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Pesquisador faz profunda análise a favor do Brasil em relação a outros países produtores

José Eustáquio Vieira Filho evidencia o cenário econômico e político com foco no agronegócio nacional.

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Fotos: Shutterstock

“Quando eu era estudante de Economia, a primeira coisa que via nos manuais era que a agricultura é um modelo perfeitamente competitivo de oferta e demanda, e que o preço é dado pelo mercado. Quando estudava o desenvolvimento econômico, a agricultura era um setor marginal ao desenvolvimento econômico. Para um país para se desenvolver, tinha que desenvolver a agricultura, setor industrial e, por último, setor de serviços”, lembra José Eustáquio Vieira Filho, pesquisador no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Então, basicamente, víamos isso nas universidades e eu percebia que essas coisas não batiam com a realidade prática”, lembra.

Pesquisador no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, José Eustáquio Vieira Filho: “O que está por detrás do sucesso agropecuário brasileiro é conhecimento e tecnologia, nada mais do que isso” – Foto: Francieli Baumgarten

Durante o Encontro Regional Abraves, realizado em Toledo, PR, o pesquisador ministrou palestra onde falou sobre o cenário econômico e político com foco no agronegócio. “Falar em agronegócio é muito mais do que falar em um produto, da questão do clima, rezar para que tenhamos boas chuvas, e tudo mais será doado da forma divina. Na verdade, o que está por detrás do sucesso agropecuário brasileiro é conhecimento e tecnologia, nada mais do que isso”, elucida o palestrante.

“O agro é muito importante, é o agro que move a economia do país, é o agro que paga os salários, é o agro que gera desenvolvimento econômico. Independente de governo A, governo B, o agronegócio é que move a economia”, destaca o profissional. “O plano safra sempre vai existir, o setor vai continuar crescendo e as coisas vão continuar no seu ritmo tradicional. A menos que venha um determinado presidente e queira acabar com o setor, mas acredito que isso não vai acontecer, porque seria como retroceder 50 anos”, expressa Vieira Filho.

Ele sugere questionar se existe futuro viável para o agronegócio e, particularmente, para a suinocultura. “Essa questão pode ser respondida por diferentes prismas. Inovação tecnológica, a questão sanitária, a sustentabilidade ambiental, a sucessão dos negócios, entre outros fatores. Busco focar a questão da inovação tecnológica como um fator central no que foi feito no Brasil”, argumenta.

Voltando no tempo

O pesquisador falou sobre a criação e a relevância da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na década de 1970, mas argumenta que a instituição “não construiu isso sozinha”. “A Embrapa foi central em canalizar as principais demandas que o país tinha nos anos 70 e conseguiu organizar o país. É claro, junto com o ambiente institucional ao seu redor, isso ganhou corpo e fez com que houvesse uma evolução muito grande”.

Nos anos 1970, o Brasil enfrentava políticas que priorizavam a extração de renda da agricultura para subsidiar outros setores, como ressalta Vieira Filho. Essas políticas, muitas vezes negligenciadas nas discussões contemporâneas, incluíam práticas como taxas múltiplas de câmbio, que beneficiavam certos setores em detrimento da agricultura, um dos principais setores exportadores do país na época. “É claro que, naquele período, a agricultura era pouco diversificada comparando com a agricultura que a gente conhece hoje, mas era o setor que exportava, então ele era prejudicado”, acrescenta o palestrante. Ele aponta que “as taxas prejudicavam a agricultura, mas beneficiaram a indústria. A agricultura era penalizada nesse sentido”.

Durante o período do chamado “milagre econômico” entre 1968 e 1973, o Brasil experimentou um crescimento econômico notável, mas também enfrentou desafios, como a inflação decorrente da oferta inelástica de preços. “O país estava crescendo a taxas de dois dígitos, mais do que a China, levando em conta aquele período”, salienta. “E quanto maior a demanda, se você não tem oferta, os preços explodem, vem a inflação. E inflação nenhum governo gosta”. Eustáquio destaca o papel de Affonso Celso Pastore em mostrar que, na realidade, a produção agrícola poderia reagir aos preços, desde que houvesse investimentos em inovação e tecnologia, expandindo assim a oferta produtiva. E afirma: “Flutuações no preço podem sim influenciar a oferta ou a demanda dos produtos”.

Nesse contexto, dois importantes ministros, Cirne Lima da Agricultura e Delfim Netto da Economia, reconheceram a necessidade de abordar os problemas enfrentados pela agricultura brasileira. Enquanto parte da população defendia a reforma agrária como solução, outra parte argumentava a favor do investimento em tecnologia e capital humano para promover o crescimento da agropecuária. Essa dicotomia acentuada pelo pesquisador ecoa os debates contemporâneos. “A mesma discussão vemos hoje quando separamos os grupos ideológicos. Há quem pense que a reforma agrária é uma política importante, mas na prática, o que se mostrou no Brasil foi investimento em capital humano e tecnologia”, analisa.

