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Peixes BR projeta Brasil como segundo maior produtor mundial de tilápia até o fim desta década

De acordo com os dados do Ministério da Economia, compiladas pela Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixes BR), as exportações do setor totalizaram US$ 12,8 milhões no acumulado de janeiro a setembro de 2021, superando em 4,4% o verificado em todo o ano anterior.

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Fotos: Arquivo OP Rural

Saboroso e fonte de nutrientes, o peixe está cada dia mais presente na mesa dos brasileiros. No mercado internacional também tem atraído cada vez mais consumidores. De acordo com os dados do Ministério da Economia, compiladas pela Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixes BR), as exportações do setor totalizaram US$ 12,8 milhões no acumulado de janeiro a setembro de 2021, superando em 4,4% o verificado em todo o ano anterior.

Deste total, a tilapicultura atingiu US$ 10,9 milhões, ou seja, 85% do valor de todo o peixe exportado pelos produtores brasileiros no período, mantendo o Brasil como quarto maior produtor de tilápia do mundo. Com mais de 60% da produção nacional, a espécie se mantém como principal produto exportado.

Com a piscicultura brasileira em pleno crescimento, a Peixes BR projeta que o país alcance até o fim desta década o patamar de segundo maior produtor mundial de tilápia. “Seis em cada dez peixes cultivados no Brasil são tilápias, a cultura se consolida como a preferida dos consumidores pela facilidade do preparo há alguns anos. Essa é uma trajetória que dificilmente alguém nos tira, ou seja, a tendência é o crescimento, haja vista que os países que são produtores apresentam taxas de crescimento bem inferiores ao da brasileira”, destaca o presidente executivo da Peixes BR, Francisco Medeiros.

Presidente executivo da Peixes BR, Francisco Medeiros: “Aonde tiver grão vai ter produção de peixes, vai ter produção de tilápia” – Foto: Gabriel Muniz

A cada dez quilos consumidos pelos brasileiros de peixe de cultivo seis são tilápia, o que faz com que, segundo Medeiros, essa espécie apresente no país uma taxa de crescimento superior às demais proteínas de origem animal – aves, suínos e bovinos por exemplo. “Nós temos hoje a maior taxa de crescimento entre todas as proteínas de origem animal e com perspectivas de médio e longo prazo que isso continue, porque nós temos um espaço muito grande a conquistar. O mercado interno ainda tem um consumo muito baixo quando se fala de peixe. O consumo médio per capita mundial é de 20 quilos, nós estamos com dez quilos. Historicamente, o brasileiro consome muita proteína animal, comparado aos principais países do mundo, então nós temos ainda muito a crescer no mercado interno e no mercado externo também”, afirma.

Conforme Medeiros, a demanda por peixes de qualidade aumenta a cada dia e especificamente quando se trata de peixes de cultivo, em especial a tilápia, há poucos países com condições para atender esse aumento da demanda no mercado internacional. “Os principais produtores, principalmente os de países asiáticos, estão nos seus limites em função das condições de sanidade da água, disponibilidade hídrica e até do próprio aumento do custo de produção, que tem sido bastante elevado nos últimos meses. Se aumenta a ração aqui para nós em função do milho e da soja imagina para eles que estão comprando esses grãos?”, instiga a pensar.

Custos de produção

Na piscicultura, mais de 60% dos custos de produção são com a ração, que leva em sua composição ingredientes de origem animal – farinha de carne e ossos, de peixe, de penas e vísceras etc. – e de origem vegetal – farelo de soja, de milho, de arroz, de trigo, entre outros.

Com a alta nos preços dos grãos, muitos produtores independentes enfrentaram dificuldades para fechar o ano no azul, precisando fazer ajustes de custos de produção a todo instante em função do aumento significativo do milho e da soja. “A base da ração é grão e todos nós sabemos o impacto que a alta nos preços dos grãos gerou para toda a cadeia produtiva, com isso grande parte dos produtores está trabalhando bem no limite”, expôs Medeiros.

Demanda

Foto : Jonathan Campos / AEN

Em relação ao mercado interno, o diretor presidente da Peixes BR diz que o consumo está crescendo, muito em função do cenário atual de alta dos preços das demais proteínas de origem animal, impactadas pela elevação no valor dos insumos da ração, o que permitiu que a tilápia continuasse seu processo de comercialização. “Tivemos aumento do mercado interno, mas não o incremento que esperávamos, principalmente ao compararmos com o ano de 2020, mas terminamos 2021 de forma positiva”, avalia Medeiros.

Ao analisar o mercado externo, o presidente executivo da Peixes BR destacou que em alguns países em que se vendia mais filé passou-se a vender mais cortes e até a tilápia inteira congelada, que tem um custo menor de comercialização, o que representou uma alta de 465% do volume exportado no terceiro trimestre (julho a setembro) no comparativo com o mesmo período em 2020. “As empresas se utilizaram de estratégias para atender a esse mercado, que claramente teve uma perda de poder aquisitivo ao longo do ano de 2021”, analisa.

