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Pecuária brasileira tem potencial de atingir anualmente produção entre 10 a 12 arrobas por hectare
Essa foi a principal conclusão de Francisco Beduschi Neto, Líder da National Wildlife Federation (NWF) no Brasil

A cadeia da pecuária brasileira tem todas as condições para atingir o potencial de sua produção, que é de 10 a 12 arrobas/hectare/ano, uma vez que possui produtores altamente qualificados, linha de crédito disponível rebanho, genética, solo, clima e uma área adequada para pastagem. Essa foi a principal conclusão de Francisco Beduschi Neto, Líder da National Wildlife Federation (NWF) no Brasil, durante o Workshop de Jornalistas 2021 – Pós Congresso Brasileiro do Agronegócio, uma iniciativa da Associação Brasileira do Agronegócio, realizado dia 10 de setembro. O evento online contou ainda com as participações da Embrapa Soja e do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV) e National Wildlife Federation (NWF), e apoio da Cooxupe.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que a produção nacional pecuária esteja entre 3 a 4 arrobas/hectare/ano. “Essa produtividade é considerada muito baixa pelo potencial que tem o setor no país”, afirmou Beduschi. No Mato Grosso, por exemplo, entre 2020 e 2015 houve um incremento de 32% na produtividade, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), passando de 3,47 arrobas/hectare/ano para 4,6 arroba/hectare/ano. E a estimativa da instituição é chegar até 2030 o valor de 6,45 arroba/hectare/ano. “Ainda estaremos aquém do nosso potencial, por isso precisamos buscar o aumento da produtividade”, pontuou.
Conforme explicou Beduschi, a produtividade será fundamental para atender a demanda cada vez maior por proteína de origem animal e também por alimentos. Nesse sentido, será necessária uma porção maior de área para produção agrícola e é possível liberar pastos degradados para essa atividade, impedindo o desmatamento de novas áreas e contribuindo para o equilíbrio climático do globo. “Hoje, sabemos que um terço do pasto degradado é viável para ser utilizado na agricultura”, comentou.
Entre as tecnologias que podem colaborar para o aumento da produtividade estão: recuperação de pastagens degradadas; melhoria na nutrição animal por meio da suplementação à pasto, melhoria no manejo dos animais e incorporação em larga escala dos ganhos genéticos já alcançados. “O manejo de animais é fundamental, pois um animal menos estressado é mais produtivo e menos suscetível às doenças”, explicou Beduschi.
O setor tem a possiblidade ainda de promover a melhoria da qualidade da carne, trabalhando aspectos como a idade de abate, o peso do abate, acabamento de carcaça e o marmoreio dos cortes. No caso do peso, Beduschi comparou que o Brasil possui animais com 18 a 20 arrobas, enquanto os Estados Unidos, os animais estão com 26 a 28 arrobas dentro da mesma idade de abate.
Outra questão é alcançar uma melhoria de atributos socioambientais do produto, ou seja, tendo atenção aos aspectos ligados ao balanço de carbono na produção, a redução na pegada hídrica, as relações trabalhistas, as relações com a comunidade e as relações com os povos indígenas e quilombolas. E, caso a empresa realmente consiga comunicar suas contribuições para mitigar as mudanças climáticas, ela pode alcançar uma boa imagem perante consumidores e investidores, levando a uma maior valorização da companhia. “São benefícios dentro e fora da porteira”, enfatizou Beduschi.
O executivo da NWF no Brasil ressaltou ainda que a adoção de boas práticas na pecuária é capaz de mitigar as emissões do sistema produtivo por quilograma de carne produzida. E, para alcançar o objetivo de ser Carne Carbono Neutro, é só inserir o componente florestal no sistema produtivo. De acordo com um estudo do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), o Brasil tem o potencial de aumentar a produção de carne em cinco vezes, reduzir 50% as emissões de gases de efeito estufa por hectare da área produtiva e 90% das emissões por kg de carne produzida.
Além da produtividade, o executivo da NWF no Brasil ressaltou no Workshop de Jornalistas 2021 a importância de aprimorar a comunicação do setor, a fim de mostrar realmente o que tem sido feito pelo país e pelo setor para produzir alimentos saudáveis com mitigação das mudanças climáticas. “É preciso contar essa história para o mercado, pois eles estão em busca de informações sobre esse tema. Então, devemos mostrar nosso progresso”.
Em sua apresentação, Beduschi citou ainda que para comunicar bem, são necessárias algumas informações, como origem dos animais e as condições das propriedades cadeia produtiva. Com isso, o ideal seria ter no país um sistema de rastreabilidade nacional com identificação individual de todos os bovinos no sistema produtivo. Contudo, esse ideal ainda não possível, devido ao tamanho do país e a realidade nacional. Assim, ele sugere que haja a utilização das bases de dados disponíveis, transformando-a em um ativo financeiro para o agro brasileiro.
“Na Amazônia, os frigoríficos já utilizam as bases de dados atuais (CAR – Cadastro Ambiental Rural e GTA – Guia de Trânsito Animal) para monitorar seus fornecedores diretos”, exemplificou Beduschi, que ressaltou que é preciso expandir também esse monitoramento para as fazendas indiretas também. “Comunicar o avanço e demostrar o progresso por meio de dados verificáveis é questão chave no comércio commodities agrícolas. Desse modo, a transparência deve nortear o planejamento das empresas ligadas ao agronegócio brasileiro daqui para frente”, finalizou.

