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Pecuária puxa crescimento do VBP no Rio em 2025
Leite, bovinos de corte e frango lideram o faturamento agropecuário do estado, segundo dados do Ministério da Agricultura.

Os novos dados do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para 2025, divulgados em 21 de novembro pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), revelam um cenário de crescimento para o Rio de Janeiro. O estado alcançou um faturamento bruto de R$ 5.068,87 milhões, o que representa uma alta nominal de 12,2% em relação aos R$ 4.516,71 milhões registrados em 2024.
Apesar do avanço de dois dígitos, o Rio de Janeiro consolida-se em um patamar de baixa relevância estatística no cenário federal, ocupando a 26ª posição no ranking nacional (à frente apenas do Distrito Federal e Amapá, sendo o menor VBP entre os estados de produção agrícola tradicional). A participação fluminense no VBP total do Brasil é de apenas 0,36%.
Enquanto o Rio de Janeiro cresceu 12,2%, o VBP do Brasil apresentou uma expansão mais acelerada no período, saltando de R$ 1.229.479,0 milhões (2024) para R$ 1.412.203,57 milhões em 2025, uma alta nacional de 14,8%.
Embora o estado esteja em uma curva ascendente, ele cresce abaixo da média nacional, perdendo espaço proporcional. Em 2024, a participação fluminense era de 0,37%; em 2025, recuou para 0,36%, evidenciando que os grandes polos produtores (como MT, MG e SP) estão tracionando a economia do país em um ritmo superior.
Pecuária e Grãos
No Rio de Janeiro, a divisão entre Lavouras (58%) e Pecuária (42%) mostra uma predominância do setor vegetal. O ranking das cinco principais atividades do estado em 2025 é composto por:
Leite: R$ 1.250,6 milhões
Bovinos: R$ 1.054,8 milhões
Café: R$ 904,3 milhões
Frangos: R$ 506,2 milhões
Tomate: R$ 415,9 milhões
Trajetória Histórica
O gráfico histórico aponta que, após um período de relativa estagnação entre 2018 (R$ 3,68 bi) e 2021 (R$ 3,87 bi), o agronegócio fluminense engatou uma sequência de quatro anos de altas consecutivas. O salto de R$ 3,8 bilhões em 2021 para R$ 5,06 bilhões em 2025 representa um aumento acumulado de 30,9% em quatro anos. Contudo, essa trajetória reflete um crescimento nominal que acompanha a inflação setorial e a recuperação de preços de commodities, sem indicar uma mudança estrutural na escala de produção do estado.
O Rio de Janeiro demonstra um setor agropecuário em expansão nominal generalizada. Diferente de outros estados que sofrem com a volatilidade de commodities específicas, o RJ apresenta crescimento em todas as culturas citadas, embora em valores absolutos pequenos para o padrão brasileiro.
O desafio do agronegócio fluminense não reside na ocupação da base do ranking nacional visto que o estado supera sete unidades federativas em faturamento, mas sim na sua dificuldade de ganhar tração proporcional.
Mesmo com um avanço de 12,2% em seu faturamento bruto, o Rio de Janeiro viu sua participação no VBP brasileiro permanecer estagnada em 0,36%. Isso ocorre porque a dinâmica nacional, impulsionada pelos grandes polos produtores, expandiu-se em um ritmo ainda mais agressivo (14,8%), impedindo que o crescimento local se traduza em relevância estratégica ou ganho de mercado no cenário do país.

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Sobretaxas dos Estados Unidos derrubam exportações brasileiras em vários setores
Estudo mostra que apenas seis dos 21 segmentos conseguiram compensar, em outros mercados, a queda nas vendas ao mercado americano.

As sobretaxas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros tiveram impacto amplo e negativo sobre as exportações do país. Um estudo da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) mostra que apenas seis dos 21 setores exportadores conseguiram compensar, em outros mercados, as perdas registradas nas vendas ao mercado americano.
Entre agosto e novembro de 2025, todos os setores analisados venderam menos para os Estados Unidos na comparação com o mesmo período de 2024. A queda somada alcançou US$ 1,5 bilhão. Em praticamente todos os segmentos, a retração das exportações para os EUA foi mais intensa do que a variação das vendas globais, o que evidencia o peso do mercado americano para a pauta exportadora brasileira.