A criação da Embrapa, em 1973, representou um marco nesse contexto. Como frisa o palestrante, o investimento na pesquisa agro foi justificado pelo reconhecimento da importância de fornecer conhecimento atualizado aos agricultores. O estudo realizado pelo professor Guilherme Dias, que demonstrou a defasagem no diálogo entre a extensão rural e os produtores, foi fundamental para embasar essa decisão. “Delfim Netto pegou o argumento desse estudo e utilizou para justificar o investimento na pesquisa. A criação da Embrapa tinha que ser justificada”, relata o doutor em Teoria Econômica.

Concentração

Ele também aborda a questão da concentração produtiva no setor agropecuário brasileiro, destacando números que revelam uma realidade desafiadora e apontam para possíveis caminhos de desenvolvimento. Segundo Vieira Filho, “em 2006, um texto clássico do doutor Eliseu, publicado no livro do IPEA, mostrou, pela primeira vez, que havia uma grande concentração produtiva no setor agropecuário brasileiro”. Os dados do Censo de 2017 confirmaram essa concentração, revelando que “9% dos estabelecimentos mais ricos respondem por 85% da produção, enquanto 91% dos estabelecimentos mais pobres respondem pela pequena parte de 15% da produção”. Essa realidade, enfatiza o palestrante, não é exclusiva do Brasil, persistindo também em economias como a americana e europeia.

Essa concentração, segundo doutor José Eustáquio, pode ser vista como parte dos modelos de desenvolvimento econômico, onde é necessário “que você tenha concentrações em determinados ramos produtivos para que você possa ter um start de alocação de investimento, crescimento, aumento da produtividade e expansão”. No entanto, o profissional também aponta para uma oportunidade de mudança. Ele sugere que “se você incorporar 1% dos estabelecimentos mais pobres dentro dessa faixa mais dinâmica, podemos não só dobrar, como até triplicar a produção brasileira, usando os mesmos recursos, usando os mesmos insumos tecnológicos”.

Condições influenciam a tecnologia

Para ele, a compreensão desse aspecto se tornou fundamental durante seu pós-doutorado na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde teve a oportunidade de colaborar com o professor Albert Fischer na elaboração do livro “Agricultura e Indústria no Brasil, Inovação e Competitividade”. “Percebi que tudo o que acontecia na agricultura era, não só semelhante, como idêntico ao que eles explicavam sobre os casos bem-sucedidos de inovação tecnológica na indústria”, sublinha. A análise comparativa entre setores industriais como o de petróleo, produção de aeronaves e o agronegócio revela padrões interessantes de evolução tecnológica e adaptação às condições específicas de cada segmento. “Comparamos então, três setores industriais. Setor de petróleo, o setor de produção de aeronaves e o agronegócio”, recorda.

Ele ilustra sua argumentação com exemplos concretos. No caso da indústria de aviação, enfatiza que a evolução tecnológica está intimamente ligada ao aumento de escala das

aeronaves. “O avião, para que se tenha uma evolução tecnológica, vai ampliando de tamanho. Ao ampliar de tamanho ele aumenta o peso, ao aumentar o peso as condições tecnológicas são outras. Dependendo da capacidade que se tem de absorção das tecnologias, tem-se capacidade de produzir aeronaves maiores. É algo muito complexo”, explica o pesquisador.

Ao abordar o setor de petróleo, o doutor menciona as diferenças entre as estratégias de exploração adotadas em diferentes regiões do mundo. Enquanto em lugares como o Oriente Médio ou Estados Unidos a presença de petróleo próximo à superfície facilitou a exploração, no Brasil o cenário foi distinto. “No Brasil, isso não aconteceu. E num determinado momento, o país resolveu procurar petróleo na costa litorânea brasileira”, relata. O surgimento de experiências bem-sucedidas de exploração offshore na década de 1960 marcou o início de um período de investimentos significativos no setor. “E depois que foi descoberto na Bacia de Campos, o Brasil começou a investir muito”, acrescenta.

O pesquisador salienta que, assim como na indústria aeronáutica e petrolífera, o agronegócio enfrenta desafios tecnológicos específicos à medida que amplia sua escala produtiva. “Explorar petróleo a cem metros é uma condição de temperatura e predição diferente do que explorar petróleo a dois mil metros, cinco mil metros de profundidade. É preciso novos materiais, novas tecnologias. A complexidade tecnológica é diferente. No agro é a mesma coisa”, diz.

