Bovinos / Grãos / Máquinas
Pecuaristas precisam ser protagonistas nas regulamentações ambientais
O Brasil faz muito bem seu papel desde o início dos anos 1990, mas tem um Calcanhar de Aquiles chamado desmatamento ilegal, que mancha a imagem da bovinocultura brasileira mundo afora.
Com o objetivo de discutir as inovações e tecnologias do melhoramento genético de bovinos e compartilhar o trabalho produzido por pesquisadores e criadores em prol da evolução da pecuária de corte brasileira, a Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP) convidou o agricultor e pecuarista Pedro de Camargo Neto para ser um dos palestrantes no 26º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores. Neto acumula vasta experiência em seu currículo, sendo ex-secretário de Produção e Comercialização do Mapa, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira e ex-presidente do Fundepec-SP.
Em sua palestra, o pecuarista vai falar sobre os desafios regulatórios do setor frente a questão climática, o principal desafio da humanidade nos dias atuais. “Aquecimento global e as emissões de carbono e metano se tornaram alguns dos nossos problemas, por isso precisamos liderar o processo regulatório”, explica.
Neto discorreu sobre o assunto relembrando a evolução da pecuária nas três últimas décadas e apresentando alternativas para o controle do aquecimento global. Para ele, o Brasil faz muito bem seu papel desde o início dos anos 1990, mas tem um Calcanhar de Aquiles chamado desmatamento ilegal, que mancha a imagem da bovinocultura brasileira mundo afora. Para ele, é preciso que o setor seja protagonista nas questões regulatórias.
“A agenda ambiental estará permanentemente, a questão do aquecimento global vai estar ligada ao setor Nós estamos nessa verdadeira confusão, e o boi sempre apanhando muito. O desafio vai além da nossa propriedade, além da cerca, é um desafio que envolve governos. Vamos ter que influir, vamos ter que pressionar governos nacionais e governos estrangeiros. É um desafio. A gente tem que ter essa percepção que vai além da propriedade”, destacou.
“Estamos apanhando indevidamente. O aquecimento global é uma realidade, mas o boi não pode ser o perdedor nesse processo. Antes de tudo nós (pecuaristas) somos preservacionistas. O ambientalismo inconsequente tentou colocar uma ideia equivocada da gente. Não tem produtor que não esteja em sua propriedade preocupado com a questão ambiental. Você quer deixar para seu filho uma propriedade melhor, quer preservar, então é uma visão equivocada que o ambientalismo inconsequente tem”, apontou o pecuarista.
Métrica
Um dos problemas da pecuária é a emissão de metano, mas o palestrante destacou que, ao contrário das emissões de gases do efeito estufa por queima de combustíveis fósseis, que dura milhares de anos na atmosfera, o metano fica só 12 anos no ambiente. “Há estudos que citam ainda menos, com três ou quatro anos ele some”, mencionou.
Em elação às emissões, falou obre importância de utilizar uma métrica certa, como a GWP*. “A métrica escolhida para avaliar o desempenho da atividade é essencial. Pra você ter a métrica certa você precisa primeiro que o teu governo esteja defendendo essa métrica com competência no exterior”, mencionou, defendendo participação ativa do setor produtivo na elaboração de mecanismos que possam balizar a produção da pecuária brasileira. “Não podemos estar ausentes do debate, omissos no processo. Precisamos estar presentes, participando e liderando o processo (de regulamentação das métricas), pois é algo que nos afeta”, sustentou o pecuarista em sua palestra para cerca de 250 profissionais do setor.
Desmatamento
O palestrante destacou que o Brasil possui ótimas qualidades quando o assunto é produção sustentável, mas tem problemas, como falta de comunicação e, ainda, o desmatamento ilegal, sobretudo na região amazônica. “O Brasil tem alto rigor ambiental, um ótimo Código Florestal, mas também tem a ilegalidade, como o desmatamento. O problema é o desmatamento ilegal. Isso prejudica muito a pecuária. A percepção ambiental que o brasileiro tem é maior que de outros países, estamos muito acima, mas nos defendemos mal e temos um Calcanhar de Aquiles, que é o desmatamento ilegal”, apontou.
Ele defendeu mais uma vez atuação rigorosa dos produtores para mudar essa realidade. “Se cumpríssemos a lei, seriamos líderes mundiais na questão climática. É essa posição que temos que ocupar. Só falta esse ponto (desmatamento). Se a sociedade não se organiza para fazer cumprir a lei, não é governo que vai fazer isso sozinho. A gente precisa acompanhar”, destacou, lembrando da campanha de vacinação de febre aftosa no Estado de São Paulo, que só foi dar resultados depois que produtores começaram a denunciar que outros produtores não estavam vacinando. O resultado foi o fim dos focos da doença. “Por isso não pode desmatar ilegalmente, o elo que une o clima e a pecuária precisa nossa participação, sem nossa liderança isso não vai dar certo”, comentou durante sua apresentação.
O 26º Seminário de Nacional de Criadores e Pesquisadores da ANCP reuniu lideranças do setor, com importantes reflexões sobre o futuro da bovinocultura e o papel da genética nesse cenário. O evento aconteceu em 22 de julho, em Ribeirão Preto, SP.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura, commodities e maquinários agrícolas acesse gratuitamente a edição digital Bovinos, Grãos e Máquinas.
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Boletim do leite de novembro
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
Bovinos / Grãos / Máquinas
Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran