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Pesquisa avalia principais desafios de produtores brasileiros com exportação
Até o dia 03 de setembro, pequenos, médios e grandes produtores rurais de todo o país e dos mais diversos segmentos poderão participar do levantamento.

Para dar voz e avaliar a maturidade dos produtores rurais e os principais problemas e dificuldades que enfrentam no processo de exportação de produtos agrícolas, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), em parceria com a Agroconsult, realiza a pesquisa nacional “Desafios à internacionalização do Agro Brasileiro”. A iniciativa busca mapear os principais gargalos existentes na estrutura produtiva e na política comercial brasileira que impedem ou dificultam a inserção do produtor rural do país às cadeias globais de valor. A pesquisa permitirá a compreensão dos problemas e servirá como orientação para propor ações que visem solucionar e facilitar a internacionalização do setor por meio da atuação do Sistema CNA/Senar junto ao setor privado e ao Governo Federal.
A pesquisa tem como público-alvo os pequenos, médios e grandes produtores rurais das 27 unidades da federação e dos mais diversos segmentos do agronegócio (agricultura, pecuária, silvicultura, apicultura, psicultura etc). “É importante a participação na pesquisa de produtores de diversos estados, culturas e experiências de exportação. Até mesmo quem não exporta deve responder à pesquisa porque esses produtores podem apontar questões estruturais que impedem ou dificultam a exportação”, explica Debora Simões, sócia da Agroconsult. Para participar, acesse: Desafios à Internacionalização do Agro Brasileiro | Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Responsável por 48% das exportações brasileiras e pelo superávit comercial do país, o agro ganha relevância no aspecto regional por sua representatividade na balança comercial de vários estados. Conforme levantamento da Agroconsult, 15 estados têm no agro a sua principal fonte de receita de exportação (participação das exportações agrícolas superior a 50% da pauta exportadora). Além do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com participação do agronegócio de 98% e 96%, respectivamente – juntos somam cerca de R$ 40 bilhões de produtos do agronegócio exportados em 2022 – Acre, Piauí, Rondônia e Tocantins tem quase a totalidade das vendas externas focadas no agro. Outros cinco estados – Goiás, Roraima, Alagoas, Paraná e Rio Grande do Sul – registraram participação acima de 70% das exportações de produtos do agronegócio em 2022 do total exportado por cada estado.
Nos últimos anos, o Brasil vem ampliando o número de parceiros comerciais e em 2022 os produtos agrícolas brasileiros desembarcaram em 220 países. Apesar da diversificação de destino, nossos três principais parceiros comerciais (China, Estados Unidos e Países Baixos) representam 41% das nossas exportações, sendo somente a China responsável por 34% do total dos embarques brasileiros. Analisando a pauta exportadora, observa-se também a grande participação de soja, milho, carne bovina, açúcar e café. Juntos, os cinco produtos representam 55% das exportações agrícolas.
O Índice de Diversificação Setorial (GSDI) brasileiro, mostra, que, de fato, a pauta de exportação do país é mais concentrada que a de outros países exportadores de produtos agrícolas – enquanto o indicador brasileiro é de 0,23, União Europeia, Estados Unidos e China detém um índice de 0,56 e 0,54 e 0,34, respectivamente (lembrando que, quanto mais próximo de 1 estiver o índice, mais diversificada é a pauta exportadora do país). “A liderança global que já atingimos em alguns produtos deve ser celebrada. Porém, a elevada concentração de produtos na pauta de exportação pode indicar dificuldades dos agricultores brasileiros em diversificar e agregar valor em especial aos produtos que não são as principais commodities, seja por questões internas – como logística e aspectos regulatórios e tributários – por barreiras e exigências impostas por outros países, falta de clareza e consistência nas ações de promoção comercial ou mesmo desconhecimento e dificuldades iniciais com relação aos processos para abrir mercados” afirma Débora.

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Alta umidade do solo cria ambiente favorável para desenvolvimento da safra verão
Volume acima da média favorece germinação e crescimento inicial, mas excesso hídrico aumenta risco fitossanitário em regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste; monitoramento permanece essencial.