Analisando dados dos Censos Agropecuários de 1995 e 2017, Eustáquio explora a relação entre tecnologia, escala produtiva e eficiência no setor. “Comparando os dois Censos, quanto maior eram as propriedades, maior eram os indicadores de potência”. Essa constatação evidencia a importância da escala na absorção tecnológica e no aumento da produtividade agrícola. O estudo revelou que, ao longo das décadas, a tecnologia desempenhou um papel cada vez mais significativo nos ganhos de produção. “Na década de 1990, a tecnologia já era responsável por, praticamente, 50% dos aumentos produtivos. E, no último Censo, essa participação se ampliou para algo em torno de 60,6%”, explica o pesquisador.

Uma tendência clara observada nos dados é a redução da participação do trabalho na produção agrícola, enquanto a utilização de tecnologia e insumos biotecnológicos vem ganhando espaço. “Cada vez mais uma atividade agropecuária é intensiva em tecnologia e pouco intensiva em trabalho. Intensiva em robótica, máquinas, além dos insumos biotecnológicos”, destaca Vieira. Entretanto, ele revela que “a participação do trabalho caiu de 31,3% para 19%. E a participação da terra é praticamente estável. Ressalto que o estudo não está dizendo que terra não é importante. O estudo diz que a participação da terra comparativamente a outros fatores produtivos tem uma contribuição menor”.

Efeito poupa floresta

Um dos pontos destacados pelo profissional é o “efeito poupa floresta”, um conceito que ressalta o impacto positivo da tecnologia na preservação ambiental. “Imagine que se tenha uma situação no passado, uma situação no presente e um contrafatual. Se observarmos passado e presente, há um pequeno aumento da área produtiva. Mas esse pequeno aumento em nada se compara com o que foi poupado ao longo do tempo, e essa poupança foi devido à tecnologia”, elucida.

Esses resultados têm implicações importantes para políticas públicas e estratégias de desenvolvimento agrícola. Segundo o palestrante, é fundamental que os países reconheçam o papel fundamental da inovação tecnológica no aumento da produtividade e na conservação ambiental. Em vez de simplesmente focar na distribuição de terras, investimentos em acesso e adoção de tecnologias eficientes podem ser a chave para impulsionar o crescimento sustentável do agronegócio.

O doutor José Eustáquio assegura que o “efeito poupa-floresta” representa menos fome do mundo, pois quanto mais tecnologia, menos é preciso desmatar áreas para produzir mais. Ele diz que “ao longo da década de 1990, para os dias atuais, o Brasil praticamente poupou 43% do seu território. Se compararmos com nossos principais críticos e competidores, o nosso indicador no último ano é muito maior do que, por exemplo, da Espanha, que só poupou 20,4% com a tecnologia, ou do que a França, que foi 2,4%”. Vieira conta também que descobriu, através de um estudo, em 2020, “que na Europa estava se criando um debate, uma crítica, dizendo que o estudo não podia ser feito dessa forma, porque parte de um ponto que, teoricamente, segundo os europeus, eles já são eficientes. E isso não é verdade. A verdade é que eles já desmataram tudo, não têm mais o que desmatar”, expressa.

A conta não fecha

Ao revelar que, segundo dados, dois terços do território brasileiro são preservados com matas nativas, o palestrante incita uma reflexão. “O continente europeu, por exemplo, não tem 10% de preservação. Como eles querem ditar ordem dentro do território brasileiro?”, questiona. Ele complementa que fez outro exercício, que consiste em dividir a produção por unidade de emissão. “Primeiro lugar, não acredito no que são essas emissões de CO2 equivalente na atmosfera. Pegam um monte de cientistas da Embrapa, de universidades financiadas por ONGs ou instituições internacionais, e dão um ar de cientificidade e chegam a um número de carbono. Milhões de toneladas de carbono. Supondo que essas estatísticas internacionais sejam verdadeiras. Analisei essas estatísticas para o Brasil e dividi produção por unidade e emissão, e fiz o mesmo para os nossos principais competidores. Pasmem, o Brasil foi o país que teve o melhor indicador de sustentabilidade nesse quesito” revela o pesquisador.

Eustáquio acentua que, na produção agrícola, em 1990, um quilo de CO2 equivalente conseguia gerar 243 quilos de produtos agrícolas. Já em 2020, o mesmo quilo de CO2 equivalente conseguia produzir 748 quilos. “Então veja, nós estamos produzindo mais com a mesma emissão de carbono. Sendo assim, o Brasil, comparado aos nossos principais competidores, é o país com o melhor rendimento”, enfatiza.

