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PeixeBR espera mais consumo interno e crescimento no mercado internacional em 2023

Abertura de mercado para o filé congelado e a tilápia inteira congelada impulsionam exportação de produtos da piscicultura brasileira em 2022. Com o aquecimento da produção e aumento na competitividade do peixe em relação às outras proteínas, o consumo per capita anual deve passar dos 10 quilos

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Foto: Jonathan Campos/AEN

Impactado pelo aumento dos preços dos insumos e pelo baixo poder aquisitivo dos consumidores, o setor de piscicultura apresentou crescimento estável em 2022 em comparação ao ano anterior. “A solução para isso é o produtor reduzir custos na produção e oferecer produtos de menor processamento para o consumidor final”, expõe o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), Francisco Medeiros, em entrevista ao Jornal O Presente Rural em meados de dezembro.

As exportações em 2022 cresceram mais de 50% em relação a 2021, que já haviam crescido 78% quando comparado a 2020. Um dos principais fatores para explicar esse crescimento foi a abertura de mercado para o filé congelado e a tilápia inteira congelada, que hoje respondem pelos principais produtos da exportação brasileira.

O mês de julho registrou US$ 2 milhões em receita, o maior valor exportado, enquanto agosto teve o menor valor (US$ 1,038 milhão), seguido de uma recuperação em setembro, quando atingiu US$ 1,490 milhão em produtos embarcados (Figura 1). “Entre os principais produtos exportados em 2022, a tilápia representou 88% do volume embarcado, seguido do tambaqui”, menciona Medeiros.

 

Apesar de manter a liderança entre as espécies exportadas no terceiro trimestre do ano passado, com uma receita de US$ 4,5 milhões, a tilápia apresentou queda de 36% frente ao trimestre anterior. Os embarques do tambaqui, segunda espécie mais exportada, seguiu o mesmo caminho, recuando 43%, totalizando uma receita modesta de US$ 21 mil no terceiro trimestre.

Diante deste cenário, as exportações apresentaram um recuo de 17% no faturamento do terceiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, atingindo US$ 4,6 milhões. Segundo Medeiros, essa queda se deve, entre outros fatores, pela menor oferta de tilápia no mercado interno, o que reduziu a disponibilidade do produto para exportação. Entretanto, o acumulado do ano é 49% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior (Figura 2).

 

Após o primeiro semestre de forte alta, os filés frescos e filés congelados apresentaram queda de 48 e 49%, respectivamente, nos embarques feitos no terceiro trimestre, quando comparado com igual período de 2021.

Contudo, a categoria mais exportada foi a de peixes inteiros congelados, representando um faturamento de US$ 2,2 milhões, porém com queda de 30% em comparação com o segundo trimestre de 2022.

Presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), Francisco Medeiros: “A piscicultura está apenas começando no Brasil, teremos três décadas seguidas de crescimento, haja vista que a proteína animal mais consumida no mundo é de pescado” – Foto: Divulgação/PeixeBR

Produtos da tilápia lideram exportação

Conforme Medeiros, em relação às exportações de produtos da tilápia, a categoria de tilápia inteira congelada manteve a primeira posição no terceiro trimestre, com um total de US$ 2,2 milhões e crescimento de 14% em comparação ao mesmo período do ano anterior, mas com queda de 29% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

Em seguida, os filés frescos foram o segundo produto mais embarcado, arrecadando US$ 949 mil, contudo também apresentaram queda, sendo de 27% frente a 2021.

Enquanto os filés de tilápia congelada ocuparam a terceira posição entre os mais solicitados e foi o único a registrar crescimento, gerando receita de US$ 901 mil, o que representa alta de 53% comparada com o mesmo período de 2021. “Em 2022 também aumentamos muito as exportações para Tawain com óleo e farinha de tilápia. Então hoje todos os produtos da tilápia são exportados, inclusive escama e pele”, menciona o presidente da PeixeBR.

Apesar da redução nos envios para fora do país, os filés congelados de tilápia tiveram o maior preço médio, sendo negociados a US$ 5,87/kg, seguido pelos filés frescos a US$ 5,65/kg. Já os subprodutos de tilápia impróprios à alimentação humana apresentaram o maior aumento frente ao mesmo período de 2021, sendo comercializados a um valor médio de US$ 1,04.

Estados maiores produtores e exportadores

Entre os estados maiores produtores de tilápia, Paraná segue líder, seguido de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, enquanto que Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Pará e Amazonas são os maiores produtores nacionais de peixes nativos.

