Avicultura
Pesquisador da Embrapa apresenta vantagens de aviários dark house em relação aos convencionais
Esse sistema é projetado para a produção de frangos de corte e consiste numa edificação totalmente fechada, tendo as paredes e o teto pintadas na cor preta.

Um sistema que assegura a luminosidade perfeita, juntamente com a possibilidade de controlar, além da fatores como temperatura, a estimulação da nutrição, bem como o sistema de bebedouros e que ainda oferece sustentabilidade por produzir menos gases de efeito estufa. Essas são as principais características do sistema de aviário dark house e que cada vez mais ganha adeptos no Brasil. São avicultores que acreditam que investir nesta opção vai gerar renda e maior produtividade na granja, além de contribuir para uma avicultura mais sustentável. É o que recomenda engenheiro agrícola, pesquisador sênior da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lotado no Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves, Paulo Armando Oliveira.

Paulo Armando Oliveira. Engenheiro Agrícola. Pesquisador da Embrapa, no Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves – Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com o pesquisador Paulo Armando Oliveira, o sistema é projetado para a produção de frangos de corte e consiste numa edificação totalmente fechada, tendo as paredes e o teto pintadas na cor preta. “Desta maneira, o controle da ambiência interna é totalmente automatizado e controlada por sensores, que comandam o aquecimento, ventilação, refrigeração, temperatura, umidade, distribuição de ração e controle da concentração de gases. Nessa edificação deve ser previsto um bom isolamento térmico das paredes laterais e do forro para evitar tanto as perdas ou entradas de calor no ambiente interno onde são criados os animais”, explica.
As principais características deste sistema são cortinas bem vedadas, o que possibilita o escurecimento do aviário, exaustores que auxiliam na troca do ar, placas evaporativas que têm a tarefa de produzir resfriamento na granja, sistemas de iluminação artificial, sistemas de aquecimento, bebedouros e comedouros inteligentes, além das tecnologias inlets, que propiciam uma ventilação mínima e as light traps, que têm a função de reduzir a entrada de luz nos aviários.
O engenheiro agrícola diz que este tipo de sistema traz muitas vantagens. “O grande benefício de produzir frangos de corte em sistema dark house é a possibilidade de controlar o ambiente interno da edificação (renovação do ar, temperatura, umidade e concentração de gases) por meio de sensores e painéis de controle. Neste sistema é possível aumentar o ganho de peso dos animais com redução no consumo de ração e conversão alimentar, redução nas emissões de gases de efeito estufa e amônia e redução dos consumos de energia para a manutenção da temperatura interna do aviário”, enumera.
Desafios do sistema Dark House
É claro que essa tecnologia precisam de atenção extra, como explica Paulo. “Esse sistema possui peculiaridades e, por isso, requer que o produtor seja qualificado, pois esse avicultor vai precisar controlar o manejo e operação dos painéis de controle, usados na automação do controle da ambiência interna da edificação. Isso requer um treinamento diferenciado”, adianta.
O pesquisador também ressalta que outro desafio para quem usa este sistema é com relação a energia elétrica. “Um dos desafios é a redução dos gastos com energia elétrica para manutenção do funcionamento dos controles e o uso de materiais isolantes térmicos nas paredes e forro da edificação, pois esta automação e ambiência constante requer um bom investimento de energia elétrica, bem como lenha ou gás, dependendo de qual é o recurso que o produtor tenha disponível”, informa.
Redução das emissões de GEE
O engenheiro agrícola ressalta ainda que os sistemas produtivos utilizados na avicultura de corte do Brasil são pioneiros e exemplos de boas práticas aplicadas no mundo todo. “Nossos sistemas de produção são competitivos e sustentáveis quando comparados com os sistemas produtivos usados na Europa e Estados Unidos, porque as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e amônia (NH3), produzidos no Brasil, são comparadas às emissões observadas nos sistemas produtivos em uso tanto no Europa como nos EUA”, informa.