Soja brasileira

O economista sublinha o impressionante crescimento da cadeia produtiva da soja no Brasil ao longo das últimas décadas. Em sua análise, revela números que ilustram a magnitude desse progresso. Em 1991, a produção nacional de soja totalizava 19,4 milhões de toneladas. Contrastando com os dados de 2022, esse número saltou para 154,6 milhões de toneladas, representando um aumento surpreendente de quase 700%. Como observa o palestrante, “a produção de soja foi multiplicada por oito ao longo desse período”.

Outro ponto de destaque é a relação entre a produção de soja e a produção total de grãos. Em 1991, os grãos atingiram 68,4 milhões de toneladas, enquanto em 2022 foram 319,8 milhões de toneladas. Vieira Filho afirma que “a produção de soja representa, praticamente, 50% da produção total de grãos”. Um aspecto importante também é o papel central da soja na cadeia produtiva agrícola. Em 2022, a produção de soja totalizou 154 milhões de toneladas, grande parte da qual é processada em farelo e óleo. O palestrante detalha que “63% da soja é exportada como excedente produtivo, enquanto 32% é consumida internamente”.

Eustáquio fala ainda sobre a questão do consumo per capita, e dá destaque ao aumento significativo ao longo dos anos. Desde 1991, o consumo per capita de soja aumentou 2,7 vezes, o de farelo 4,5 vezes, e o de óleo 2,2 vezes. Além disso, segundo o pesquisador, o consumo de carne de frango e suína também registrou aumentos substanciais, correlacionados com o crescimento das exportações. “Carne de frango, 30% exportado, o restante é consumido dentro do país, carne bovina, 27% é exportado, o restante é consumido dentro do país. Carne suína, 30% é exportado e o restante é consumido dentro do país”, aponta.

Exportações e segurança alimentar

Um ponto analítico importante levantado na palestra foi a relação entre exportações e segurança alimentar. Contrariando a noção de que as exportações comprometem a segurança alimentar interna, o profissional argumenta que “exportar não é ruim para a segurança alimentar do país”. Ele considera que políticas que visam taxar as exportações podem prejudicar o desenvolvimento econômico e que investimentos em inovação e tecnologia são fundamentais para garantir a segurança alimentar e impulsionar o crescimento da oferta.

Sobre o quadro de comércio exterior do país e a ascensão impressionante do setor agropecuário brasileiro, o pesquisador do Ipea afirma que “o Brasil é o líder em exportações líquidas de alimentos para o mundo”, ressaltando a posição de destaque que o país ocupa no cenário global. Ele explica que o Brasil figura como o terceiro maior exportador, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Holanda, enquanto ocupa a 34ª posição em importações.

Uma das principais conquistas evidenciadas por Vieira Filho é o saldo superavitário da balança comercial brasileira, especialmente após 2015, comparado aos competidores latino-americanos. Ele salienta que “o Brasil se descola com um saldo superavitário da balança comercial global”, graças ao desempenho positivo do setor agropecuário. Sem esse saldo, o pesquisador argumenta que o país não seria capaz de contrabalançar os déficits em outras áreas da economia. O setor agropecuário desempenha um papel crucial nessa dinâmica, representando 50% das exportações totais do Brasil. Um estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) citado por José Eustáquio aponta que, até 2027, a maior expansão da oferta produtiva ocorrerá principalmente no Brasil. Os principais destinos dessas exportações incluem a China (31,9%), União Europeia (16,1%) e Estados Unidos (6,6%).

O palestrante também enfatiza a diversificação do mercado brasileiro, apesar da concentração significativa na China. Ele ilustra esse ponto com o exemplo da carne suína, que saltou do 14º lugar, em 1995, para a terceira posição mundial em exportações até 2022. “O market share brasileiro, que era de 1% na década de 90, hoje representa 17% das exportações mundiais”, afirma.

Outro ponto-chave abordado por José Eustáquio é a relação entre a taxa de juros e o mercado internacional. Ele constata que “é errado tentar prever o mercado olhando só a taxa Selic e esquecendo o que acontece com o resto do mundo”, enfatizando a importância de comparar a taxa de juros real com a do mercado americano. Segundo ele, essa comparação é essencial para determinar a necessidade de ajustes na taxa de juros brasileira, visando atrair capital estrangeiro e manter a competitividade econômica.

Sobre a relação entre taxa de câmbio e exportações Vieira denota que “quanto maior as exportações, mais se diminui a taxa de câmbio”, explicando como a abundância de exportações pode influenciar na valorização da moeda nacional. No entanto, ele alerta para os potenciais impactos negativos dessa valorização excessiva sobre os produtores, defendendo a necessidade de estabilidade cambial para garantir previsibilidade aos agentes econômicos.

