Bovinos / Grãos / Máquinas Nutrição
Pecuária de corte e leite almeja a eficiência nutricional já conquistada por aves e suínos
Melhorando o desempenho da produção, os pecuaristas conseguem, ainda, reduzir custos, já que o animal rende mais enquanto está no pasto ou no sistema intensivo de produção

A produção de leite e carne bovina é um dos setores que movem o agronegócio brasileiro. Os cuidados com a
nutrição desses animais, para que produzam mais, em menos tempo, com mais saúde e usando cada vez mais todo o potencial dos nutrientes assim contribuindo para uma pecuária mais sustentável, tem sido a perseguição implacável da ciência animal nos últimos anos. Melhorando o desempenho da produção, os pecuaristas conseguem, ainda, reduzir custos, já que o animal rende mais enquanto está no pasto ou no sistema intensivo de produção.
Para falar um pouco mais sobre essa importante área da produção de carnes e leite, o jornal O Presente Rural conversou com Nelson Ferreira Junior, formado em Ciência Animal, com especialização em bovinos leiteiros, atualmente gerente de Negócios Ruminantes da AB Vista. Boa leitura!
O Presente Rural (OP Rural) – Quanto a nutrição representa nos custos de produção de carne bovina e leite?
Nelson Ferreira Junior (NFJ) – O custo nutricional (forragem + concentrado) é o maior custo em fazendas leiteiras e deve ser menos de 50% do preço do leite. Já fazendas de engorda, dependendo do sistema de produção, pode variar entre 10 e 20% do custo, sendo o segundo maior custo de produção, perdendo apenas para o custo de aquisição dos animais.
OP rural – Fale um pouco sobre a evolução da nutrição nos últimos anos.
NFJ – Sem dúvida a nutrição é um dos itens da produção animal que mais evoluíram nos últimos anos. Apesar da nutrição de ruminantes ainda estar um pouco atrás quando comparada à de aves e suínos, estamos chegando perto. Por exemplo, a 25 anos atrás, falávamos em proteína bruta e energia bruta (NDT), além de ser extremamente dependente dos ingredientes químicos, antibióticos e promotores de crescimento. Atualmente balanceamos nossas dietas preocupando-nos com frações proteicas, de carboidrato, para a melhor sincronização de digestão e fermentação ruminal, com ingredientes naturais que trazem os mesmos retornos que os químicos e, consequentemente, melhor produtividade e lucratividade.
OP Rural – A que o produtor deve se ater hoje em relação a nutrição de bovinos de leite e corte?
NFJ – A resposta rápida seria: a nutrição que traga produtividade com rentabilidade mantendo a saúde animal. Agora, o ponto é: como atingir essa equação ideal? Creio que os principais pontos seriam: ter um nutricionista experiente ajudando a fazenda a conseguir a dieta que mais se adeque ao sistema, animais e época do ano, comprando matérias primas no volume e épocas ideias e ao mesmo tempo tentando produzir o máximo de ingredientes da dieta na própria fazenda, uma das melhores maneiras de se baratear o custo nutricional.
OP Rural – Existem aditivos que melhoram o ambiente no sistema digestivo dos bovinos. Cite os principais e suas funções.
NFJ – O aditivo mais usado para ruminantes com foco na melhoria do ambiente ruminal são os tamponantes (os mais usados no Brasil são bicarbonato de sódio, óxido de magnésio e alga calcária), que têm a principal função de evitar que o pH ruminal entre em acidose. Temos também os ionóforos, tipo de antibióticos usados para selecionar bactérias ruminais visando maior eficiência de fermentação, sendo os principais a monensina, narasina e virginiamicina. Uma classe de aditivos bastante antiga e estudada e por ser natural e demonstrar resultados consistentes vem ganhando cada vez mais mercado, são as leveduras vivas, o único aditivo que consome o oxigênio presente no rúmen, o que garante melhor estabilidade ruminal, diminuindo riscos de acidose e melhorando a performance dos animais, do primeiro ao último dia de vida.
OP Rural – Também há produtos incorporados que auxiliam na absorção de nutrientes da dieta. Fale sobre isso.
NFJ – Existem sim aditivos que ajudam na absorção e digestibilidade da dieta. De nada adiantaria o melhor nutricionista com os melhores ingredientes para balancear uma dieta se os animais estiverem em acidose ruminal, então utiliza-se aditivos que mantenham a estabilidade e saúde ruminal próximas do ideal. Novamente aqui entra a levedura viva, que naturalmente controla a estabilidade ruminal, ajudando a dieta a uma maior digestibilidade (que é o maior aproveitamento dos ingredientes dela), levando os animais a uma maior produtividade com a mesma ingestão de alimentos, o que é chamado de Conversão Alimentar.
OP Rural – Há resultados práticos sobre esses aditivos?
NFJ – Um dos motivos dessas tecnologias serem as mais usadas no mercado é justamente por serem provadas gerando resultados confiáveis para suportar os técnicos e produtores a usarem. Seguem abaixo alguns exemplos:

