Conectado com

Notícias

Pesquisa propõe parâmetros por região para avaliar qualidade da água no Brasil

Água de rios em regiões rurais são mais “naturais” do que as de áreas sob influência urbana.

Publicado em

em

Com base nos conhecimentos adquiridos, a equipe da pesquisa entende que há necessidade de propor parâmetros regionais para avaliar a qualidade das águas no Brasil (Foto: Daphne Muniz)

Durante três anos, pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) analisaram a qualidade da água de diversas unidades hidrográficas (UHs) do Distrito Federal. Na fase-piloto, foram acompanhados três cursos d’água e depois, foram acrescentados outros seis. O resultado apontou a necessidade de criar um índice de qualidade de água específico para a região Central do Brasil, mais particularmente para o Cerrado brasileiro. Essa recomendação veio após a constatação de que a água natural desse bioma tem características bastante específicas.

“Assim como seu solo, a água natural do Cerrado tem pouco cálcio, o que resulta em uma baixa dureza nas áreas de nascente”, conta o pesquisador da Embrapa Eduardo Cyrino, coordenador do estudo. Ele completa: “Essa baixa dureza e a questão do pH [normalmente mais ácido] estão relacionadas ao solo típico do bioma, que é classicamente conhecido por ter baixo pH e pouca disponibilidade de nutrientes, principalmente cálcio e magnésio. Por isso, esse recurso natural do Cerrado tem características diferenciadas”.

Com base nos conhecimentos adquiridos na pesquisa e em levantamento de dados de outros biomas, a equipe entende que há necessidade de propor parâmetros regionais para avaliar a qualidade das águas no Brasil, conforme as condições de cada local. Em alguns rios amazônicos, por exemplo, as águas têm alta dureza, o que torna seu tratamento mais difícil para deixá-las apropriadas para o consumo humano, e menos favorável para a agricultura, diferentemente do que ocorre no Cerrado.

Atualmente, várias Unidades da Federação utilizam o clássico Índice de Qualidade da Água (IQA), implantando pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e proposto pela Agência Nacional das Águas (ANA) no Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas (PNQA). 

A importância de um índice regional se justifica, segundo avaliação do pesquisador, pela dimensão do País e pelas condições diferenciadas de cada corpo hídrico. “O que é considerado poluente em alguns casos pode ser a condição natural do próprio rio. Os impactos de qualquer atividade sobre os recursos hídricos só podem ser medidos se houver prévio conhecimento das condições naturais do recurso”, completa.

As constatações também levaram a equipe do projeto a recomendar o desenvolvimento de índices diferenciados para rios situados em ambientes urbanos e para os localizados em ambientes rurais, visto que suas águas apresentam elementos característicos em quantidades bastante diferentes. A pesquisa foi desenvolvida com recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).

Água de beber e água de irrigar

Na primeira fase do estudo, os pesquisadores verificaram uma grande diferença na qualidade da água sob influência urbana e as coletadas próximo às áreas rurais. O Córrego Sarandi e o Rio Jardim tiveram análises bem semelhantes, possivelmente por estarem localizados em regiões que têm a agricultura e a pecuária como principal uso do solo nas suas proximidades.

Já o Ribeirão Sobradinho, que está localizado em área de influência urbana, apresentou valores bastante altos nos parâmetros de contaminação. Quando comparadas as amostras coletadas próximo à nascente com as coletadas depois da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), foram registradas grandes diferenças, tais como: aumento de 90 vezes dos sólidos totais dissolvidos, 70 vezes da dureza da água, 50 vezes do amônio. Outros parâmetros, como a condutividade, cloreto, fósforo dissolvido total, nitrato, potássio e turbidez, também tiveram aumentos consideráveis.  A condutividade alta pode ser interpretada como um alerta para a poluição dos rios, sinalizando presença de possíveis contaminantes ou aumento de sais.

Próximo à ETE, as amostras excederam todos os limites determinados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para a bactéria E. coli, tornando inadequada a utilização da água nesse ponto para atividades como abastecimento e irrigação, conforme o relatório do projeto.

