Peixes
Perspectivas e utilização de aditivos no mercado de nutrição aqua
Crescimento expressivo da produção de peixes, especialmente tilápia, e aumento das exportações impulsionam a demanda por aditivos nutricionais e soluções sustentáveis que garantam saúde, desempenho e eficiência nos sistemas de cultivo intensivo.


Foto: Divulgação/De Heus
Artigo escrito por Gustavo Julio, supervisor Técnico Comercial Aqua De Heus Brasil Nutrição Animal
Nas últimas décadas, a aquicultura tem se consolidado como uma das atividades mais dinâmicas e estratégicas do setor agroalimentar global. Impulsionada pelo crescimento populacional, pela crescente demanda por proteínas de alta qualidade e pela limitação dos estoques pesqueiros naturais, a produção aquícola vem registrando avanços significativos em escala mundial. Segundo dados da FAO, mais de 50% do pescado consumido globalmente já é proveniente da aquicultura, evidenciando sua importância crescente na segurança alimentar e no desenvolvimento econômico sustentável.
Além de atender ao mercado de consumo humano, a aquicultura também se expande em segmentos como a produção de ingredientes para rações, bioativos, cosméticos e farmacêuticos, ampliando seu impacto em diversas cadeias produtivas. Tecnologias inovadoras, como sistemas de recirculação de água (RAS), genética aplicada e nutrição de precisão, têm contribuído para ganhos de eficiência, sustentabilidade e qualidade dos produtos.
No Brasil, o setor também apresenta crescimento expressivo. Em 2024, a produção nacional de peixes atingiu 968.745 toneladas, um aumento de 9,2% em relação ao ano anterior – o maior crescimento já registrado desde o início do monitoramento. A tilápia segue como a espécie mais cultivada, representando 68,3% da produção total, com 662.230 toneladas.
Esse aumento na produção, influenciou a exportação de pescado que em 2024 alcançou a marca histórica de mais de 12 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 193 milhões, um aumento de 160% em comparação a 2023.
Um dos maiores responsáveis por esse crescimento foi o estado do Paraná, que lidera a produção nacional fechando 2024 com 250.315 toneladas de pescado produzidas. A produção em águas da União também se destacou, alcançando 111.592 toneladas, refletindo o avanço da regularização da atividade e o uso sustentável desses espaços, evidenciando a importância da cadeia aquícola na produção de proteína animal.
Nutrição
Esse cenário de expansão abre oportunidades significativas para empresas envolvidas na cadeia de suprimentos, especialmente no fornecimento de matérias-primas, insumos nutricionais e soluções técnicas voltadas para o desempenho zootécnico e saúde dos organismos aquáticos. Nos cultivos intensivos e superintensivos a nutrição é um fator primordial para que o produtor consiga obter os resultados positivos esperados. A cobrança por uma produção sustentável é cada vez mais recorrente. Dessa forma, o manejo a genética e a nutrição devem caminhar e evoluir juntos de maneira constante para que os resultados a campo alcancem níveis de excelência.
É com esse objetivo que a implementação de aditivos na nutrição aquícola vem ganhando cada vez mais importância. Como foi dito anteriormente, o crescimento constante da produção aquícola já é uma realidade, e as perspectivas futuras corroboram com os dados divulgados pela FAO.
Aditivos nutricionais
A utilização de aditivos nutricionais em rações para peixes é uma estratégia fundamental para garantir a saúde, o desempenho produtivo e a sustentabilidade da aquicultura moderna. Esses compostos, adicionados em pequenas quantidades às dietas, exercem funções específicas que vão muito além da simples nutrição básica.
Os prebióticos, probióticos e imunomoduladores têm papel fundamental na regulação da microbiota intestinal e no fortalecimento do sistema imunológico dos peixes, auxiliando na prevenção de doenças, especialmente nos sistemas de cultivo intensivo, onde os animais são confinados em altas densidades.
Vitaminas que possuem função antioxidante também são comumente utilizadas nas formulações. As vitaminas C e E protegem os tecidos contra o estresse oxidativo, promovendo maior resistência a agentes patogênicos.

