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Pesquisa desenvolve primeira cultivar brasileira de amendoim forrageiro propagada por sementes

Alto rendimento de forragem de qualidade aumenta em 46% a produtividade do rebanho

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Judson Valentim

Uma nova cultivar de amendoim forrageiro, planta recomendada para o consórcio com gramíneas, pode intensificar a produção pecuária a pasto nos diversos biomas com baixo impacto ambiental. Desenvolvida pela Embrapa, a BRS Mandobi é a primeira cultivar nacional da leguminosa com propagação por sementes. Além de diversificar as pastagens, melhora a fertilidade do solo e a dieta animal e eleva a longevidade dos pastos. O alto rendimento de forragem de qualidade aumenta em 46% a produtividade do rebanho.

Segundo a pesquisadora Giselle de Assis, coordenadora da Rede Nacional de Melhoramento de Amendoim Forrageiro, a intensificação sustentável da bovinocultura a pasto é uma tendência em todas as regiões do Brasil, para assegurar a competitividade da atividade. Um dos modelos utilizados se baseia na associação de gramíneas e leguminosas forrageiras bem adaptadas, produtivas e economicamente viáveis, capazes de fornecer aos animais os nutrientes necessários para a produção de carne ou leite.

“Pastagens consorciadas com amendoim forrageiro, quando bem manejadas, apresentam maior longevidade e garantem a manutenção da produtividade da forragem, por meio da fixação biológica de nitrogênio no sistema, com redução de custos com adubação nitrogenada e aumento da produção animal. A BRS Mandobi pode ampliar o uso dessa leguminosa na atividade pecuária, mediante a oferta de sementes nacionais de qualidade a preços mais acessíveis para o produtor rural”, explica a pesquisadora.

Potencial de uso da tecnologia

Entre outros fatores, a produção de forragem de qualidade e o desempenho produtivo de rebanhos bovinos de corte e leite estão relacionados ao uso de fertilizantes nitrogenados no processo de adubação de pastagens, mas, o alto preço do produto restringe a prática entre os produtores, especialmente em localidades da Amazônia. No Acre, a tonelada de ureia chega a custar R$ 2,6 mil, devido à grande distância em relação às indústrias produtoras e problemas na logística de transporte.

De acordo com o pesquisador Judson Valentim, da Embrapa Acre, o uso de gramíneas consorciadas com amendoim forrageiro representa uma alternativa eficiente para suprir a necessidade de nitrogênio nas pastagens, a baixo custo, já que a leguminosa consegue capturar esse nutriente do ar e fixar no solo, em função da associação da planta com bactérias que vivem na terra. A planta consegue incorporar até 150 quilos de nitrogênio na pastagem, o equivalente a 330 quilos de ureia, obtidos de forma natural, resultado que gera uma economia anual de cerca de R$ 600,00 por hectare, para o produtor rural.

“Esse ganho contribui para minimizar o uso de adubação química em pastagens, fator importante para a redução da emissão de gases de efeito estufa, uma vez que o processo de produção desses insumos emite grandes quantidades de carbono na atmosfera, contribuindo para uma pecuária mais sustentável. Outra vantagem do amendoim forrageiro é o elevado teor de proteína bruta presente na planta, entre 18% e 25%, nutriente que impacta diretamente a produtividade e a qualidade do pasto. O aporte proteico na dieta animal eleva o desempenho produtivo de bovinos por área, com baixas emissões de carbono, contribuindo para a mitigação dos impactos ambientais da produção de carne e leite a pasto”, diz Valentim.

Altamente produtiva, a BRS Mandobi produz três mil quilos de sementes por hectare. A tecnologia foi desenvolvida a partir de demandas do setor produtivo, gerada em função do alto custo com mão de obra no processo de implantação do consórcio com as cultivares de amendoim forrageiro disponíveis no mercado, todas propagadas por mudas. A nova cultivar é recomendada para os biomas Amazônia e Mata Atlântica e pode ser utilizada em consórcio com diferentes capins como Marandu, Xaraés, Piatã, Humidícola, Tangola, Decumbens, Mombaça, Massai e a Grama-estrela, entre outros tipos de forrageiras.

