Conectado com

Bovinos / Grãos / Máquinas

Pecuária de corte precisa evoluir para atender demanda crescente e consumidores mais exigentes

A demanda por produtos de origem animal cresce a cada ano, especificamente de proteína animal, e essa demanda deve aumenta ainda mais, estima-se em cerca de 30% até 2050.

Publicado em

em

Arquivo/OP Rural

A demanda por produtos de origem animal cresce a cada ano, especificamente de proteína animal, e essa demanda deve aumenta ainda mais, estima-se em cerca de 30% até 2050. Diante deste cenário, órgãos internacionais projetam que o aumento da produção se dará em torno de 70% pela eficiência produtiva e 30% pelo aumento da área.

Professor e pesquisador da FZEA/USP, Saulo da Luz e Silva: “Precisamos trabalhar cada vez mais para sermos mais eficientes em todas as fases da produção, afim de atender essa demanda e não só aumentar a quantidade de produto disponível para os consumidores”. – Foto: Reprodução

Aliado a isso, existe também uma maior demanda por parte dos consumidores, que buscam cada vez mais produtos com qualidade diferenciada, seguindo uma tendência de alteração no sistema de comercialização da carne, baseado na qualidade e não somente na quantidade de produtos. “Esses fatores nos levam a entender que precisamos trabalhar cada vez mais para sermos mais eficientes em todas as fases da produção, afim de atender essa demanda e não só aumentar a quantidade de produto disponível para os consumidores. Assim como, investir na qualidade desse produto. Além disso, que esses produtos com melhor qualidade tenham também uma remuneração diferenciada”, destaca o professor e pesquisador da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA/USP), Saulo da Luz e Silva, que foi um dos palestrantes da 32ª Reunião Anual e do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), promovida de forma online no mês de novembro.

Outro ponto importante, abordado por Silva, diz respeito a dois fatores que devem ser considerados na característica da carne, o primeiro deles é o rendimento dos cortes desossados, o qual indica a quantidade de produto a ser comercializado, peso da carcaça, área de olho de lombo e a medida de gordura subcutânea e interna, aspectos que influenciam na qualidade do corte comercial. A segunda está relacionada a qualidade sensorial da carne, voltada à satisfação do consumidor, que abrange a maciez, cor, sabor, suculência e odor. “Cada uma dessas características é afetada de diferentes formas por esses e outros fatores relacionados aos próprios animais (genética, gênero, idade) e pelo sistema de produção (manejo nutricional/pré-abate e práticas que são utilizadas pela indústria após o abate do animal)”, ressalta.

Pré-natal

Em relação a fase pré-natal, Silva diz que são poucos os estudos que tratam sobre como esses fatores interferem no desempenho do animal após seu nascimento, especialmente na área de bovinos. “É importante que haja mais estudos nesta fase, porque praticamente 25 a 30% da vida do animal acontece quando ele está no útero da vaca. A partir do momento que ocorre a fecundação acontece uma série de processos em que são extremamente dependentes de nutrientes e que marcará a vida desse animal, então é uma fase da vida com muitas transformações, com muita exigência de nutrientes. Nesse período ocorre de maneira geral o crescimento dos tecidos, especialmente do tecido muscular esquelético, que é o que nos entrega lá no final o rendimento da quantidade de cortes da carne”, menciona Silva, acrescentando: “É nessa fase que ocorre o crescimento das fibras musculares, basicamente através do processo de hiperplasia das fibras musculares”.

Desta forma, qualquer problema ou deficiência que ocorra neste processo pode comprometer o desenvolvimento posterior do animal em função de que essa fase de crescimento hiperplásico somente ocorre durante a vida fetal e depois que o animal nasce, independente do como esse animal é manejado, essa diferença dificilmente é recuperada.

O impacto da nutrição materna durante a gestação vai além dos efeitos sobre a deposição dos tecidos muscular e adiposo, aqui destaca-se os impactos positivos na eficiência reprodutiva da vaca e suas progênies, melhora a saúde da progênie, aumento de peso à desmama e o maior peso corporal e de carcaça ao abate.

