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Pesquisa revela vocação do norte fluminense para o plantio de grãos

Cultivadas com práticas conservacionistas, a soja pode ter produtividade satisfatória e ainda contribuir na recuperação do solo da região

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Carina Rufino

Durante quatro safras agrícolas (2017/2018, 2018/2019, 2019/2020 e 2020/2021), os pesquisadores avaliaram mais de 50 cultivares de soja em doze ensaios nos municípios de Campos e Macaé, localizados na região norte fluminense. Os resultados surpreenderam os cientistas e entusiasmaram o poder público. “No caso da soja, chegamos a obter 6,3 mil kg/ha na safra 2019/2020 no município de Macaé, quando a média nacional é de 3,3 mil kg/ha”, comenta Jerri Zilli, pesquisador da Embrapa Agrobiologia (RJ). Das cultivares testadas, dez apresentaram bons resultados e superaram a média nacional.

Após avaliar criteriosamente o desenvolvimento das cultivares, assim como as práticas e os sistemas de cultivo mais adequados, a conclusão dos pesquisadores é que existem cerca de 300 mil hectares com potencial para produção de soja na região norte fluminense. “No Rio de Janeiro, podemos dizer que a soja é uma cultura que se desenvolve bem, desde que plantada do jeito certo”, explica a pesquisadora da Embrapa Claudia Jantália.

A maneira certa, de acordo com os cientistas, são os sistemas conservacionistas, que utilizam práticas agrícolas de baixo impacto, como por exemplo o plantio direto. É preciso levar em conta que boa parte do solo da região está impactado e degradado tanto do ponto de vista da fertilidade quanto de processos erosivos. “Entendemos que o sistema de plantio direto e os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em suas diferentes modalidades são os mais adequados, especialmente para aproveitar a cultura da região na criação de bovinos”, argumenta Zilli.

Os pesquisadores ressaltam que o potencial do norte fluminense para o plantio de grãos (soja e milho) vai além do comportamento das cultivares no campo, pois eles consideram ainda fatores sociais, econômicos e a infraestrutura regional. “Paralelamente aos testes de cultivares, fizemos debates com diversas instituições e órgãos do estado no intuito de identificar oportunidades para ampliar a área de grãos no Rio de Janeiro, visando não só beneficiar a agricultura do norte fluminense, mas outras regiões”, relata o pesquisador.

Amplo estudo

O resultado desses debates é um estudo feito pelos pesquisadores e técnicos da Embrapa (Embrapa Agrobiologia, Embrapa Solos, Embrapa Agroindústria de Alimentos e Embrapa Soja), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O levantamento traz informações sobre solo, clima, períodos adequados para a semeadura, dados sobre uso da terra e situação fundiária nas terras agricultáveis da região. Grande parte dos dados obtidos foi reunida neste documento técnico.

Sabe-se, por exemplo, que aproximadamente 40% da área distribui-se entre pequenas e médias propriedades rurais e representam mais de seis mil estabelecimentos considerando toda região norte fluminense. Entretanto, o restante da área, algo em torno de 200 mil hectares, está distribuído em 373 propriedades com média de 510 hectares. “São essas terras, possivelmente antigas fazendas canavieiras, que podem ser exploradas para o plantio de grãos de forma mais extensiva”, complementa a pesquisadora Claudia Jantália.

O município de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, já foi um grande produtor de cana-de-açúcar por pelo menos três séculos. O estudo mostra que existe uma área potencial importante que pode ser explorada recuperando terras que, após o ciclo da cana, viraram capim para alimentação bovina ou foram abandonadas. “São áreas que estão abandonadas ou sendo exploradas pela pecuária extensiva com baixa tecnificação”, informa Zilli. Segundo o pesquisador, o alto grau de degradação dessas terras impõe urgência na busca por alternativas aos produtores.

Em três décadas, a redução da área plantada com cana-de-açúcar no norte fluminense foi superior a 150 mil hectares, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São terras que não voltaram a ser ocupadas por outras lavouras. Trata-se de uma mudança no uso da terra ou mesmo um eventual abandono como áreas improdutivas. Essas áreas, possivelmente, somaram-se aos milhões de hectares de pastagens existentes no estado, e a maior parte com elevado grau de degradação.

