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Pecuária de leite vive incertezas quanto ao preço de insumos

Alta nos custos, além de pressionar as margens de lucro do produtor, prejudicando a produção de leite, encarece os preços dos produtos lácteos

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O custo do alimento concentrado para rebanhos leiteiros tem apresentado forte elevação internacional. A mistura concentrada (milho mais farelo de soja na relação de 70% e 30%) chegou a US$ 0,34 por kg em maio, uma elevação de 51,4% em relação a média de 2018-2020. Considerando que milho e soja são commodities, cotados em dólar, a cotação atual da moeda americana no Brasil não alivia o problema. O dólar chegou a ficar abaixo dos R$ 5,00 em junho, abrindo uma janela interessante para compra, mas retornou ao patamar anterior, encarecendo novamente os insumos. Dados do ICPLeite (Índice de Custo de Produção de Leite da Embrapa) apontam que, em junho, a compra e produção de volumosos apresentou uma variação de 7% e a alimentação concentrada, 3,85%. Alimentar o rebanho está mais caro nesta entressafra.

Durante a reunião mensal de conjuntura do Centro de Inteligência do Leite, da Embrapa, pesquisadores e analistas da instituição se viram diante da pergunta: “quando os preços que integram os custos de produção irão começar a cair?” A conjunção de commodities agrícolas em alta com desvalorização do Real não tornam fácil esta resposta. O ICPLeite contabilizou uma alta de 39% nos últimos 12 meses finalizados em junho. O concentrado subiu 68%. “Para agravar a situação, a falta de chuva  no Centro-Sul do país comprometeu a produção do milho safrinha”, diz o pesquisador da Embrapa, Glauco Carvalho. Ele demonstra preocupação com a alta significativa e diz não ver perspectivas de os custos de produção começarem a cair. “Além do atraso no plantio da safra de grãos e das poucas chuvas, mais recentemente, geadas em importantes regiões produtoras de milho safrinha afetaram a oferta”.

A alta nos custos, além de pressionar as margens de lucro do produtor, prejudicando a produção de leite, encarece os preços dos produtos lácteos, que naturalmente na entressafra apresentam cotações mais elevadas. No mercado atacadista, o leite UHT (de caixinha) estava sendo vendido na primeira quinzena de junho a R$ 3,55. O queijo muçarela chegou a ser cotado a R$ 27,81. “Após os preços registrarem alta no atacado, o mercado perdeu força nos últimos dias, mas ainda há uma sustentação em função da entressafra, que termina em agosto/setembro”, diz o pesquisador. De todo modo o cenário é de cautela, devido às incertezas sobre a demanda e o aperto nas margens do produtor e indústria.

Quanto ao produtor, o analista Denis Rocha diz que as margens lucro continuam apertadas, mas houve uma melhoria no último mês. Em junho, o produtor recebeu R$ 2,20 pelo litro de leite, com registro de altas consecutivas desde abril. “Essa tendência de alta é explicada pela menor disponibilidade do produto no mercado atacadista, devido à entressafra, o alto custo de produção e a menor entrada de leite via importações”, explica Rocha. Em relação a 2020, o analista lembra, no entanto, que nesse período do ano passado, o governo pagava um valor maior de auxílio emergencial, devido à pandemia, o que acabou elevando o consumo e aumentando o preço dos produtos, garantindo uma melhor margem de lucro para o setor produtivo naquele momento. O momento atual, segundo Rocha, é mais complexo devido às altas taxas de desemprego, embora o mercado de trabalho siga em recuperação devido ao arrefecimento da pandemia.

Carvalho vê com otimismo o cenário macroeconômico do pais: “Os investimentos no PIB do primeiro trimestre vieram bons e o consumo das famílias está em recuperação”.  O pesquisador ainda afirma que apesar do fraco desempenho no mercado de trabalho, os indicadores de rendimento tendem a ser melhores neste segundo semestre, causando um impacto positivo no setor. A pesquisadora Kennya Siqueira constata que o comercio, de modo geral, apresentou uma melhora, com o consumo domiciliar voltando aos níveis pré-pandemia. “Ainda há um consumo reprimido muito grande, que o comércio vem absorvendo aos poucos. Ela ainda acredita que a volta do movimento nos restaurantes poderá contribuir para a elevação do consumo de lácteos.

