Colunistas Agronegócio brasileiro
Perdas de nitrogênio e a complementação de fertilidade nas culturas de milho e soja
Quando há complementação de fertilidade é possível garantir uma produtividade até superior se comparada às demais lavouras com a mesma cultura em sua volta, pois a tecnologia evita falta de nitrogênio e a planta absorve o elemento de forma escalonada.
Notadamente, o agronegócio brasileiro vive um divisor de águas, diante da dificuldade na obtenção de fertilizantes e demais produtos para a produção agrícola, com alta nos custos de produção, nas últimas safras, pela crise sanitária da Covid-19, quadro agravado com a guerra na Ucrânia, causando temor de desabastecimento de fertilizantes no mundo e contribuindo para elevar ainda mais a apreensão no setor agrícola.
Interessante ressaltar, nesse contexto, que esse quadro levou à uma corrida pelo desenvolvimento de novas tecnologias na tentativa de reduzir a dependência externa de fertilizantes, que em sua maior parte provém do Leste Europeu, de onde procede praticamente toda a matéria-prima para as lavouras brasileiras, como herbicidas, inseticidas e fungicidas, dentre outros.
Ao acompanhar o desenvolvimento da cultura de soja, safra 2021/2022, nos municípios de Guarantã do Norte e Novo Mundo, no norte do Estado de Mato Grosso, na mesma região do eixo da BR-163, constatou-se a real urgência de novas tecnologias para fortalecer o agronegócio, especialmente quanto à fertilidade do solo e à sanidade das plantas.
E como consequência desse cenário desafiador ao produtor de grãos do Brasil, surge um quadro muito promissor para quem tem opções que atendam as necessidades de fertilidade e nutrição das plantas, sendo que em Guarantã do Norte e Novo Mundo, por exemplo, foi possível constatar, também em várias lavouras de milho na safrinha 2022, uma deficiência de nitrogênio, elemento fundamental para a produção do grão.
Apesar da dificuldade de obtenção de fertilizantes, alguns produtores resolveram plantar a safrinha de milho em sua melhor janela, que são os meses de janeiro e fevereiro, e nessas lavouras se constatou a necessidade de nitrogênio, haja vista que houve muita chuva na região no início deste ano, decorrentes do prolongamento do fenômeno La Niña.
Falta de nitrogênio nas lavouras
Como se sabe, o nitrogênio, no caso da ureia 46%, é um elemento muito volátil que chega, em certos casos, à uma volatilização de mais de 80% no campo, especialmente em casos de intempéries e altas temperaturas, combinadas com outros fatores e, logo, as lavouras de milho plantadas com antecedência acabaram tendo uma falta de nitrogênio, algo que se deu não pela falta da dispensação adequada desse elemento nas lavouras, mas devido aos fatores mencionados, chuva em excesso e altas temperaturas. Com isso, acabou-se perdendo esse nutriente, antes que a planta tivesse a absorção necessária do elemento.
Além da temperatura, outros fatores que também influenciam diretamente na volatilização da ureia 46% a campo são o pH, a umidade e a quantidade de resíduos orgânicos na superfície do solo, elementos que têm influência direto na atividade da urease. Após a aplicação de ureia, ocorre a formação de carbonato de amônio durante a sua hidrólise, em um processo rápido nos solos – três a sete dias após a aplicação da ureia -, o que envolve o consumo de prótons, aumentando o pH do solo ao redor do grânulo do fertilizante, proporcionando perdas por volatilização, independente do pH original do solo.
Aplicação de nitrogênio
Para mensurar a quantidade de nitrogênio a ser aplicada é preciso se levar em conta ao menos dois fatores: a produtividade esperada de grãos e a cultura anterior presente na área. Esses dois parâmetros servem para estimar a quantidade de nitrogênio já disponível no solo, pois plantas leguminosas como a soja, podem deixar cerca de 15 kg de nitrogênio por tonelada de grãos produzidos.
