Avicultura
Pesquisa revela que bem-estar é só o sexto item considerado na hora da compra
É preciso que indústria e produtor entendam necessidade do bem-estar animal para atender ao novo consumidor que vem surgindo
Apesar de ser um assunto há algum tempo em pauta, o bem-estar animal ainda gera muita discussão entre especialistas, agroindústria e produtores. Agora, quem também entrou nesse debate foi o consumidor, interno e externo, que busca por um produto diferenciado no mercado. Saber como estes programas de bem-estar animal estão funcionando, além de ter uma correta e clara legislação do assunto ainda são pontos que merecem atenção especial. Apesar das preocupações da indústria em promover mudanças, uma pesquisa revela que no Brasil e bem-estar é só o sexto item levado em conta na hora de comprar frango. Preço continua sendo fator decisivo.
O zootecnista e gerente de Agronegócio Sustentável da World Animal Protection, José Rodolfo Ciocca, que falou durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs), entre os dias 29 e 31 de agosto, em São Paulo, SP, comenta que hoje existe uma grande preocupação por parte dos consumidores sobre como a cadeia está lidando com o bem-estar animal. “Isso ainda cresce em países emergentes, como o Brasil, mas é uma preocupação clara em países desenvolvidos”, diz. Ele esclarece que, por isso, a indústria já vem buscando se adaptar a esse novo mercado e a suas exigências. “No Brasil ainda não é uma realidade porque o consumidor tem uma visão bucólica de como é o sistema de produção do país. Esse consumidor ainda acha que o sistema é onde os animais são criados soltos, não um sistema de forma industrial”, esclarece.
Ele informa que isso foi observado a partir de uma pesquisa realizada em 2016 pela World Animal Protection, que revelou que 76% dos brasileiros entrevistados não sabem como os animais são criados no Brasil. “Este resultado é semelhante também no Chile, Colômbia e México”, conta. Além disso, o bem-estar animal foi ranqueado pelos consumidores em sexto lugar de importância. “Em primeiro vem o preço, depois a qualidade e a validade. Porém, mesmo assim essa preocupação é algo que vem crescendo ano a ano, de como os animais são criados”, conta. Para Ciocca, a partir do momento em que as pessoas começarem a ter informações de como o animal é criado, elas começam a se atentar mais e se preocupar e exigir mais sobre essa forma de criação.
Ciocca ainda comenta que não somente a indústria, mas também a cadeia como um todo, incluindo o governo, precisa melhorar o entendimento do que é bem-estar animal. “Porque muitas vezes esse entendimento é bastante equivocado. As pessoas acreditam que bem-estar são os animais criados soltos, ao ar livre, mas isso pode gerar problemas de sanidade e biosseguridade, por exemplo. Na verdade, bem-estar é uma ciência, não algo subjetivo. E por ser uma ciência, sabemos que conseguimos resultados, indicadores bastante objetivos”, esclarece.
Indicadores de Bem-Estar
O zootecnista comenta que quando se fala em avaliar o bem-estar animal é preciso se basear principalmente em três indicadores: comportamental, fisiológico e ambiental. “Normalmente a cadeia acaba considerando bem-estar baseado somente em uma boa alimentação, boa temperatura, conforto do animal. Mas inúmeros indicadores que são extremamente importantes, como comportamento e fisiologia, ficam de fora”, diz. Ele diz que é por isso que acredita que é preciso fazer um trabalho conjunto com as agroindústrias. “É preciso mostrar que a implementação de indicadores de bem-estar focado no comportamento e fisiologia geram resultados significativos, tanto para o bem-estar quanto para melhorias de resultados zootécnicos”, afirma.
Além dos mais, o profissional comenta que seguir estas regras de bem-estar nem sempre vão gerar uma melhoria na produtividade. “Precisamos quebrar o mito de que isto prejudica a produtividade, porque é incorreto dizer”, comenta. Ele explica que nem toda a mudança obrigatoriamente vai gerar uma melhoria na produtividade. “A agroindústria e o produtor precisam entender que a demanda do consumidor está também atrelada a questão ética”, diz. As novas regras sobre bem-estar animal que estão surgindo para toda a cadeia se adequar são também para suprir as necessidades que este novo consumidor que está surgindo busca.
Normatização
Ciocca destaca que apesar dos avanços que o Brasil tem feito em bem-estar animal ainda existe uma carência de uma correta normatização que produtores e agroindústrias possam seguir. “O Riispoa (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal) está principalmente relacionado ao abate. Mas está bastante genérico. Porém, o Brasil já vem tendo avanços neste sentindo, quando o assunto é criação, além de também contar com uma legislação específica para o transporte. São passos importantes que o país vem dando”, comenta. Para ele, ainda existe um grande caminho para percorrer.
O zootecnista comenta que algumas empresas já vêm buscando formas de operar que atendam ao bem-estar animal. “Existe um mercado e operações lá fora que exigem isso. Por isso da antecipação na tratativa de uma normativa de bem-estar animal”, comenta. Para ele, ter esta correta e clara legislação permite que o produtor e a própria indústria sejam mais transparentes com o consumidor de como a produção é feita.
De acordo com o profissional, é importante todos saberem que o bem-estar é uma tarefa básica na produção animal. “Essa tem sido uma demanda do consumidor, do mercado interno e externo, e uma necessidade dos animais”, afirma. Ciocca comenta que as mudanças são necessárias, e precisam ocorrer, porém, não é algo que deva ser feito de forma “atropelada”. “Não tem como mudar as coisas do dia para a noite. Mas é preciso que a cadeia se organize, planeje e defina metas”, cita.
Mais informações você encontra na edição de Aves de agosto/setembro de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
