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Avicultura Tarefa do Produtor

Penz cita 22 pontos para fazer na fazenda e melhorar conversão alimentar das aves

Especialista mostra 22 pontos que devem ter atenção do produtor para ter melhores resultados, principalmente quanto a conversão alimentar dos frangos

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Arquivo/OP Rural

O Brasil conquistou um lugar de destaque no cenário mundial, tanto na produção quanto exportação de carne de frango. Este resultado não veio de graça ou de forma fácil, uma vez que a capacitação do produtor, adoção de tecnologias e total cuidado com a biosseguridade brasileira foram fundamentais para conquistar este lugar de destaque. Porém, ainda é preciso atenção de avicultores quanto a alguns detalhes, para oferecer ao mercado, cada vez mais exigente, um produto bom e de qualidade. Isso vem através de melhores resultados dentro da propriedade.

Dessa forma, o consultor doutor Antônio Mário Penz Júnior repassou 22 dicas para alcançar bons resultados de conversão na propriedade. Os pontos foram explicados para avicultores de Marechal Cândido Rondon, PR, durante o Seminário Anual de Produtores de Aves, realizado pela Cooperativa Copagril.

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O primeiro ponto citado por Penz é a limpeza da granja. “Quanto eu entro em uma granja e já no portão eu vejo sujeira, eu já conheço essa granja”. Segundo ele, em outros países as pessoas que trabalham usam uniforme, muitas vezes branco, e estão sempre limpos. Dessa forma, é preciso que o ambiente e os funcionários que trabalham ali devem sempre estar totalmente limpos. “A primeira coisa é limpar bem a granja. Como eu vou resolver um problema de salmonella com a granja suja?”, questiona.

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Outra dica foi quanto a arborização e a proteção externa. “Não pode haver sol dentro do galpão. Se você não tem beiral, pode começar a usar sombrite, que é algo barato. Mas não pode, de forma alguma, deixar os frangos no sol”, afirma. Ele comenta que atualmente muitos avicultores já contam com aviários mais sofisticados e, assim não têm esse problema. “Por isso é importante que conheçamos as tecnologias, porque precisamos pensar na proteção termal dos nossos animais”, diz.

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A terceira dica é em relação aos silos. “O produtor precisa colocar na cabeça que por cada silo passa US$ 250 mil em reação por ano. Por isso é preciso ter muita atenção neles”, conta. Ele exemplifica: “Ter um silo sujo é como vocês me convidarem pra ir comer na casa de vocês e me entregarem um prato sujo”, diz. De acordo com Penz, não adianta nada na fábrica de ração haver o processo de análises, o caminhão para o transporte da ração ser limpo e depois esse alimento ser colocado em um silo sujo. “É ali que estão a salmonella e as micotoxinas”, alerta.

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A vedação do teto é outro ponto essencial apontado pelo consultor. “Para mim, que trabalho com a avicultura há 45 anos, o maior descobrimento para o setor foi o forro”, comenta. Ele explica que os avicultores, muitas vezes, estão tão preocupados de haver salmonella no forro, porém, este espaço é tão quente que não tem como a bactéria sobreviver ali. “Não se preocupem com isso. É preciso que vocês não deixem o frango passar calor. Por isso, para vocês que têm o galpão com o ambiente controlado, não pode deixar existir qualquer buraco na cortina”, afirma. Ele reitera que não é preciso o técnico avisar sobre esse tipo de situação. “Se vocês estão andando pela granja e veem um buraco, ele precisa desaparecer”, anuncia.

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O consultor diz que a vedação do galpão também é essencial. “Como não tem proteção, é mais quente dentro da granja do que fora”, comenta. Segundo ele, esse tipo de situação somente faz com que o produtor jogue dinheiro fora. “Não pode existir um espaço que saia ou entre ar dentro da granja”, aconselha.

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A temperatura do ambiente, segundo Penz, é tão importante quanto qualquer outro item. “Se eu coloco um frango em um ambiente correto na primeira semana ou em um ambiente 4°C mais frio, a diferença na conversão entre estes animais vai ser grande”, avisa. O consultor reitera que quem não cuidar no frango na primeira semana vai ter uma conversão pior. “Se o frango passar frio, uma pequena diferença de temperatura na primeira semana, vocês estão jogando seis pontos de conversão fora”, alerta. O profissional ainda reitera que tanto calor quanto o frio não são bons para o animal. “Temos que fazer um trabalho profissional”, diz.