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Copagril participa do Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses 2025
Evento reuniu quase 2 mil participantes e ampliou o diálogo entre cooperativas, criando oportunidades de parceria e alinhamento estratégico para o próximo ano.

Uma comitiva formada pela diretoria e conselheiros da Cooperativa Agroindustrial Copagril esteve presente, na última sexta-feira (28), no Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses, realizado no Parque Histórico de Carambeí, nos Campos Gerais.
Promovido anualmente pelo Sistema Ocepar, o evento reuniu quase 2 mil participantes e celebrou os avanços do cooperativismo no Paraná. A programação reforçou o papel estratégico das cooperativas no desenvolvimento econômico e social, valorizando a cultura cooperativista e demonstrando a capacidade de mobilização do setor.
Representantes de 255 cooperativas de diversos ramos e regiões marcaram presença. O encontro proporcionou um espaço de integração, troca de experiências e alinhamento de perspectivas para o futuro do movimento cooperativista.
Entre os destaques da edição, esteve o incentivo à intercooperação, prática que fortalece o setor por meio do compartilhamento de soluções e da união de esforços. Para a comitiva da Copagril, o momento foi propício para ampliar conexões, prospectar parcerias e fortalecer relações institucionais.
O ano de 2025, declarado pela ONU como Ano Internacional das Cooperativas, encerra-se com perspectivas positivas para o Paraná. Conforme destacou o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, o cooperativismo paranaense deve atingir R$ 220 bilhões em receitas, crescimento nominal de 8% em relação a 2024, mesmo diante de desafios como eventos climáticos adversos, juros elevados, barreiras internacionais e os reflexos da influenza aviária.
Atualmente, o Sistema Ocepar reúne 255 cooperativas, distribuídas em sete ramos, somando 4,5 milhões de cooperados e 154 mil empregos diretos, consolidando-se como uma das maiores forças econômicas e sociais do Estado.
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Anvisa regulamenta avaliação de risco ocupacional e de exposição a agrotóxicos
Nova resolução amplia avaliação para trabalhadores e comunidades rurais, padroniza métodos científicos e reforça segurança no uso de defensivos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou na última terça-feira (25) texto que versa sobre a avaliação de risco ocupacional e de exposição a defensivos químicos no Brasil. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 998, de 21 de novembro de 2025, segue o que determina o Nova Lei dos Agrotóxicos (Lei nº 14.785/2023) e define, de forma inédita, regras para avaliar o risco dos agroquímicos aos envolvidos no uso de defensivos químicos, como trabalhadores, operadores, residentes e transeuntes (pessoas que circulam em regiões de produção agrícola).
A CropLife Brasil, associação que representa a pesquisa e desenvolvimento (P&D) em insumos agrícolas, celebra o marco que traz parâmetros técnicos e científicos claros à indústria e olhar atento a segurança humana. “É importante lembrar que esse tema sempre foi um pleito da indústria. Sempre reforçamos que fosse realizada avaliação de toda segurança, seja de perigo do produto, como também do perigo de exposição durante a utilização das tecnologias, pensando na segurança dos trabalhadores do campo.