Demanda global

Estudos sobre a atividade pecuária na Amazônia indicam a existência de, aproximadamente, 46 milhões de hectares de pastagens cultivadas estabelecidas em áreas já desmatadas na região, com potencial de melhoramento a partir do uso de pastos consorciados com amendoim forrageiro. No Acre, a leguminosa já é utilizada em cerca de 80 mil hectares de pastagens, consorciadas com a cultivar Belomonte, propagada por mudas, mas a escassez de sementes e o alto custo do produto dificultam a expansão do uso da leguminosa.  Atualmente, as sementes disponíveis no mercado brasileiro são importadas da Bolívia e o quilo é comercializado a R$ 200.

A oferta de sementes nacionais de amendoim forrageiro é crucial para a adoção da tecnologia em larga escala, por produtores do Acre e de outros estados que já utilizam as cultivares propagadas por mudas, como Minas Gerais, Goiás e São Paulo, por baratear o custo do produto.

Conforme Valentim, há uma procura crescente por sementes de amendoim forrageiro de qualidade, tanto no mercado nacional como em países da América Latina, parte dos Estados Unidos e Austrália. A primeira área para produção comercial de sementes da BRS Mandobi será implantada em Campo Grande (MS), por meio de contrato firmado com uma empresa produtora de sementes de gramíneas forrageiras. “Por ser uma cultura nova, será um aprendizado para os empresários, mas acreditamos que a partir dessa primeira experiência, e com a finalização e recomendação do sistema de produção para a colheita100% mecanizada, outras empresas do ramo poderão produzir sementes da BRS Mandobi em escala comercial, para atendimento dessa demanda global”, ressalta o pesquisador.

Etapas da pesquisa

Realizadas no âmbito do Programa de Melhoramento Genético do amendoim forrageiro, coordenado pela Embrapa Acre, as pesquisas para desenvolvimento do amendoim forrageiro BRS Mandobi reuniram uma equipe multidisciplinar em diferentes frentes de trabalho, durante 20 anos, desde a seleção inicial das plantas que deram origem à cultivar. As diferentes etapas do processo investigativo envolveram análises moleculares da variabilidade genética de plantas de amendoim forrageiro para confirmação da identidade da BRS Mandobi, estudos para identificação dos teores de proteína bruta, fibra e digestibilidade da matéria seca produzida e análises da qualidade de sementes, com foco na obtenção do grau de pureza, vigor e viabilidade do produto, entre outras características genéticas da cultivar.

Em campo, os testes com a tecnologia enfatizaram aspectos como resistência a doenças, tolerância ao alagamento do solo e à seca, capacidade de persistência e compatibilidade da leguminosa no consórcio com gramíneas e eficiência no processo de semeadura das sementes. Além de propriedades rurais acreanas, a BRS Mandobi foi testada em Rondônia, Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. “Os resultados comprovaram que a cultivar pode ser plantada tanto em regiões quentes e úmidas como em localidades de clima frio, em níveis variados de precipitação e em solos bem drenados ou encharcados”, diz Giselle de Assis.

Para viabilizar a produção comercial de sementes da BRS Mandobi, a Embrapa tem investido no desenvolvimento de uma máquina colhedora de sementes. O equipamento a ser disponibilizado para a indústria permitirá a colheita de forma totalmente mecanizada, processo estratégico para atrair o interesse de empresas produtoras de sementes comerciais. Os testes com o primeiro protótipo confirmaram redução de 50% no preço do quilo do produto. A expectativa dos pesquisadores é diminuir ainda mais esse valor, com a versão final da máquina.