Figura 1: Porcentagem de Bactérias Celulolíticas no rúmen aumenta com o uso de Levedura Viva.
O experimento abaixo foi realizado em um ambiente ruminal com acidose estimulada. Sabemos que as bactérias digestoras de fibra (celulolíticas) são as primeiras a morrer, quando o pH ruminal abaixa de 5,8, por isso a importância de se usar leveduras vivas para manter a digestão de fibras próximo do ideal.

Figura 2: Mostra o efeito da Levedura Viva na manutenção do pH ruminal acima de 5,6, que já é considerado Acidose Ruminal Subaguda (SARA). Quanto menos tempo os animais permanecerem em Acidose (Aguda ou não), melhor é o aproveitamento da dieta.
OP Rural – Quais são as novas fronteiras na nutrição de bovinos?
NFJ – Difícil responder essa. Mas nós sabemos que dia a dia surgem novas tecnologias e produtos, o que dificilmente criará uma fronteira. Gosto de dizer que os ganhos macro em produtividade dificilmente serão rompidos, mas creio que os novos ingredientes virão para ajudar na “sintonia fina” da nutrição animal, melhorando os ganhos e rentabilidade. Temos alguns exemplos de tecnologias já usadas em monogástricos que estão sendo transferidas ou adaptadas para a nutrição de ruminantes, como por exemplo as enzimas. São as tecnologias mais usadas em aves e suínos, mas, apesar de também serem usadas em bovinos há mais de 30 anos, nunca se deu destaque como ultimamente. Outra grande mudança que já chegou são os ingredientes naturais, os quais já existem muitos com resultados tão bom quanto os medicamentosos.
OP Rural – Qual a importância da nutrição com o abate de animais cada vez mais jovens? Ela muda em relação ao abate mais tardio?
NFJ – Muda totalmente, pois o animal que era abatido com mais de três anos recebia uma dieta bem simples, na maioria de sua vida apenas com um sal mineral. Hoje, com a tecnificação da pecuária e crescimento de abate de animais jovens, se ele não tiver uma dieta balanceada desde jovem, não atingirá o ponto de abate no momento certo, saudável e lucrativo. Antigamente falávamos que animais de corte não tinham acidose nem abcessos hepáticos, cenário totalmente diferente hoje, ou seja, se a nutrição não der suporte, esse animal mesmo com uma dieta “pesada”, não ganhará o peso esperado.
OP Rural – Como saber quais aditivos (custo/benefício) o produtor deve usar em sua propriedade em um país continental como o Brasil?
NFJ – Novamente deve confiar em empresas e técnicos sérios. A cada dia surgem novas empresas e diferentes “pózinhos mágicos”, mas o produtor deve lembrar que não é ele que deve fazer testes na sua fazenda e sim os professores universitários. Por isso, recomendo que o produtor escolha o aditivo a ser usado se ele já tiver sido testado, se for de empresas sérias, se o técnico da fazenda ou da empresa de nutrição recomendar e, logicamente, se tiver um custo benefício positivo.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2020 ou online.

