrado uma das medidas mais eficazes adotadas em rebanhos suínos em diversos países. A vacinação tem por objetivo induzir uma resposta imune robusta e duradoura, o que resulta na redução da excreção viral, das lesões pulmonares, e da doença clínica. É fundamental destacar que, independentemente do tipo de vacina utilizada, é crucial incluir antígenos virais contemporâneos na formulação vacinal, visando ampliar a cobertura antigênica diante da diversidade viral circulante. Esta abordagem é também aplicada para humanos, dado que a transmissão do vírus Influenza A entre humanos e suínos ocorre em ambos os sentidos, embora seja mais comum eventos de transmissão humano-suíno do que o inverso. Deste modo recomenda-se a vacinação anual para influenza de todas as pessoas que entram em contato com suínos, como veterinários, suinocultores, motoristas que transportam os animais, entre outros.
- Boas práticas: medidas de biosseguridade nas granjas, como adequada ventilação, protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção, implementação de períodos de vazio entre lotes, evitar mistura de lotes, monitoramento das fêmeas de reposição, segregação de diferentes espécies animais, dentre outros, são essenciais.
- Monitoramento e vigilância: é crucial entender a frequência e a evolução dos clados que circulam nas granjas, especialmente porque a maioria dos vírus Influenza A são específicos de regiões ou países. A vigilância regular é fundamental para detectar precocemente a presença do vírus, o que permite a implementação rápida de medidas de controle e prevenção de surtos. Além disso, os dados obtidos por meio do monitoramento dos suínos desempenham um papel fundamental na seleção das cepas vacinais mais adequadas, levando em consideração a diversidade genética e antigênica dos vírus que circulam entre os suínos.
O Presente Rural: Quais são os principais desafios enfrentados no controle da Influenza nas granjas suínas?
Danielle Gava: O controle da Influenza nas granjas suínas apresenta uma série de desafios significativos. Um desses desafios é a mutabilidade viral, que pode levar ao surgimento de novas variantes virais com diferentes capacidades de transmissão e virulência, dificultando a previsão e o controle da disseminação da doença. Além disso, a detecção precoce da doença é complicada devido aos sinais clínicos inespecíficos, que podem se assemelhar aos de outras doenças respiratórias.
Outros desafios incluem a necessidade de vacinas eficazes, que devem ter similaridade antigênica com os vírus circulantes, além de garantir a imunogenicidade adequada, possuir boa carga antigênica e adjuvante. A contenção da transmissão entre granjas também é crucial, assim como a complexidade adicional causada pela presença de outros agentes infecciosos, que podem exacerbar a gravidade da doença.
O Presente Rural: Como a terapia de suporte pode ajudar durante um surto de Influenza?
Danielle Gava: Apesar de existirem medicamentos antivirais para tratar a Influenza em humanos, o tratamento da Influenza A em suínos é paliativo e visa prevenir infecções secundárias. Durante um surto, o uso de anti-inflamatórios na água pode ajudar a reduzir a febre e outros sinais clínicos, além da mortalidade.
Suínos doentes podem ficar desidratados devido à febre e à redução do consumo de água. É crucial garantir acesso fácil à água fresca e limpa para os animais.
Durante um surto de influenza suína, os suínos infectados devem ser monitorados de perto para detectar quaisquer complicações adicionais, como infecções secundárias. Nesses casos o uso de antimicrobianos específicos podem ser recomendados.
O Presente Rural: Quais os sinais clínicos da influenza suína que os produtores devem ficar atentos?
Danielle Gava: Os sinais clínicos observados em suínos infectados incluem febre, letargia, anorexia e tosse. A doença apresenta alta morbidade e baixa mortalidade. A perda de peso e o aumento da conversão alimentar são consequências significativas na produção de suínos. Além disso, a doença pode aumentar o número de casos de aborto em matrizes devido à hipertermia. Casos graves da doença são frequentemente associados à infecção simultânea com outros patógenos respiratórios do complexo de doenças respiratórias em suínos, o que pode levar a pneumonias complicadas e maior taxa de mortalidade.
O Presente Rural: Quais as melhores práticas de biossegurança para prevenir a introdução e disseminação da influenza nas granjas?
Danielle Gava: Dentre as boas práticas de biosseguridade que devem ser adotadas, mantidas ou enfocadas nas granjas, destacam-se:
adequada ventilação, protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção, implementação de períodos de vazio entre lotes, evitar mistura de lotes, monitoramento das fêmeas de reposição, segregação de diferentes espécies animais, bem como vacinação de suínos e humanos que mantêm contato com os animais e constante monitoramento e vigilância.