No Córrego Sarandi e no Rio Jardim, localizados em áreas rurais, o parâmetro que teve maior variação ocasional foi o nitrato, o que pode ser explicado pela presença da agricultura e da pecuária praticadas nas proximidades. O pesquisador explica que a atividade pecuária também pode alterar a qualidade da água de maneira direta, com a passagem dos animais pelo rio, ou de forma indireta, quando as fezes dos animais são escoadas para o corpo hídrico, contribuindo para o aumento da presença da bactéria E. coli.

Outra questão significativa é o fato de o IQA, usado em todo o Brasil, ter foco apenas no consumo humano. “O que é qualidade? Esse conceito está fortemente relacionado ao uso que se quer fazer de um determinado material!”, questiona Cyrino. Ele explica que a água para beber pode ter quesitos de qualidade específicos, que não necessariamente são os mesmos quando se leva em conta o uso na agricultura, para irrigação.

Embora a irrigação seja a atividade apontada como responsável pelo maior consumo de água no mundo, diversos países, incluindo o Brasil, não definem critérios para seus diferentes usos e poucos têm normas com relação à atividade. “Há a necessidade de proposição de pelo menos dois índices de qualidade, sendo um para áreas urbanas, onde há forte impacto da presença das cidades, e outro para áreas rurais, nas quais as características naturais da água são mais preservadas, mas há possíveis contaminantes oriundos das atividades agrícolas que precisam ser observados”, defende.

Parâmetros para os índices de qualidade do Cerrado

Os dados da pesquisa confirmaram que o IQA clássico não é adequado para todos os usos da água definidos na legislação brasileira, principalmente no que diz respeito à irrigação, assegura o pesquisador. “Nas áreas rurais do Distrito Federal, e isso é válido para o Cerrado de uma forma geral, as águas são menos impactadas pelo uso antrópico e, portanto, devem ter uma avaliação diferenciada. Pelos dados apresentados para uso na irrigação, é evidente que essa nova qualificação se torna necessária, de modo a obtermos uma classificação mais realista para a nossa região”, declara.

A equipe de pesquisa identificou os principais parâmetros que devem ser considerados para avaliar a qualidade desse recurso natural para irrigação e para áreas urbanas. A dureza e o pH das águas naturais do Cerrado, por serem bem diferenciadas, são variáveis que devem ser consideradas nessa avaliação.

O cálcio é outro elemento que não pode ser ignorado, de acordo com o especialista. Em grandes quantidades, ele pode ser prejudicial à saúde humana, e nocivo também à atividade agrícola, já que pode ocasionar o entupimento dos equipamentos de irrigação. “Em geral, a água da região, com pouca dureza [significa que tem poucos sais minerais dissolvidos, incluindo o cálcio], é boa para o consumo humano e para agricultura”, explica Cyrino. Além disso, ele é um importante elemento a ser monitorado ao longo dos cursos d’água, já que sua alteração pode indicar se a água está próxima do seu estado natural ou não.

A bactéria E. coli foi confirmada no estudo como o principal indicador de contaminação fecal. Em altas concentrações, ela deixa a água imprópria para diversas atividades, inclusive para agricultura. Embora essa variável não esteja presente nos dados dos corpos hídricos rurais, ela foi incluída no IQA rural. “Essa bactéria é um importante parâmetro biológico, uma vez que algumas culturas irrigadas com água contendo esses organismos colocam em risco a saúde humana, quando esses produtos são consumidos crus, como é o caso das hortaliças”, explica Cyrino.

Para as áreas urbanas, as variáveis importantes dizem respeito ao esgoto produzido pelas cidades. Já para as áreas rurais, elas devem estar relacionadas às possíveis contaminações pelas atividades agrícolas e de criação animal. Para irrigação, devem ser monitoradas a dureza total (relacionada principalmente à quantidade de cálcio), a condutividade elétrica (relacionada à presença de sais), o pH (influencia a disponibilidade de nutrientes para as plantas), o nitrato, o sódio (influencia na taxa de infiltração dos solos), o magnésio e a bactéria E. coli.

Os pesquisadores selecionaram as dez variáveis mais relevantes para a elaboração de um índice de qualidade para áreas urbanas; e nove para um índice para áreas rurais do Distrito Federal, entre todas as analisadas, 30 no total, utilizando métodos estatísticos multivariados.