De tal modo que é por demais importante conhecer alguns pontos como, por exemplo, o histórico da área; a quantidade de matéria orgânica do solo; a fonte de nitrogênio; as condições edafoclimáticas (ou seja, tempo, clima, tipo de solo etc.); o sistema de cultivo (plantio direto e convencional); se o milho é de primeira ou segunda safra e, por fim o material genético utilizado. E caso o produtor conheça mesmo a sua área e faça o planejamento correto da adubação, ele consegue evitar essa deficiência de nitrogênio no milho.
Fora essa preocupação com a possibilidade de enfrentar a falta de um elemento tão importante para o desenvolvimento da cultura, como é o Nitrogênio, o produtor ainda se depara com a questão da Complementação de Fertilidade, um dos fatores igualmente determinante para os melhores resultados na lavoura.
Complementação de fertilidade nas lavouras
Em se tratando de complementação de fertilidade nas lavouras, seja de milho, de soja ou de qualquer outra cultura, a inovação e adoção de novas tecnologias já está trazendo excelentes resultados, que puderem ser constatados por produtores de Guarantã do Norte e Novo Mundo, justamente por terem optado por trabalhar com inovações no agro em termos de complementação de fertilidade, com a adoção de um composto nutricional que é dotado de muita tecnologia aplicada, incluindo nanotecnologia e produtos biodegradáveis, como enzimas de alta assimilação que não agridem o meio ambiente e ajudam a trabalhar os microrganismos presentes no solo.
Os que optaram pela complementação de fertilidade em suas lavouras, e substituíram 50% de sua cobertura de nitrogênio por um complemento de fertilidade líquida via foliar, obtiveram produtividades superiores aos demais da mesma região, e não sentiram falta de nitrogênio em suas lavouras. A planta acabou absorvendo o elemento de forma escalonada, de acordo com sua necessidade nutricional, e a cultura obteve um melhor desenvolvimento, não ocasionando o chamado “efeito chupeta” nas espigas de milho, evitando-se com isso a má formação de sua ponteira. Em muitos casos, isso tem uma representação expressiva na produtividade do milho, podendo provocar perdas de mais de 30% na produtividade, se não for suprida a necessidade do nitrogênio.
Em resumo, o nitrogênio é fundamental no metabolismo das plantas, pois faz parte da formação da clorofila, que é um componente essencial para a fotossíntese, com participação estrutural e funcional nas células, sendo um componente de vitaminas, carboidratos, enzimas, aminoácidos e proteínas. Sua falta influi no desenvolvimento das culturas e representa prejuízos ao produtor.
Por isso, quando há complementação de fertilidade é possível garantir uma produtividade até superior se comparada às demais lavouras com a mesma cultura em sua volta, pois a tecnologia evita falta de nitrogênio e a planta absorve o elemento de forma escalonada. Ou seja, a inovação traz benefícios financeiros ao produtor, sendo uma alternativa menos onerosa e mais vantajosa ao diminuir o custo com fertilidade e até mesmo o custo operacional da lavoura, pois pode ser alocada em suas aplicações de pulverização.
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As cooperativas e as eleições
Os cidadãos em geral e os cooperativistas em particular estão e sempre estiveram comprometidos com a construção de uma sociedade justa e fraterna, fundada no pluralismo político e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa econômica.
A União Federal, os Estados e os Municípios são os entes federativos que a Carta Magna estabeleceu. Na realidade, entretanto, a vida ocorre concretamente nos Municípios. Por isso, as eleições municipais para a escolha dos dirigentes (prefeitos e vice-prefeitos) e legisladores (vereadores) são de grande importância para o futuro das comunidades locais. Inspirada por essa constatação, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) reforça para que todos os cidadãos e cooperativistas catarinenses exerçam o direito-dever do voto neste domingo (6 de outubro).
Os cidadãos em geral e os cooperativistas em particular estão e sempre estiveram comprometidos com a construção de uma sociedade justa e fraterna, fundada no pluralismo político e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa econômica. Por isso, os eleitores devem procurar conhecer as prioridades, os projetos, as ideias e os postulados que cada candidato defende – bem como sua vida pregressa – para, assim, exercer de modo consciente o voto.
As cooperativas são um exemplo de modelo social porque, em sua natureza, defendem o pluralismo e a liberdade de manifestação de todas as correntes do pensamento.
