Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária
Pecuarista deve procurar por genética específica para seus objetivos
Especialista explica quais pontos são fundamentais para que pecuarista consiga selecionar melhores animais e alcançar resultados desejados
“Não dá para conversar sobre pecuária de corte, rentabilidade e produtividade se a gente não souber onde está pisando”. A afirmação é do professor de Genética e Melhoramento Animal da USP Pirassununga, médico veterinário doutor José Bento Sterman Ferraz. Com esta introdução, durante uma live realizada em maio com a CFM Agro-Pecuária, o especialista explica sobre como está a pecuária no Brasil, a genética e quais pontos são fundamentais para que o pecuarista consiga selecionar os melhores animais e alcançar os resultados desejados.
O professor conta que em um levantamento reunindo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA-Esalq/USP, foi possível estimar um quantitativo de vacas de corte no Brasil e a necessidade de touros, considerando a inseminação artificial única e a IATF. “Chegamos a algo parecido com 61 milhões de vacas disponíveis no Brasil. Sabemos que estatística aqui é complicado, mas temos que partir de algum ponto. Com esta quantidade de vacas, nós temos mais ou menos 2,5 milhões de touros disponíveis sendo utilizados no Brasil e uma taxa de reposição de 18%, precisamos de cerca de 430 a 450 mil touros de reposição por ano para dar conta de emprenhar todas essas vacas”, informa.
Ferraz diz que somando os programas de avaliação das associações de criadores com os programas de avaliação do Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP), o país oferece ao mercado cerca de 50 mil tourinhos de reposição por ano. “Então, de onde vem os outro 380 mil? Vem da escolha de animais cabeceira de boiada, sem o devido reconhecimento técnico a respeito do potencial produtivo”, conta.
“Oferecemos 50 mil touros por ano, mas precisamos de 430 a 450 mil. Então, eu acho que o primeiro ponto para a pecuária nacional melhorar, temos que começar a usar máquina com especificação. Os touros e vacas são as nossas máquinas, que usam um insumo muito barato que é o capim e nos devolvem um produto de alto valor agregado que é o bezerro”, comenta. Para Ferraz, é preciso que o país tenha bezerros de valor alto para a cadeia de pecuária de corte. “Esses animais tem que ter especificações técnicas adequadas para produção, tem que ser adaptados ao nosso esquema de Brasil. Somos um continente, onde temos regiões temperadas, frias e tropica. Então temos que saber a necessidade que existe do touro em ser adaptável a essa região e cobrir a vaca, que é a função que ele tem na produtividade de gado de corte”, afirma.
Segundo o professor, infelizmente o pecuarista brasileiro tem algumas interpretações equivocadas, mas que está começando a mudar. “A principal delas é que o bom é ter macho para vender para o abate. Eu também concordo que é bom ter macho para o abate, mas acontece que o maior patrimônio do pecuarista não é o animal de abate, mas sim a vaca. Sem uma boa vaca você não faz um bom cruzamento e não tem um bom resultado”, informa.
Ele aconselha que aqueles que estão começando ou achando que a pecuária não vai bem, devem lembrar que é preciso fazer uma bela vacada e adequada aquilo que querem. “Isso me leva a algo importante: não existe touro ideal ou raça certa. Existem animais adequados ao sistema de produção e aos objetivos do criador”, explica.
Touros Top 1% são os melhores?
O professor comenta que é muito comum os pecuaristas procurarem sempre os touros que são TOP 1%. Mas a pergunta é: eles são realmente os melhores em todas as situações? “Eu sou inimigo dos índices por uma razão muito simples, ele é uma perspectiva que temos de um valor geral do touro, que serve para qualquer criador. Ou seja, qualquer um que vai comprar um touro de reposição, se se guiar pelo índice irá levar um touro de uma qualidade conhecida, seja TOP 1, 2 ou 3”, comenta. Porém, Ferraz afirma que o que acontece é que cada criador tem um objetivo diferente na sua fazenda, para atender ao mercado que ele escolheu. “Então pode ser que o criador pode ter como objetivo a premiação no frigorífico por gordura, por pagamento por peso ou crescimento. Dessa forma, cada criador deve ter o seu índice para definir o que ele quer”, comenta.
Outra forma de índice, explica o professor, é com o DECA. “Esse é você pegar a avaliação genética e dividir em fatias de 10%. No DECA 1 são os primeiros 10%, DECA 2 entre 10 a 20%, DECA 3 entre 20 e 30%. Assim, quem é TOP 1? Quem nasce um a cada 100. Quem é o TOP 0,1%? É quem nasce um a cada mil. Mas a cada mil o que? De índice? Legal, se você está procurando índice, se isso resolve as suas prioridades e objetivos, você está bem coberto. Mas tem animal de índice que é TOP 10, mas que para precocidade sexual ele é TOP 0,1%. Então é preciso saber qual o seu objetivo”, afirma.
Assim, para Ferraz, é preciso que o pecuarista tome cuidado quanto as classificações de TOP 1%. “É preciso que o produtor escolha os touros baseados no percentual sim, mas daquilo que interessa para ele, das diversas características que há no catálogo. É preciso ter cuidado com 0,1%, porque nem sempre esse touro será o melhor para você”, conclui.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2020 ou online.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran