Suínos Para melhores resultados
Pesquisador da USP orienta: “alimentar a matriz no dia do parto e fazer abate segregado”
Professor defende quebra destes paradigmas pode melhor a qualidade do leitão e o resultado da granja

Manejo e ambiência adequados representam o passo mais importante na direção de uma melhor qualidade de leitões na fase de creche e crescimento, defendeu o professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP – campus Pirassununga), Cesar Augusto Garbossa, durante o 3º Simpork, o Simpósio Internacional de Produção e Sanidade de Suínos, que aconteceu no mês de março, em Jaboticabal, no interior de São Paulo.
Espaço nas baias para os animais, equipamentos adequados e temperatura correta são alguns dos pontos mais importantes para garantir um melhor desempenho para o produtor. E este quadro é ainda mais importante considerando a conjuntura de produção de proteína animal com uso cada vez mais restrito de antibióticos, o que aumenta o desafio sanitário em propriedades com alta densidade de leitões por baia.
“O básico tem de ser feito, pois nem tecnologias inovadoras podem compensar as perdas provocadas por desafios de ambiência e manejo. Alguns defendem um aumento na densidade nutricional da dieta, mas ele não é capaz de melhorar o desempenho dos animais em relação a falta de espaço físico. Muitas vezes vale mais investir no espaço adequado para leitões a promover alterações nutricionais”, afirmou Garbossa.
Estas recomendações são a resposta do especialista aos desafios provocados em função da hiperprolificidade das matrizes, que causou efeitos colaterais indesejáveis devido à superpopulação intrauterina, declara Garbossa. Ele cita a evolução nos índices de produtividade relacionados à prolificidade das matrizes atuais. “A evolução anual de 2008 a 2017 para a variável desmamados por fêmea ao ano é de 1,37%, ou seja, aumento de 0,34 leitão ao ano, chegando a 27,89 de média no Brasil”, disse.
Matriz alimentada até 3 horas antes
Pior desempenho de crescimento pós-natal, bem como efeitos adversos na qualidade da carcaça ao abate são algumas das consequências das fêmeas hiperprolíficas. O pesquisador apresentou a importância de alimentar a porca até três horas antes do parto, em uma quebra de paradigma das recomendações atuais. “Novos estudos realizados na Dinamarca e aqui, pela equipe do professor Garbossa, mostraram que porcas alimentadas no dia do parto e, consequentemente, com a glicemia mais elevada, tiveram uma cinética do parto melhor”, ressaltou.
Redução de natimortos e do tempo para os leitões iniciarem a primeira mamada foram alguns dos resultados obtidos neste levantamento. A consequência foi maior ganho de peso nas primeiras 24 horas, afirmou o professor. “O número de natimortos caiu pela metade, o tempo para iniciar a primeira mamada foi 40% mais rápido e o ganho de peso nas primeiras 24 horas foi 30% maior”, disparou Garbossa sobre os resultados do estudo desenvolvido pela sua equipe.
Sobre o estudo realizado na Dinamarca, ele apontou resultados semelhantes, como redução da assistência ao parto, menor número de natimortos e redução no intervalo de nascimento dos leitões.
Ambiência
Investir em ambiência vale a pena. O especialista aposta em espaços adequados para os leitões com impactos positivos no desenvolvimento destes animais e no resultado final do produtor. “Precisamos voltar a fazer o básico, especialmente agora com a tendência de redução do uso de antimicrobianos promotores de crescimento. Garantir uma temperatura adequada é um ponto crítico, assim como o uso de dietas de alta digestibilidade para estes animais. O básico deve ser bem feito, além disso, estudos recentes demonstram que a idade ao desmame é um ponto crucial, sendo necessário aumentar a idade de desmame. Então, sim, eu acredito que deveríamos repensar as instalações de granjas com superpopulação”.
Para granjas com desafios de superpopulação, devido a hiperprolificidade, Garbossa defende duas alternativas. Alterar as instalações a fim de aumentar o espaço nas baias ou reduzir o número de porcas cobertas. “É realmente importante fazer esta adequação. Talvez trabalhar uma ambiência melhor por instalação em casos de maior quantidade de animais no mesmo espaço seja mais fácil e mais acessível para o produtor”.
Abate segregado
O uso de creep feeding também é uma medida interessante a ser realizada. Em alguns estudos realizados pela equipe do professor foi verificado que a posição do cocho do leitão próximo a cabeça da porca melhorou em 9% o peso dos leitões ao desmame, além de melhorar o bem-estar animal, devido a diminuição de comportamentos estereotipados.
Ele defendeu outra quebra de paradigma para melhorar os resultados do produtor. O abate segregado, que significa abater os animais com melhor desempenho de cada baia anteriormente ao lote inteiro. “O produtor ganha espaço na baia desta maneira. Assim, ele consegue melhorar o desempenho dos animais que ficaram. O desafio desta estratégia é ter uma relação bastante estreita entre a granja e o frigorífico para saber quais são os animais corretos. Além desse fato, existe a necessidade de uma equipe bem treinada e preparada para selecionar os animais corretos a serem encaminhados para o abate”, sustenta.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