Além disso, a nutrição materna durante diferentes estágios de gestação pode influenciar o crescimento fetal, especificamente o desenvolvimento dos tecidos muscular e adiposo. Bem como expõe que a subnutrição materna reduz a massa muscular e aumenta a gordura total da progênie (não necessariamente a marmorização). “O efeito negativo da restrição nutricional materna durante a gestação depende da severidade e do momento da restrição, assim como da condição corporal da vaca e da sua capacidade de amenizar os efeitos do suprimento de nutrientes para o feto ou neonato”, pontua.

Os efeitos da nutrição materna são de enorme significância prática para os produtores, independente do seu efeito específico sobre seu crescimento fetal, se o feto é mais leve ou mais pesado, o efeito global desse melhor tratamento dos animais se reflete em toda a cadeia produtiva.

E, por fim, considerando que grande parte da variação para as características de desempenho em confinamento, carcaça e qualidade de carne não são claramente explicadas, o pesquisador sugere que abordagens mais específicas sobre determinados aspectos da nutrição nas fases de gestação até a desmama devem ser incentivadas. “A maior parte dessa variação que ocorre na maciez, na cor ou no rendimento de cortes ainda não estão bem explicados, as fontes de variação não são bem entendidas. É importante que a gente se aprofunde neste tema para que possamos entender melhor esse processo e com isso tomar ações que possibilitem a gente melhorar e evitar qualquer perda neste sentido”, ressalta Silva.

Bovinos / Grãos / Máquinas

Setor lácteo recebe R$ 104 milhões da Conab e alerta para insuficiência do pacote

O aporte federal será direcionado a pequenos produtores e famílias em vulnerabilidade e entidades do setor reforçam que o volume ainda é insuficiente para reverter a crise causada pelo excesso de importações.

Publicado em

em

Foto: Arnaldo Alves/AEN

Acompanhando o anúncio do pacote de apoio pela Conab na terça-feira (23), o setor lácteo comemorou a ajuda de R$ 104 milhões para sete estados, mas alertou para a necessidade de um consórcio de ações com impacto imediato e mais expressivo, capaz de reverter a crise da atividade. No pacotão demandado pelas indústrias, cooperativas e produtores está uma série de medidas, como a adoção de uma política de benefício tributário para empresas de alimentos que usam o leite em pó nacional, adoção de sobretaxa de 50% para a entrada de leite em pó, manteiga, soro e muçarela vindos da Argentina e do Uruguai e suspensão emergencial das compras de produtos do Mercosul por seis meses. O pedido ainda inclui uma sobretaxa extra e provisória do produto vindo desses dois países até que a investigação de antidumping em curso no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) seja concluída.

Foto: Débora Beina/Divulgação

Durante reunião na manhã desta terça, o presidente da Conab, Edegar Pretto, detalhou como a companhia fará a compra de leite em pó por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O aporte de R$ 104 milhões dará prioridade aos pequenos produtores e o produto adquirido será destinado a famílias em vulnerabilidade. No entanto, alertou o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, o rateio do volume entre os estados causa disparidade, uma vez que nem todos estão sujeitos às mesmas condições de enfrentamento, como o Sul do Brasil. A estimativa é que o Rio Grande do Sul fique com 44% do aporte, o suficiente para escoar menos de 2 mil toneladas. “O volume está muito aquém do que o setor necessita neste momento”, alegou Palharini.

Palharini avaliou que, por mais que seja um excelente anúncio, o volume é insuficiente para a adoção de medidas de impacto imediato. “O setor vem há meses com problema de rentabilidade. Todas as medidas são bem-vindas, mas os governos precisam entender a urgência do momento”, salientou. O executivo reforçou que a crise de oferta excessiva que vive hoje o mercado brasileiro decorre do excedente de importações, movimento feito por indústrias alimentícias que usam o leite em pó na composição de seus produtos, como fábricas de chocolates, pães e biscoitos. “Esse leite importado está sendo utilizado na produção de biscoitos, chocolates e alimentos processados, um produto que, anteriormente, era adquirido de empresas e produtores brasileiros”, ponderou.

Presente na reunião, o secretário de Agricultura, Edivilson Brum destacou os anúncios já feitos em socorro ao setor. “É fundamental que a gente tenha noção da importância da bacia leiteira do Rio Grande do Sul, motivo pelo qual esta é uma notícia muito boa”, disse Brum, lembrando que o governo do Estado também fará uma compra, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural e da Secretaria de Desenvolvimento Social. “Isso ajuda e muito a bacia leiteira, mas o ideal seria se pudéssemos abrir mercado internacional para exportação do leite. Essa sim seria uma notícia incrível e tenho convicção de que todos nós comungamos do mesmo sentimento de que esse caminho é fundamental para o fortalecimento da economia gaúcha”.