Nos últimos dias, o volume de chuva acumulado ultrapassou 70 milímetros em grande parte das regiões produtoras da safra de verão. Em vários polos produtivos, os índices registrados ficaram entre 10% e mais de 200% acima da média histórica, indicando episódios de precipitação intensa, segundo o relatório técnico da EarthDaily. “Do ponto de vista agronômico, esse excesso hídrico favorece a fase inicial do ciclo das culturas, beneficiando germinação, estabelecimento das plantas e expansão vegetativa, além de reduzir riscos associados à semeadura tardia ou irregular. Porém, chuvas concentradas em determinadas áreas podem gerar encharcamento, atrasar operações de campo e elevar o risco fitossanitário em locais mais vulneráveis”, afirma Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily.
Apesar da elevação da umidade do solo, o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) permanece próximo da média histórica, porém com trajetória desfavorável, semelhante ao padrão observado na safra 2024. A recuperação hídrica recente deve apoiar o avanço do desenvolvimento das lavouras, mas ainda será necessário acompanhar a resposta do NDVI nas próximas semanas para confirmar se essa melhora se traduzirá em ganhos consistentes de vigor e condição produtiva ao longo do ciclo.
Em Goiás, o NDVI encontra-se no menor nível dos últimos cinco ciclos, porém permanece em patamar semelhante ao da safra 2020/21, que apresentou produtividade satisfatória. Esse fator reduz a preocupação no momento. O aumento recente da umidade do solo e a previsão de manutenção de níveis elevados no curto prazo podem favorecer a recuperação das lavouras de soja no estado.
No Mato Grosso do Sul, o NDVI está próximo da média, porém com dinâmica pouco favorável, também semelhante ao comportamento observado no ano ruim de 2024. Ainda assim, a umidade do solo registrou forte elevação nos últimos dias e deve permanecer alta no curto prazo, com as lavouras se recuperando, embora o excesso hídrico possa ampliar o risco fitossanitário.
Em Minas Gerais, o vigor da vegetação continua abaixo da média nas áreas de lavouras de verão. No entanto, a umidade do solo apresenta tendência de aumento e deve seguir nesse movimento no curto prazo, criando condições favoráveis para a recuperação das lavouras.
Atenção no Sul
Na região Norte do Paraná, as chuvas intensas registradas recentemente podem ter provocado efeitos adversos sobre as lavouras de verão, especialmente em solos mais suscetíveis ao encharcamento. Entre os principais riscos estão atrasos no desenvolvimento vegetativo e aumento da incidência de doenças associadas ao excesso de umidade. A previsão de continuidade de precipitações elevadas reforça a necessidade de monitoramento constante para identificação precoce de eventuais perdas e avaliação de impactos sobre o manejo e o cronograma das próximas fases do ciclo.
Após os episódios de chuva intensa observados nos últimos dias, as projeções dos modelos ECMWF e GFS indicam volumes reduzidos de precipitação no curto prazo no Rio Grande do Sul. Essa condição deve contribuir para a diminuição do risco de encharcamento do solo, favorecendo a recuperação das áreas afetadas e a normalização das operações de campo, especialmente nas regiões com maior saturação hídrica recente.
Os modelos ECMWF e GFS apontam precipitações acima da média para grande parte da zona produtora de soja no curto prazo, mantendo um cenário predominantemente úmido. No entanto, algumas áreas devem registrar volumes mais modestos, especialmente no extremo Sul e em porções do Norte da região sojicultora. Essa heterogeneidade pode resultar em condições contrastantes, com risco de excesso hídrico em algumas lavouras e manutenção de limitações pontuais em áreas menos favorecidas.
Entre 10 e 17 de dezembro, as projeções indicam manutenção de níveis elevados de umidade do solo na maior parte da área agrícola, com possibilidade de excedente hídrico, sobretudo entre Paraná e São Paulo. Nessas regiões, o risco agronômico está associado à saturação do solo, restrição do desenvolvimento radicular e maior suscetibilidade a doenças.
Em sentido oposto, o oeste da Bahia tende a apresentar redução da umidade no período, o que pode reintroduzir limitações hídricas pontuais em áreas onde o avanço vegetativo ainda depende de maior regularidade das chuvas para consolidação do potencial produtivo neste início de ciclo.
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USDA mantém projeção de esmagamento recorde de soja para 2025/26
Projeção segue em 69,5 milhões de toneladas enquanto Argentina reduz impostos sobre grãos e a União Europeia adia a entrada em vigor da lei antidesmatamento.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a projeção de esmagamento recorde de soja na safra 2025/26, estimada em 69,5 milhões de toneladas, mesmo diante da retração das margens de processamento observada nos últimos meses. A manutenção do volume reflete a expectativa de que a demanda siga sustentada, especialmente em função das políticas de combustíveis renováveis. Segundo o órgão, a definição das metas obrigatórias e das possíveis isenções deve ocorrer no início de 2026, fator que será determinante para o ritmo de consumo de óleo de soja no país.

