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Pesquisa brasileira leva pioneirismo, empreendedorismo e inovações para as cadeias nacionais de milho, sorgo e milheto

Ao papel tradicional da agropecuária brasileira de produzir alimentos, fibras e energia, novos conceitos foram incorporados, levando-se em conta a sustentabilidade dos negócios agrícolas, principalmente nos aspectos ligados à segurança alimentar e nutricional, à agregação de valor, à qualidade de vida das pessoas e à preocupação com o meio ambiente.

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Foto: Sandra Brito/Arte: Maria Eduarda Saraiva

Nas últimas décadas, a agropecuária brasileira se modernizou, ganhando novos cargos e se tornando mais complexa. Ao seu tradicional papel de produção de alimentos, fibras e energia, novos conceitos foram incorporados, levando-se em conta a sustentabilidade dos negócios agrícolas, principalmente nos aspectos ligados à segurança alimentar e nutricional, à agregação de valor, à qualidade de vida das pessoas e à preocupação com o meio ambiente.

Nesse período, a agropecuária tornou-se, também, uma das principais forças motrizes para a produção, a transformação e a ampliação das opções de consumo que impulsionaram o mercado brasileiro – notadamente urbano – nos dias atuais. “Ao longo das últimas cinco décadas, a produção brasileira de grãos saltou de 38 milhões de toneladas, em 1975, para cerca de 310 milhões de toneladas, em 2023, o que representa um aumento de quase oito vezes na produção de grãos, com um acréscimo de apenas duas vezes na área plantada. “Esse evidente “efeito poupa-terra” só foi possível a partir de incrementos em produtividade, resultando, principalmente, de investimentos em pesquisa e inovação para a modernização da agricultura brasileira”, relata o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo, Maria Marta Pastina.

A  Embrapa Milho e Sorgo , Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), acompanhou e participou ativamente de todo esse processo de modernização, entregando resultados inovadores de pesquisa, produtos e serviços que desenvolveram para o crescimento sustentável das cadeias produtivas de milho, sorgo e milheto no Brasil. “Pesquisa é futuro”, comenta o chefe-geral Frederico Ozanan Machado Durães. “A percepção dos desafios a serem enfrentados na construção do conhecimento, a qualificação e o posicionamento cooperativo, para impactos nos sistemas intensificados e organizados, técnicos-científicos, institucionais e produtivos, da agropecuária tropical não são tarefas triviais para gestores, cientistas e apoiadores da ciência e de sua aplicação”, complementa Durães.

Ele enfatiza que “compreender, formular e implementar estratégia de ação para o desenvolvimento da agricultura são processos evolutivos na trajetória, no esforço atual e na perspectiva futura de uma empresa de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), como é o caso da Embrapa e de sua rede de Unidades Descentralizadas de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) e de negócios de base tecnológica, como a Embrapa Milho e Sorgo”.

“A Unidade é responsável pela manutenção e exploração racional das espécies de milho, de sorgo e de milheto, e de coleções multifuncionais de microrganismos úteis para o manejo eficiente de características na matriz insumo-produto de qualidade, focando em sistemas intensificados de produção, produtividade e sustentabilidade, nomeadamente de grãos, proteína animal e áreas afins”, pontua Durães.

Foto: Arnaldo Pontes

Inaugurada em 1976, em Sete Lagoas (MG), a Embrapa Milho e Sorgo deu continuidade a uma história em pesquisa agropecuária realizada desde 1907 por instituições públicas naquela região.

Segundo a filosofia inerente à época de sua implantação, o então Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo coordenaria e executaria pesquisas para o aumento da produtividade, a redução dos custos de produção e a expansão da fronteira agrícola com a incorporação de áreas até então subaproveitadas.

Desde o início, a Embrapa Milho e Sorgo deu ênfase ao desenvolvimento de cultivares mais produtivas e ao melhoramento de híbridos adaptados aos solos ácidos do Cerrado – uma nova fronteira agrícola a ser conquistada. A Unidade desenvolveu também sistemas de produção mais lucrativos e protegidos para nossas regiões, com indicação de cultivares, regulação de máquinas e recomendações para o uso correto de fertilizantes e agroquímicos. Assim, pretendia-se a redução das perdas na colheita e o armazenamento adequado dos grãos. Era um “pacote tecnológico”, aumentando imediatamente a disponibilidade de alimentos.

