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Pesquisador da Embrapa faz relação de gestão da granja com estatísticas públicas

Apesar da crescente profissionalização de produtores na última década, ainda persistem lacunas como a baixa adesão à gestão de custos nos estabelecimentos agropecuários, impactando de forma negativa na sua eficiência, rentabilidade e capacidade de negociação.

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Foto: Shutterstock

Fato é que a produção animal está em contínuo e acelerado processo de tecnificação e melhorias que vão desde as estruturas, passando pelo manejo e englobando todo o modelo de industrialização e comercialização. Esse processo é uma exigência de mercado nacional e internacional, mas também conjectura a escalabilidade de produção e, por consequência, a rentabilidade de negócio. Em síntese, hoje não se produz do mesmo jeito que se produzia na década passada e com toda certeza no futuro – não muito longe – não será mais como é hoje. Contudo, a grande questão é como manter a atividade de produção de suínos e toda a cadeia de modo sustentável e ainda com perspectivas de crescimento. Um dos elementos desta fórmula, com toda certeza, é a gestão de custos. E não uma simples conta de mais ou menos, mas sim uma gestão estratégica alinhada com estatísticas e concepções claras de custo-benefício.

Doutor em Agronegócio e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Marcelo Miele, atua desde 2004 com custos de produção, mapeamento da cadeia produtiva e análises de viabilidade e de impacto – Foto: Divulgação/Embrapa

O assunto é tão atual e relevante que na PorkExpo 2022, realizada outubro, em Foz do Iguaçu, PR, foi apresentada aos brasileiros e também participantes de outros países a palestra “Custos de produção na suinocultura: gestão na granja e estatísticas públicas”, ministrada pelo pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Marcelo Miele. “Debatemos o tema ‘pensando a indústria da carne suína do futuro!’. Isso implica do pequeno ao grande produtor porque pode marcar um novo tempo para a reflexão e produção da proteína em nosso país”, pontua o profissional em entrevista ao jornal O Presente Rural.

Durante sua palestra, Marcelo tratou de questões metodológicas importantes e relacionadas com as estimativas disponíveis na Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa. “Trouxemos alguns pontos para o debate, que é a forma de remuneração da mão de obra familiar, a remuneração do capital e a valoração dos dejetos suínos. Ao final, a ideia é discutir com o público como construir estatísticas públicas a partir de dados de gestão das granjas”, comenta.

Ele também destaca que a maioria dos produtores e técnicos que estão diariamente lidando com decisões na granja (dentro da porteira) e junto a agroindústrias e cooperativas (fora da porteira) têm um profundo conhecimento dos principais itens de custo e das receitas da sua atividade, com mais conhecimento do que profissionais da pesquisa, porém o papel do pesquisador é, muitas vezes, trazer uma visão de fora do dia-a-dia da granja e também conceitos metodológicos que permitam simplificar a gestão rural. “Apesar da crescente profissionalização de produtores na última década, ainda persistem lacunas como a baixa adesão à gestão de custos nos estabelecimentos agropecuários, impactando de forma negativa na sua eficiência, rentabilidade e capacidade de negociação”, alerta Marcelo.

Custos de produção

Os custos da produção são destaque negativo, na situação atual, do ponto de vista do produtor, isso porquê estão refletindo negativamente o resultado final. E sobre essa percepção, Marcelo descreve que há duas questões que devem ser abordadas. “A mais importante é a gestão do caixa, que envolve todos os pagamentos ligados à produção de suínos (milho, farelo de soja, premix, genética, energia elétrica, mão de obra contratada, manutenção, etc.) ou ao grau de endividamento (prestação do financiamento). Mas não se deve esquecer a existência de custos econômicos, ou seja, custos que não geram saídas de caixa (pagamentos), mas existem e impactam a rentabilidade da atividade”, e como ele explica, são chamados custos de oportunidade (mão de obra familiar, depreciação e capital).

“Nas recorrentes crises da suinocultura o mais importante é buscar o equilíbrio entre entradas e saídas de caixa, ficando os custos econômicos em um segundo plano. Sempre é necessário estar preparado para momentos econômicos difíceis (reservas, estoques, busca de eficiência, fontes de custeio, etc.), mas acredito que poucas pessoas, mesmo aquelas que são especialistas no tema, conseguiram prever na sua totalidade o cenário difícil enfrentado em 2022”, e sobre esse panorama atual da atividade, ele ainda faz um importante alerta: “o futuro do segmento será cada vez mais marcado pela incerteza e pela volatilidade (de preços e de mercado), tornando cada vez mais necessárias medidas de proteção ao risco”.

Trabalho conjunto

As medidas de proteção ao risco pontuadas por Marcelo estão relacionadas a um complexo conjunto de fatores, envolvendo produtores, integradoras, fornecedores, industrias e mercado. E existe mais um complemento a essa cadeia que é a pesquisa e o trabalho científico, sejam de caráter físico-biológicos, econômicos ou estatísticos. É como o pesquisador da Embrapa descreve, “nosso papel muitas vezes é simplificar as metodologias para o dia-a-dia de produtores e assistência técnica. Por isso utilizamos alguns paralelos para a compreensão dos desafios em diferentes horizontes”.

“Verifica-se no Brasil uma carência de estatísticas públicas sobre custos e desempenho econômico e financeiro de suinocultores, sobretudo entre os integrados. Isso impacta de forma negativa na sua eficiência e rentabilidade, na promoção de um ambiente concorrencial, na efetividade das ações de assistência técnica e extensão rural e nas políticas públicas voltadas a esse segmento”, comenta Marcelo, que defende que o setor e o país devam discutir elementos mínimos de uma base de dados de acesso público que apoie a cadeia produtiva na definição dos custos de produção e da rentabilidade na suinocultura.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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