Brasil

Quanto ao desempenho econômico do Brasil, ele observa que o país vem apresentando sinais de recuperação, com o PIB crescendo após os impactos da crise pandêmica. Ele compartilha dados do último boletim Focus, que indicam um aumento da inflação em 2024, seguido de estabilidade em 2025, bem como um pequeno crescimento do PIB no mesmo período. Além disso, prevê uma taxa de câmbio relativamente estável nos próximos anos, com a taxa de juros em torno de 9%.

O pesquisador fez uma comparação entre a situação econômica do Brasil e da Europa, e aponta as diferenças nas políticas de subsídios e práticas sustentáveis. Enquanto o Brasil é reconhecido como um exemplo de competitividade com práticas sustentáveis, Eustáquio revela que a Europa enfrenta desafios relacionados à redução de subsídios e dependência dessas políticas para a produção agrícola.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Forte alta do suíno vivo eleva poder de compra frente ao milho pelo 8º mês

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade – milho e farelo de soja, comparando-se as médias de agosto e setembro.

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Foto: Ari Dias

O poder de compra de suinocultores paulistas frente ao milho cresceu pelo oitavo mês seguido, conforme apontam levantamentos do Cepea.

Em relação ao farelo de soja, setembro foi o terceiro mês consecutivo de aumento no poder de compra.

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade (milho e farelo de soja), comparando-se as médias de agosto e setembro.

Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o suíno vivo foi negociado ao valor médio de R$ 8,95/kg em setembro, forte aumento de 5,8% em relação ao de agosto.

Inclusive, este foi o quinto mês seguido de valorização, de acordo com levantamento do Cepea.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos Em Pato Bragado

Biogás diminui custos de produção e gera renda para suinocultores no interior do Paraná

Sistema instalado na granja da família Fincke solucionou o problema de dejeto dos animais e hoje mantêm a propriedade com a energia de biogás.

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Os Fincke lidam com o suíno na sua fase final e estão transformando a geração de energia na propriedade - Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

Quem vê a propriedade da família Fincke, em Pato Bragado, na região Oeste do Paraná, não imagina a dor de cabeça que eles tinham até pouco tempo atrás. Comandada por Carlito Fincke e os filhos Adilson e Jonas, os 30 alqueires de terra são divididos entre a produção de suínos, principal atividade, e as lavouras de soja e milho.

A suinocultura havia se tornado quase inviável na propriedade, devido aos custos elevados e questões ambientais. Até que eles encontraram uma solução: gerar a própria energia. A história da família Fincke, seus desafios e soluções, é tema da reportagem desta semana da série especial “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo”, produzida pela Agência Estadual de Notícias (AEN) e publicada às terças-feiras.

A família de produtores de Pato Bragado é mais um exemplo cabal do impacto que o apoio do Governo do Estado tem para os produtores e para o meio ambiente. O apoio se dá com programa RenovaPR, que subsidia o custo financeiro dos investimentos em equipamentos como biodigestores e painéis fotovoltaicos, a fim de incentivar e disseminar a energia limpa no campo. “Instalamos biodigestor e, assim, solucionamos o problema de dejeto dos animais, minimizamos o cheiro e as moscas, e estamos ganhando dinheiro, mantendo a propriedade também com a energia de biogás. Foi um salto muito grande nessa parte, além do meio ambiente. Temos que nos preocupar com os gases que a gente está lançando. Temos que ter consciência de ajudar”, afirma Adilson.

A atividade da família na produção de suínos começou com o pai em 2009 e logo cresceu com a entrada dos filhos no negócio, passando de 300 para sete mil suínos, distribuídos em seis granjas. Entretanto, à medida que o número de animais crescia, os problemas também aumentavam.

Os Fincke lidam com o suíno na sua fase final. A Unidade de Terminação (UT), como é denominado esse estágio, é o local em que os porcos chegam com cerca de 60 dias de vida e peso médio de 23 quilos (kg), e permanecem até alcançarem o peso de 120 kg, em um período de 120 dias de alojamento. Dali eles seguem para o frigorífico.

Durante quatro meses, os animais crescem, engordam, e com isso vem o obstáculo que acomete todo suinocultor: os dejetos. Adilson,

filho mais velho de Carlito, conta que os três tanques de esterco que existem na propriedade, hoje desativados, não davam conta de todo o material. “Quando chegamos nesses sete mil suínos percebemos que estávamos com problema. Chegamos a pagar para os vizinhos receberem esse dejeto porque não tínhamos o que fazer”, ressalta Adilson. “Fora o problema de carcaças. Às vezes chegávamos a enterrar os animais porque a composteira sempre estava cheia, não dava conta, além dos problemas de cheiro e de moscas”.