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A sétima dica dada por Penz é sobre a qualidade do ar ambiente e a relação com o calor. De acordo com ele, é inadmissível um frango passar calor dentro do aviário. “O frango, quando passa calor, fica deitado, e às vezes acaba deitando-se em um ambiente que está úmido com o forro pingando. Isso é um problema. Quando o frango está assim, ele está respirando um ar que tem CO² e amônia. Quando eu entro em um aviário que tem cheiro de amônia já sei que os frangos vão morrer”, alerta.

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Outro ponto importante dentro do aviário é quanto a temperatura do piso, avisa Penz. “É por isso que todo produtor precisa ter um termômetro a laser, porque é com ele que o avicultor irá medir a temperatura do piso. Porque o que acontece muitas vezes é de em um lado estar 30°C, no meio do galpão estar 31°C e no outro lado 29°C. O produtor precisa ter essas informações para saber o que fazer para melhorar”, afirma.

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Segundo o consultor, a presença de amônia no aviário também é um problema para o produtor. “Para não ter problemas em relação a isso, é fundamental que o galpão tenha uma ventilação mínima. Nós temos que ser mais tecnificados. Quanto maior a quantidade de amônia, pior a conversão alimentar”, avisa. Ele ainda complementa que quando o produtor sente cheiro de amônia, ele precisa fazer algo para diminuir isso.

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Os comedouros são outro ponto fundamental dentro de uma granja. Ter eles na quantidade certa, na altura certa e com a quantidade ideal de alimento é imprescindível. “Os frangos são indivíduos sociais. Onde não tem comedouro, não vai ter frango. Onde tem comida fácil, vai ter frango”, afirma Penz. Ele explica que é preciso que o produtor disponibilize o alimento de forma correta. “O frango não tem um telescópio para saber se tem comida em um comedouro ou não. Ele precisa ver que há comida disponível naquele comedouro”, avisa.

Segundo Penz, é preciso que os comedouros estejam alinhados. “Muitas vezes vemos um monte de ração em um comedouro alto. É preciso regular isso, porque somente este ajuste pode melhorar de dois a quatro pontos a conversão alimentar”, diz. O consultor explica que quando o produtor está caminhando pelo aviário ele precisa ver se os comedouros estão alinhados e se todos têm comida. “E que, de preferência, haja menos de 50 frangos por comedouro”, sugere.

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Assim como os comedouros, os bebedouros são ferramentas fundamentais para o bom desenvolvimento de um frango. “Estes também precisam estar alinhados. Porque se tem um povo que não gosta de água é o frango”, comenta. Segundo Penz, há problema se o bebedouro está muito baixo e se está muito alto. “Se você percebe que está muito baixo, levanta ele. Mas o pior mesmo é quanto está alto. O frango precisa levantar o pescoço no limite máximo para conseguir beber água. E se está quente, ele não bebe, porque ele tem que pensar se respira ou se toma água”, diz. Por conta disso, explica o consultor, é que no verão o consumo de água chega a ser 20% menor. “Porque o frango tem que decidir se ele respira ou não”, avisa.

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Um dos pontos mais importantes citados por Penz é sobre a importância que a água tem na avicultura. “Por que o frango tem que beber água suja? Onde está escrito isso? Não pode dar água de má qualidade para o frango. Por isso, as caixas d’águas precisam ser cobertas”, alerta. Ele questiona: “Vocês tomariam a água que estão dando para o seu frango? Ela precisa ter qualidade”, afirma.

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Além da água ser de qualidade, ela também precisa ser fresca. “Frango odeia tomar água quente. Por isso é preciso fazer flushing, ou seja, drenar a água”, explica. Ele comenta que muitas vezes o que acontece é que a água entra na aviário com 26°C, quando chega na metade já está com 30°C e na ponta ele está a 32°C. “Como resolvo isso? Com flushing. E quantas vezes devo fazer? Sempre uma a mais do que já estão fazendo. A água que tem que ser fornecida aos pintos tem que ser a melhor”, conta.