Entrevista – Glauco Carvalho

Após um ano e meio de pandemia, o pesquisador Glauco Carvalho concedeu uma entrevista ao Anuário Leite, da Embrapa Gado de Leite, na qual fala sobre o comportamento do setor neste período:

Como o sr. avalia o comportamento do setor lácteo nesse tempo de pandemia?

O setor como um todo fez um excelente trabalho durante a pandemia, sobretudo em seu início, quando tudo era muito novo e desconhecido. Não houve ruptura na produção e nem na distribuição. E o setor foi ágil em realocar leite de laticínios com maior dificuldade em vendas para outros com menores problemas de logística e distribuição. Dessa forma, a cadeia produtiva conseguiu manter a oferta de leite e derivados em todo o país, atendendo às necessidades de consumo dos brasileiros.

Houve mais impacto no segmento de produção de leite ou no de consumo?

Houve um crescimento do setor como um todo. Crescemos na produção de leite e crescemos no consumo. Mas como a nossa balança comercial foi negativa, ou seja, importamos mais do que exportamos, eu diria que o impacto no consumo foi maior. Mas neste caso foi um impacto positivo. Se olharmos a produção de leite formal, ou seja, com inspeção, houve um aumento de 2,1% no ano passado. Já a disponibilidade, que é o volume absorvido internamente no consumo direto ou indireto, registrou um crescimento de 2,8%. Por isso, digo que o impacto sobre o consumo foi maior e muito impulsionado pelo efeito renda que ocorreu na população via Auxílio Emergencial. Mas também tivemos novos hábitos de consumo que ajudou nas vendas.

No primeiro ano da pandemia, houve crescimento do setor, devido ao auxílio emergencial. Este ano, o auxílio é menor. O ano de 2021 pode fechar com uma crise estabelecida na cadeia produtiva, que se estenderá para 2022?

A cadeia do leite é muito resiliente a crises e, em geral, se ajusta rápido. Mas o cenário de curto prazo não é dos melhores, por uma série de fatores. Do lado macroeconômico estamos com elevada taxa de desemprego, queda na renda e uma inflação e juros subindo. Além disso, o crescimento econômico previsto é baixo, ficando bem aquém da expansão mundial. Especificamente em relação ao setor, estamos com uma enorme pressão de custos e com dificuldade para repassar preços ao consumidor final pela própria fragilidade macroeconômica. É uma conjuntura bastante desafiadora e, pode sim, se arrastar para além de 2021, sobretudo no âmbito dos custos. Portanto, é um ano que sugere decisões mais conservadoras. Mas não podemos esquecer que a economia está em recuperação, com reflexos positivos sobre renda e consumo ao longo dos próximos meses.

Como o senhor explica a alta nos custos de produção de leite, que se arrasta desde o princípio da pandemia?

Essa alta está relacionada a um conjunto de fatores, internos e externos. Externamente, podemos destacar: a desvalorização do dólar frente a outras moedas, o que elevou os preços das commodities em dólar; o forte crescimento do consumo global; as importações chinesas de milho que geralmente ficavam entre 3 e 5 milhões de toneladas/ano e agora devem superar 25 milhões de toneladas; o recuo nos estoques globais de milho e soja, com forte queda nos estoques dos Estados Unidos. Um outro fator, não muito falado, foi a migração de fundos de hedge para os mercados de commodities. Os fundos estão com uma posição comprada historicamente alta, o que acaba colocando mais pressão nas cotações. Mas tivemos fatores internos também. Além de problemas climáticos que afetaram plantio e colheita, houve uma desvalorização do real que tem forte impacto nos custos de produção de leite. Enfim, o fato é que temos uma demanda firme por milho e soja e com produtores bastante capitalizados, cadenciando a venda.

Além do preço das commodities, o que mais tem elevado os custos de produção de leite?

As principais altas foram no custo de concentrado como já falamos. Mas também estamos observando elevação no custo do alimento volumoso, com encarecimento de combustíveis, fertilizantes e defensivos. São insumos afetados pela taxa de câmbio, pelo preço do petróleo, pelo frete marítimo internacional, e todos estes fatores sugerem elevação.