Fotos: Sandra Brito

O jornalista José Heitor Vasconcellos conta que a implantação de Bancos Ativos de Germoplasma (BAG) de Milho, de Sorgo e de Milheto também foi fundamental para a obtenção contínua das cultivares desenvolvidas pela Unidade. Neles são conservados materiais genéticos de diversas partes do mundo e de coletas estratégicas realizadas nas regiões brasileiras. “Nas décadas de 1970 e 1980, a Embrapa Milho e Sorgo dinâmica e melhorou diversas inovações de milho tropical, que resultou no desenvolvimento de cultivares com características adequadas para a expansão da cultura para o Cerrado, um bioma antes considerado improdutivo. Essas novas plantas também apresentaram ciclo mais precoce, propiciando maiores produtividades com menor risco em plantios da segunda safra e “escape” da seca em regiões semiáridas”, diz Vasconcellos.

Soluções tecnológicas

Maria Marta Pastina relata que, ao longo da trajetória, do esforço atual e da visão de futuro da Unidade, a Embrapa Milho e Sorgo tem investido no desenvolvimento de soluções tecnológicas sustentáveis ​​para os reais desafios enfrentados pelo setor produtivo, ampliando oportunidades e mitigando riscos econômicos , sociais e ambientais. “Na agricultura familiar, por exemplo, o desenvolvimento da plantadeira de tração animal para o plantio consorciado de milho e feijão , em uma única operação, proporcionou um avanço eficaz nesse sistema de plantio. O lançamento da variedade de milho BR 106 deu aos produtores uma cultivar produtiva e competitiva com os materiais disponíveis no mercado”, comenta Vasconcellos.

Ele destaca que o lançamento do primeiro milho de proteína de alta qualidade, o BR 451 , destinado à alimentação humana e de animais monogástricos, revolucionou a estratégia de marketing então até utilizada, com a distribuição de milhares de pacotes dessas sementes em revistas agrícolas, atingindo tanto o público rural quanto o urbano.

O pioneirismo da Embrapa Milho e Sorgo no desenvolvimento de cultivares adaptadas aos solos ácidos revolucionou o mercado brasileiro de sementes. O híbrido duplo de milho BR 201 , por exemplo, abriu o caminho não só para o estabelecimento dessa cultura no Cerrado, mas também para o nascimento de uma “franquia vegetal”, a Embrapa/Unimilho, em que companhias privadas brasileiras produzem e comercializam como cultivares desenvolvidas pela Empresa pública.

Já nos anos 1990 , no Brasil, a produção agrícola encontrou no Centro-Oeste as condições ideais para seu crescimento. A Embrapa Milho e Sorgo continua a disponibilizar tecnologias exclusivas para todos os níveis de produtores. “Para a agricultura familiar, foi desenvolvida uma beneficiadora/classificadora portátil de sementes de milho, adaptada à pequena propriedade rural”, recorda Vasconcellos.

O pesquisador Paulo Evaristo Guimarães ressalta que “o programa de melhoramento de milho teve grande impulso com a colocação de cultivares para agricultores de todos os segmentos, desde a agricultura empresarial até a feita por pequenos produtores familiares, destacando-se os híbridos BRS 2022, BRS 1055, BRS 1060, BRS 3042 VTPRO2, BRS 3046 (milho-verde), BRS Vivi (milho-doce) e BRS 2107 e as variedades BRS Caimbé, BRS 4103 e BRS 4104 (milho pró-vitamina A), BRS 4105 e BRS 4107”.

Atualmente, são disponibilizadas sementes de híbridos e variedades de milho em parcerias com empresas privadas de forma ainda mais estratégica. As parcerias preconizam o posicionamento de cultivares, de acordo com a adaptação a regiões e épocas de cultivo, considerando características específicas e as vantagens competitivas de cada cultivar.

Barraginhas e lago de uso múltiplo

Entre as soluções tecnológicas destacam-se também as Barraginhas e o Lago de uso múltiplo . As Barraginhas são pequenas bacias escavadas no solo, construídas dispersas nas propriedades com a função de captar enxurradas, controlar as erosões e proporcionar a infiltração da água das chuvas no terreno.

Já o lago de uso múltiplo consiste em uma alternativa para armazenamento superficial de água em propriedades rurais, para utilização da água disponível na propriedade para diversas especificidades.

Sorgo e milheto

A Embrapa Milho e Sorgo tem trabalhado no desenvolvimento de sistemas de produção e de genética de alta performance para os cinco tipos diferentes de sorgo (granífero, forrageiro/silageiro, biomassa, sacarino e vassoura), e também para milheto, com foco em valor nutricional para alimentação humana e animal, bioenergia, resistências às principais previsões e doenças, resiliência frente às mudanças climáticas e maior eficiência na absorção de nutrientes.

A segunda safra, em sucessão à soja, iniciou-se com uso de sorgo granífero. Os primeiros híbridos de sorgo lançados pela Embrapa, BRS 300 e BRS 304, foram preponderantes para o avanço da agricultura no Cerrado. O programa de melhoramento do sorgo granífero da Embrapa teve início há 48 anos, sendo um dos principais fornecedores de material genético para o Brasil, com fornecimento contínuo de cultivares. Dentre elas, podem ser destacadas: BR 300, BR 304, BRS 307, BRS 308, BRS 309, BRS 310, BRS 330, BRS 332, BRS 373, BRS 380, BRS 3002 e BRS 3318.