Para o gerente da Unipasto, Marcos Roveri, a implantação de pastos consorciados com uma planta de excelentes níveis proteicos, boa palatabilidade para o gado e capacidade de proporcionar ganhos reais, em áreas potenciais do País, principalmente no bioma Amazônia, permitirá a promoção contínua da sustentabilidade na pecuária nacional. “Investimos nessa tecnologia por acreditarmos na viabilidade competitiva de sistemas diversificados com leguminosas de alto valor agregado à produção de carne e leite e ao meio ambiente. Disponibilizar sementes de qualidade a preços compatíveis com a realidade dos produtores, certamente promoverá rápida expansão do uso do amendoim forrageiro no consórcio com pastagens como estratégia de produção”, afirma.

Ganhos de produtividade

Experimentos conduzidos em pastagens consorciadas com a cultivar BRS Mandobi em fazendas comerciais do Acre mostraram que, em sistema de cria e engorda, a tecnologia proporciona ganho de peso e aumenta o desempenho produtivo do rebanho. “Em pastos formados exclusivamente com gramíneas, a produtividade potencial foi de 24 arrobas de peso vivo/hectare/ano, apenas com suplementação mineral. Em pastagens consorciadas, a produtividade chegou a 35 arrobas de peso vivo/hectare/ano. Esse resultado é fantástico se comparado à produtividade média da pecuária nacional, em sistemas completos de cria, recria e engorda, de seis arrobas de peso vivo por hectare/ano em pastos puros”, enfatiza o pesquisador da Embrapa Acre Maykel Sales.

As pesquisas evidenciaram, ainda, que no período da seca, entre abril e setembro, o ganho de peso animal aumentou 86%, passando de sete arrobas/hectare/ano, no pasto puro, para 13 arrobas/hectare/ano, em pasto consorciado, desempenho possibilitado pela quantidade e qualidade da forragem disponível para o gado durante a estiagem. Além disso, a tecnologia reduz a fase de recria – período entre o fim da desmama dos bezerros e a etapa de terminação (engorda) – pela metade, passando de 24 para 12 meses, com impacto direto no ciclo de produção bovina.

Os efeitos do consórcio de gramíneas com amendoim forrageiro foram observados também em outros aspectos da atividade pecuária. De acordo com os estudos, em pastos consorciados com o amendoim forrageiro BRS Mandobi os animais atingiram o peso ideal para abate aos 30 meses de idade, enquanto em pastagens puras esse tempo é de 42 meses. Essa redução no tempo de permanência dos animais na pastagem proporciona economia com mão de obra, alimentação e vacinas, entre outros cuidados com o rebanho, refletindo-se positivamente no custo de produção da arroba.

“Além disso, a leguminosa melhora a capacidade de suporte das pastagens. Pastos consorciados suportam 20% mais animais quando comparados a pastagens puras. O aumento da taxa de lotação permite criar mais animais em uma mesma área de pastagem, fator que concilia intensificação da produção pecuária com conservação da floresta”, avalia Sales.

Implantação do consórcio

Segundo o pesquisador da Embrapa Acre Carlos Maurício de Andrade, pastagens consorciadas com amendoim forrageiro alcançam eficiência máxima quando a presença da leguminosa no pasto representa 20% a 40% da massa de forragem.  Para chegar a esse resultado, a implantação do consórcio pode ser realizada por dois métodos: com o plantio simultâneo da leguminosa com gramíneas, durante a reforma de pastagens degradadas, ou pelo plantio da leguminosa em faixas, em pastagens puras já estabelecidas. Para formar um hectare de pastagem consorciada são necessários 10 a 15 quilos de sementes da BRS Mandobi.

