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Pesquisa estuda as tendências de chuvas em Mato Grosso nos últimos 34 anos

Índice de Anomalia de Chuvas mostra que os últimos 17 anos foram mais chuvosos do que os 17 anos anteriores em Mato Grosso. Dados de setembro na série histórica mostram mais meses secos do que chuvas.

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As chuvas em Mato Grosso só têm início de forma consistente a partir de outubro, mês de abertura da janela de semeadura da soja no estado - Foto: Gabriel Faria

Alguns dos pioneiros na colonização da região médio-norte de Mato Grosso costumam dizer que antigamente chovia mais cedo e com maior intensidade. Um estudo feito pela Embrapa avaliou dados pluviométricos das últimas 34 safras em busca de evidências de uma possível alteração de tendência no regime de chuvas no estado. O resultado mostra que ocorreram anomalias de chuva no período e que os últimos 17 anos foram mais chuvas do que os 17 anos anteriores.

O trabalho, coordenado pelo pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) Jorge Lulu, analisou dados coletados em dez estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) localizadas em diferentes regiões do estado, no período entre 1988 até 2022. As informações foram trabalhadas mês a mês de forma a se calcular o Índice de Anomalia de Chuva (IAC). Este índice varia em uma escala numérica, cujo número zero representa um período dentro da escala meteorológica normal. Valores positivos representam períodos mais chuvosos que a normal, com número maior ou igual a quatro, representando períodos extremamente chuvosos. Já números negativos indicam períodos mais secos do que o esperado, e valor igual ou menor que -4 representa um período extremamente seco.

Um primeiro resultado conseguiu foi a confirmação do recurso já apontado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) de que, apesar de ocorrerem precipitações em setembro, as chuvas só têm início de forma consistente a partir de outubro, sendo este o mês de abertura da janela de semeadura da soja no estado. Dos 34 anos agrícolas analisados, por 19 vezes os meses de setembro foram mais secos do que a média esperada, com IAC negativo, e em 15 foram mais chuvosos, com IAC positivo. Apenas em quatro ocasiões o mês de setembro foi considerado muito chuvoso e, em duas, extremamente chuvoso, enquanto em oito anos foi considerado muito seco e em um ano extremamente seco.

“Esse resultado mostra que o Zarc é um bom orientador para os produtores, pois ao iniciar a janela de plantio em outubro, reduz-se os riscos de perdas por falta de chuva, que são esparsas e em menor volume no mês de setembro no estado ”, explica Jorge Lulu.

Para verificar se há tendência de redução da quantidade de chuva em todo o ano agrícola, os pesquisadores calcularam médias anuais dos Índices de Anomalia de Chuvas. O resultado mostrou que dos 34 anos avaliados, houve 16 anos com IAC médio positivo e 18 anos com IAC médio negativo em Mato Grosso, ou seja, foram mais anos secos do que chuvas.

Porém, ao dividir a série histórica em duas metades, sendo uma de 1988 a 2004 e outra de 2005 a 2021, verifica-se que a segunda metade teve mais anos chuvas do que a primeira.

O resultado reflete um comportamento verificado em todos os meses de outubro a abril, nos quais os últimos 17 anos foram mais chuvosos do que os 17 anos anteriores. Já para os meses mais secos, de maio a setembro, o IAC manteve o padrão em todos os 34 anos.

O pesquisador explica que para uma análise climatológica são necessários ao menos 30 anos, para identificar tendências de mudanças. Ao contemplar um intervalo de 34 anos, esse trabalho não indica que as chuvas em Mato Grosso estão atrasando ou mesmo se consolidando mais cedo. A confirmação da ocorrência de anomalias, por sua vez, reforça a necessidade de seguir as recomendações de janela de plantio preconizadas pelo Zarc.

“É uma forma de o produtor ver não só as datas de chuvas, mas também observar como os desvios em relação à média podem ocorrer ao longo do tempo. Com isso, o produtor pode ficar mais alerta pois as anomalias acontecem e, por isso, é importante ele estar atento às janelas do zoneamento para reduzir os riscos”, alerta Jorge Lulu.

Como essa pesquisa analisou somente os dados de precipitação que ocorreram, sem fazer uma análise de fenômenos climatológicos e de mudanças na paisagem, não está no escopo do trabalho entender o porquê da ocorrência das anomalias em cada ano. Ainda assim, ele traz avanços para o conhecimento, ao confirmar que o Índice de Anomalia de Chuvas é um bom indicador de análise e que seus resultados são compatíveis com os mapas de anomalias de precipitação que são gerados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe).

De acordo com o pesquisador, o trabalho pode ter progressos futuros com incremento de informações sobre o déficit hídrico na série histórica. Para isso, devem ser levadas em consideração não só a chuva, mas também as temperaturas temporariamente.

Boletins agrometeorológicos periódicos
A Embrapa Agrossilvipastoril publica todos os anos três boletins agrometeorológicos nos quais analisam o comportamento da chuva e do balanço hídrico no solo nas diferentes regiões de Mato Grosso. A primeira edição é lançada em novembro, retratando o início da safra. A segunda, lançada em março, mostra o período de colheita da soja e semearadura da segunda safra no estado. A terceira edição é lançada em junho e retrata a ocorrência das chuvas durante a segunda safra.

Esses boletins são usados ​​tanto pelo setor produtivo quanto pelos setores financeiro e de seguro agrícola, sendo um documento de referência para entendimento das anomalias ocorridas regionalmente a cada ano agrícola.

Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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