Além do engajamento cívico dos cooperativistas, é essencial desaconselhar o voto nulo e o voto em branco. É frequente, na sociedade contemporânea, certa predisposição pelo voto branco ou nulo, resultado da apatia e do descontentamento com a classe política. Mas, é preciso lembrar que o voto é o mais legítimo e eficaz instrumento para mudanças e transformações. Por outro lado, é essencial superar a “cultura do esquecimento” e acompanhar as ações dos candidatos, depois de eleitos.
Um aspecto curioso é a ausência do tema “cooperativismo” na pauta das prioridades dos candidatos às eleições municipais. As cooperativas vêm prestando extraordinária cooperação para a dinamização das economias locais/regionais. Além disso, colaboram com o Poder Público e, em especial, com as Administrações Municipais, sejam em campanhas de interesse público ou em ações voltadas para a solução de graves problemas da coletividade.
Em suma, o cooperativismo pode oferecer grande contribuição ao desenvolvimento dos Municípios, pois todos os ramos do cooperativismo têm compromisso com geração de empregos, recolhimento de impostos, crescimento e atendimento às expectativas de seus membros e atenção com as questões que preocupam a sociedade. O modelo do cooperativismo se funde com os interesses da coletividade.
Os 4,2 milhões de catarinenses associados às cooperativas constituem uma força social e econômica formidável cuja participação no processo eleitoral pode ser determinante. Esse imenso capital humano com certeza escolherá candidatos com visão e coragem, sensatez e senso crítico para propor o que é possível, viável e necessário.
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Saiba quais são as consequências para o agro com a reforma tributária
O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado.
A regulamentação da reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional tem sido alvo de intensos debates, especialmente no que tange aos reflexos para o agronegócio, um setor vital para a economia brasileira. É crucial analisar as possíveis mudanças e seus impactos à luz dos textos propostos, também com foco nas alíquotas e na estrutura tributária. Embora a reforma tenha como objetivo simplificar o sistema de impostos sobre consumo, as consequências para o agronegócio podem ser severas.
Atualmente, o agronegócio desfruta de uma situação diferenciada no sistema tributário brasileiro. Muitos dos tributos que incidem sobre o setor, como IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS, têm alíquotas reduzidas ou até mesmo zeradas. Além disso, o setor ainda conta com a possibilidade de recuperar créditos tributários em espécie ou compensá-los com outros tributos. No entanto, com a substituição desses impostos pelos novos tributos IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), além do imposto seletivo, as alíquotas tendem a aumentar significativamente.
O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado. O pedido do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a alíquota em mais 1,47%, que pode levar o percentual total para 28%, coloca o Brasil no patamar das maiores alíquotas de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) do mundo, comparável à Hungria.
Por outro lado, a dita simplificação tributária está cada vez mais distante, com uma série de regras específicas, e a concomitância de 2 sistemas distintos, encarecendo ainda mais o staff do empresário que já usa muitas horas para apuração de seus tributos.
Esse aumento pode impactar negativamente a competitividade do agronegócio brasileiro. O setor já enfrenta desafios significativos, como altos custos logísticos e trabalhistas, que são alguns dos mais elevados globalmente. A carga tributária mjorada poderá inviabilizar a capacidade do agro em competir no mercado internacional, especialmente em um cenário onde outros países, como Estados Unidos, França e Suíça, oferecem subsídios substanciais para seus produtores.
Outro ponto que merece atenção é o impacto sobre os pequenos produtores. A reforma prevê que produtores que faturam até R$ 3,6 milhões anuais precisarão se tornar pessoas jurídicas para ter acesso ao crédito presumido, essencial para manter a competitividade. Isso pode criar barreiras adicionais, dificultando a sobrevivência desses pequenos produtores no mercado e, por consequência, prejudicando toda a cadeia produtiva do agro.
Além disso, a dívida tributária já existente no Brasil, que ultrapassa R$ 12,5 trilhões, evidencia um sistema falido. O aumento da carga tributária pode agravar ainda mais essa situação, tornando o cumprimento das obrigações fiscais ainda mais difícil para os empresários honestos que já lutam para se manter em dia com o fisco.