Segundo o pesquisador, existem dados científicos que revelam a quantidade de GEE emitidos pela avicultura brasileira. É o caso do trabalho de “avaliação de diferentes modelos de edificações utilizados na produção de frangos de corte, escrito por ele, juntamente com os pesquisadores Karine Matauro, Arlei Coldebella e Franco Müller Martins e que foi apresentado no 48º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola ainda em 2019.
Por meio da pesquisa, os autores concluíram que o modelo de edificação é fator determinante para o desempenho da produção de frangos de corte. Eles estudaram os três modelos mais utilizados na avicultura brasileira. Eles concluíram que o modelo dark house oferece melhor controle do ambiente interno das edificações para a produção de frangos de corte, o que resulta em melhores índices zootécnicos e na redução no consumo total de ração por lote produzido. O Índice de Eficiência Econômica (IEE) é maior no sistema dark house quando comparado aos sistemas convencionais de ventilação natural e de ventilação tipo túnel, usados na produção de frangos de corte.
O pesquisador reforça que um dos pontos importantes do sistema dark house é a possibilidade de controlar a ambiência interna das edificações, mantendo a ave dentro da faixa de conforto. “Essa faixa seria a termoneutralidade, para que os animais utilizem o alimento para seu ganho de peso, suprindo suas necessidades, e não para a luta contra o frio ou calor. Com isso conseguimos otimizar a conversão alimentar, reduzindo o consumo de ração. Essa redução no consumo de ração reduz sensivelmente as excretas e consequentemente as concentrações de gases no interior das edificações”, explicita.
Oliveira reforça que o sistema dark house pode ter excelente custo-benefício aos avicultores. “Quando bem projetado, com o uso de materiais de construção com boa inércia térmica, equipamentos eficientes para aquecimento ou refrigeração, sensores e equipamentos de boa qualidade para o controle e automação da ambiência interna da edificação e sensores de medições de gases, temperatura e umidade, são capazes de proporcionarem um ambiente adequado a produção de frangos de corte, reduzindo o gasto de energia e ração”, assegura.
Desta maneira, o pesquisador assegura que os sistemas dark house, quando bem projetados e manejados, reduzem as emissões de GEE e amônia. “Este sistema também possibilita a redução do consumo de ração, os gastos com diferentes fontes de energia (lenha, pellets, gás) para o aquecimento ambiental e ainda reduzem o tempo de permanência dos animais na edificação quando comparados aos modelos de aviários abertos ou tipo túnel”, expõe.
O palestrante ainda lembra que a emissão de gases está diretamente associada às condições de manejo, temperatura e umidade do ar, além da renovação do ar, umidade das camas e a rapidez na resolução de problemas decorrentes da produção. “É muito importante o controle e automação dos sistemas produtivos, em regiões onde ocorre grandes amplitudes térmicas ou temperaturas e umidades acima da faixa de conforto dos animais”, menciona.
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Avicultura
AVES reconhece os melhores ovos do Espírito Santo em 2025
Concurso reuniu 39 amostras e avaliou rigorosamente casca, clara e gema em três etapas técnicas, confirmando a evolução da avicultura capixaba e premiando produtores que se destacam em excelência e manejo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou em Santa Maria de Jetibá mais uma edição do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba, iniciativa já tradicional que reconhece o profissionalismo, o cuidado e a evolução técnica da avicultura do Estado. A edição de 2025 registrou uma forte participação, com 27 amostras de ovos brancos e 12 de ovos vermelhos enviadas por produtores de diversas regiões capixabas, reforçando o alcance da atividade e a importância do evento para a cadeia produtiva.
Marcado por rigor técnico, o concurso estruturou sua avaliação em três etapas conduzidas pela Comissão Organizadora e por um grupo de dez jurados convidados, representantes de empresas, instituições e entidades do setor avícola de diferentes estados. O médico-veterinário Leandro Marinho, do Idaf, atuou como auditor externo, garantindo neutralidade e transparência ao processo.