A elevação do câmbio torna o leite brasileiro mais barato comparado aos preços internacionais. No entanto as importações estão em alta. Qual o papel do câmbio na atual crise?

No agronegócio geralmente a desvalorização cambial é positiva. Mas isso quando pensamos nas cadeias agroexportadoras como soja, café, laranja, etc. No caso do leite, apesar do câmbio segurar a importação, há um efeito direto em custos. No segundo semestre de 2020 o câmbio não foi suficiente para segurar a importação. A alta dos preços domésticos e a competitividade dos produtos lácteos oriundos da Argentina e do Uruguai elevou muito nossas importações. E isso ocorreu também no início de 2021, mas com volumes decrescentes. Neste início de ano, estamos vendo uma importação perdendo força e uma exportação crescendo. A alta dos lácteos no mercado internacional contribuiu para esse movimento.

Com relação à indústria, o que tem preocupado os laticínios?

A grande preocupação é a dificuldade em aumentar as margens e a agregação de valor. Por termos uma indústria muito fragmentada e sem poder de negociação junto aos varejistas, o setor acaba ficando pressionado em determinados momentos. A existência de baixas barreiras à entrada no setor acaba gerando esse resultado de pouco poder de mercado. Quando a economia cresce de forma mais acentuada esse efeito é mitigado, pois há uma expansão da renda e do consumo. Mas quando crescimento econômico é baixo, os problemas se agravam. O consumo de leite tem uma forte relação com a renda e o Brasil parou de crescer em 2014. Com isso, estamos praticamente estagnados no leite também. E quando você tem crises sequenciais o resultado é muito perigoso. O Brasil encolheu em 2015 e 2016, depois tivemos crescimento muito baixo no período 2017-2019. Em 2020 veio a pandemia e mais crise econômica. Isso vai minando a capacidade de investimento das empresas nos diversos setores, afeta emprego, renda, consumo e assim por diante. No primeiro ano da pandemia tivemos uma forte contribuição fiscal, o que gerou um consumo importante de lácteos. Mas é algo que não se sustenta por si e acaba aumentando o endividamento público, que tem outras consequências econômicas negativas, como aumento de juros, por exemplo.

Houve um aumento do consumo de leite no primeiro ano da pandemia, como o consumidor está se comportando neste momento?

A situação neste início de 2021 está mais complicada. Ano passado tivemos um grande consumo das classes D/E com a liberação do Auxílio Emergencial. Mas perdemos boa parte dessa parcela da população por falta de renda. Começamos 2021 com um crescimento tímido de consumo e que está limitando aumentos mais robustos de preços e pressionando negativamente as margens de rentabilidade no setor.

O sr. consideraria que o setor leiteiro foi o que menos sofreu com a pandemia dentro do agro?

Não vejo isso. No primeiro ano, o setor foi beneficiado com o aumento do consumo e melhoria das margens. Mas isso não se sustentou e já no final de 2020 o cenário piorou. O fato é que o mundo está crescendo rápido e as cadeias agroexportadoras estão aproveitando o momento, com maior remessa de produtos e a preços mais elevados. Ou seja, uma combinação perfeita. Não é o caso do leite, que depende quase que exclusivamente da renda interna para crescer. Deveremos ter um ajuste de oferta para melhorar a condição atual de preços.

Quais lições que o setor lácteo, dentro e fora da fazenda, pode tirar desse período tão atípico e qual a tendência daqui para frente?

Vejo que existem várias lições, como a própria adaptação exigida pela pandemia, de como lidar com as incertezas e de como lidar com a expectativa de má notícia, está última muito presente no cotidiano da pandemia. Nesse sentido, os maiores aprendizados estão relacionados a ação e cooperação. Ficar reclamando não ajuda em nada, mas agir sim. E vejo que o setor seguiu essa linha no primeiro ano da pandemia. Todos enfrentamos inúmeros desafios e o importante é buscar soluções para seguir adiante e com sucesso. No caso da cooperação, buscar boas parcerias no negócio é fundamental para lidar com a complexidade do mundo atual. E a pandemia mostrou que a cooperação entre indivíduos, empresas e nações foi a arma mais poderosa para a busca de soluções, como a vacina da Covid-19. Para o futuro, essa cooperação será fundamental nos negócios para produzir com mais eficiente, para realizar melhores compras de insumos, para melhorar a comercialização e para agregar valor. Existem também tendências relacionadas à segurança dos alimentos, saudabilidade, meio ambiente, responsabilidade social, todos temas que precisam estar na agenda do setor.