“Como as gramíneas forrageiras geralmente crescem mais rápido que as leguminosas, para assegurar o pleno estabelecimento do amendoim forrageiro na pastagem recomenda-se reduzir em 30% a taxa de semeadura da gramínea. Também é importante realizar o primeiro pastejo no momento adequado, quando a forrageira cobrir totalmente o solo. Além disso, procedimentos como preparo da área com grade ou enxada-rotativa, para o plantio em faixas, e aplicação de herbicida glifosato, na dosagem recomendada, diminuem a competição da gramínea com a leguminosa por nutrientes, água, luz e espaço no solo, e ajudam a garantir os ganhos comprovados pela pesquisa”, ressalta Andrade.

Fonte: Embrapa Acre

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Mudanças no ciclo pecuário exigem nova abordagem da indústria de suplementação, aponta Asbram

Especialistas destacam mercado aquecido, avanço da intensificação, menor venda de suplementos e projeção de forte recuperação a partir de 2026.

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Compreender a intensidade de movimentos que vêm marcando o atual ciclo pecuário no Brasil. Para realizar os negócios de investimentos em tecnologias modernas de nutrição ao lado dos produtores de carne e leite do país. O desafio foi assumido em outubro passado, em Campo Grande (MS), durante nova reunião da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). O encontro contou com três palestras, um balanço do Simpósio realizado pela entidade em setembro passado, com presença de quase 500 participantes e avaliação positiva de 98%, e a atualização dos números do painel de comercialização de suplementos minerais nos nove meses de 2025.

Foto: Divulgação

A carne bovina brasileira segue resoluta. Mercado firme, frigoríficos com estratégia mais definida, exportações recordes mesmo com queda nas vendas aos Estados Unidos, mercado interno bom, com oferta da proteína. “Está saindo mais carne do sistema para o mercado. O futuro não vai ser diferente. Deve ter preço de boi subindo e bezerro também. Com tempo de alta na arroba também, e abates em alta’, analisou o médico-veterinário e consultor Hyberville Neto, ao tratar sobre as pextactativas para o fim deste ano e ao longo de 2026.

Ele também destacou o panorama do confinamento, que pode fechar cerca de 8 milhões de cabeças. Com estratégias bem aplicadas e arroba engordada interessante pelo preço atraente do milho. “O grão merece atenção. O mercado doméstico está ganhando espaço principalmente por causa do etanol, que já abocanha 23% do que é colhido. Porém, as vendas externas não param de ajudar. O Vietnã abriu o mercado para a gente. A população de lá só come 4,4 kg por habitante ao ano e é nada menos do que 100 milhões. E o Japão pode começar a comprar ainda neste ano”, salientou.

Como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que o mercado interno vai usar 68% da produção no ano que vem, Neto

Foto: Juliana Sessai

projeta pico de preços em 2027 e 2028. “Até R$ 420 a arroba. Não é um absurdo se olharmos o histórico. Agora, as precauções devem permanecer as mesmas para a fazenda. A baixa e a alta não duram para sempre. Não esqueça do caixa. Quem tem decide se está na compra ou na venda. Olho na economia brasileira, no consumo doméstico, milho e câmbio. Para garantir preço mínimo”, sintetizou.

“A proteína animal vive realmente um bom momento, com abates maiores de vacas e novilhas, uma reação no abate de machos, mas com carcaças mais leves. O que exige uma reflexão detalhada sobre o que vem ocorrendo com as dietas dos animais. Agora, tenho uma visão mais conservadora sobre os preços futuros”, opinou o engenheiro agrônomo e Coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira.

Ele enfatizou que mais variáveis estão sendo incluídas no ciclo pecuário e é necessário compreender níveis tecnológicos mais altos na atividade. Para ele, todos os indicadores são de alta no ciclo, exceto o abate de fêmeas. Aceleração da atividade, área de pastagens caindo, pecuária crescendo de forma sólida, frigoríficos trabalhando bem em segurar preço, e vendas externas sem precedentes, que podem passar de quatro milhões de toneladas neste ano, 22% das exportações globais. “Temos todos os modelos. O conservacionista, 9 milhões de cabeças confinadas, terminação intensiva no pasto, semiconfinamento e pasto com mineralização. São 19,3 milhões de cabeças comendo mais de 1% de peso vivo em concentrados. É uma pecuária nova, estimulante, entretanto também traz pontos de atenção. A nossa cabeça fica confusa, mesmo. Aumentou o número do envio de animais para confinamentos terceirizados. Por isso os fornecedores precisam estar conectados ao longo do ano inteiro. Muitos criadores vendem rápido para entendendo oportunidades de maximizar resultados financeiros, assim como novilha indo ao abate é menos suplemento mineral vendido”, alertou.