Sabemos que a ração é responsável por mais de 60% do custo de produção, e muitas das vezes esse fator leva alguns produtores optem por baratear os custos escolhendo rações de baixa qualidade, que possuem fontes de proteína de baixa digestibilidade e não fornecem aos animais os nutrientes necessários para seu crescimento conforme o esperado. Em situações como essa, a inclusão de enzimas digestivas pode ser a saída para auxiliar na melhoria da digestibilidade, aumentando a eficiência na absorção de nutrientes. Outros aditivos comumente utilizados são os ácidos e minerais orgânicos, além dos aminoácidos sintéticos cujo objetivo é corrigir deficiências em formulações baseadas em ingredientes vegetais, promovendo melhor conversão alimentar e ganho de peso.
Todos esses benefícios ligados à adição de aditivos na dieta contribuem diretamente para um cultivo mais sustentável, reduzindo a excreção de nutrientes como nitrogênio e fósforo, que são os principais responsáveis pela eutrofização de corpos hídricos. Isso é especialmente relevante em sistemas de recirculação ou tanques com altas densidades, onde o controle da qualidade da água é de suma importância e faz total diferença.
Demanda por soluções inovadoras é evidente
O crescimento acelerado da aquicultura no Brasil e no mundo abre uma janela estratégica para empresas que atuam na cadeia de suprimentos, especialmente no segmento de nutrição animal. A demanda por soluções inovadoras, sustentáveis e de alto desempenho nunca foi tão evidente, e os aditivos nutricionais estão no centro dessa transformação. Com foco em saúde, produtividade e sustentabilidade, esses ingredientes agregam valor às formulações e ajudam os produtores a superar desafios técnicos e econômicos, especialmente em sistemas intensivos.

A tendência de mercado aponta para produtos naturais, como os óleos essenciais que combinam eficácia zootécnica com apelo ambiental e comercial. Empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e oferta de blends personalizados têm a oportunidade de se posicionar como parceiras estratégicas dos produtores, contribuindo diretamente para uma aquicultura mais eficiente, rentável e alinhada às exigências do consumidor moderno.
O Brasil já é destaque global na produção de tilápia, e com o suporte de tecnologias nutricionais de ponta, tem tudo para liderar esse mercado nos próximos anos. Para quem atua nesse setor, o momento é agora: inovar, investir e crescer junto com a aquicultura brasileira.
O acesso é gratuito e a edição pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Boa leitura!

Peixes
Classificada como invasora, tilápia segue sem definição regulatória até 2026
Maior produto da aquicultura nacional vive incerteza dupla: debate ambiental sem solução e manutenção das tarifas americanas que travam embarques para o principal mercado do país.

A indefinição sobre o futuro regulatório da tilápia no Brasil deve se prolongar até o início de 2026. A estimativa é do ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, que tenta costurar um acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) após a inclusão em outubro da espécie na Lista Nacional Oficial de Espécies Exóticas Invasoras, decisão tomada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio).

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O gesto técnico do Conabio acendeu um sinal amarelo em uma cadeia produtiva que movimenta bilhões, responde por quase 70% da piscicultura brasileira e sustenta milhares de empregos. Ainda que a lista não determine proibição de cultivo, o temor de insegurança jurídica se espalhou entre produtores, empresas e governos estaduais.
De Paula reconhece o peso da inquietação. “Estamos dialogando com outros integrantes do Conabio e tenho uma expectativa positiva, porque essa discussão precisa considerar aspectos econômicos e sociais. Estamos no final do ano e, pessoalmente, não acredito que essa decisão saia agora. Mas, no início do próximo ano, devemos encaminhar uma solução”, afirmou.
A fala reforça o que o setor já percebia nos bastidores: a solução não virá em 2025.
Classificação da tilápia
A classificação da tilápia como exótica e invasora envolve critérios técnicos. O peixe não é nativo do Brasil, tem origem na bacia do rio Nilo, na África, e vem sendo registrado em cursos d’água fora das áreas de cultivo, o que, segundo o MMA, pode comprometer ecossistemas locais. O status, no entanto, não implica automaticamente restrição de uso, mas abre debate sobre regras futuras.
Enquanto o governo discute diretrizes ambientais, os números mostram o tamanho da engrenagem em jogo. A piscicultura brasileira