O pesquisador Cícero Beserra de Menezes comenta que o programa já licenciou importantes cultivares de sorgo para silagem (BRS 601, BRS 610, BRS 655, BRS 658, BRS 659, BR 700, BRS 701 e Ponta Negra), além de sorgo de corte e pastejo (BR 800, BRS 801, BRS 802 e BRS 810).

Outra linha de pesquisa da Embrapa é a sorgo bioenergia, com alternativas dessa planta como fontes renováveis ​​de energia. A Embrapa lançou três variedades (BRS 508, BRS 509 e BRS 511) para produção de etanol e um híbrido (BRS 716) para a produção de biomassa. Para atender a agricultura familiar, a Embrapa lançou também o sorgo BRS 900, que é do tipo vassoura.

Em 2022, a Embrapa Milho e Sorgo lançou, em parceria com o setor produtivo, o Movimento + Sorgo, com o objetivo de expandir uma área de cultivo e ampliar o conhecimento dos produtores sobre o potencial da cultura do sorgo para o País.   “Atualmente, uma Unidade possui 61 contratos de licenciados de sementes de sorgo. Os sorgos BRS 373 (granífero) e BRS Ponta Negra (silageiro e palhada) estão entre os materiais mais plantados no mercado nacional. O objetivo do projeto é dar continuidade a essas parcerias, buscando sempre a melhoria dos processos para dar sustentabilidade ao agronegócio do sorgo”, diz Menezes.

Sorgo para alimentação humana

A Embrapa Milho e Sorgo é pioneira nas pesquisas que visam o uso do sorgo na alimentação humana no Brasil. A pesquisadora Valéria Queiroz comenta que, desde 2008, diversos estudos vêm sendo realizados pela Embrapa e por parceiros. “Nossas pesquisas comprovaram o potencial do sorgo como ingrediente para a produção de alimentos especiais (sem glúten, funcionais, “plant-based”, “eco-friendly”), por possuir propriedades nutricionais e antioxidantes às superiores materiais-primas disponíveis no mercado, podendo contribuir com a segurança alimentar e nutricional dos consumidores desses produtos”, diz Queiroz.

Genótipos de soro com altos teores de nutrientes e de compostos bioativos foram identificados, e suas ações na modulação de parâmetros relacionados à obesidade, inflamação, esteatose hepática, glicemia, disbiose intestinal e saciedade foram comprovadas em ensaios “in vivo”, com animais e humanos . “Além disso, foram desenvolvidos diversos produtos sem glúten à base de farinha de sorgo, como barra de cereais, pães, biscoitos, bolos, churros, cereais matinais, bebidas, entre outros, e complementos bons acessíveis sensoriais”, pontua Valéria Queiroz.

Milheto

O milheto ( Pennisetum glaucum ), em conjunto com o sorgo, compõe um mix de culturas trabalhadas na Embrapa Milho e Sorgo, além do milho. O pesquisador Flávio Tardin ressalta que o milheto é uma cultura definida atualmente no sistema “Climate-Smart-Agriculture”, conceito inserido no universo da agricultura digital como linha promissória e necessária para o futuro sustentável da agricultura. “O milheto é uma cultura importante para compor sistemas de produção mais resilientes, mitigando riscos inerentes à atividade agropecuária inseridos em contextos e cenários de mudanças climáticas, crescimento populacional, combate à pobreza e incertezas nutricionais”, explica Tardin.

O programa de melhoramento de milheto da Embrapa disponibiliza no mercado as cultivares BRS 1501, BRS 1502 e BRS 1503. “O BRS 1501, disponibilizado aos agricultores no ano de 1999, é, até hoje, uma variedade de milheto mais plantada no Brasil. Suas finalidades de uso abrangem desde a função de planta de forrageira para pastejo, silagem e cobertura do solo, até a produção de grãos. Os grãos são utilizados na produção de ração animal e na alimentação humana. Além disso, o milheto é considerado um cereal sem glúten”, diz Tardin.

Insumos biológicos e soluções biotecnológicas

Atualmente, como bioinseticidas e insetos benéficos, são exemplos de diferentes culturas agrícolas. Nos , foram desenvolvidos , para o controle dos principais insetos-praga em milho, soja e algodão:

A Embrapa tem uma grande experiência no desenvolvimento de deinoculantes solubilizadores de fosfatos e fixadores de nitrogênio. Em 2019, a Embrapa Milho e Sorgo, em parceria com a empresa Simbiose, lançou o BiomaPhos, o primeiro produto biológico registrado para a solubilização e disponibilização de fósforo para a cultura do milho. “Esse produto tem sido aplicado com sucesso em outras culturas, permitindo o aumento da produtividade e dos retornos econômicos, com maior sustentabilidade e preservação dos biomas brasileiros”, afirma Maria Marta Pastina.