Foto: Divulgação

Alinhamento de estratégias do setor

A avaliação percorreu imediatamente todo o público presente à reunião. “Temos que analisar bem nossa estratégia no mercado, o profundo entendimento das necessidades do pecuarista em cada modelo de produção, para que eles tenham resultados melhores e nossas empresas cresçam e ajudem a pecuária brasileira. Melhorar o nível tecnológico é mandatório em qualquer modelo! O que muda é o que se apresenta como tecnologia em cada um. Sistemas mais ou menos intensivos em termos de dieta e de tempo, geram necessidades e análises diferentes que o atual fornecedor de nutrição deve entender se quiser ser reconhecido como relevante para o produtor”, indicou o vice-presidente da Asbram, Rodrigo Miguel.

“A Associação precisa ficar antenada com essas várias mudanças. Vivi isso na Agricultura nos últimos quarenta anos. A gente conhece o final dessa história. Um trabalho bem realizado dá resultado. Tanto que, hoje, comemos carne bovina igual a qualquer outra do mundo”, concordou a vice-presidente executiva da entidade, Elizabeth Chagas.

A nova abordagem ganhou corpo por causa dos números mais recentes das vendas de suplementos minerais. 230 mil toneladas em

Foto: Gisele Rosso

setembro, 10,29% abaixo na comparação com o mesmo mês de 2024. O retrato de 2025 é de 1,871 milhão de toneladas, 3,9% a menos do que o mesmo período do ano passado. “O volume está sendo menor no segundo semestre até porque a base de comparação, segundo semestre de 2024, está desfavorável. A perspectiva para o ano todo é alcançar 2,4 milhões de toneladas. O que vai sinalizar uma contração de 6,9%. Com 68,1 milhões de cabeças suplementadas na média. 4,2% abaixo do ano passado”, sintetizou Felippe Serigati, professor da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do Painel de Comercialização da Asbram.

Outros pontos podem estar interferindo nessa questão. O efeito DDG (co-produto da produção de etanol de milho), mudanças na nutrição de vacas e novilhas, rebanho menor e mais leve. “O cliente está capitalizado, mas pode estar suplementando menos animais. Ou aumentou o abate de todas as categorias. E sem bezerro para vender. Não vamos esquecer que os juros altos podem estar mantendo o dinheiro do produtor mais no banco. Mas posso garantir que vai haver recuperação, e forte, em 2026 e 2027. Um rebanho menor e mais leve. Passamos por um vale, mas a recuperação pode ser forte e as empresas de suplementação viverem um novo aumento expressivo. Preparem-se para vender”, tranquilizou Nogueira.

“A ASBRAM vai seguir com nossas estatísticas e nossos debates para que ajudemos a cadeia produtiva de carne e leite a avançar cada vez mais. O painel é referência nacional do mercado de ruminantes do Brasil. É mais do que mineralização. É a fotografia da alimentação de ruminantes no Brasil. Tecnologia exige processos modernos. Para pequenos ou grandes produtores. Capturamos isso no painel”, emendou Elizabeth. “Exatamente. Vamos continuar contribuindo com as informações do painel para vendermos mais ração e aditivos. Pode ser um novo momento da nutrição animal no Brasil. Suplementos, ração, proteicos. Com uma nova visão sobre as fábricas próprias dos confinamentos, novos números. A Associação se posiciona nesse universo”, acrescentou Rodrigo Miguel.