Foto: Divulgação/OP Rural
Na América do Sul, o governo da Argentina anunciou a redução permanente das alíquotas de exportação para grãos e derivados, em uma tentativa de aliviar a carga tributária sobre o setor agropecuário. A taxa aplicada à soja foi reduzida de 26% para 24%, enquanto os subprodutos tiveram corte de 24,5% para 22,5%. Para trigo e cevada, a alíquota caiu de 9,5% para 7,5%; milho e sorgo passaram de 9,5% para 8,5%; e o girassol, de 5,5% para 4,5%. De acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo, a medida busca reforçar a competitividade da agroindústria argentina, responsável por cerca de 60% das exportações do país.
Na Europa, o Conselho Europeu e o Parlamento chegaram a um acordo provisório para adiar em um ano a entrada em vigor da Lei Antidesmatamento (EUDR). A proposta ainda precisa ser votada, com previsão entre os dias 15 e 18 de dezembro. Caso seja aprovada, grandes operadores terão prazo até 30 de dezembro de 2026 para se adequar às exigências, enquanto pequenos operadores — incluindo pessoas físicas e micro ou pequenas empresas — terão até 30 de junho de 2027.
A EUDR proíbe a comercialização, no mercado europeu, de produtos ligados às cadeias de cacau, café, óleo de palma, soja, madeira, borracha e pecuária oriundos de áreas desmatadas após 30 de dezembro de 2020. O regulamento exige ainda que importadores garantam a rastreabilidade das mercadorias, com o objetivo de assegurar que o consumo europeu não esteja associado a novos desmatamentos.
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Corte de incentivos acende alerta no campo e pressiona custos da produção
Redução de benefícios tributários pode elevar impostos sobre insumos e alimentos em meio a perdas climáticas e alto endividamento dos produtores.

O Sistema Faep vê com preocupação a aprovação do PLP 128/2025, pelo Congresso Nacional, que promove a redução mínima de 10% dos benefícios federais de natureza tributária, financeira e creditícia. A diminuição prevista se refere aos incentivos e benefícios que já incidem sobre os seguintes tributos federais: PIS/Pasep; PIS/Pasep-Importação; Cofins; Cofins-Importação; IPI; IRPJ; CSLL; imposto de importação; e contribuição previdenciária do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada.
“Esses benefícios são importantes para a gestão no meio rural, com impacto significativo nas contas do produtor rural. Num momento complicado como o atual, onde as intempéries climáticas têm gerado perdas no campo e o endividamento do setor está alto, não podemos aceitar uma medida como essa”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette. “Vamos continuar trabalhando para tentar reverter essa decisão ou, ao menos, procurar uma saída que possa compensar a redução”, complementa.
O projeto prevê redução em 10% dos benefícios tributários, impactando a produção, com aumento da alíquota do PIS/Cofins sobre insumos, e a venda de produtos agropecuários (corte do crédito presumido). Ainda, a medida reduz o crédito presumido da indústria de alimentos e rações e o lucro presumido.
“É preciso que os setores produtivos sejam ouvidos. A agropecuária, principal pilar da economia do país, será severamente atingida com essa medida, pois vai penalizar quem produz, desestimular o investimento, comprometer a competitividade e colocar ainda mais pressão de custos sobre a produção de alimentos”, afirma Meneguette.