Com menos pessoas frequentando bares e restaurantes, sua opinião, a pandemia foi capaz de modificar hábitos de consumo de lácteos?

Certamente que sim. Houve a substituição de alimentação fora do lar pela alimentação domiciliar, o que impulsionou a demanda por lácteos utilizados na culinária. Mas as mudanças de hábitos não ocorreram apenas pela menor presença em bares e restaurantes, e sim por uma série de mudanças que vivenciamos. Com a pandemia, as famílias privilegiaram os gastos com alimentos. Além disso, ao passo que uma parcela da população teve ganhos de renda e passou a gastar mais com alimentos, outras tiveram crescimento de poupança devido a economias de outros gastos, como viagens e mesmo bares e restaurantes. Essas famílias acabaram privilegiando uma alimentação mais elaborada e mais prazerosa. Enfim, tem sido um período com diferentes experiências de consumo. E vejo também que a pandemia acelerou algumas tendências como as compras online. É uma forma de comercialização que o setor lácteo precisa explorar mais. Existem outros temas relacionados a segurança do alimento e origem que tendem a ganhar força nos próximos anos.

O sr. tem citado que é bem provável que uma nova ordem se estabeleça no agro brasileiro e mundial quando a nossa vida voltar ao normal. O que devemos esperar?

É crescente a cobrança por práticas de ESG (Ambiental, Social, Governança) no campo. A sociedade e os investidores buscam um modelo de desenvolvimento sustentável que considere essas questões, ou seja, a proteção ambiental, a responsabilidade social e maior transparência. São questões que ganham peso na análise do investidor, no comércio global, e o Brasil tem um potencial enorme nessa direção, com agricultura de baixo carbono e produção de alimentos para abastecer grande parte da população mundial, sem subsídio. Essa é a sinalização que estamos vendo para o futuro. As cadeias agroalimentares se movem no sentido de ganhos de produtividade para segmentação de mercado e customização do consumo e aí estamos falando de agregação de valor aos produtos. No caso do leite, a forma como ele é produzido, e por quem, ganhará cada vez mais importância. Com isso, surgem as demandas por rastreabilidade, bem-estar animal, pegada de carbono, resíduo e reciclagem, sustentabilidade, produtos locais, produtos naturais, entre outras tendências. O consumidor busca essas informações e o setor pode utilizá-las como uma importante fonte de valor.

Fonte: Embrapa Gado de Leite

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Combate a agrotóxicos ilegais se multiplica com ações integradas

Evento em Campinas discutiu ações de empresas e do poder público para reduzir ocorrências; destinação de produtos apreendidos foi debatida.

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Atuar na descapitalização de organizações criminosas que atuam no contrabando ou falsificação de agrotóxicos químicos e biológicos tem sido uma estratégia adotada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no combate às fraudes e crimes envolvendo o produto. O assunto foi debatido nesta terça (23), no Workshop sobre Agrotóxicos Ilegais realizado em Campinas (SP). O evento foi promovido por uma associação de empresas de pesquisa, desenvolvimento e inovação que atuam nas áreas de sementes, biotecnologia, defesa vegetal e agricultura digital, a Croplife-BR. 

O Mapa participou do evento na abertura e com uma palestra técnica. O superintendente do ministério no Estado de São Paulo, Guilherme Campos, lembrou que o setor produtivo cobra, com muita justiça, ações de combate à ilegalidade das autoridades competentes. “Vamos fazer a nossa parte para que o mercado de agrotóxicos ilegais seja erradicado da atividade produtiva no campo”, disse. 