Foto: Shutterstock
A nova lei veio para modernizar e obrigar a avaliação do sistema de segurança com um olhar mais amplo. Agora com essa publicação, a Anvisa traz maior transparência e previsibilidade para toda a sociedade, nos dizendo como serão avaliados cientificamente os cenários de uso, alinhados com as melhores práticas regulatórias e científicas internacionais. É um avanço inquestionável para a indústria e para a sociedade”, analisou o diretor de Defensivos Químicos da CropLife Brasil, Arthur Gomes. “A Anvisa tem trabalhado o fortalecimento de seu papel como agência de saúde e reguladora do processo de rastreabilidade de agrotóxicos, sempre tendo como norte a missão institucional de proteção e de intervenção nos riscos. (…) A nova resolução estabelece critérios para avaliação do risco ocupacional. É uma norma que vem para revolucionar a segurança no campo”, declarou gerente geral de Toxicologia da Anvisa, Adriana Torres de Souza, sobre o tema.
A regulação brasileira tratava, até então – em maior detalhamento, do risco para consumidores, através da avaliação na dieta e a segurança dos alimentos. Com a nova resolução, os processos de segurança dos produtos químicos usados na lavoura são expandidos e passam a detalhar também a exposição a pessoas que atuam com as pulverizações ou estão em locais próximos do uso. “Importante reforçar que estes estudos e avaliações ocupacionais já eram realizados pelas empresas que pesquisam e desenvolvem estes produtos, só que agora há aprimoramento, maior clareza e profundidade técnica no processo de análise da exposição”, considerou o especialista em Assuntos Regulatórios de Defensivos Químicos da CLB, Rafael Cordioli.
A CropLife Brasil destaca ainda que, para além dos critérios à indústria e maior segurança aos trabalhadores rurais e comunidades, a nova resolução estimula o uso correto e seguro das tecnologias na lavoura e corrobora com as boas práticas agrícolas, tema de campanha permanente da CLB.
Mudanças previstas
Segundo a Anvisa, as novas diretrizes estabelecidas para que empresas e órgãos avaliem se o uso de agrotóxico é seguro, são:
- Avaliação obrigatória do risco não-dietético, que considera trabalhadores, operadores, residentes e transeuntes, tanto para novos registros quanto para alterações em produtos já aprovados.
- Definição de parâmetros técnicos unificados, como níveis aceitáveis de exposição e critérios para medir a absorção cutânea, o contato com folhas tratadas, a área aplicada e o tipo de aplicação.
- Utilização do Daroc, um dossiê em que as empresas devem demonstrar, de forma transparente, que o uso proposto é seguro.
- Uso obrigatório da calculadora nacional avaliAR, ferramenta que padroniza cálculos de exposição com base em dados brasileiros e internacionais.
- Medidas de redução dos riscos mais realistas, como equipamentos de proteção individual (EPIs) e controles de segurança ajustados à necessidade real, evitando exigências excessivas ou insuficientes.
- Transição escalonada garantindo adaptação gradual dos produtos registrados e para novos registros.
A RDC entrará em vigor 180 dias após sua publicação no Diário Oficial da União.
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Brasil assume protagonismo global ao liderar nova coalizão de mercados de carbono
Iniciativa lançada na COP30 integra países na precificação de emissões e reforça o papel brasileiro na diplomacia climática e na regulação ambiental.