De acordo com os pesquisadores, em paralelo ao declínio das áreas de produção de cana observado a partir da década de 1990, a bovinocultura cresceu na região, aumentando o número de cabeças animais em mais de 60% em cerca de 30 anos. Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (Emater-RJ), a região norte fluminense concentra mais de 30% do efetivo bovino do estado, incluindo gado de corte e leite. Provavelmente, a expansão da pecuária se tornou a opção de renda, ou também a estratégia de menor custo para manter a propriedade da terra.

Cenário favorável para o cultivo de grãos

Apesar de ser o segundo maior mercado consumidor de alimentos e representar 9,7% do PIB nacional, o Rio de Janeiro não é influente no agronegócio do Brasil. O estado representa menos de 1% do PIB desse setor, mesmo tendo um parque industrial importante com as principais agroindústrias de base agrícola no segmento de bebidas, transformação e fábrica de produtos, além de uma cadeia de insumos para agropecuária, produção agropecuária básica, agroindústria e agrosserviços. “O plantio de grãos aliado a esse cenário já existente pode ser uma oportunidade de inovação e desenvolvimento econômico a partir do agronegócio”, comenta Jerri Zilli.

Atender à cadeia de produção de aves e outros animais no Rio de Janeiro pode ser um outro atrativo para os produtores, segundo os pesquisadores da Embrapa. Hoje, 85% do frango consumido no estado vem de outras localidades. No entanto, os 15% que são produzidos em terras fluminenses demandam diariamente cerca de 30 mil toneladas de farelo de soja, que também vêm de outros estados. “Além de abastecer a criação de aves do Rio de Janeiro, a produção de soja pode ser um estímulo ao estabelecimento de novas agroindústrias”, analisa Zilli.

Apesar de o estudo revelar um cenário favorável ao desenvolvimento da cadeia de grãos, em especial soja e milho, os pesquisadores reconhecem que é necessário o envolvimento do poder público por meio da elaboração de políticas públicas que possam encorajar os produtores. “Não podemos causar muita euforia, mas por outro lado, se não for agora, os materiais que foram testados e indicados pela pesquisa se perdem em cerca de três a cinco anos”, enfatiza o pesquisador.

Produção para exportação e acima da média nacional 

Para a Fazenda Primus Ipanema Agropecuária plantar grãos na região norte fluminense já é uma realidade. Localizada no município de Macaé (RJ), a propriedade tem como atividade principal a pecuária de corte, mas destina 380 hectares ao plantio de soja, milho e arroz. O que no início era algo que visava apenas à alimentação do gado, hoje se expandiu e permite até a exportação de grãos de soja. A primeira área com plantio comercial, com 47 hectares colhidos na safra 2020/2021, rendeu 80 sacas por hectare, superando a média brasileira de 55 sacas.

O administrador da fazenda, Jonas Kluppel, conta que o plantio de grãos começou em 2009, com o feijão e o milho, e  para suprir a alimentação do gado criado em confinamento. O plantio de soja teve início há cerca de cinco anos de forma despretensiosa. “Em um primeiro momento, plantamos milho para atender a necessidade interna da empresa. Vimos a soja e pensamos: por que não tentar? E conseguimos provar que o plantio aqui é viável tanto quanto no Centro-Oeste”, relata animado Kluppel.

O entusiasmo vem dos resultados de quem, além do alto rendimento, conseguiu com que os grãos da cultura fossem classificados como tipo 1, recebendo assim melhor remuneração na hora da venda. Com os bons resultados no campo e na comercialização, a fazenda Primus pretende aumentar a área plantada com soja de 74 para 180 hectares na safra 2021/2022. “Devemos exportar 60% da produção, ficando apenas com 40 % para o consumo interno na alimentação do gado”, revela o produtor.

Apesar de a fazenda estar localizada a cerca de 140 quilômetros do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), o que poderia ser um facilitador na exportação da soja, a comercialização foi dificultada pela falta de logística de grãos adequada no local. As carretas com a soja que sai da fazenda têm de percorrer quase 700 quilômetros até o porto paulista de Santos para que a produção seja encaminhada ao seu destino, o que significa um custo maior.

O estudo feito pelos pesquisadores da Embrapa aponta que a adequação da infraestrutura logística no estado do Rio de Janeiro pode reduzir esse custo e ser um atrativo tanto para produtores do estado, quanto para produtores das regiões de Minas Gerais.