Fotos: Divulgação/Mapa

O auditor fiscal federal agropecuário, Julio Cesar Lima, chefe da Divisão de Fiscalização de Agrotóxicos e Afins, lembrou em sua palestra que as ações tomadas por diferentes atores, como polícia militar nos Estados, Polícia Rodoviária Federal, Ibama, Mapa, Receita Federal, Polícia Civil, Ministério Público, Polícia Federal, entre outras, acabam multiplicando o combate aos produtos ilegais. 

Segundo ele, a recente inclusão do Mapa no Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), em 2019, incrementou a fiscalização sobre contrabando e adulteração de agrotóxicos. A divisão que Julio chefia já realizou nesses quatro anos 37 operações e 26 treinamentos teórico e em serviço para instituições parceiras. 

“Eventos como este de Campinas, onde explicamos desde o conceito de agrotóxicos até as rotas de contrabando, acabam estimulando ainda mais as ações de repressão”, afirmou. Segundo o auditor do Mapa, no passado esses produtos entravam no Brasil pelos países vizinhos, mas agora já são descobertos produtos ilegais chegando em portos e aeroportos brasileiros. 

Com a ação integrada entre várias instituições, há troca de informações e documentos oficiais que permitem ampliar as punições. Por exemplo, mesmo que o Mapa não tenha participado de uma determinada operação, os boletins de ocorrência ou autos de infração lavrados por outra instituição podem embasar o processo administrativo na instância do ministério. Desta forma, as penalidades previstas em diferentes legislações vão se acumulando. 

Outro assunto tratado no workshop foi a dificuldade de encontrar espaços disponíveis para armazenar os produtos ilegais apreendidos. Uma alternativa apresentada por Julio foi utilizar a estrutura de empresas de pesquisa que descartam corretamente seus componentes químicos. Esses resíduos são despejados em tanques, onde o líquido evapora e resta apenas a parte sólida, menos volumosa. Essa borra pode ser destinada à incineração, em uma condição mais favorável. O servidor sugeriu parcerias público-privadas para viabilizar essa medida.  

Dados apresentados no workshop indicam que cerca de 25% dos agrotóxicos utilizados no Brasil são ilegais. Legislação recente do Mapa alterou o valor da multa aplicada, passando do teto de R$ 40 mil para R$ 150 mil para casos considerados gravíssimos, como o contrabando. 

Empresas produtoras de agrotóxicos legais que participaram do evento apresentaram aplicativos e medidas investigativas que estão adotando para ajudar a identificar produtos suspeitos e conter o avanço de organizações criminosas. Uma delas afirmou que investe em processos punitivos até o final, por meio de ações judiciais. 

Fonte: Assessoria Mapa
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Economia Verde do Paraná alcança R$ 140 bilhões e já representa 32,9% do PIB

Segundo o relatório, cerca de um terço do PIB estadual total (32,9%) está relacionado à Economia Verde, somando R$ 140,1 bilhões. Os dados são de 2020. Entre as áreas que mais contribuíram para compor esse valor estão a Agropecuária (40%, ou R$ 56 bilhões), seguida do setor de Serviços (37%, ou R$ 51 bilhões) e da Indústria (23%, ou R$ 32 bilhões).

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Foto: Alex Adam/SEPL

O Governo do Paraná lançou nesta quarta-feira (24) dois importantes estudos desenvolvidos pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) com foco na construção de indicadores econômicos: o PIB da Economia Verde Paranaense e a atualização da Matriz Insumo-Produto do Paraná (MIP).

O primeiro traz dados que enfatizam a representatividade econômica desse estrato produtivo para além da sua importância em termos de sustentabilidade. Segundo o relatório, cerca de um terço do PIB estadual total (32,9%) está relacionado à Economia Verde, somando R$ 140,1 bilhões. Os dados são de 2020. Entre as áreas que mais contribuíram para compor esse valor estão a Agropecuária (40%, ou R$ 56 bilhões), seguida do setor de Serviços (37%, ou R$ 51 bilhões) e da Indústria (23%, ou R$ 32 bilhões).