Foto: Divulgação

E a economia vai interferir nesse processo. “Estamos desacelerando, mas seguimos crescendo. Emprego aquecido, serviços e consumo das famílias à toda, média salarial em alta. O Produto Interno Bruto tem avançado em todas as projeções. Mesmo com os juros nas alturas e a inadimplência crescendo. Sendo que a inflação não se mexe. Certamente, por causa dos gastos do governo federal crescendo sem parar. Mas todo esse caldeirão sustenta a venda de carne bovina no supermercado nos próximos meses”, opinou Felippe.

“Pensando nos próximos meses, o ajuste de rebanho, tecnologia e como vamos melhorar. Vamos escalar na nutrição dos negócios. É o trabalho básico da Asbram. Discutir o mercado, a economia brasileira e mundial, lançar materiais de apoio às indústrias e aos pecuaristas, como o Guia Prático de Gado de Corte e Leite, seguir com as campanhas mensais, falando da riqueza da suplementação de qualidade, as publicações na internet, entender o nosso negócio e alimentar de informação o exército de mais de 14 mil profissionais que possuímos para disseminar a boa nutrição dos rebanhos do Brasil”, enfatizou Fernando Penteado Cardoso.

Fonte: Assessoria Asbram
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Crise no leite escancara desigualdade tecnológica no campo

Audiência na Câmara destacou que a democratização da genética avançada pode elevar a produtividade, reduzir custos e fortalecer a renda das famílias rurais.

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Foto: Jaelson Lucas

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados realizou, na última semana, audiência pública para discutir a importância do melhoramento genético do gado leiteiro voltado aos pequenos produtores. O debate foi solicitado pelo deputado Rafael Simões (União-MG), que defende a ampliação do acesso a tecnologias avançadas de reprodução no campo.

Segundo o parlamentar, o melhoramento genético é um dos principais instrumentos para elevar a eficiência e a competitividade da produção de leite no país, especialmente entre agricultores familiares. “Animais com maior potencial genético produzem mais leite, garantem melhor qualidade do produto e apresentam maior resistência a doenças, além de melhor adaptação às condições de manejo. Esses fatores impactam diretamente na redução de custos e no aumento da renda das famílias rurais”, afirmou.

Deputado Rafael Simões: Com apoio técnico, linhas de crédito direcionadas e subsídios, é possível democratizar o uso da transferência de embriões, aproximando os agricultores familiares das mesmas ferramentas utilizadas por grandes propriedades”

Rafael Simões defendeu a criação de um programa específico voltado ao melhoramento genético para pequenos produtores. “Com apoio técnico, linhas de crédito direcionadas e subsídios, é possível democratizar o uso da transferência de embriões, aproximando os agricultores familiares das mesmas ferramentas utilizadas por grandes propriedades. Isso fortalece a cadeia produtiva do leite, valoriza a agricultura familiar e contribui para a sustentabilidade da atividade”, destacou.

O secretário de Agricultura Familiar e Abastecimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Vanderley Ziger, informou que o governo estruturou um programa nacional de melhoramento genético, instituído pela Portaria nº 28, de junho de 2025, e trabalha agora para sua efetiva implementação. “Temos a necessidade de fazer com que o programa lançado se torne concreto, e isso passa por uma grande campanha nacional que estimule, fortaleça e esclareça essa agenda. Se houver mobilização, acredito que o produtor compreenderá melhor o potencial e os benefícios da transferência de embriões”, explicou.

O diretor de Pecuária Leiteira da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rodrigo Simões, reforçou a importância de ampliar o acesso à genética avançada. “A atividade leiteira enfrenta desafios naturais: climáticos, de preço de insumos e pela entrada de leite importado. Se conseguirmos garantir que os pequenos produtores tenham acesso à genética de ponta, esse desafio se torna muito menor, pois uma vaca ruim come o mesmo que uma vaca boa”, afirmou.