O Paraná manteve também a posição de maior exportador de tilápia, totalizando US$ 2,7 milhões em negócios, o equivalente a 61% do volume total exportado no terceiro trimestre de 2022. A segunda posição ficou com a Bahia, que superou o Mato Grosso do Sul ao faturar US$ 659 mil com as vendas externas, o que representa 14% das exportações brasileiras, mesma participação de São Paulo, que teve receita um pouco menor, com US$ 623 mil; seguida de Mato Grosso do Sul com 9% (US$ 421 mil) e Goiás com 1% (US$ 52 mil).

Entre os principais produtos exportados pelos três principais estados, destaque para tilápia inteira congelada, que representou a principal categoria exportada pelo Paraná, gerando negócios que totalizaram US$ 1,5 milhão; seguida da Bahia com US$ 459 mil; Mato Gross do Sul com US$ 157 mil.

Destino do peixe brasileiro

O principal mercado que a piscicultura brasileira atende é os Estados Unidos, com participação de 83% das exportações nos primeiros nove meses do ano passado, com um volume de importação de US$ 3,8 milhões, queda de 29% em relação ao trimestre anterior e alta de 4% quando comparado a 2021. A segunda posição foi ocupada por Taiwan, com um volume de US$ 186 mil, que reflete 4% do total exportado, seguido do Japão com US$ 130 mil (3%), República Dominicana com US$ 123 mil (3%) e Tailândia com US$ 53 mil (1%).

Os peixes inteiros congelados foram a categoria de produto mais exportada para os EUA, com aumento de 6% frente a 2021, enquanto os filés frescos ocuparam a segunda posição, mas com queda de 23% em relação ao mesmo período de 2021. Por sua vez, os subprodutos impróprios para alimentação humana – pele, escama, farinha e óleo – foram a categoria mais exportada para Taiwan, Japão e Tailândia.

 Consumo

Com o aquecimento da produção e aumento na competitividade do peixe em relação às outras proteínas, o consumo per capita anual deve passar dos 10 quilos registrados em 2021, o que é bastante significativo porque, segundo Medeiros, nunca se teve na história do Brasil um crescimento tão acentuado no consumo.

Esse cenário, segundo ele, está atrelado à melhoria da logística, a entrega do produto em um maior número de estabelecimentos para comercialização, provocado principalmente pelas empresas de processamento de frango, que hoje atuam também no setor de tilápia. “A piscicultura está apenas começando no Brasil, teremos três décadas seguidas de crescimento, haja vista que a proteína animal mais consumida no mundo é de pescado e nós temos, neste momento, as melhores condições para continuar crescendo, principalmente quando se trata de business internacional, uma vez que a nossa participação ainda é muito pequena”, ressalta.

Carro chefe da piscicultura brasileira

Quarto maior produtor mundial de tilápia, a espécie deve alcançar cerca de 65% de tudo que se cultiva no Brasil, um crescimento tímido em relação aos 63,5% da produção nacional registrada em 2021. “Entre três a quatro anos o Brasil deve estar próximo de ser o terceiro maior produtor mundial de tilápia, espécie que é a principal commodity do setor. Hoje o empresário do agro brasileiro tem uma expertise muito grande quando se trata de uma commodity do agrobusiness, razão pela qual a tilápia se destaca tanto em relação às outras espécies de peixes de cultivo”, analisa Medeiros.

Sistemas de produção

Para o presidente da PeixeBR, o modelo de integração fomentado pelas cooperativas agropecuárias, principalmente no Paraná e no Mato Grosso do Sul, e o sistema verticalizado representam os modelos mais competitivos para o crescimento da cadeia produtiva de peixes de cultivo no país.

Custo de produção

Nos últimos dois anos, os insumos representaram um impacto expressivo nos custos de produção, que afetam não somente a piscicultura, mas também outras cadeias, como suínos, aves e bovinos, proteínas com quais o peixe compete no dia a dia no prato do consumidor. “O produtor tem trabalhado para reduzir custos na produção e continuar pagando os investimentos e o custeio da atividade, no entanto, essa mudança de governo deixa incertezas em todos os mercados. Na piscicultura alguns investimentos estão suspensos aguardando exatamente uma estabilização política no país, que deve ser alcançada entre os 100 e 180 dias do próximo governo”, anseia Medeiros.

Confira mais informações na edição 2022 do Anuário do Agronegócio Brasileiro clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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