A primeira coisa que o produtor precisa fazer, segundo Penz, é pegar o termômetro a laser e medir a temperatura da água. “Se está entrando no aviário quente, é preciso ir ver a caixa d’água”, sugere.

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E já que o assunto é água, Penz afirma que é preciso que seja feita a cloração. “Quatro coisas que eu quase não vejo no Brasil: filtro, medidor de água, entrada de aditivos e clorador”, comenta. De acordo com ele, somente por conta da adição do cloro na água, segundo uma pesquisa, o frango ganha 134 gramas a mais no peso. “O cloro é o promotor de crescimento mais barato na propriedade. Ele deve estar na água sempre, porque quando chega os pintos na propriedade, eles precisam beber água”, avisa.

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A cama úmida é também um grande problema nos aviários e algo que o produtor deve sempre evitar. “Porque ela favorece muitas doenças, inclusive a salmonella. Se a cama umedeceu, é preciso fazer algo para reverter”, alerta.

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As divisórias bem distribuídas dentro do aviário é outro ponto determinante para bons resultados. “E quantas divisórias tem que ter? Uma a mais do que você já tem. Porque o frango gosta do galpão quadrado e eles são muito geográficos. Ele fica onde sempre está. Cada vez que ele caminha, piora a conversão alimentar, porque ele gasta energia para caminhar”, avisa. Até mesmo quanto a estresse as divisórias são boas. “Quando você anda dentro do aviário, os frangos que estão em divisórias separadas daquelas que você está caminhando não vão nem perceber a sua presença e vão ficar tranquilos. Se não tiver divisórias, todos vão se desesperar e vai ser aquela bagunça dentro do galpão”, diz.

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Outra dica dada por Penz é a importância de o avicultor medir a temperatura cloacal das aves. “Quanto maior o peso aos sete dias, maior será o peso das aves ao abate. Façam o que tiver que fazer para os pintinhos comerem e ganhar peso na primeira semana”, avisa.

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Um ponto essencial, segundo Penz, é quanto ao bem-estar dos animais desde o recebimento na propriedade. “Meçam a temperatura dos pintinhos para saber como ela está chegando ao frango. Porque eu sei que se a temperatura está fria do lado de fora e quente dentro, eles terão problemas. Precisamos tratar os frangos com carinho”, comenta.

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Segundo o consultor, algo essencial que deve ser feito pelo produtor é a pesagem dos pintinhos assim que chegam na propriedade. “Essa é a avicultura moderna. Pesem os pintinhos na chegada e vejam o coeficiente de variação para saber como eles chegaram”, sugere. Ele comenta que sabe que é algo que pode dar certo trabalho, mas é fundamental para o bom desenvolvimento do lote. “Pesem os animais no sétimo dia. Os pintos devem pesar 4,5 vezes o peso do primeiro dia”, sustenta.

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Outra sugestão levantada por Penz é medir a presença de alimento no papo das aves 24 horas após a chegada no aviário. “Com 24 horas é preciso apalpar o papo, porque se tem papinha no papo é bom, se ele está duro é porque o pintinho comeu, mas não tomou água; e se está muito macio é porque o aviário estava tão quente que o pinto estava mais preocupado em tomar água do que em comer”, conta. Ele avisa que em 24 horas 90% dos papos devem ter comida. “Porque se não tiver comida e se ele não tomar água nestas primeiras horas, o intestino terá problemas”, comenta.

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Além do mais, é fundamental estimular a movimentação dos frangos nas primeiras horas. “Eles precisam se mexer. Nos primeiros sete dias do pintinho no aviário já iremos saber se o jogo está bom ou ruim”, comenta.

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Por último, é preciso que o avicultor monitore a evolução do peso dos animais após sete dias. É preciso se atentar ao coeficiente de variação do peso. “Se quanto ele chegou tinha 8%, depois de uma semana não pode ser mais de duas unidades acima de sete. Se ele tinha 8%, não pode ser mais que 10%. Se for mais que isso, pode chamar um veterinário, porque alguma coisa deu errado”.

Para Penz, o Brasil tem tudo para continuar sendo o maior exportador de carne de frango do mundo. “Nós trabalhamos com dedicação. O consumo da carne de frango logo será o mais importante de todas as carnes, principalmente agora com todo esse problema na peste suína na China”, afirma. Segundo o consultor, a conversão alimentar depende, principalmente, do trabalho do produtor. “O futuro do agro está nas nossas mãos”, finaliza.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços

Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

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A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.