Fonte: Assessoria Conab
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Sistemas ILP com leguminosas elevam ganho de peso e reduzem metano na pecuária

Estudo da Embrapa Cerrados mostra que consórcios entre gramíneas e leguminosas aumentam o estoque de carbono no solo e permitem maior produção de carne com menor emissão de gases de efeito estufa.

Publicado em

em

Foto: Thais Rodrigues de Sousa

Sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) que incluem consórcio entre leguminosas e gramíneas forrageiras de maior potencial produtivo promovem melhor desempenho animal e menor intensidade de emissão entérica de metano (CH₄), além de elevar o acúmulo de carbono no solo. A conclusão é de um estudo conduzido pela Embrapa Cerrados (DF), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). O trabalho científico foi destaque em simpósio internacional coordenado pelo Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), da Universidade de São Paulo (USP). Veja quadro abaixo.

Os resultados fazem parte da tese de doutorado da bolsista Thais de Sousa, que está sendo desenvolvida com a colaboração dos pesquisadores da Embrapa Cerrados Arminda de Carvalho, Roberto Guimarães Junior e Robélio Marchão, sob orientação da professora da UnB Lucrécia Ramos.

Durante o estudo, pesquisadores avaliaram como diferentes estratégias de intensificação na pecuária influenciam o ganho de peso de bovinos nelore BRGN, a emissão de metano entérico e o acúmulo de carbono no solo. Foram analisados três sistemas de produção: uma pastagem contínua solteira de capim BRS Piatã (S1); uma pastagem contínua de BRS Piatã consorciada com a leguminosa feijão-guandu IAPAR 43 (S2); e uma pastagem em rotação com lavoura (ILP) de capim BRS Zuri (S3).

Os resultados mostraram que os animais apresentaram maior ganho de peso nos sistemas mais intensificados. No S1, o ganho médio diário foi de 0,44 kg; no S2, de 0,69 kg; e no S3, de 0,76 kg por animal. A intensidade de emissão de metano, que expressa a relação entre emissão e o ganho de peso total por área foi menor nos sistemas S2 e S3. Por outro lado, a pastagem solteira utilizada como referência no estudo alcançou 450 g CH₄ kg GPV/ha (quilo de ganho de peso vivo por hectare), o consórcio com leguminosa emitiu 269 g CH₄ kg GPV/ha e o sistema integrado com capim Zuri em rotação, 224 g CH₄ kg GPV/ha.

O estoque de carbono no solo na camada de 0 – 30 cm acompanhou a mesma tendência, sendo maior nos sistemas integrados, com destaque para o S2 com a presença da leguminosa, que apresentou 83,17 t C ha⁻¹ (toneladas por hectare), em comparação a 62,20 t C ha⁻¹ na pastagem solteira, ou seja, mais de 20 t ha⁻¹ de incremento de C no consórcio do Piatã com o guandu anão.

Emissões de GEE

O estudo também demonstrou que é possível intensificar a produção pecuária e, ao mesmo tempo, mitigar as emissões de GEE. Sistemas bem manejados, seja com a inclusão de leguminosas ou com a rotação lavoura-pecuária, permitiram maior produção de carne com menor emissão de metano, além de aumentarem o carbono armazenado no solo, melhorando o balanço geral. Resultados anteriores obtidos na mesma área experimental já haviam demonstrado que os sistemas integrados também reduzem as emissões de óxido nitroso (N2O), um outro gás de efeito estufa, em até 59%.

Esses resultados evidenciam que tecnologias como o consórcio de pastagens com leguminosas e a rotação com lavoura são fundamentais para tornar a pecuária mais sustentável e resiliente, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa e uma produção de carne de baixo carbono.

Os dados foram coletados no experimento com sistemas ILP mais antigo do Brasil, localizado na Embrapa Cerrados e implantado em 1991. As avaliações ocorreram em maio, agosto e dezembro de 2024.