Anunciada durante a COP30, a criação da Coalizão Aberta de Mercados Regulados de Carbono reposicionou o Brasil no centro da diplomacia climática ao reunir países e blocos que já adotam ou estão estruturando mecanismos de precificação de emissões. Idealizada pelo Ministério da Fazenda e formalizada em 07 de novembro, a iniciativa promete integrar sistemas regulados de comércio de emissões e fortalecer a cooperação técnica entre governos e reguladores.
“A Coalizão se diferencia por ser aberta, técnica e colaborativa. O desenho cria um ambiente permanente de troca entre autoridades e instituições reguladoras, aproximando metodologias de monitoramento, relato e verificação, padrões de contabilidade, mecanismos de registro e critérios de integridade, o que é bastante positivo para todo o mercado”, avalia o engenheiro químico com mestrado em Gestão de Resíduos, Fernando Beltrame, que acompanhou as discussões em Belém (PA).
Segundo o especialista, a intenção é promover convergência regulatória, ampliar transparência e construir bases comuns para que diferentes mercados conversem entre si, aumentando a liquidez, reforçando a previsibilidade de preços e oferecendo mais segurança a investidores, empresas e desenvolvedores de projetos socioambientais.

Fernando Beltrame, engenheiro químico com mestrado em Gestão de Resíduos: “A Coalizão se diferencia por ser aberta, técnica e colaborativa”
O movimento se apoia em um princípio clássico da economia ambiental: atividades poluidoras precisam ter um preço. Ao atribuir um valor financeiro às emissões de gases de efeito estufa, os mercados de carbono criam incentivos para que governos e empresas reduzam seus impactos e direcionem investimentos a modelos produtivos mais limpos. Foi com essa lógica que tanto os mercados regulados quanto os voluntários se consolidaram como instrumentos centrais da transição para uma economia de baixo carbono.
Durante o maior evento climático, a proposta ganhou força com a adesão de 18 países e regiões, entre eles a União Europeia, responsável pelo maior mercado regulado do mundo, e a China, que opera o segundo maior sistema global. A entrada conjunta desses dois atores, somada ao engajamento de países de diferentes continentes, foi interpretada como sinal de maturidade da agenda e de compromisso com sistemas de carbono mais alinhados e confiáveis.
Para Beltrame, a conferência marcou um ponto de virada para o Brasil e para o mercado global. “A COP30 reforçou o papel brasileiro como articulador de soluções climáticas de escala internacional e mostrou que o mundo busca, e requer, harmonização regulatória e integridade ambiental”, afirma.
Segundo ele, os resultados abrem caminhos concretos para o setor produtivo, ampliando a segurança jurídica, atraindo investimentos e aproximando o país das cadeias globais de descarbonização.
Apesar do avanço diplomático, Fernando Beltrame avalia que o país ainda não está pronto para capturar todo o potencial desse novo cenário. O principal gargalo é a falta de projetos de alta integridade em volume suficiente para atender à demanda crescente. “É urgente fortalecer o pipeline de iniciativas de qualidade, com metodologias consistentes, auditorias independentes e impactos reais para territórios e comunidades”, ressalta.

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Na visão do especialista, a integridade será o critério decisivo da nova fase dos mercados de carbono. A busca por adicionalidade comprovada, rastreabilidade total e benefícios socioambientais tangíveis deve impulsionar o surgimento de uma nova geração de projetos no país e separar, na prática, iniciativas estruturadas de operações oportunistas.
Beltrame destaca ainda o papel das tecnologias digitais na ampliação do acesso e na construção de confiança. Plataformas brasileiras como a Carbonfair cumprem função de dar transparência e rastreabilidade ao ciclo de vida dos créditos, além de simplificar a entrada de empresas e pequenos produtores nesse mercado. “Quando organizamos dados, padronizamos informações e permitimos acompanhar cada etapa, criamos as condições para que mais atores participem com segurança”, salienta.
Para ele, o Brasil vive um momento histórico, com capacidade técnica crescente e um ambiente regulatório em evolução. “A COP30 deixou claro que existe expectativa internacional pela liderança brasileira nessa pauta. Transformar esse potencial em resultados concretos exigirá ampliar o número de projetos qualificados, atrair investimentos e fortalecer a credibilidade do mercado nacional. Os elementos já estão postos, agora é preciso ganhar velocidade”, evidencia.