O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.

Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.

Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.

De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.

Fonte: O Presente Rural com informações Epagri/Cepa
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Avicultura

Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

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O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.

Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Avicultura

Avicultura do Paraná sofre com desequilíbrio entre custos e remuneração

Levantamento do Sistema Faep mostra que, mesmo com a liderança nacional em abates, a maioria dos produtores opera abaixo dos custos, acumulando prejuízos e enfrentando dificuldades para manter e modernizar os aviários.

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O Paraná é uma superpotência nacional na produção de frangos de corte. Os números falam por si: o Estado responde por um terço dos abates do país, produzindo quase 2,3 bilhões de cabeças em 2024, movimentando cifras da ordem de R$ 31 bilhões. Toda essa pujança do setor, no entanto, não tem chegado aos produtores rurais. As receitas dos avicultores mal cobrem os custos diretos, o que representa um risco para a atividade em médio e longo prazos.

Confira todas as planilhas do levantamento de custos de produção da avicultura

É o que aponta o levantamento de custos de produção elaborado pelo Sistema Faep. O estudo é elaborado seguindo a metodologia própria e embasado por dados fornecidos por avicultores de todas as regiões do Estado. Os produtores foram ouvidos em painéis realizados em cada uma das 14 Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) do Paraná, abrangendo os polos produtivos do Estado. Os resultados representam as médias por tamanhos de modais e classificação do frango, pesado ou griller, conforme o cenário das integrações.

Segundo os técnicos Caroline da Costa e Fábio Mezzadri, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep, os dados “revelam um cenário preocupante para a sustentabilidade da atividade”. Segundo o relatório, em praticamente todas as integrações, ALERTA as receitas obtidas pelos avicultores com a entrega das aves e com a venda de cama de aviário cobriram apenas os custos variáveis – ou seja, os desembolsos para produzir o lote de frangos.

O levantamento revelou que os produtores rurais ficaram no vermelho no que diz respeito ao custo fixo (que leva em conta as depreciações de máquinas, equipamentos e instalações) e o custo total (que se consolida como um índice de longo prazo para a atividade). Isso implica em saldos negativos anuais para cada produtor, que variam entre R$ 89 mil e R$ 217 mil, o que compromete a depreciação de instalações e a capacidade de investimento. “Ano após ano, as condições dos produtores estão se complicando, com a atividade ficando mais no vermelho”, diz o presidente da Comissão Técnica de Avicultura do Sistema Faep, Diener Santana. “Os reajustes que os produtores estão recebendo não acompanham os custos de produção, que têm aumentado acima. Isso agrava o vermelho”, acrescenta.

Ainda, o DTE do Sistema Faep estabelece uma comparação com os resultados de 2024. Segundo os técnicos, ao longo de um ano, houve um aumento nos custos variáveis, que oscilou entre 5% e 15%, conforme a região. O que mais pesou foram os valores da mão de obra, dos custos de manutenção e da energia elétrica. “Esses fatores [de aumento] são influenciados pela inflação, demandas regulatórias e exigências de bem-estar animal”, destaca Caroline, do DTE. “Esta realidade ameaça a viabilidade da cadeia produtiva paranaense, um dos pilares do agronegócio brasileiro, com potencial impacto em empregos rurais, suprimento de insumos e exportações”, complementa Mezzadri.

O presidente da CT de Avicultura ressalta uma distinção dentro da atividade. Os aviários mais novos, em regra, recebem adicionais. Os galpões mais antigos, no entanto, não ganham qualquer complementação. “Os modais novos têm incentivo para que o produtor se viabilize. Os mais antigos não têm. É só a remuneração seca”, aponta Santana.

Há oito anos na atividade, o avicultor Luís Guilherme Geraldo mantém quatro galpões, alojando 160 mil aves, em Jaguapitã, no Norte do Paraná. Além dele, o pai e dois colaboradores atuam diretamente na produção de frangos de corte, na propriedade. “Realmente, a avicultura está em bom momento, principalmente no mercado de exposições. Mas o lucro fica todo na integração”, ressalta.