Foto: Shutterstock
cresceu 10% em 2024, chegando a 725 mil toneladas. Quase 500 mil toneladas são de tilápia, o equivalente a 69% de toda a produção nacional. “A tilápia é hoje o carro-chefe das nossas exportações e uma atividade presente em praticamente todo o país. Também há um ponto relevante de segurança jurídica, já que muitos empresários investiram acreditando na continuidade dessa atividade, e uma mudança abrupta gera preocupação”, disse o ministro.
Tarifaço
O cenário externo adiciona mais pressão. O ministro afirma que o governo brasileiro segue negociando com a nova gestão de Donald Trump o fim das tarifas aplicadas aos pescados brasileiros. As sobretaxas foram impostas em agosto e atingiram em cheio o fluxo de exportações.
Na última quinta-feira (20), Trump assinou uma ordem executiva suspendendo as tarifas de mais de 200 produtos brasileiros, mas a tilápia segue de fora deste corte. Segundo a Casa Branca, a medida busca aliviar a inflação de alimentos nos EUA. “Para o nosso setor ainda não há uma notícia a ser celebrada, mas mantemos uma expectativa positiva de que isso seja possível”, afirmou De Paula.

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Os números corroboram a apreensão. Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) mostram que 58 contêineres, equivalentes a 1.160 toneladas, perderam compradores e devem retornar ao Brasil. Os Estados Unidos são destino de 70% das exportações brasileiras de pescado, e a tilápia responde por 90% do volume enviado. “As tarifas reduziram nossas exportações em, em média, 50%. Esperamos que os Estados Unidos suspendam as tarifas sobre peixes de cultivo, mas ainda não temos visibilidade sobre quando isso ocorrerá”, afirma Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR.
Um setor entre dois impasses
Com o embate ambiental ainda sem solução e o mercado externo parcialmente bloqueado, a tilapicultura vive um momento de incerteza raro para uma cadeia produtiva que vinha crescendo em ritmo acelerado.
Peixes No Rio Grande do Sul
Festival da Tilápia reforça identidade gastronômica de Ubiretama
2º Festival da Tilápia será realizado no dia 13 de dezembro, com entrada gratuita, atrações culturais e pratos típicos.

O município de Ubiretama (RS) se prepara para a segunda edição do Festival da Tilápia, marcado para o dia 13 de dezembro, com entrada gratuita. A proposta é reunir moradores, produtores e visitantes em um dia dedicado à gastronomia, ao lazer e às tradições locais.
Com uma programação diversificada, o Festival reforça o papel da tilápia e destaca o avanço da produção local. A iniciativa foi criada para valorizar a cadeia produtiva, fortalecer a economia do município e incentivar o consumo da culinária típica, especialmente dos pratos à base de peixe.
Além da gastronomia, o evento oferece atrações culturais, atividades para todas as idades e espaços de convivência, consolidando-se como um ponto de encontro da comunidade.
A expectativa dos organizadores é que a segunda edição supere o público do ano anterior, reforçando o festival como uma das principais celebrações gastronômicas de Ubiretama.
Peixes
Ministério da Pesca suspende 35,7 mil licenças profissionais por indício de fraude
Profissionais têm 30 dias para recorrer da decisão, que entra em vigor em 1º de dezembro de 2025, por meio do protocolo digital do MPA.

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) publicou a Portaria MPA nº 582/2025, que suspende as Licenças de pescadores e pescadoras profissionais, de acordo com o art. 25, caput, inciso III, da Portaria MPA nº 127/2023.
Assim, ficam suspensas 35.750 (trinta e cinco mil, setecentos e cinquenta) Licenças inscritas no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), por indício de fraude. Essa suspensão implica a perda de direitos vinculados à inscrição no RGP e à Licença na categoria profissional.
Os(as) profissionais poderão interpor recurso administrativo no prazo de até 30 (trinta) dias corridos contados a partir da data de vigência da Portaria MPA nº 582/2025, que entra em vigor no dia 1 de dezembro de 2025.
O recurso deve ser protocolado por meio do protocolo digital disponível clicando aqui.
Deve-se anexar, obrigatoriamente, o Formulário de Requerimento disposto no Anexo I ou II da Portaria.
Clique aqui e acesse a Portaria MPA nº 582/2025 e a Lista de Licenças suspensas.