A condição favorável do setor primário (agricultura) se deve à inexistência de atividades reconhecidamente danosas na estrutura produtiva, como a extração de madeira em florestas nativas, caça de animais, retirada de vegetação natural para a produção de carvão e coleta de palmito não plantado, entre outras. Em relação aos Serviços, o estudo aponta aderência à Economia Verde nas subatividades de transporte, armazenagem e correio, além da administração pública. O desafio é maior na Indústria por causa dos pesos do refino de petróleo e da fabricação de automóveis.

Outro aspecto positivo da matriz paranaense é que os chamados Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUPs), que abrangem a geração de energia elétrica e o saneamento, entre outros, estão integralmente incorporados à Economia Verde, refletindo a utilização de fontes renováveis e os benefícios gerados em âmbito social, incluindo as questões de saúde da população.

A Economia Verde é entendida como um modelo econômico que tem o objetivo de melhorar o bem-estar da população, ao mesmo tempo em que procura reduzir os riscos ambientais e promover o uso racional dos recursos naturais. Além disso, as ações propostas envolvem a mitigação dos danos ambientais e a aplicação de medidas para a amenização dos impactos das mudanças climáticas.

A discussão sobre esse setor é tendência mundial e abrange sustentabilidade, transição energética, clima, segurança alimentar e descarbonização das cadeias, áreas em que o Paraná ocupa excelente posição em relação a outros estados e países e caminha para avançar ainda mais. “O Paraná foi reconhecido, por três vezes consecutivas, como o Estado mais sustentável do Brasil e está bem posicionado naqueles grandes atributos verdes. Temos que gerar agora um ambiente favorável para que as empresas possam se capitalizar dessa realidade”, disse o secretário de Planejamento, Guto Silva.

Segundo ele, com esse recorte do PIB da Economia Verde, vai ser possível alavancar novos negócios e trazer as empresas e entidades para esse debate. “Isso é importante para que a gente possa ter um olhar a longo prazo, em que o Paraná possa gerar emprego, aumentar sua renda e, sobretudo, aproveitar essa tendência verde para o qual o mundo tem dado cada vez mais atenção”, complementou.

Os dados estão baseados em informações detalhadas do cálculo do PIB do Estado, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ipardes, e a seleção de atividades definida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), amparada em diversas pesquisas de entidades internacionais.

“Com esse novo índice, é possível observar a parcela da produção estadual de bens e serviços que está comprometida com a sustentabilidade, não somente ambiental como social, podendo subsidiar a elaboração de políticas públicas que buscam conciliar o desenvolvimento com a redução dos riscos ambientais e o uso racional dos recursos naturais”, afirmou o diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado.

Matriz insumo-produto

Já a Matriz de Insumo-Produto do Paraná construída pelo Ipardes com o apoio da Secretaria de Estado da Fazenda mede os impactos de intervenções públicas ou privadas na economia local (produção, emprego e renda) das atividades econômicas, de projetos governamentais e do setor privado de determinada região. O ano base do relatório é 2018.

A mensuração dos efeitos socioeconômicos das obras de infraestrutura ou da instalação de grandes empreendimentos produtivos é um dos exemplos do uso da MIP, que também pode subsidiar o desenho de políticas de desenvolvimento. A análise setorial por meio da MIP permite identificar quais os setores preponderantes sob diversas óticas, tais como geração de renda e emprego, inter-relação setorial, multiplicadores de valor adicionado e de impostos, entre outras.

A MIP paranaense foi construída com base na Tabela de Recursos e Usos (TRU) do Estado, que, por sua vez, traz informações obtidas por meio de Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) fornecidas pela Secretaria da Fazenda.

“O PIB da Economia Verde do Estado e a Matriz Insumo-Produto do Paraná são documentos técnicos que têm a função de embasar não só políticas públicas, mas iniciativas dos demais setores produtivos e realizar o diagnóstico e o monitoramento do impacto social, econômico e ambiental dessas atividades”, complementou Callado.

Presenças

Participaram do lançamento dos estudos os secretários estaduais da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros; da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; o diretor-presidente da Fomento Paraná, Heraldo Neves; o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin; o ex-governador e secretário do Codesul/PR, Orlando Pessuti, e representantes de entidades de setores produtivos.