Ao longo do ano, por meio de negociações na Cadec, os produtores conseguiram reajustes de 7,5%, que minimizaram os prejuízos acumulados em anos anteriores. Geraldo pretende ampliar a produção para diluir os custos, mas sabe dos riscos implicados na operação. “Apesar dos cenários econômico e político desafiadores, o produtor continua investindo. Esperamos que a avicultura siga em alta. O frango brasileiro é bem-visto no mercado internacional por nossas boas práticas sanitárias. Continuamos realizando diversos estudos para auxiliar nossos produtores rurais”, afirma o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette. “Nosso papel é dar esse suporte aos avicultores nas negociações de preços e custos junto às empresas integradoras em reuniões das Cadecs”, complementa.

Empresas cobram investimentos de produtores, mas remuneração é insuficiente

Um agravante à condição dos avicultores integrados envolve as exigências das empresas em relação a investimentos constantes nos aviários. Segundo os produtores rurais ouvidos pela reportagem do Boletim Informativo, as integradoras têm demandado atualizações constantes nos aviários, principalmente no que diz respeito a automação dos galpões e a aspectos sanitários. O valor pago aos produtores, no entanto, inviabiliza tais investimentos, pressionando cada vez mais os avicultores. “Há uma pressão enorme por investimentos e melhorias nos aviários justamente para proporcionar lucros à integradora e manter a excelência do padrão sanitário na criação das aves”, diz o produtor Maurício Gonçalves Pereira. “Temos que investir somas significativas para manter a ótima qualidade dos frangos, o que proporciona um primor sanitário e a conquista do produto em países que bem remuneram a carne de frango, mas não somos remunerados na mesma medida”, acrescenta.

Os aviários na propriedade de Pereira têm 11 anos, em São Tomé, município vizinho a Cianorte, Noroeste do Paraná. Apesar de ter feito inúmeras melhorias, ainda há uma série de investimentos que precisa ser feita. “Em um dos fornos, preciso substituir o sistema de aquecimento e nos outros é necessária a substituição das cortinas para a melhoria na circulação. Fora isso, constantes são os gastos com a manutenção da estrutura dos aviários”, aponta o avicultor. “Dada a necessidade incessante de investimentos, esta manutenção tem sido um problema sério para o produtor, visto que a remuneração não tem sido suficiente para que façamos todos os desembolsos necessários e exigidos pela integradora”, aponta.

Avicultor há 12 anos, Pereira mantém dois aviários com capacidade global de alojar 65 mil aves. Ele detalha que a renda dos produtores está diretamente relacionada à questão estrutural e às exigências das integradoras. Ele está prestes a fazer novos investimentos. “Preciso investir mais no aumento da capacidade de geração de energia fotovoltaica, já que a produção atual está sendo insuficiente. O valor da energia elétrica oscila e isto impacta diretamente no custo de produção”, diz.

Outro produtor, Eliandro Vegian Carneiro, também aponta que as instalações são determinantes para a equalização da atividade. Ele administra uma propriedade localizada em Éneas Marques, no Sudoeste do Paraná, em que mantém um aviário com capacidade para alojar 27 mil aves. Ele avalia os riscos que os elevados custos e necessidades constantes de investimentos implicam ao setor. “Tem que buscar por tecnologia e formas de reduzir os custos entre os lotes para poder se manter na atividade. É ‘bruto’ investir aproximadamente R$ 1,5 milhão em um barracão e saber que terá essa dívida por longos dez anos ou mais”, aponta Carneiro. “Em aviários mais novos, com mais tecnologia ou onde se tem mais de um aviário, consegue equilibrar, mas os custos de manutenção subiram muito”, diz.

De acordo com Luiz Guilherme Geraldo, quem tem estrutura mais defasada passa a ser pressionado a modernizar os galpões, mesmo que a remuneração não permita novos investimentos. “Os donos de aviários mais novos recebem um incentivo para estar sempre melhorando os galpões. Mas quando se trata de um aviário mais antigo, o produtor é cobrado a investir um dinheiro que não tem. Só se fizer essa modernização é que vai receber algum incentivo”, afirma. “Desejamos a melhoria das condições de remuneração para que possamos nos manter vivos e ativos na produção”, diz Pereira. “O próximo ano é uma incógnita. Com os juros altos em ano de eleição, não vejo uma melhora a curto prazo”, conclui Carneiro.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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