Bovinos / Grãos / Máquinas
Pecuária de corte se recupera em 2024 e projeta novo ciclo de alta em 2025
Para garantir as melhores oportunidades do setor, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior, presidente da Acrimat, diz que o produtor precisa entrar na atividade com uma estratégia clara, escolhendo entre criação, recria ou engorda conforme a vocação da região em que sua propriedade está instalada.

Após enfrentar períodos difíceis, 2024 foi um ano de recuperação para a pecuária de corte no Brasil. O Valor Bruto de Produção (VBP) deve atingir a marca de R$ 151,9 bilhões, representando um crescimento de 1,88% em relação a 2023, quando o setor fechou o ano com faturamento de R$ 149,1 bilhões. As projeções foram divulgadas em novembro pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e serão consolidadas em janeiro de 2025.
Segundo as Estatísticas da Produção Pecuária, divulgadas em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2024 deve encerrar com recorde no abate de bovinos e na produção de carne. No terceiro trimestre, o abate cresceu 15,3% em comparação ao mesmo período de 2023, com alta de 3,9% frente ao segundo trimestre de 2024. O total de cabeças abatidas alcançou 10,37 milhões, superando pela primeira vez a marca de 10 milhões de cabeças em um trimestre. O desempenho no último trimestre pode consolidar um recorde anual histórico.
Essa boa oferta de animais é resultado da retenção de fêmeas entre o final de 2019 e 2021, um movimento estratégico do setor. Atualmente, a pecuária se encontra em uma fase de baixa de ciclo, não em número de animais, mas em termos de preços. Os valores do bezerro seguem em queda, o que desincentiva a retenção de fêmeas e, por consequência, aumenta o envio de fêmeas para o abate.
Em relação ao terceiro trimestre de 2023, foram abatidas 1,37 milhão de cabeças a mais no mesmo período de 2024, com aumentos em 25 das 27 unidades da federação. O abate de fêmeas subiu 19,6%, impulsionado pela desvalorização do bezerro em comparação ao ano anterior, enquanto o abate de machos apresentou alta de 12,5%.
Outro fator positivo foi a demanda aquecida pela carne bovina tanto no mercado interno quanto no externo. Conforme dados da Secex/MDIC, as exportações de carne bovina no terceiro trimestre de 2024 atingiram um patamar inédito de 706,43 mil toneladas, representando um aumento de 30,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, consolidando o Brasil como líder global no fornecimento de carne bovina.
De acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior, apesar da recuperação da arroba entre o fim de outubro e o início de novembro e da melhora no clima, o ano ainda foi marcado por muitas dificuldades para os pecuaristas. “Tivemos problemas com preços, seca, incêndios, insegurança jurídica e no campo, com risco constante de invasões de terras e ainda no Mato Grosso tivemos vários impasses para obter liberação de licenciamentos pela Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso para desmatar áreas legais. Então, no geral, considero que foi um ano razoável”, menciona.
Ribeiro Júnior destaca que a recuperação dos preços da arroba bovina no fim do ano trouxe algum alívio ao setor, com valores próximos ao que eram há dois anos, em torno de R$ 330/@, chegando em algumas regiões a R$ 450/@. “Porém, esses valores apenas recompõem as perdas acumuladas nos últimos anos, considerando os investimentos feitos no período”, afirma.
Outro ponto de atenção é o preço do bezerro, que esteve muito abaixo do ideal ao longo de 2024, mas deu sinais de melhora no fim do ano. Na segunda quinzena de dezembro, o Indicador do Bezerro Esalq/BM&FBovespa – Mato Grosso do Sul registrou preço de R$ 2.651,08, com peso médio de 201 quilos. Segundo Ribeiro Júnior, a tendência é de que os preços subam no início de 2025. “A perspectiva para 2025 é muito melhor. O cenário externo está pujante e crescente, com muitos países buscando o Brasil para garantir a segurança alimentar de suas populações. O mercado interno é mais sensível, pois depende da condição econômica do país e das políticas do governo federal”, expõe.
Apesar disso, Ribeiro Júnior ressalta que a pecuária ainda enfrenta desafios. “O poder aquisitivo da população tem piorado, e isso impacta diretamente o consumo de carne bovina, que acaba sendo substituída por proteínas mais baratas. Como o mercado interno consome quase 75% da nossa produção, ainda aguardamos uma melhora”, menciona.
No mercado externo, a situação é mais favorável. “O mercado está aquecido e em crescimento contínuo. Muitos países procuram o Brasil, não apenas pela carne bovina, mas pela segurança alimentar que oferecemos. Há alguns anos, os Estados Unidos diziam que não comprariam nossa carne, e hoje figuram entre os principais compradores, importando mais de 150 mil toneladas por ano”, relembra.
Ele também destaca que outros mercados importantes estão se abrindo. “O México, que é concorrente direto do Brasil, também está comprando nossa carne, assim como o Canadá. O único concorrente direto que não compra carne bovina brasileira é a Austrália, além da Argentina e do Uruguai. Das 195 nações da ONU, 145 consomem carne brasileira. O Sudeste Asiático tem mostrado grande interesse, e a China segue como um dos maiores compradores”, enfatiza.
Recomposição do rebanho

