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Pesquisa apresenta atual perfil do agricultor brasileiro
Dados mostram que profissionais atuantes no campo tendem a se atualizar quanto ao uso das novas tecnologias no setor, principalmente entre os mais jovens e mais escolarizados.

A pesquisa sobre “Inovação no agronegócio e a qualificação do produtor brasileiro na era digital” apresentou um panorama atual do agronegócio em relação aos desafios e oportunidades, mostrando o perfil do agricultor brasileiro, além de identificar as percepções de quem trabalha diretamente na aplicação das tecnologias de proteção de cultivos em relação às abordagens de treinamentos.
O estudo revelou que o setor agrícola está inserido em um contexto de grandes desafios, que impulsionam transformações no seu modelo de negócio. Sem dúvida, o avanço nessa jornada vai exigir, cada vez mais, acesso à inovação. Se hoje ela já é uma grande aliada do agronegócio, em breve, a inovação deverá ser ainda mais inclusiva. Por isso, é tão importante entender como o agricultor brasileiro – grande agente desse processo no campo, está se preparando.
Os dados coletados ajudaram a traçar um perfil do agricultor brasileiro nos tempos atuais. A geração responsável pela expansão das fronteiras agrícolas nos anos 70 e 80 também preparou seus sucessores. Com uma formação escolar mais completa, um olhar mais técnico para o negócio e uma grande abertura para o uso de tecnologia, a nova geração vem assumindo protagonismo em uma agricultura que precisa se manter competitiva, enfrentando desafios mais complexos decorrentes dos impactos das mudanças climáticas e das exigências regulatórias.
Na faixa etária entre 25 e 44 anos, correspondente a 58% dos pesquisados, foi constatado que 95% deles têm maior familiaridade em relação ao uso da internet na busca por informações sobre o clima, técnicas ou cotações, enquanto esse percentual cai para 60% entre aqueles acima de 55 anos. Em ambos os casos, o principal acesso se dá pelo uso de smartphones (38,5%).
Tecnologias agrícolas
O aproveitamento dos benefícios das tecnologias agrícolas depende diretamente de seu entendimento e correta utilização, fatores que constituem grandes desafios aos desenvolvedores de tecnologias, ao governo e ao próprio agricultor e que demanda, cada vez mais, maior escolaridade e qualificação dos trabalhadores rurais. Em conformidade com esse cenário, o estudo revela uma proporção maior de produtores jovens com níveis médio e superior de escolaridade, equivalente hoje a 30,1% contra 23,6% em 2016.
Dificuldades
Por outro lado, os mesmos agricultores consultados apontaram dificuldades para avançar na modernização do campo, em decorrência dos custos das máquinas, equipamentos e tecnologias (67%), da contratação de serviços especializados (44%) ou da falta de conhecimento sobre como manuseá-los (41%), entre outras.
Sucessão familiar
No que diz respeito à continuidade do negócio, 60% dos agricultores pesquisados acreditam que seus herdeiros têm interesse em permanecer na atividade agrícola, principalmente em propriedades de maior porte, enquanto nas menores esse número cai para apenas 36%.
Ainda assim, o estudo mostra que o Brasil se encontra em vantagem competitiva, uma vez que o interesse pelo campo entre os mais jovens é maior do que, por exemplo, na Austrália e nos Estados Unidos, dois países reconhecidos por serem grandes centros de produção agrícola.
Sofisticação do manejo das lavouras
O aprimoramento das práticas de manejo nas lavouras, com a integração de novas ferramentas de proteção de plantas, como defensivos biológicos e biotecnologias, bem como o uso de drones e a identificação de pragas a partir de recursos digitais, exigem conhecimentos distintos e atualização sistemática por parte dos agricultores.
Os resultados da pesquisa trazem informações sobre a percepção dos produtores rurais quanto aos treinamentos no setor que poderão contribuir no delineamento de programas educacionais mais efetivos.
A pesquisa também mostrou uma tendência de crescimento no uso de produtos biológicos (57,9%) com o passar dos anos, de forma isolada ou em associação com os defensivos químicos, que são utilizados pela maioria (97,7%). Isso reflete uma busca por alternativas de baixa toxicidade, em atendimento às exigências dos consumidores, cada vez mais interessados no consumo sustentável.
O uso correto de defensivos agrícolas, sejam eles biológicos ou químicos depende de conhecimento e aprendizado das práticas de manuseio por parte dos agricultores. A pesquisa mostrou que o grau de escolaridade e acesso a treinamentos varia de acordo com as regiões de predomínio de determinados cultivos agrícolas.
A percepção da efetividade dos treinamentos, na opinião dos entrevistados, ocorre predominantemente a partir da possibilidade de resolver problemas do dia a dia (38%) e da melhora no desempenho das funções exercidas por esses profissionais (28%). Dado que a maioria dos produtores rurais tem familiaridade com a internet (99%), o estudo enfatiza que é possível explorar o aprendizado contínuo como forma eficiente de manter os conteúdos sempre ao alcance e facilmente aplicáveis ao dia a dia dos trabalhadores rurais.
A pesquisa foi desenvolvida pela EY em parceria com a CropLife Brasil e conduzida em campo pela Fruto Agrointeligência, que ouviu 384 produtores.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