Na primeira fase, as amostras passaram pela análise objetiva da Máquina Digital Egg Tester, que avaliou resistência e espessura da casca e Unidade Haugh, parâmetro de referência internacional para medir a qualidade interna dos ovos. Todas as amostras foram submetidas aos mesmos critérios, e apenas as dez mais bem classificadas de cada categoria avançaram. A segunda etapa consistiu em uma análise visual minuciosa da qualidade externa, em que os jurados avaliaram uniformidade de tamanho, limpeza, textura e formato dos ovos, além da coloração da casca no caso dos ovos vermelhos. As amostras iniciavam com pontuação máxima e perdiam pontos conforme fossem identificadas pequenas imperfeições, o que destacou o cuidado dos produtores com manejo, nutrição e ambiência.
A etapa final abriu quatro ovos de cada amostra finalista para avaliação interna. Os jurados observaram presença de manchas de sangue, resíduos de oviduto, consistência do albúmen, centralização da gema e uniformidade de cor, consolidando a pontuação final. Representando a Avimig, o jurado Gustavo Ribeiro Fonseca elogiou o desempenho dos produtores capixabas: “No contexto geral, os avicultores estão de parabéns. São ovos de muita qualidade”, exaltou.
Já a médica-veterinária Karin Grossman, da Poly Sell, destacou a relevância do concurso para o fortalecimento do setor: “É uma satisfação para mim estar participando desse concurso. É um reconhecimento de um trabalho realizado ao longo dos anos, colaborando para a melhoria da qualidade dos ovos”, salientou.
Para a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre, os resultados reforçam o papel estratégico da iniciativa. Segundo ela, a edição de 2025 ocorreu exatamente como planejado, com forte adesão, avaliações criteriosas e alto nível de desempenho entre os concorrentes. “O concurso cumpre seu papel de estimular qualidade, aprimorar práticas e fortalecer a avicultura do Espírito Santo”, afirmou.
Vencedores
Ao final das três etapas, a AVES anunciou os vencedores. Na categoria ovos brancos, o primeiro lugar ficou com Jerusa Stuhr, da Avícola Mãe e Filhos, seguida por Waldemiro Berger, da Ovos Santa Maria, e por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, da Botelho Alimentos. Na categoria ovos vermelhos, o campeão foi Antônio Venturini, da Ovos da Nonna, enquanto Jesebel e Thiago Botelho ficaram em segundo lugar e Lourival Bold, do Sítio Pai e Filhos, em terceiro.
As empresas vencedoras do primeiro lugar que possuem marca comercial própria terão o direito de usar um selo especial em suas embalagens, identificando os produtos como “Melhor Ovo Branco do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025” e “Melhor Ovo Vermelho do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025”.
Empresas reconhecidas
Também foram divulgadas as empresas de genética e nutrição responsáveis pelo suporte técnico aos produtores vencedores, reforçando o papel fundamental desses parceiros na obtenção de resultados de excelência. Na categoria Ovos Brancos, a campeã Jerusa Stuhr contou com genética Bovans White e nutrição fornecida pela ADM-Nutriminas. O segundo colocado, Waldemiro Berger, utilizou genética Hy-Line W80 e recebeu assistência nutricional da DSM. Já o terceiro lugar, representado por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, trabalhou com genética Bovans White e nutrição da Brasfeed.
Na categoria Ovos Vermelhos, o primeiro colocado, Antônio Venturini, utilizou genética Hy-Line Brown e nutrição da Agroceres Multimix. Em segundo lugar, Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho competiram com genética Bovans Brown e suporte nutricional da Brasfeed. O terceiro colocado, Lourival Bold, participou com aves de genética Hy-Line Brown e nutrição fornecida pela Auster.
A edição 2025 do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba reafirma o compromisso da AVES com a promoção de boas práticas, a difusão de conhecimento e o reconhecimento do trabalho dos avicultores. Mais do que premiar os melhores ovos do ano, o evento funciona como ferramenta técnica e educativa, contribuindo diretamente para o avanço da avicultura capixaba.