O Presente Rural: Pode compartilhar algum exemplo de sucesso na gestão de um surto de influenza em uma granja suína?
Danielle Gava: Um exemplo de sucesso geral na gestão de um surto de influenza inicia com rápido diagnóstico para confirmar ou descartar o envolvimento de Influenza A na doença clínica. A partir da confirmação, a implementação rápida e eficaz de medidas de manejo e controle, combinadas com uma estratégia abrangente de biossegurança, já citadas anteriormente, são essenciais.
Cabe ressaltar que as medidas de biosseguridade devem ser aplicadas permanentemente, e não apenas em casos de surto. Ainda, a adoção de vacinação massal periódica, focando principalmente nas matrizes, mantém os níveis de anticorpos circulantes no plantel, minimizando o impacto de futuras infecções.
O Presente Rural: Quais as medidas preventivas mais eficazes contra a influenza suína?
Danielle Gava: As medidas preventivas mais eficazes contra a influenza suína em granjas suínas incluem uma combinação de vacinação e biosseguridade, podendo citar:
- Observar as boas práticas de produção, como boa higiene, ventilação das instalações, limpeza e desinfecção das instalações entre lotes;
- Implementar o vazio sanitário entre lotes;
- Monitorar os animais novos que entram no rebanho, especialmente as fêmeas de reposição;
- Evitar mistura de lotes de leitões de diversas origens;
- Evitar transportar os suínos durante a fase aguda da infecção;
- Evitar o contato dos suínos com outras espécies animais, instalar cercas de proteção no perímetro das granjas e telas anti-pássaros;
- Evitar contato de pessoas gripadas (com febre) com suínos; e
- Vacinar anualmente contra o vírus influenza todas as pessoas que entram em contato com os suínos (veterinários, suinocultores, motoristas que transportam os animais, etc.).
O Presente Rural: Como a gestão do ambiente nas granjas pode influenciar a propagação da influenza?
Danielle Gava: Embora a influenza possa ser observada em granjas durante o ano todo, alguns estudos têm sugerido que a influenza é uma doença com ocorrência sazonal, aumentando no outono, com pico máximo pico máximo no início do inverno e no final da primavera. Os maiores índices de circulação viral estão relacionados com a baixa temperatura e baixa umidade do ar, e circulação concomitante de diferentes subtipos virais.
A principal via de transmissão é o contato direto com secreções oronasais infectadas com o vírus. Assim, a movimentação de suínos é um fator importante para a introdução do vírus nos rebanhos. Além disso, a detecção do vírus em aerossóis durante a ocorrência de surtos em suínos demonstrou quantidades significativas de vírus no ar.
Desta forma, ao minimizar estes fatores associados a maior ocorrência de infecção por Influenza A em suínos, minimiza-se a propagação viral.
O Presente Rural: Quais as opções de terapia de suporte disponíveis para suínos afetados pela Influenza?
Danielle Gava: Na ocorrência de doença clínica mais severa em rebanhos suínos e na indisponibilidade de vacinas contra a Influenza, o tratamento medicamentoso pode ser instituído com o uso de antitérmicos, expectorantes e antimicrobianos para combater infecções bacterianas secundárias.
O Presente Rural: Como a colaboração entre veterinários e produtores pode ser melhorada para enfrentar surtos de influenza de forma mais eficaz?
Danielle Gava: Para melhorar a colaboração entre veterinários e produtores na gestão de surtos de influenza em suínos, é essencial estabelecer uma comunicação aberta, promover o entendimento mútuo das necessidades e desafios de cada parte, e implementar estratégias colaborativas. Aqui estão algumas maneiras de melhorar essa colaboração:
- Educação e treinamento conjunto: Realizar sessões educativas regulares onde veterinários e produtores possam discutir sobre a influenza suína, seus sinais clínicos, medidas preventivas e estratégias de manejo.
- Desenvolvimento de protocolos de biossegurança: Trabalhar em conjunto para desenvolver e implementar protocolos de biossegurança adaptados às especificidades de cada granja suína. Isso pode incluir visitas regulares de veterinários para revisar e ajustar as práticas de biossegurança conforme necessário.
- Monitoramento e vigilância compartilhados: Estabelecer um sistema de monitoramento epidemiológico onde veterinários e produtores possam compartilhar informações sobre a saúde dos suínos, incluindo a detecção precoce de sinais de influenza suína. Isso facilita uma resposta rápida e coordenada em caso de surto. Ainda, o fato de existir a transmissão viral bidirecional (suíno-humano e humano-suíno), pede reflexão frente à rotina de vacinação em suínos e humanos.
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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.