Foi então que um familiar deu a ideia. “Um tio chegou para nós e disse: ‘vocês estão perdendo dinheiro, deviam fabricar energia com toda essa matéria-prima’. Aí acendeu uma luz”, lembra o produtor. A luz a qual ele se refere era a produção de biogás, por meio de um biodigestor, resolvendo o problema de dejetos, uma vez que ele é transformado em gás, gerando energia, e o líquido, que também passa por um tratamento, transforma-se em biofertilizante para irrigação da lavoura.

Ideia aprovada pelos filhos, o próximo passo foi convencer o pai, relutante com o custo do investimento. “Quando fui ver o valor, meu pai já botou pedra. ‘Você não vai pegar R$ 700 mil para fazer um biodigestor e se aventurar’. Conversei com uma empresa que deu a ideia de tentarmos pelo RenovaPR, com juro zero”, lembra Adilson. “Deu certo, conseguimos nos enquadrar, convenci meu pai e começamos o projeto.”

RenovaPR

O Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR) foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de incentivar a produção de energia limpa e sustentável no campo. Desde 2021, ano de criação do programa, já foram mais de 26 mil usinas fotovoltaicas e ou de biogás instaladas.

Por meio de subsídio da taxa de juros, via Banco do Agricultor Paranaense, operacionalizado pela Fomento Paraná, o Estado banca parte ou a integralidade dos juros do financiamento para instalação de fontes de energia renováveis, como solar e biogás, no meio rural. É uma forma de baratear o custo da produção e contribuir para a preservação do meio ambiente. Além disso, o aproveitamento de dejetos de animais para produção de biogás, reduz a emissão de gases altamente poluentes no ar ou a contaminação do solo e de lençois freáticos, por exemplo.

O coordenador de Energias Renováveis no Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Herlon Almeida, ressalta que o objetivo do Estado é incentivar cada vez mais a instalação de biodigestores como forma de reduzir a emissão de poluentes no ar, gerar energia limpa, reduzir custos para quem produz e ainda acabar com os dejetos, obstáculo que mais afeta os produtores de animais, sejam suínos, bovinos ou aves. “O Governo do Paraná incentiva o biogás mais do que qualquer outra energia renovável porque, ao se fazer biodigestão, é realizado um tratamento, uma adequação ambiental, pois trata dejetos que normalmente impactam o meio ambiente e os transforma em riqueza, que é a energia do biogás, do biometano e, ainda, o digestato, que é o resíduo que sobra após a biodigestão e que pode ser convertido em fertilizante para uso agrícola”, explica Almeida.

Cenário do biogás

De acordo com levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), até 2023 eram 404 plantas de biogás instaladas no Paraná, com ampla folga na liderança a nível nacional. De 2022 para 2023, o número de plantas cresceu 54% — antes eram 262. O Estado responde por 29,59% das plantas de biogás no Brasil. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 348 unidades, e Santa Catarina, com 122.

Em termos de produção de biogás, a região Sul produziu 862 milhões de metros cúbicos normal (Nm³), sendo que o Paraná é responsável

por 53,4% desse volume, com 461 milhões de Nm³, crescimento de 20% em relação a 2022.

Em um biodigestor, os dejetos animais são decompostos por bactérias em um ambiente sem oxigênio. Durante esse processo, é produzido o biogás, uma mistura de metano e dióxido de carbono, que pode ser utilizado para gerar energia elétrica através de motores a gás. “Todos os projetos que temos têm um retorno sobre o capital investido de cerca de quatro a cinco anos. Para linhas de crédito de seis anos isso significa que, antes de vencer o financiamento, uma vez que ele é 100% financiado para o produtor, ele já recuperou o capital investido”, salienta o coordenador.

O financiamento dos Fincke foi de aproximadamente R$ 700 mil, com prazo de pagamento de dez anos e carência de três. Quando a granja opera com capacidade total de suínos, o biodigestor chega a gerar entre 25 e 30 mil quilowatts/mês, sem contar a energia que é utilizada na propriedade, para bombear o digestato na plantação de soja e milho, rico em nutrientes.

“O dejeto é um problema para todos os produtores de suínos. Não épossível jogar ele diretamente na lavoura, pois dessa forma ele danifica as plantas. E com os tanques todos cheios, não se consegue limpar o chiqueiro. Agora isso mudou”, celebra o suinocultor. “O tratamento do dejeto é outro. Os gases já foram embora, então você não prejudica o meio ambiente e até mesmo a própria lavoura. Você não está jogando um esterco cru, mas sim uma adubação de qualidade”, complementa Adilson. Com isso, os gastos com a compra de adubo também caíram.