Deputado José Medeiros: “Há tempos tocamos nesse problema, que é recorrente. Precisamos agir, ou o nosso produtor de leite não vai resistir”

O deputado José Medeiros (PL-MT) também demonstrou preocupação com a crise no setor leiteiro e defendeu ações urgentes do Congresso. “Há tempos tocamos nesse problema, que é recorrente. Precisamos agir, ou o nosso produtor de leite não vai resistir. Acredito que o secretário Vanderley sai desta audiência com ideias importantes para fortalecer o programa. Estamos, inclusive, coletando assinaturas para instalar a CPI do Leite”, frisou.

Rafael Simões concluiu afirmando que continuará acompanhando o tema de perto e que pretende se reunir com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para tratar do assunto.

Fonte: Assessoria FPA
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Congresso Internacional de Girolando premia trabalhos científicos e atrai público de sete países

Evento em Uberlândia (MG) reuniu 650 participantes e abordou inteligência artificial, genética avançada e sustentabilidade na produção leiteira.

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Com a participação de 650 pessoas de sete países, o 3º Congresso Internacional de Girolando apresentou as inovações da pecuária leiteira mundial e as tendências de mercado para o próximo ano. O evento, realizado de 12 a 14 de novembro, em Uberlândia (MG), contou com participantes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Honduras, Panamá e de Sudão.

Fotos: Divulgação/Girolando

A inteligência artificial foi um dos temas apresentados. Segundo o pesquisador da Universidade de Wisconsin, Guilherme Rosa, estudos feitos na instituição norte-americana estão permitindo utilizar a IA para melhorar a eficiência produtiva das fazendas leiteiras, utilizando, por exemplo, imagens para identificar animais com problemas ou para selecionar aqueles de maior desempenho. Já o uso da robótica está contribuindo para otimizar a ordenha das vacas, além de solucionar problemas com mão de obra.

O Congresso ainda destacou a evolução genética dos rebanhos da raça Girolando, que nos últimos 20 anos aumentou em 100% sua produção de leite enquanto as emissões de metano caíram 40%. “Hoje, não precisa esperar o animal nascer para iniciar a seleção. É possível fazer isso ainda na fase de embriões”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Marcos Vinicius Barbosa da Silva, que abordou o impacto da genômica na raça Girolando.

As inovações incorporadas por fazendas selecionadoras da raça foram apresentadas no evento. Uma delas é a Santa Luzia, em Passos/MG, uma das maiores produtoras de leite do Brasil, primeira fazenda a ser certificada para biosseguridade no país e que tem um trabalho pioneiro em bem-estar animal. O gestor da Santa Luzia e criador de Girolando Maurício Silveira Coelho ministrou palestra sobre boas práticas de manejo para garantir a sustentabilidade. “O bem-estar animal é um conceito indissociável do futuro da produção leiteira”, assegura o criador.

O evento, que também abordou o mercado global do leite, sucessão familiar, eficiência alimentar, gestão das propriedades, premiou os melhores trabalhos científicos sobre a raça Girolando. Concorreram mais de 40 pesquisas. O primeiro lugar ficou com Vitor Augusto Nunes, que avaliou efeitos da intensidade do ciclo reprodutivo em protocolos de IATF. O segundo colocado foi Fabrício Pilonetto, que pesquisou sobre a relação do genoma e o sistema mamário das vacas Girolando. Já o terceiro colocado foi Joseph Kaled Grajales-Cedeño, com trabalho sobre reatividade e seus efeitos na produção e qualidade do leite em vacas primíparas Girolando. As premiações foram nos valores de R$5 mil, R$3 mil e R$2mil, respectivamente.

O 3º Congresso Internacional de Girolando foi organizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, em parceria com o Sebrae, Fundo de Investimento do Programa de Melhoramento Genético de Girolando e Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite).

Fonte: Assessoria Girolando
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