Ações financiadas pela Faperj e PronaSolos deram suporte à proposta

José Carlos Polidoro, pesquisador da Embrapa Solos (RJ), ressalta que a proposta de recuperação e retomada da atividade agropecuária na região norte do estado do Rio de Janeiro foi construída a partir do suporte de três frentes de trabalho, duas delas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

A primeira é um projeto agronômico, com foco na adaptação de cultivares de soja para a região, para dar suporte técnico e segurança ao produtor rural no que diz respeito a como e em qual período do ano cultivar a cultura da soja, quais cultivares utilizar e como combinar o plantio da soja com o milho e com a pastagem.

A partir da análise de mapas georreferenciados de solos do estado do Rio de Janeiro, mapa de elevação do terreno e mapas de uso e cobertura de solo, identificou-se cerca de 320 mil hectares como potenciais para culturas de grãos como a soja e o milho no norte fluminense. Para as estimativas foram excluídas áreas com mais de 15% de declividade, unidades de conservação, áreas com vegetação florestal nativa e áreas urbanas.

A outra iniciativa financiada pela Faperj é a que está estruturando a criação do Polo de Inovação Tecnológica do Agronegócio, uma proposta de instalação de um ecossistema de inovação aberta no Rio de Janeiro que permitirá a interação e a cooperação entre iniciativas empreendedoras privadas, instituições de ciência e tecnologia, universidades e demais instituições públicas.

“Podemos considerar essa a primeira ação prática do polo do agronegócio, que traz não somente a questão da produção de grãos, mas a inovação em toda a cadeia. O fato de nós recuperarmos a produção agrícola na região norte trará também investimento da indústria de processamento de grãos, como a de ração animal, para poder suprir a demanda da produção de aves, principalmente aqui no Rio de Janeiro, que atualmente importa todo o milho, a soja e a ração para esse tipo de atividade”, destaca Polidoro.

O pesquisador aponta ainda outros benefícios potenciais que a produção de soja no norte fluminense pode gerar ao estado, levando em consideração o corredor de importação e exportação de produtos agrícolas que o Porto do Açu e outros portos do Rio de Janeiro estão implementando.

“Será um grande bolsão de importação de fertilizantes e de exportação de grãos que vêm de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. E poderá também escoar a soja produzida aqui no estado”, assinala Polidoro. Ele destaca ainda o potencial de investimentos na produção industrial de óleo e farelo de soja, com a safra que irá passar pela região, e também com a fabricação de fertilizantes.

“Já existem estudos para a implantação de indústrias desses insumos na região. Com tudo isso, o resultado esperado para os próximos cinco anos é a geração de emprego e de renda, com desenvolvimento social e econômico aliado à sustentabilidade ambiental.”

A terceira frente que deu suporte à formulação da proposta foi o Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos no Brasil (PronaSolos), liderado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O programa tem a missão de ampliar o conhecimento sobre os solos brasileiros, envolvendo levantamentos de dados a campo, documentação, sistematização das informações e incrementos na realização de inventários e interpretação dos dados de solos brasileiros.

“Além de mostrar a aptidão agrícola das terras, o PronaSolos ajudou a dar uma visão estratégica do tamanho da área que pode ser cultivada e a quantidade produzida por hectare, além da capacidade de expansão da cultura da soja, não apenas no Rio de Janeiro, mas também no Espírito Santo”, acrescenta Polidoro.

Fonte: Embrapa Agrobiologia

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Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras

Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

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O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

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Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.

A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.

Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:

  • US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
  • US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
  • US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
  • US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

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De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.

Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.

Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.

Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.

O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).

Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

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Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.

Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.

Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.

Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.

Fonte: Agência Brasil
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COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia

Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

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Foto: Divulgação/OCB

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

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Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.

Energia limpa, economia circular e logística sustentável  

No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.

Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.

A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

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energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.

Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.

A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.

O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

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Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.

A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.

Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.

Amazônia reforça protagonismo comunitário 

Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

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Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.

Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.

Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou

Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

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Bioenergia e desenvolvimento regional  

Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.

O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.

Fonte: Assessoria OCB
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Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural

Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

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Foto: Divulgação/Coopavel

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

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“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.

Obras

Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Coopavel

A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.

A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.

A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.

22 mil veículos

O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

Foto: Divulgação/Coopavel

de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.

Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.

Fonte: Assessoria Coopavel
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