O mercado pecuário brasileiro começa a dar sinais de mudança no ciclo produtivo após dois anos de abate elevado de fêmeas, o que reduziu a oferta de bezerros e impactou a estrutura de reposição. Segundo Ribeiro Júnior, o momento é de grande procura por novilhas para recompor os plantéis, impulsionando a valorização dos bezerros e marcando o início de um novo ciclo.
Segundo o presidente da Acrimat não haverá escassez de carne bovina, mas o valor da arroba tende a aumentar, dependendo do comportamento do mercado varejista e dos frigoríficos. “Talvez a arroba esteja um pouco mais cara, mas vai depender do mercado varejista e dos frigoríficos, que são nossos principais compradores e grandes moderadores do preço. Se o varejo não vender, vai precisar fazer descontos para baixar o valor da carne na gôndola. É a lei da oferta e procura”, explica.
Custos de produção
Outro fator positivo apontado é a previsão climática para 2025, que tende a ser mais favorável em relação a 2024. De acordo com Ribeiro Júnior, os lençóis freáticos começam a se recuperar com as chuvas recentes, o que pode reduzir os impactos de estiagens prolongadas.
No entanto, a recuperação dos pastos ainda é gradual, o que retarda a chegada de animais prontos ao mercado. Com isso, a carne disponibilizada atualmente é majoritariamente de confinamento, o que pressiona os custos de produção. “Sem o pasto, o custo operacional da produção aumentou em média 30%. Toda vez que sobe o preço da arroba, o confinador também aumenta o preço e os grãos sobem junto. Quem faz terminação a pasto precisa suplementar com grãos, e para quem confina, os custos com insumos também são altos”, destaca Ribeiro Júnior.
Pecuarista recupera margens, mas custos exigem planejamento
Com a valorização do bezerro, os custos para quem atua com recria e engorda já aumentaram mais de 50%, o que demanda maior planejamento financeiro. “O pecuarista que não fizer conta toma prejuízo. A pecuária de corte no Brasil está se recuperando, e o criador, que sofreu muito nos dois últimos anos, entregando bezerro entre R$ 800 e R$ 1 mil, hoje está conseguindo ter uma margem maior de lucro. A arroba tende a se manter acima de R$ 300, porque não tem muito animal pronto”, afirma.
Ainda assim, o momento é de cautela e de investimento consciente. Com pastos em recuperação e maior disponibilidade de água, o pecuarista ganha fôlego para reter animais, comprar matrizes e investir no plantel. “Agora o pecuarista está mais tranquilo para investir, mas muitos venderam tudo e saíram da atividade. Os que persistiram estão aproveitando o momento para planejar melhor a produção e buscar equilíbrio nas contas”, pontua Ribeiro Júnior, ressaltando que o desafio para o próximo ciclo será equilibrar custos crescentes com as oportunidades de mercado, em um cenário que promete ser mais favorável para a pecuária nacional.
Oportunidades e desafios a partir de 2025

Presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior: ” A perspectiva para 2025 é muito melhor” – Foto: Divulgação/Acrimat
Para garantir as melhores oportunidades do setor, o presidente da Acrimat diz que o produtor precisa entrar na atividade com uma estratégia clara, escolhendo entre criação, recria ou engorda conforme a vocação da região em que sua propriedade está instalada. “Não adianta entrar em áreas sem disponibilidade de grãos e alimentos para o gado se for uma ideia para fazer terminação. Só pasto dificulta, porque o processo é mais demorado”, comenta.
No Mato Grosso, por exemplo, a BR-163 conecta regiões de alta produção de soja e algodão, permitindo ao produtor integrar safras agrícolas com a pecuária em um modelo de diversificação eficiente. Já no Pantanal, em que a oferta de grãos é limitada, a vocação é mais especializada no sistema de cria.
Ribeiro Júnior ressalta a importância do uso de tecnologia e planejamento financeiro para aumentar a rentabilidade. “Hoje o pecuarista precisa colocar tudo na planilha: custos com pulverizações, drones, suplementação, insumos. Controlar os números é essencial para reduzir desperdícios e equilibrar as contas”, reforça.
Além dos desafios internos, fatores externos à porteira como infraestrutura, estabilidade política e aumento do consumo de carne impactam diretamente o setor. O transporte de animais, por exemplo, é um gargalo no Mato Grosso devido às longas distâncias entre propriedades e frigoríficos, o que afeta o bem-estar dos bovinos. “A pecuária é uma atividade de longo prazo e não especulativa, exigindo persistência e estabilidade, porque o produtor investe hoje para colher resultados daqui a três ou quatro anos. Precisamos cobrar melhorias governamentais e de infraestrutura para garantir a continuidade e o crescimento da pecuária de corte no Brasil”, sustenta.
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Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