Foto: Vosmar Rosa/MPOR
A tentativa de redirecionar exportações para outros países não foi suficiente para a maioria dos setores. Em 15 dos 21 segmentos avaliados, o crescimento das vendas ao restante do mundo não conseguiu compensar as perdas nos Estados Unidos. Juntas, essas áreas acumularam redução de US$ 1,2 bilhão.
Os impactos mais expressivos foram registrados nos setores de alimentos, como mel e pescados, além de plástico e borracha, madeira, metais e material de transporte. Apenas seis setores conseguiram equilibrar as perdas com vendas em outros mercados: produtos vegetais; gorduras e óleos; químicos; pedras preciosas; máquinas e aparelhos elétricos; e máquinas e instrumentos mecânicos.
Mesmo nesses casos, a compensação foi limitada. O estudo aponta que, muitas vezes, os produtos exportados para outros destinos não são os mesmos que tradicionalmente têm os Estados Unidos como principal mercado. Isso indica que a substituição do mercado americano ocorre de forma incompleta, tanto em valor quanto em perfil de produtos.
No setor de máquinas e aparelhos elétricos, por exemplo, as exportações para os Estados Unidos recuaram US$ 104,5 milhões no período analisado. Já as vendas para outros mercados cresceram US$ 650 milhões. Apesar do saldo positivo, itens específicos de maior valor agregado, como transformadores e geradores, também tiveram desempenho fraco fora dos EUA. As exportações de transformadores caíram tanto para o mercado americano quanto para o restante do mundo, enquanto os geradores registraram queda acentuada nos EUA e avanço modesto nos demais destinos.

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
O levantamento reforça que o mercado dos Estados Unidos segue difícil de substituir. Além do volume, o país importa produtos mais diversificados e com maior valor agregado, o que limita a capacidade de redirecionamento das exportações brasileiras no curto prazo.
Para a Amcham, os dados mostram que a diversificação de mercados ajuda, mas não resolve. A entidade avalia que, para grande parte da indústria brasileira, as perdas provocadas pelas sobretaxas não podem ser plenamente revertidas sem avanços nas negociações comerciais com os Estados Unidos.
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Preços dos grãos terminam 2025 sob pressão e incerteza no mercado
Soja, milho e trigo enfrentaram um ano de ajustes ao longo da cadeia global.

O mercado global de commodities encerrou 2025 marcado por preços pressionados, oferta elevada em várias cadeias e forte influência de fatores externos. Para 2026, o cenário segue condicionado a decisões políticas, tensões comerciais, clima e ajustes entre oferta e demanda, aponta a análise da Hedgepoint Global Markets.
No plano internacional, as políticas tarifárias dos Estados Unidos continuam no radar, com potencial para alterar fluxos comerciais, especialmente na relação com a China. A disputa entre as duas potências segue como um dos principais focos de atenção dos mercados. Em países emergentes, eleições também devem influenciar o ambiente econômico. No Brasil, o processo eleitoral previsto para outubro tende a aumentar a volatilidade ao longo do ano.
Na política monetária, a expectativa é de um período de maior equilíbrio. Após cortes de juros em 2025, bancos centrais como o Federal Reserve e o Banco Central Europeu se aproximam de uma fase de estabilização. No Brasil, há espaço para redução da taxa Selic ao longo de 2026, desde que as expectativas de inflação permaneçam controladas, com projeção de encerrar o ano em torno de 12%.
Esse pano de fundo macroeconômico e geopolítico se soma aos desafios específicos de cada mercado agrícola, especialmente ligados ao clima, à produção e ao consumo.
Complexo soja
O mercado de soja viveu em 2025 um cenário de forças opostas. A safra recorde da América do Sul contrastou com a redução de área nos Estados Unidos. A guerra comercial reduziu a demanda pela soja americana, ao mesmo tempo em que o crescimento do esmagamento e a perspectiva de maior uso de biocombustíveis ajudaram a sustentar o mercado. Uma trégua nas tensões entre EUA e China deu algum fôlego aos preços no fim do ano.
Em 2026, quatro pontos concentram as atenções. O primeiro é o volume de compras da China de soja norte-americana, após o compromisso de aquisição de pelo menos 25 milhões de toneladas. O segundo envolve o biodiesel nos Estados Unidos, cujas definições adiadas em 2025 devem impactar óleos vegetais e farelo no próximo ano. O terceiro fator é o clima na América do Sul, com incertezas sobre o potencial produtivo de Brasil e Argentina. Por fim, a decisão sobre a área de plantio nos EUA para a safra 26/27 dependerá do comportamento dos preços, com possibilidade de migração de área do milho para a soja.
Milho e trigo
No milho, 2025 foi marcado por produção recorde nos Estados Unidos, resultado da combinação entre aumento de área e condições climáticas favoráveis. As exportações surpreenderam positivamente, sustentadas pela competitividade dos preços. No trigo, grandes produtores também ampliaram a oferta, levando a produção global a níveis elevados.
Para 2026, o clima na América do Sul será determinante. Brasil e Argentina podem elevar a produção se as condições forem favoráveis, embora o fenômeno La Niña traga riscos, especialmente para a safra argentina. No Brasil, atrasos no plantio da soja podem comprometer o calendário do milho safrinha, elevando a exposição a riscos climáticos. Ainda assim, há tendência de aumento de área, impulsionada pela demanda crescente por etanol de milho, com novas plantas previstas para entrar em operação.
Nos Estados Unidos, a definição da área entre milho e soja dependerá da relação de preços no primeiro trimestre de 2026. Apesar da possibilidade de redução de área do milho, a demanda aquecida pode limitar cortes mais significativos. No trigo, as atenções se voltam ao clima no desenvolvimento da safra de inverno do Hemisfério Norte, em um contexto de transição do La Niña para condições neutras ao longo do primeiro semestre.
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Terraços na lavoura reduzem em até 78% a perda de água no solo
Estudo da Unicentro com apoio do Sistema Faep aponta que a adoção de terraços diminui a erosão, melhora a infiltração da água e aumenta a sustentabilidade na produção de grãos.