Mais renda

Os Fincke decidiram vender a energia produzida pelo biodigestor, em vez de usar na propriedade. “O que sobra eu vendo para uma cooperativa específica de energia”, comenta. Com a comercialização, na casa dos R$ 15 mil mensais, eles conseguem quitar a parcela do financiamento e ainda sobra para pagar a conta de luz da granja, por volta de R$ 3 mil/mês.

Com o retorno, já existem projetos para ampliar a capacidade da granja. Um segundo tanque para digestato está em construção, enquanto que o primeiro permanecerá com o líquido em “descanso”, aumentando seu potencial fertilizador. Os planos também envolvem a quantidade de suínos. “Estamos estudando. Talvez fazer mais mais duas granjas, chegando a dez mil animais. As empresas querem concentrar tudo num só lugar, é mais fácil, mais cômodo para eles”, comentou.

Suínos no Paraná

O Paraná é o segundo maior produtor de suínos do Brasil, com pouco mais de 12 milhões de unidades em 2023 – 21,2% da produção nacional. O Estado fica atrás somente de Santa Catarina (29,5%) e à frente do Rio Grande do Sul (17%). O Valor Bruto da Produção (VBP) da suinocultura foi de R$ 12,5 bilhões em 2023.

De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o

Paraná é o terceiro maior exportador do Brasil, com 168 mil toneladas enviadas ao mercado internacional em 2023 e comércio com 75 países. Santa Catarina e Rio Grande do Sul completam o pódio, em primeiro e segundo lugares, respectivamente.

Série

A série de reportagens “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias renováveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas neste link.

Fonte: AEN-PR
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Suínos

Paraná desenvolve sistema para fortalecer biosseguridade nas granjas suínas

Médico-veterinário aponta pontos críticos que ameaçam a biosseguridade nas granjas suínas, destacando os principais fatores de risco e as medidas preventivas essenciais para mitigar a introdução e disseminação de patógenos.

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A biosseguridade nas granjas de suínos tem sido amplamente discutida por todos os elos da cadeia, principalmente diante dos desafios atuais enfrentados pelo setor suinícola. Durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, o médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, trouxe à tona pontos críticos que ameaçam a biosseguridade nas granjas suínas, destacando os principais fatores de risco e as medidas preventivas essenciais para mitigar a introdução e disseminação de patógenos.

Foto: Ari Dias

O profissional enfatiza que a biosseguridade em unidade de produção é essencial para evitar a entrada e a propagação de doenças no rebanho, garantindo a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção suinícola. No Paraná, a Portaria 265, publicada em setembro de 2018, estabelece os itens estruturais que cada granja deve ter, conforme o modo produtivo, para proteger as unidades da disseminação de doenças e agentes infecciosos. Essa normativa define 14 critérios de avaliação para a prevenção externa e 10 para a prevenção interna, que são fundamentais para a manutenção da biosseguridade.

Dias adianta que a Adapar planeja ainda este ano sistematizar essas informações contidas na Portaria 265, mensurando e quantificando a situação atual das granjas paranaenses. “Para isso, será desenvolvido um sistema de informação que vai permitir a coleta de dados de caracterização das granjas de forma organizada e segura, processando-os por meio de um modelo multicritério para obter indicadores de biosseguridade”, antecipa.

Conforme o  médico-veterinário, esse sistema será acessível via aplicativo web, proporcionando uma avaliação detalhada de biosseguridade de propriedade a propriedade. “Serão levantados dados críticos, como a origem dos animais e a presença de cercas de isolamento. Os resultados serão quantificados em níveis que variam de 1 a 5 para origem dos animais e de 1 a 9 para cercas, em escalas de 0 a 100, permitindo uma análise precisa e detalhada”, explica Dias.

Médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias: “O novo sistema de informação vai gerar um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Os dados coletados serão apresentados por meio de dashboards e mapas, possibilitando avaliar tanto as condições de granjas individuais quanto obter um panorama geral por integração e da região geográfica. “Essa visualização clara e integrada dos dados vai permitir identificar possíveis problemas e criar estratégias eficientes para implantar um plano de biosseguridade. Como resultado, teremos um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas. Com essas informações, será possível desenvolver e executar planos de biosseguridade personalizados, garantindo a proteção do rebanho e a sustentabilidade da produção suinícola no Paraná”, salienta.

A partir da implementação deste sistema de avaliação da biosseguridade nas granjas paranaenses de suínos, o auditor fiscal agropecuário menciona que a cadeia produtiva deve sofrer um impacto significativo, visto que aquelas propriedades que não terão condição de adequação para produção de suínos devem acabar saindo da atividade. “Não podemos colocar toda a cadeia de suínos em risco em função de uma ou outra propriedade que não tem condição estrutural de criar suínos”, ressalta Dias.