Fonte: AEN-PR
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Subsecretaria de Tecnologia da Informação trabalha para modernizar Ministério da Agricultura

Objetivo é deixar o órgão mais contemporâneo, focado no desenvolvimento de inovações tecnológicas para o serviço público e para a sociedade.

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Foto: Divulgação/Mapa

Uma das áreas de atuação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é o de sistemas com informações voltadas para o agronegócio. Para isso, a Subsecretária de Tecnologia da Informação (STI) trabalha no desenvolvimento de inovações tecnológicas para os servidores e para a sociedade.

Um exemplo foi o lançamento, no início do mês de abril, da versão eletrônica da emissão de Certificados Sanitários Nacionais (CSN) para o trânsito de produtos de origem animal no território brasileiro. A iniciativa visa dar mais eficiência e rapidez neste processo, trazendo benefícios tanto para o serviço público quanto para as empresas que as utilizam, além de melhor rastreabilidade e maior segurança.

Já foram mais de mil requerimentos e cerca de 500 pedidos analisados. A ferramenta foi desenvolvida dentro do Sistema de Informação Gerencial do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF), em um trabalho conjunto com a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). “O trabalho realizado hoje aqui no Mapa é para deixar um legado de um Ministério contemporâneo, mais moderno, mais eficiente, mais rápido, com menos gargalos, para que tudo isso funcione mais rápido”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

De acordo com o subsecretário Camillo Mussi, o próximo passo será a implementação da extensão para a emissão de Certificados Sanitários Internacionais (CSI), de acordo com as tratativas e aceitação dos países importadores. A medida deve beneficiar as exortações dos produtos brasileiros.

Além disso, também está em fase final de desenvolvimento a certificação sanitária eletrônica internacional de produtos de origem vegetal, chamada de E-Phyto. “Isso vai trazer uma rapidez nas exportações brasileira de produtos vegetais, além da diminuição de custos para o Brasil e a diminuição do tempo de armazenamento de cagas no porto”, afirma Mussi.

Cada Secretaria do Mapa conta com profissionais de desenvolvedores e gerentes de projetos da STI para a criação de novos programas, modernização de sistemas e manutenção. Além disso, a Portaria Mapa nº 614/2023 apresenta as diretrizes para as contratações de soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação no Ministério.

Outro ponto de trabalho é a garantia de segurança de sistemas. Atualmente a Subsecretaria é responsável pela gestão dos servidores do Mapa, das Superintendências Federais de Agricultura (SFAs); do Instituto do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet); do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); e do Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA).

Só no Mapa são mais de 10 mil usuários, além de mais de 176 pontos espalhados entre os estados, desde as SFAs e laboratórios. É a segunda maior estrutura de gestão tecnológica entre os Ministérios.

A STI realiza campanhas de conscientização de segurança da informação e links de transmissão com segurança de proteção na ponta de dados. Foram 83 instalações de aquisição de soluções de segurança, distribuídos entre os órgãos.

Entre as novidades que estão por vir, Mussi revelou que a partir do mês de maio, as Superintendências, os Laboratórios e as demais estruturas, contarão com rede de Wi-Fi sem fio com mais segurança e proteção.

Há também a elaboração de painéis de acompanhamento, chamado de dashboards, sendo uma realização em parceria com as Secretarias e os outros órgãos, como Sistema PesqBrasil e o lançamento que irá ocorrer em maio do Cadastro de Agricultor Familiar 3.0.

Foram lançados ainda a Política de Segurança da Informação o Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação (Pdtic) 2023-2025. Além disso, o Comitê Segurança da Informação (CSI/Mapa) realiza reuniões ordinárias e extraordinárias, conforme a legislação.

Além disso, foi trabalhado pela STI a automatização dos controles das demandas recebidas pelo Mapa na Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação, conhecida como Fala.BR. A medida gerou evolução no atendimento, com melhor monitoramento e controle das demandas, cuja resposta dentro do prazo foi facilitada. O próximo passo, em elaboração, será o Plano de Dados Abertos, parceria entre a STI e a Ouvidoria.

Para todos estes trabalhos, ações e execuções, a Subsecretaria de Tecnologia teve o investimento de 71 milhões em 2023. Para este ano, a previsão de investimento é de 80 milhões.

Fonte: Assessoria Mapa
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