Bovinos / Grãos / Máquinas
Exportações recordes de carne bovina reforçam preços no mercado interno
Com 96% do volume anual já embarcado até outubro, o ritmo forte das exportações e o avanço nas vendas de animais vivos reduzem a oferta doméstica e sustentam as cotações, apesar da resistência recente de compradores a novos ajustes.

As exportações brasileiras de carne bovina continuam avançando em ritmo expressivo e já impulsionam diretamente o mercado interno. De acordo com a análise quinzenal do Cepea, os embarques acumulados até outubro alcançaram 96% do total exportado em 2024, configurando um novo recorde para o setor.

Além da carne bovina, as vendas de animais vivos também registram alta. No acumulado do ano, o volume enviado ao exterior chegou a 842 mil toneladas, crescimento de 12,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse fluxo intenso para o mercado externo reduz a oferta doméstica e, somado à baixa disponibilidade de animais terminados, mantém as cotações firmes no mercado interno. A demanda por carne bovina e por boi gordo permanece consistente, com estoques enxutos e vendas estáveis.
Por outro lado, compradores começam a demonstrar resistência a novas elevações, indicando uma possível acomodação dos preços no curto prazo.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Retirada da sobretaxa pelos EUA devolve competitividade à carne brasileira
Decisão tem efeito retroativo, pode gerar restituição de valores e reorganiza o fluxo comercial após meses de retração no agronegócio.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) manifestou grande satisfação com a decisão dos Governo dos Estados Unidos de revogar a sobretaxa de 40% imposta sobre a carne bovina brasileira. Para a entidade, a medida representa um reforço da estabilidade do comércio internacional e a manutenção de condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para o Brasil.

Foto: Shutterstock
A sobretaxa de 40% havia sido imposta em agosto como parte de um conjunto de barreiras comerciais aos produtos brasileiros, afetando fortemente o agronegócio, carne bovina, café, frutas e outros itens. A revogação da tarifa foi anunciada pelo presidente Donald Trump por meio de uma ordem executiva, com vigência retroativa a 13 de novembro. A medida também contempla potencial restituição de tarifas já pagas.
De acordo com veículos internacionais, a retirada da sobretaxa faz parte de um esforço para aliviar a pressão sobre os preços de alimentos nos EUA, que haviam subido em função da escassez de oferta e dos custos elevados, e reduzir tensões diplomáticas.
Reação da ABIEC
Na nota divulgada à imprensa na última semana, a ABIEC destacou que a revogação das tarifas demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, resultando num desfecho construtivo e positivo.
A entidade também afirmou que seguirá atuando de forma cooperativa para ampliar oportunidades e fortalecer a presença da carne bovina brasileira nos principais mercados globais.
Comércio exterior
A retirada da sobretaxa tem impacto direto sobre exportadores brasileiros e o agronegócio como um todo. Segundo dados anteriores à

Foto: Shutterstock
aplicação do tarifaço, os EUA representavam o segundo maior destino da carne bovina do Brasil, atrás apenas da China.
O recente bloqueio causava retração nas exportações para os EUA e aumentava a pressão para que produtores e frigoríficos redirecionassem vendas para outros mercados internacionais. Com a revogação da sobretaxa, abre uma nova perspectiva de retomada de volume exportado, o que pode fortalecer as receitas do setor e ajudar a recompor a fatia brasileira no mercado americano.
Próximos desafios
Apesar da revogação das tarifaço, a ABIEC e operadores do setor devem seguir atentos a outros desafios do comércio internacional: flutuações de demanda, concorrência com outros países exportadores, exigências sanitárias, regime de cotas dos EUA e eventual volatilidade cambial.
Para a ABIEC, o caso também reforça a importância do protagonismo diplomático e da cooperação institucional, tanto para garantir o acesso a mercados como para garantir previsibilidade para os exportadores brasileiros.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Abates de bovinos disparam e pressionam preços no mercado interno
Alta oferta limita valorização do boi gordo, apesar de exportações recordes e forte demanda internacional.