Isolamento da granja contra invasores

O gerente de Saúde Animal da Adapar afirma que entre os itens de biosseguridade mais importantes de uma unidade de produção suinícola devem estar as cercas. “As cercas são essenciais porque, entre os diversos problemas que temos no Brasil, estão os javalis. Precisamos ter essa barreira física para proteger nossas propriedades dos animais de vida livre e até mesmo dos animais domésticos, que podem trazer doenças para dentro do plantel suíno. As cercas blindam a entrada e protegem a criação”, argumenta Dias.

Os javalis representam uma ameaça significativa à biosseguridade das granjas, uma vez que migram facilmente de região e circulam de Norte a Sul do Brasil. Uma das doenças que essa espécie pode transmitir é a Peste Suína Clássica (PSC), colocando em risco a saúde dos suínos e a sustentabilidade da produção. “O novo sistema da Adapar vai permitir a coleta e análise detalhada de dados, facilitando a identificação de problemas e a implementação de estratégias de biosseguridade mais eficazes. Com isso, esperamos melhorar de forma significativa a proteção das granjas paranaenses, garantindo um ambiente seguro e saudável para a criação de suínos”, aponta Dias.

Ameaças à biosseguridade

Um ponto crítico para a biosseguridade nas granjas suínas é a presença de agentes patogênicos. Além da febre aftosa e do Senecavírus A, outras doenças vesiculares que afetam suínos são estomatite vesicular, exantema vesicular e doença vesicular em suínos (SVDV), as quais são consideradas exóticas e não circulam no Brasil. Dias ressalta que a grande ‘dor de cabeça’ do setor reside no Senecavírus A, que tem crescido a incidência da doença nas granjas nos últimos 10 anos. “Por causar lesões vesiculares, os sintomas são facilmente confundidos com febre aftosa, gerando muito estresse no campo”, frisa.

Fotos: Shutterstock

A questão não é exclusiva do Brasil, com a doença diagnosticada em países como os Estados Unidos, onde circula desde 1988; e há relatos recentes no Canadá, China, Nova Zelândia, Austrália, Tailândia, Colômbia e Chile. No Brasil, o Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul relatam casos, mas nenhum em nível comparável ao estado paranaense. “Em 2022, o Paraná atingiu o pico da doença com mais de 1.700 casos”, destaca o médico-veterinário, contando que cerca de 70% dos municípios paranaenses nunca tiveram casos suspeitos da doença, enquanto 30% tiveram casos investigados entre 2005 e 2021. “Os primeiros meses do ano tendem a registrar um aumento nos casos, enquanto os meses mais frios mostram uma tendência de diminuição, uma variabilidade observada nos últimos 10 anos”, menciona Dias.

Desafios e soluções na identificação do Senecavírus A

O médico-veterinário aponta 12 principais desafios na identificação do Senecavírus A na suinocultura paranaense. O primeiro listado são as condições das propriedades, com animais sujos, que dificultam a verificação das lesões, seguido da falta de vistoria prévia por parte dos médicos-veterinários. O terceiro desafio diz respeito as lesões causadas por outros motivos, como traumas, frequentemente confundidas com febre aftosa. O quarto são as notificações infundadas feitas por muitos produtores por receio do serviço de inspeção.

O ponto seguinte está relacionado ao estresse no transporte dos animais, que pode ocasionar lesões, complicando o diagnóstico. O sexto desafio é que enquanto é aguardado a investigação da Adapar, o abate precisa ser interrompido, gerando problemas na estocagem até a obtenção dos resultados laboratoriais, sendo esta a sétima dificuldade encontrada pelo setor.

O oitavo desafio diz respeito às propriedades interditadas que acabam por comprometer as escalas de abate, situação esta atrelada ao nono desafio, que o tempo a mais que ficam nas propriedades podem deixar os animais estressados, podendo provocar o aparecimento de lesões. O décimo desafio está ligado ao tempo de reação da cadeia que, devido ao alto número de notificações, impede que os órgãos de defesa agropecuária, como a Adapar, atendam a todos os casos no tempo desejado.

A logística das amostras até o LFDA-MG é complexa e a vigilância de outras doenças é prejudicada para atender às notificações de Senecavírus A fecham o ranking dos 12 principais desafios na identificação da doença.

Entre as possíveis soluções para minimizar esses obstáculos apontadas por Dias incluem a implementação de intervalos entre lotes, desinfecção e vacinação, além de investimentos em biosseguridade. “Isso envolve edificações teladas e cercadas, ambientes limpos, água e ração de qualidade, trocas de roupas nas áreas limpas e evitar visitas de pessoas e veículos nas granjas”, evidencia, ressaltando: “A cadeia suína deve se preparar cada vez mais para novos desafios sanitários”.

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Fonte: O Presente Rural
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