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Peixe rouba a cena e realinha destinos

A falta de oportunidades no Oeste agrícola no fim dos anos 80 dá lugar a pequenas, mas prósperas propriedades agropecuárias

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Quando Rosimar Marquardt era um garoto, no fim dos anos 1980, não via futuro dentro da propriedade agrícola do pai. Do pequeno sítio no município de Maripá, no Oeste paranaense, brotavam grãos e mandioca e cresciam alguns bichos, mas o cenário pouco promissor não deixava germinar o sonho do menino e dos três irmãos em ter uma vida melhor. Todos teriam que seguir outros rumos, talvez buscar um emprego na cidade, afinal os 16 hectares de lavouras não dariam dinheiro suficiente para eles.

O saudoso Renato, pai de Rosimar, sabia que os filhos não teriam futuro no sítio. Sabia também que precisava fazer algo para mudar aquela situação. Foi quando, já adolescente, com 13 anos, Rosimar viu seu pai tomar uma iniciativa que mudaria os rumos da história que parecia ter final previsível para aquela família: Renato construiu um açude na propriedade.

A ideia de virar piscicultor para gerar uma segunda renda para atraiu o agricultor, que começou a cultivar e vender algumas carpas e bagres para os vizinhos. Renato não sabia, mas naquele momento ele ‘decretava o fim da agricultura’, apertava o botão de start da piscicultura e realinhava o futuro de Rosimar, dos irmãos e de suas famílias, que hoje produzem 1,5 mil toneladas de tilápias por ano.

“O pai começou na piscicultura em 1996, produzindo um pouco de carpa e bagre”, introduz Rosimar. Não era um negócio tão bom, lembra. Por conta disso, foi trabalhar de operador de máquinas agrícolas na Bahia. Durante quatro anos, ficou na região Nordeste. “Fui trabalhar de empregado para fazer um pé de meia. Em 2004 eu voltei. Meu pai tinha começado com as tilápias em 2002 e o desempenho  tinha chamado a atenção dele”, recorda. “Como eu tinha juntado um dinheiro, arrendamos uma propriedade ao lado e fizemos mais três açudes. Ficamos com 11 mil metros de lâmina d’água”, amplia.

Era o passo decisivo que Rosimar dava. Em 2005, era feita a despesca do primeiro grande lote, mas o susto veio com o calote dado pelo comprador. “A gente viu que se tivéssemos recebido, seria um bom negócio. Decidimos apostar”, conta o jovem de 34 anos, ao lado da esposa Dulce, que também teve – e tem – papel decisivo nessa história.

Por causa do calote e para pagar as contas, Rosimar, o pai e os irmãos arrendaram 60 mil metros quadrados de açudes no vizinho município de Assis chateaubriand. O passo parecia maior que a perna, mas foi certeiro. Em 2009, eles arrendaram a propriedade atual de Rosimar. Já eram três pisciculturas arrendadas, mas aquela primeira, o sítio agrícola de Renato, seria vendida. Em 2012, o patriarca descansou. No ano seguinte, os irmãos passaram a seguir carreira solo. Os três em Assis, Rosimar em Maripá.

Aliás, careira solo não. Dulce já era a fiel companheira. Os dois juntaram dinheiro e compraram uma propriedade. Hoje, eles negociam essa área para comprar o atual sítio arrendado, que era um banhado há oito anos e hoje é uma verdadeira indústria a céu abeto – com o perdão do jargão.

O peixe e os grãos

Nessa altura, Rosimar sabia que a agricultura já não era mais o carro-chefe dos negócios. “A gente sabia que não tinha futuro na terra do pai. Era muito pequena e só com a lavoura a gente não ia conseguir se manter”, comenta. “Por isso investimos na produção de tilápias”, amplia. Hoje ele e a esposa tocam 37 hectares, divididos em 11 de piscicultura 26 de lavoura. Mesmo em uma área menor, os peixes são disparados os campeões de rentabilidade. “Hoje 90% da receita da propriedade vem da piscicultura e 10% vem da lavoura”, conta. O casal planta soja no verão e se preparava para colher o milho safrinha na época da entrevista, em meados de junho.

Os números são estratosféricos. O investimento em um hectare de açudes, calcula Rosimar, “é o mesmo que em cinco hectares de lavoura. Os gastos com energia variam de R$ 10 a R$ 12 mil por mês. São cerca de 500 toneladas de ração para uma população de mais de 400 mil tilápias na fase de engorda. “Ao todo, são 12 açudes, dez de engorda e dois de berçário”, conta. O investimento para tamanho volume passa de R$ 1,5 milhão. “É uma atividade de alto custo, com riscos, mas remunera bem se você cuidar bem dela”, explica o produtor rural. A produção só vem aumentando. “Em 2015, produzimos 387 toneladas. No ano passado, por causa do frio, produzimos um pouco menos; 356 toneladas. Nesse ano vamos passar de 400 toneladas”, situa o produtor.

Além de o peixe se tornar a primeira renda, deixando os grãos para trás, a piscicultura rendeu a Rosimar uma terceira oportunidade de negócio, com a criação de uma equipe de despesca que atua em toda a região. Tendo dificuldades para encontrar mão de obra – competente e comprometida -, ele e mais quatro fazem a despesca para três cooperativas em Maripá e outros municípios do Oeste, maior produtor de tilápias do Paraná. Na parte da manhã ele trabalha fora, enquanto a esposa Dulce Boing faz todo o manejo, como leitura das características da água, retirada de animais mortos, regulagem de equipamentos e distribuição da ração.

De acordo com dados do Emater de Maripá, a maior parte dos cerca de 80 piscicultores de alto rendimento do município têm a piscicultura como primeira renda, deixando a agricultura como fonte de receitas número dois nas propriedades.

Tilápia ‘plus’

Rosimar está produzindo uma tilápia maior com mais de 900 gramas, porque o mercado consumidor paga a mais por isso. De acordo com o técnico em Agropecuária e um dos entusiastas da tilapicultura no Paraná, Cesar Ziliotto, do Instituto Emater, esse tipo de peixe pode render quase R$ 2 a mais por quilo e é comercializado no gelo, para abate e consumo em outros estados.

“Hoje existem dois canais de comercialização da tilápia. Um é de tilápias entre 600 e 700 gramas, para as indústrias da região, que pagam entre R$ 4,20 e R$ 4,40 o quilo. O outro, que vem crescendo de dois anos pra cá, é a venda no gelo, de tilápias com mais de 900 gramas. Esse peixe maior está indo para Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e até para o Nordeste”, explica Ziliotto. O preço pago no quilo, cita o profissional, varia entre R$ 4,70 até R$ 5.

“A maior parte do nosso peixe está indo para Espírito Santo, Rio de Janeiro e mais recentemente Fortaleza. Todo mês tem despesca. A gente está produzindo essa tilápia maior para agregar valor. O custo é maior, mas vale a pena”, avalia Rosimar.

Se não fosse o peixe

Rosimar diz que não teria sucesso no ramo agropecuário não fosse o cultivo de tilápias. “Acho que se não tivéssemos começado dom a tilápia, eu teria saído da roça e estaria trabalhando em um emprego por aí”.

Zilliotto tem a mesma visão. A tilápia não só gerou renda para as pequenas propriedades. Talvez a coisa mais importante que ela fez foi conseguir fixar o jovem na propriedade. Muitos com certeza iriam sair para as cidades. Hoje, 50% dos nossos piscicultores são filhos de produtores rurais que ficaram no sítio por conta da remuneração”, comenta. Um mergulho profundo e certeiro, que talvez Renato esteja vendo lá de cima.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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