A velocidade com que a reforma está sendo aprovada também é motivo de preocupação. A Câmara dos Deputados aprovou o texto em tempo recorde, sem a devida discussão e análise aprofundada das centenas de emendas apresentadas. Agora, cabe ao Senado examinar com mais calma e atenção, evitando que decisões precipitadas prejudiquem ainda mais o setor agropecuário.
A Frente Parlamentar, as entidades representativas do agronegócio, os agricultores precisam se mobilizar intensamente para que sejam apresentadas soluções ao texto com objetivo de mitigar os impactos negativos da reforma. Embora o pior cenário já esteja delineado, ainda há espaço para ajustes que possam preservar a competitividade do agro e, por extensão, a estabilidade econômica do país.
Em suma, a reforma tributária em discussão tem potencial para trazer mudanças profundas para o Brasil, mas é preciso cautela para evitar que o agronegócio, responsável por uma fatia significativa do PIB e do saldo positivo da balança comercial brasileira, sofra prejuízos irreparáveis.
A sociedade deve estar ciente de que as decisões tomadas agora poderão afetar o país por décadas, e é necessário um esforço conjunto para garantir que o novo sistema tributário seja justo e eficiente, sem sacrificar um dos setores mais importantes da nossa economia.
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Espinha dorsal
Na condição de espinha dorsal do sistema rodoviário catarinense, a BR-282 é essencial para o escoamento da vasta produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo.
As deficiências de infraestrutura são os principais problemas enfrentados pela economia catarinense em geral e pelo agronegócio, em particular, para manter a competitividade. É o principal fator – “da porteira para fora” – a interferir no desempenho das cadeias produtivas da agricultura e da pecuária barriga-verde. As más condições das rodovias federais, estaduais e vicinais têm capacidade de anular os ganhos do produtor rural.
Na contextura catarinense, a rodovia federal BR-282 configura-se como a espinha dorsal do sistema viário, ligando o litoral a fronteira internacional com a Argentina. Construída entre 1960 e 1975, a BR-282, uma rodovia federal traçada para assegurar a efetiva integração territorial de Santa Catarina, ligando Oeste, Planalto e litoral, registra permanente estado de abandono em quase todos os trechos. Nos planos governamentais e no imaginário popular, a rodovia foi concebida como um ícone para integração política, econômica e cultural.
Na condição de espinha dorsal do sistema rodoviário catarinense, a BR-282 é essencial para o escoamento da vasta produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo. Por ela transitam milhões de dólares em produtos exportáveis que asseguram as divisas das quais o país precisa para sustentar seu desenvolvimento.
Considerando-se somente a produção agroindustrial, somam milhares de toneladas de produtos cárneos, grãos e lácteos transportados todo mês. Somente a análise da receita tributária que essa riqueza gera para o Estado torna incompreensível a situação de penúria e abandono da BR-282.
O pavimento asfáltico de grandes extensões – especialmente no trecho localizado no grande oeste catarinense – foi destruído pelo uso contínuo sem manutenção reparativa adequada.
As atuais condições da BR-282 provocam acidentes diários com perda de dezenas de vidas que enlutam muitas famílias a cada mês e, ainda, astronômicos prejuízos econômicos para empresas e para o país.
Uma luz no fim do túnel surge, agora, com o anúncio do Ministério dos Transportes da contratação de um consórcio de empresas para elaboração dos projetos para a duplicação da rodovia federal BR-282 no grande oeste catarinense. O Ministério dos Transportes anunciou que o Consórcio Geosistemas MKS foi declarado vencedor da licitação, contratado e autorizado a iniciar imediatamente a elaboração de estudos e projetos básicos e executivo de engenharia, visando a execução das obras de duplicação, adequação de capacidade e melhorias de segurança – com eliminação de pontos críticos – da rodovia BR-282, entre o entroncamento com a BR-116 (Lages) e o entroncamento com a BR-163 (São Miguel do Oeste).
É consenso geral entre técnicos, empresários e gestores públicos: a única solução para a BR-282 é a duplicação da rodovia. Daí a importância do projeto de duplicação da BR-282, principal via de acesso ao oeste e, também, maior rota para o trânsito da imensa produção agroindustrial da região aos portos e aos grandes centros de consumo. É o primeiro – e fundamental – passo de uma longa jornada.