Avicultura
Primeiro Encontro da Avicultura Capixaba impulsiona diálogo, inovação e qualidade
Evento da AVES reuniu a cadeia produtiva, premiou excelência em ovos e reforçou a importância econômica da atividade para o Espírito Santo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou, em 13 de novembro, a primeira edição do Encontro da Avicultura Capixaba, em Santa Maria de Jetibá. O evento reuniu produtores, empresas dos segmentos de corte e postura, pesquisadores, lideranças do setor e representantes do poder público para um dia de debates, capacitação e integração, reforçando a força da avicultura no Estado.
O produtor e presidente da Nater Coop e do Conselho Deliberativo da AVES, Denilson Potratz, destacou o avanço da atividade no Espírito Santo e o compromisso da entidade com o fortalecimento do setor. “Precisamos atuar de forma constante na cadeia para incentivar excelência na produção e garantir alimentos de qualidade ao consumidor”, afirmou.
O diretor executivo da associação, Nélio Hand, reforçou o papel econômico e social da avicultura capixaba, que fornece carne de frango e ovos com segurança e qualidade. “Eventos como este refletem a importância de um setor organizado e voltado à solução de desafios e geração de oportunidades”, salientou.
A abertura contou com autoridades estaduais e municipais, entre elas o secretário de Agricultura, Ênio Bergoli, o deputado estadual Adilson Espindula e o prefeito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zocoloto. Em seus discursos, destacaram a relevância da avicultura para a economia regional, especialmente na região serrana, e o papel da AVES como articuladora do desenvolvimento produtivo.
Santa Maria de Jetibá, conhecida como a “Capital do Ovo”, foi palco para o encontro. O município é o maior produtor de ovos do Brasil, com cerca de 14 milhões de unidades por dia. “Nada mais justo que este evento seja realizado aqui”, afirmou o prefeito.
Concurso valoriza qualidade dos ovos
Um dos destaques da programação foi o Concurso Qualidade de Ovos, que incentiva boas práticas de manejo, nutrição, sanidade e excelência no produto final. A edição recebeu 39 inscrições, 27 de ovos brancos e 12 de vermelhos, e teve avaliação técnica criteriosa. “O número expressivo de participantes mostra o interesse dos produtores em qualificar ainda mais seus produtos”, avaliou a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre.
O concurso foi transmitido ao vivo no YouTube, com grande participação de produtores e empresas.
Espaço Empresarial aproxima produtores e fornecedores
O encontro também contou com o Espaço Empresarial, área destinada à interação entre empresas e produtores, com demonstração de tecnologias, produtos e serviços. O formato interativo foi bastante elogiado pelos visitantes.
Durante o dia, duas palestras de destaque foram ministradas: Bruno Pessamilio apresentou detalhes do Plano de Contingência para Influenza Aviária, enquanto Christian Lohbauer analisou cenários e tendências para o agronegócio no Brasil e no mundo.
O evento terminou com apresentações de grupos de dança pomerana, valorizando a cultura local, seguidas de um jantar de confraternização.
Com a forte participação do público e o sucesso da iniciativa, a AVES anunciou que o Encontro da Avicultura Capixaba passará a ser anual, integrando oficialmente o calendário da entidade. A ação reforça o compromisso da associação em impulsionar o setor e valorizar o trabalho dos produtores.
Avicultura
Excesso de oferta amplia recuo dos ovos e limita reação das cotações
Segunda semana seguida de baixas registra até 8% de desvalorização, com expectativa de manutenção do viés negativo em novembro.

As cotações dos ovos seguem em queda nas regiões acompanhadas pelo Cepea, esse movimento é verificado pela segunda semana consecutiva.
Em parte das praças, as desvalorizações em sete dias chegam a 8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o menor ritmo de vendas vem aumentando gradualmente os estoques nas granjas.
Assim, produtores têm tido dificuldades em manter os valores da proteína e acabam cedendo nas negociações.
Colaboradores do Cepea indicam que, diante da maior oferta, não há espaço para reação positiva nos valores da proteína, e a tendência é de que os preços sigam enfraquecidos até o encerramento deste mês.