Metano no centro dos debates

O Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, e mais de 90% dessa produção ocorre em sistemas a pasto, que ainda apresentam grande potencial de intensificação. A emissão de metano entérico, gerado no processo digestivo dos animais, tem um alto potencial de aquecimento global, 27 vezes maior que o do CO₂ em 100 anos, sendo influenciado principalmente pela qualidade, disponibilidade e consumo da forragem por ruminantes.

O tema foi destaque nas discussões sobre como a agropecuária brasileira pode contribuir para mitigação das mudanças climáticas durante a COP30, realizada em Belém (PA). “A redução das emissões sem comprometer o desempenho animal é um dos principais desafios da agropecuária, e sistemas integrados, consorciados ou intensivos têm se mostrado alternativas viáveis na descarbonização desse setor”, afirma a pesquisadora Arminda de Carvalho.

Fonte: Assessoria Embrapa Cerrados
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Exportações de carnes do Mato Grosso crescem 43% e chegam a US$ 3,85 bilhões em 2025

Alta da receita entre janeiro e novembro é puxada pela carne bovina e ocorre mesmo com redução no número de abates, refletindo valorização do produto e demanda externa aquecida.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

As exportações de carnes de Mato Grosso cresceram 43,12% entre janeiro e novembro de 2025, na comparação com o mesmo período de 2024. Considerando conjuntamente as vendas externas de carne bovina, suína e de aves, o Estado saltou de cerca de US$ 2,7 bilhões no ano passado para US$ 3,85 bilhões neste ano, consolidando o setor como um dos principais motores da balança comercial mato-grossense.

O avanço foi puxado principalmente pela carne bovina, que segue como o carro-chefe das exportações estaduais. De janeiro a novembro de 2025, Mato Grosso exportou US$ 3,62 bilhões em carne bovina, contra US$ 2,45 bilhões no mesmo período de 2024. Mesmo com a redução no número de abates, que passaram de 7,14 milhões de cabeças em 2024 para 5,39 milhões em 2025, o aumento da receita reflete valorização do produto e forte demanda internacional, especialmente da China, principal destino da carne bovina do Estado.

A carne suína também contribuiu para o desempenho positivo. As exportações passaram de US$ 59,97 milhões entre janeiro e novembro de 2024 para US$ 68,55 milhões no mesmo intervalo de 2025. Embora o número de abates tenha recuado de 2,79 milhões para 2,07 milhões de cabeças, o setor manteve crescimento em valor, impulsionado pela ampliação de mercados compradores, sobretudo na Ásia.

No segmento de aves, Mato Grosso exportou US$ 167,17 milhões em 2025, contra US$ 190,72 milhões no ano anterior. Apesar da retração no valor exportado e na quantidade de frangos abatidos — que caiu de 211,87 milhões para 158,13 milhões de cabeças, a carne de frango segue como componente relevante da pauta exportadora estadual, com presença consolidada em mercados do Oriente Médio e da Ásia.

Os dados compilados pelo Data Hub da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) indicam que, mesmo com ajustes no volume de abates em 2025, Mato Grosso ampliou de forma expressiva a receita das exportações de carnes. O resultado evidencia ganhos de competitividade, valorização internacional das proteínas animais e a força da cadeia produtiva estadual, que segue sustentando o crescimento econômico e a inserção do Estado nos principais mercados globais.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso, Paulo Bellicanta, o crescimento nas exportações totais de carnes evidencia um momento de fortalecimento da indústria frigorífica mato-grossense no mercado internacional. Segundo ele, o desempenho reflete uma combinação de valorização dos produtos, consolidação de mercados estratégicos e maior eficiência comercial das plantas exportadoras. “O resultado mostra que Mato Grosso conseguiu transformar competitividade produtiva em receita. Mesmo com ajustes no volume, especialmente nos abates, as exportações cresceram porque o Estado ampliou valor, diversificou destinos e consolidou a carne mato-grossense como produto confiável no mercado global”, avaliou.

Bellicanta destaca que o avanço nas exportações bovinas, somado ao crescimento da carne suína e à manutenção da presença da avicultura em mercados consolidados, demonstra a força do portfólio de proteínas do Estado. “Quando olhamos o conjunto das carnes, o crescimento é consistente. Isso indica que o setor está menos dependente apenas de volume e mais orientado para estratégia comercial, preços e acesso a mercados”, afirmou.

Fonte: Assessoria
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.