Exportação

De janeiro a setembro do ano passado foram exportados pelo Brasil 10% a mais do que todo o ano de 2020. Somente no terceiro trimestre, os valores financeiros foram 71% maiores do que os verificados no mesmo período do ano anterior, o que demonstra o forte crescimento da piscicultura brasileira. “Nós acreditamos que as exportações terão uma participação cada vez maior em nosso mix de venda de produtos, haja vista que estamos bastante competitivos em relação a preços. Nós temos um produto de excepcional qualidade: é a melhor tilápia do mundo. Tem exportações de tambaqui para a América do Sul, que também não temos concorrente, então acreditamos que a taxa de crescimento das exportações em 2022 vai ser bastante significativa”, almeja Medeiros.

Segundo ele, a Peixes BR criou um ambiente favorável à expansão da piscicultura de cultivo no país, implantando em conjunto com a Embrapa Pesca e Aquicultura e o Ministério da Economia, entre 2018 e 2019, o drawback da tilápia, regime aduaneiro especial que consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto exportado. “Neste regime, a empresa ou o produtor que produz para exportar compra insumos, medicamentos e embalagens, por exemplo, sem pagar impostos federais, isso é extremamente competitivo para o mercado”, salienta.

No entanto, o grande desafio do setor esbarra na logística, que, agravada pela pandemia do Coronavírus, enfrenta falta de contêineres refrigerados e redução de navios com rota para a América do Sul. “Esses números de exportações só não foram maiores por falta de contêineres refrigerados, por falta de transporte, situação que afeta a logística mundial. Contudo, somos resilientes e vamos continuar crescendo. Nossa expectativa é que as exportações sejam maiores neste ano do que foram verificadas em 2021”, pontua.

Nos primeiros nove meses do ano passado, os Estados Unidos foram o destino de 54% dos peixes exportados pelo Brasil, o que representou em valores financeiros US$ 7 milhões, seguido da China, com mais de US$ 1,5 milhão, o que totalizou 12% do volume das exportações brasileiras. Ao comparar o terceiro com o segundo trimestre de 2021, houve crescimento de 43% nos valores das exportações da piscicultura brasileira.

Com o aumento das exportações para países sul-americanos como Peru, Colômbia e Chile, que juntos compraram pouco mais de 20% dos embarques da piscicultura, tende a reduzir a dependência das vendas para os norte-americanos, havendo uma maior diversificação nos destinos do produto.

Maior exportador brasileiro

Consolidado como maior produtor de tilápia do país, o Paraná vem disputando também a liderança como maior exportador da espécie com o Mato Grosso do Sul. “Já tivemos trimestre em 2021 que o Paraná ultrapassou o Mato Grosso do Sul. Tínhamos um histórico nos últimos anos de uma liderança absoluta do Mato Grosso do Sul e hoje observamos um crescimento bastante significativo do Paraná, o que deve, inclusive, aumentar a participação do Estado nas exportações neste ano, então pode haver uma mudança desse 1º lugar, com o Paraná assumindo essa posição em função da consolidação das exportações das grandes empresas do Estado e de outras que estão entrando no negócio”, vislumbra Medeiros.

Desafios

Por outro lado, Medeiros diz que a biosseguridade é um dos desafios sanitários do setor, ressaltando a importância de ações bem estruturadas para conter a introdução e a disseminação de agentes patogênicos no ambiente de produção aquícola. “O controle sanitário foi um dos grandes desafios que nós tivemos em 2021, estamos tendo e vamos continuar tendo mesmo com a atividade consolidada. O setor de bovinos tem até hoje uma campanha de controle de febre aftosa, os suínos com uma campanha extremamente ferrenha para evitar o aparecimento da PSA (Peste Suína Africana), então o grande desafio é sanitário, porque quando o setor cresce, principalmente em um país continental como o Brasil, o risco sanitário é muito grande. Por isso que esse ano (2021) a Peixe BR lançou o Guia de Biosseguridade, visando preparar o setor para enfrentar os desafios sanitários, que aumentam a cada dia”, ressalta.

Crescimento

Para manter o crescimento da atividade no país, Medeiros diz que que é importante que os Estados mantenham um ambiente de segurança jurídica ambiental e de políticas tributárias atrativas. “A maioria dos Estados ainda não tem um bom ambiente de investimentos. Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Tocantins e Mato Grosso são alguns dos locais com os melhores ambientes para segurança jurídica ambiental. Somado a isso, os Estados oferecem políticas diferenciadas e isso também é um fator de atratividade, mas a grande tendência da piscicultura nesta década ainda é seguir o grão. Aonde tiver grão vai ter produção de peixes, vai ter produção de tilápia”, enfatiza.

Com perspectivas de retomada da economia neste ano, Medeiros afirma que empresas verticalizadas e integradoras têm projetado um melhor ambiente de negócios, mantendo investimentos no setor. “A economia nacional impacta demais nosso negócio, mas acreditamos que o setor continuará produtivo e em crescente desenvolvimento. Para os produtores independentes não será um ano fácil, é necessário ter um maior planejamento. É tempo de parte do dia com os pés na água e outra parte do dia afundado na cadeira, porque nunca o planejamento foi tão importante para o sucesso do negócio e é isso que nós vamos verificar no ano de 2022”, orienta o presidente da Peixe BR.

Mais informações sobre o cenário nacional de grãos você pode conferir na edição digital do Anuário do Agronegócio Brasileiro.

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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