Foto: Fernando Valicente

O programa de biotecnologia aplicada da Embrapa tem gerado eventos transgênicos e dominados por técnicas de edição gênica e predição genômica, associados à seleção assistida por marcadores e à tecnologia de duplo haploides. Em 2022 , a Embrapa Milho e Sorgo, em parceria com a empresa Helix Sementes, aprovou, na CTNBio, o BTMAX. Ele é o primeiro evento transônico desenvolvido por empresas nacionais, e apresenta alta eficácia contra a lagarta-do-cartucho, considerada a principal praga da cultura do milho. “O BTMAX está em fase pré-comercial, devendo ser disponibilizado para as produtores rurais do Brasil (e do mundo) nos próximos anos”, relata o pesquisador Lauro José Moreira Guimarães.

Sustentabilidade em sistemas de produção intensificados

A intensificação produtiva revela-se como um fator extremamente positivo, com forte “efeito poupa-terra” e impactos na sustentabilidade da produção agrícola e pecuária, uma vez que a produção pode ser aumentada por meio de incrementos em produtividade nas áreas já abertas, sem necessidade de expansão para novas áreas de cobertura vegetal nativa. “A Embrapa Milho e Sorgo vem contribuindo na geração de conhecimentos, práticas e tecnologias que impactam positivamente o modo de produção, intensificando o uso de áreas agrícolas, ao mesmo tempo que melhoram os indicadores de conservação de solos, de armazenamento de água e de captura de carbono nos sistemas produtivos”, ressalta o pesquisador Lauro Guimarães.

“Exemplos são as recomendações técnicas relacionadas à adubação de sistemas (e não mais de trabalhos específicos) e ao manejo mais adequado em sistemas de fertilidade construídos, associados a sistemas de plantio direto na palha. produção intensificados chamados de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, ou ILPF, e suas variações (ILP, ILF e IPF) e de sistemas de produção “carne de baixo carbono” e “carne carbono neutro””, cita Guimarães.

Um sistema de cultivo intensificado inédito e disruptivo foi lançado pela Embrapa Milho e Sorgo em 2020 – o Sistema Antecipe . Essa tecnologia permite a antecipação, em até 20 dias, do plantio de milho safrinha nas entrelinhas de soja. Além de favorecer o estabelecimento precoce da cultura do milho, o Antecipe promove a intensificação sustentável dos sistemas, trazendo a possibilidade de uma terceira safra em algumas regiões brasileiras.

A base desse sistema é a utilização de um maquinário, uma plantadeira desenvolvida e patenteada pela Embrapa, associada a conhecimentos relacionados aos estádios fenológicos das culturas da soja e do milho. Com o plantio antecipado, o milho de segunda safra tem acesso a maior quantidade de chuvas do que foi implantado após a colheita da soja (liberação completa da área), com conseqüente aumento na produtividade e na produção bruta de área.

Últimos lançamentos

No ano passado, a Embrapa Milho e Sorgo lançou o híbrido superprecoce de sorgo BRS 3318 , com alto potencial produtivo, alta sanidade foliar e baixo fator de reprodução de nematóides. Essa cultivar apresentou ótimo desempenho no Cerrado, especialmente na região Centro-Oeste, no Triângulo Mineiro e no Oeste Baiano, com produção de grãos acima de cinco toneladas por hectare.

Também foram lançadas as cultivares de milho BRS 4107 e BRS 2107 , voltadas para os segmentos de baixa e média tecnologia, que produzem em condições menos adequadas. Ambas são indicadas para todo o território brasileiro para plantio em safra ou safrinha. Outra novidade foi o milho híbrido XB 3042 VTPRO2 , transgênico que combina duas tecnologias importantes: tolerância a lagartas e resistência ao herbicida glifosato. Essa combinação de características torna uma cultivar altamente versátil, possibilitando seu uso em diversos ambientes de cultivo em todo o Brasil.

Embrapa 50 Anos

A Embrapa, que comemorou 50 anos em 2023, foi fundada em 26 de abril de 1973. A Empresa é vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e conta com uma rede de 43 Unidades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e de Negócios de Base Tecnológica para o desenvolvimento da agricultura brasileira.

As comemorações alusivas ao cinquentenário da Embrapa acontecem até o mês de abril de 2024. Para conhecer a história da empresa, acesse a Página Especial Aniversário 50 Anos Embrapa “Seu futuro inspira nossa ciência”.

Fonte: Assessoria Embrapa Milho e Sorgo

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Fotos: Shutterstock

Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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