Quando reavaliados com base nos índices propostos, observa-se uma melhoria significativa na classificação dos corpos hídricos rurais. “Esse resultado é fruto da utilização de parâmetros mais adequados para a finalidade à qual se destina a água, e não para um uso generalizado ou com foco apenas no consumo humano. No IQA rural, voltado para irrigação, considerou-se uma classificação mais realista para a utilização proposta”, assegura o pesquisador.

As novas variáveis a serem incorporadas aos IQAs estão sendo discutidas no Grupo de Trabalho do Sistema de Informações de Recursos Hídricos, do Conselho de Recursos Hídricos do Distrito Federal. Em um primeiro momento, a ideia é que elas sejam usadas para classificar mais adequadamente os rios da região e fazer o acompanhamento das suas águas. Mais adiante, a expectativa da equipe é que a proposta seja levada ao nível nacional, para a possível incorporação de alguns parâmetros, com seus intervalos mínimos e máximos aceitáveis, como é o caso da condutividade elétrica e da dureza, por exemplo, na Resolução Conama 357, que define o enquadramento dos corpos hídricos, conforme seus padrões de qualidade.

 

Fonte: Ass. Embrapa

Notícias

IPPA registra alta de 5,5% em outubro de 2024, porém acumula queda de 2,5% no ano

Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%).

Publicado em

em

Fotos: Marcello Casal

O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.

No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira.

No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos.

No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%.

Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%.

A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Notícias

ABCZ participa da TecnoAgro e destaca sustentabilidade no agro

Tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/ABCZ

Nesta semana, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) marca presença na TecnoAgro 2024, evento realizado no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). Com o tema “Agro Inteligente”, a iniciativa promovida pelo Grupo Integração e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.

A abertura do evento aconteceu na manhã da última quinta-feira (21), reunindo autoridades e representantes dos setores ligados ao agro. A ABCZ esteve em destaque logo após a solenidade, quando o Superintendente Técnico, Luiz Antonio Josahkian, participou do painel “O Futuro da Pecuária”. O debate, mediado pela jornalista Adriana Sales, também contou com a presença da Prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, e do Professor da ESALQ/USP, Sérgio de Zen.

Superintendente Técnico, Luiz Antonio Josahkian: “Temos uma vocação natural para a produção de alimentos, com recursos essenciais, como a água, que é um insumo cada vez mais valorizado e disputado globalmente”

A discussão abordou a responsabilidade do Brasil diante da crescente demanda global por proteína. “Temos o potencial para liderar o aumento da demanda por proteína animal. Contamos com terras disponíveis, mão de obra qualificada e políticas públicas que fortalecem continuamente o setor. O Brasil se destaca como um dos poucos países que ainda investe em qualificação profissional através de políticas públicas, com o apoio de órgãos como as Secretarias de Estado, o Senar e as extensões rurais Além disso, temos uma vocação natural para a produção de alimentos, com recursos essenciais, como a água, que é um insumo cada vez mais valorizado e disputado globalmente”, destacou Josahkian.

Complementando o debate, Sérgio de Zen enfatizou a necessidade de modelos produtivos mais sustentáveis. “É perfeitamente possível aumentar a demanda na redistribuição de renda e atender ao crescimento populacional sem recorrer ao desmatamento. Isso pode ser alcançado por meio do uso mais eficiente das tecnologias e dos sistemas de produção já disponíveis”, afirmou.

O evento, que segue até amanhã (22), reúne mais de 50 palestras voltadas para a sustentabilidade no agronegócio. Entre os destaques da programação técnica desta sexta-feira, o Zootecnista e Gerente do Departamento Internacional da ABCZ, Juan Lebron, participará da palestra “Recuperação de Pastagem, Genética, Nutrição e Saúde: Pilares da Sustentabilidade na Pecuária”, ao lado de especialistas como Guilherme Ferraudo e Thiago Parente.

Além das contribuições técnicas, a ABCZ participa com um estande apresentando produtos e serviços da maior entidade de pecuária zebuína do mundo.

Fonte: Assessoria ABCZ
Continue Lendo

Notícias

Altas no preço do boi seguem firmes, com escalas ainda menores que em outubro

Frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso. Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.

No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos.

No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme.

Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro.

No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a  liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.