O uso de terraços na produção de grãos diminui a perda de água no solo. Esse é o resultado de uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e pela Rede Paranaense de Agropesquisa, com apoio do Sistema Faep e do NAPI Prosolo. O estudo, coordenado pelo professor do Departamento de Agronomia e do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Unicentro, Cristiano André Pott, foi realizado entre 2019 e 2022, em Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná.
“A conservação do solo é uma das bandeiras do Sistema Faep. Sabemos da importância do manejo e da conservação do solo para a produção e a produtividade e, principalmente, para a manutenção das próximas safras. Essa e outras pesquisas são fundamentais para orientar e subsidiar o nosso produtor rural”, destaca o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.

Localização da área de estudo e instalação das megaparcelas
A pesquisa foi desenvolvida em três áreas de estudo, denominadas megaparcelas, com o objetivo de analisar as perdas por erosão hídrica e monitorar as qualidades física, química e biológica do solo. Uma sem terraços e com cultivos similares aos adotados pelos produtores da região; outra com boas práticas de manejo recomendadas pela equipe de pesquisa; e a última contava com terraços de base larga para controle do escoamento superficial.
As megaparcelas foram semeadas com milho, soja, trigo, aveia, centeio e cevada. Além dessas áreas, o estudo ainda avaliou os impactos em uma bacia hidrográfica de 119 hectares, com 90% da área cultivada com grãos em Sistema de Plantio Direto na Palha (SPD), mas sem terraços. “Quando registrado chuvas mais intensas, tivemos erosões severas e a parcela com terraço respondeu muito melhor no controle de erosão”, explica Pott.
O estudo comprova que a adoção dos terraços reduziu em até 78% as perdas de água, em comparação com os demais sistemas analisados. Esse modelo também demonstrou maior infiltração da água no solo, com menor escoamento superficial e maior disponibilidade hídrica às culturas cultivadas.
Por outro lado, apenas a adoção do Sistema de Plantio Direto na Palha não se mostrou suficiente para evitar perdas de solo e água quando há ocorrência de chuvas mais fortes. As megaparcelas sem terraço registraram sulcos de erosão e perdas hídricas e de sedimentos.

Estação de monitoramento do rio da bacia hidrográfica localizada no Distrito de Entre Rios, Guarapuava, Paraná
“No terraço, quando tem a obra física com a barreira, todo o solo acaba ficando mais úmido, porque é menos água escoando para fora da lavoura. Essa água acaba sendo usada por micro-organismos. Então, a gente começa a enxergar resultados não só do ponto de vista do escoamento, mas de atributos físicos, químicos e biológicos”, complementa o docente da Unicentro.
Somente na área da bacia hidrográfica, os pesquisadores avaliaram uma perda em nutrientes do solo de R$ 385,70 por hectare (valor vigente em 2023). Itens como ureia, superfosfato triplo, cloreto de potássio e calcário dolomítico foram contabilizados nesse cálculo.
“É importante integrar práticas vegetativas e mecânicas de conservação do solo, como o uso de terraços, para garantir sistemas agrícolas mais resilientes, produtivos e sustentáveis. A adoção desses recursos se mostrou fundamental para preservar a capacidade produtiva do solo, proteger os recursos hídricos e assegurar a sustentabilidade da agricultura para as futuras gerações”, finaliza o professor.
Capacitação
O Sistema Faep oferece o curso “Manejo e Conservação do Solo – Prática de Campo” em seu catálogo. Ao longo das 20 horas de treinamento, o produtor rural conhece os tipos de solos, suas fragilidades e potencialidades, além de técnicas que auxiliam na tomada de decisão para o manejo correto.
O curso é gratuito e com certificado. Os interessados podem obter mais informações e fazer a inscrição no site da entidade.



