Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas Boas práticas

Pecuária brasileira busca equilíbrio produtivo e sustentável para redução do aquecimento global

Diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas pelo setor pecuário para reduzir e minimizar os impactos gerados pelas emissões de metano, buscando soluções que estejam cada vez mais asseguradas em boas práticas de sustentabilidade, com adoção de técnicas que permitam melhor manejo dos rebanhos.

Publicado em

em

Foto: Fernando Goss

A produção de carne bovina em harmonia com o meio ambiente ganha cada vez mais espaço e notoriedade mundial pelo atual cenário ambiental e geopolítico, o que provoca novas tendências mercadológicas e hábitos alimentares dos consumidores, que estão cada vez mais atentos a forma como os alimentos são produzidos, induzindo a cadeia produtiva a ser cada vez mais sustentável e eficiente.

Neste sentido, diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas pela pecuária para reduzir e minimizar os impactos gerados pelas emissões de metano (CH4), buscando soluções que estejam cada vez mais asseguradas em boas práticas de sustentabilidade, com adoção de técnicas que permitam melhor manejo dos rebanhos. Entre as estratégias que já funcionam em fazendas brasileiras estão a integração de sistemas produtivos, recuperação de pastagens degradadas, boas práticas de manejo animal e vegetal, uso adequado de insumos, bem-estar animal, redução do ciclo de vida, manejo nutricional e uso de biodigestores.

Dono do maior rebanho comercial bovino do mundo, superior a 200 milhões de cabeças/ano, e uma produção de grãos estimada em 270 milhões de toneladas, são geradas pela agropecuária brasileira mais de 40% das emissões de metano totais do país, conforme dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

Em busca de tecnologias para mitigar as emissões de gases de efeito estufa associadas ao gado, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conduzem diversos estudos em conjunto com outros centros de pesquisas, associações e pecuaristas. Entre os quais, neste ano, durante as tradicionais provas de Eficiência Alimentar (PEA) e de Avaliação a Campo (PAC), realizada anualmente no Centro de Pesquisa da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), foi feito um estudo inédito com as raças taurinas Angus, Braford, Charolês e Hereford para mensurar a geração de metano entérico para cada quilo de alimento consumido pelos animais e transformado em peso.

A iniciativa visa avaliar os reprodutores mais eficientes na conversão alimentar e que emitam menos metano entérico, que é produzido durante a digestão dos ruminantes e dispersado na atmosfera por eructação.

Pesquisadora e coordenadora da pesquisa com emissão de CH4 da Embrapa Pecuária Sul, Cristina Genro: “A pesquisa precisa trabalhar junto com o produtor, com o consumidor, com o frigorífico e com todos os elos da cadeia, para mostrar que não é não comendo carne que nós vamos salvar o planeta” – Foto: Gabriel Bonilha

Conforme a pesquisadora e coordenadora da pesquisa com emissão de CH4 da Embrapa Pecuária Sul, Cristina Genro, ao se fazer a relação da PEA/PAC com a mensuração de metano emitido se acresce mais uma informação que pode ser usada na seleção e nomelhoramento genético, caminhando para uma pecuária cada vez mais sustentável. “É mais uma contribuição da ciência, em parceria com as associações das raças, na busca por uma pecuária mais produtiva, eficiente e que atenda aos anseios dos consumidores por alimentos saudáveis, produzidos com sustentabilidade”, ressalta Cristina.

De acordo com ela, a avaliação visa qualificar ainda mais os animais que estão sendo testados. “Vamos poder dizer que além de serem mais eficientes na utilização do alimento, também poderão ser mais eficientes em produzir mais com menos emissão de metano. E essa característica, como são reprodutores, será passada para os bezerros que irão produzir”, enfatiza.

Avaliação da emissão de metano

A técnica de medição do gás metano produzido pelos bovinos e exalado pelas narinas e boca desses ruminantes é feita por meio de uma canga tubular com uma válvula reguladora para entrada do gás acoplada a um cabresto, colocado logo atrás da cabeça do bovino. O coletor permanece no animal por uma semana, durante 24 horas, armazenando o gás emitido pelo processo natural de eructação. Após o período, o tubo é retirado e as amostras são encaminhadas para análise em laboratório.

Importância do estudo

Cristina ressalta a importância de realizar pesquisas para buscar meios de adaptação e mitigação da emissão de CH4, principalmente envolvendo os produtores rurais no processo, além de levar conhecimento técnico e operacional para o campo. “É fundamental que os produtores busquem informações, a fim de que cada vez mais eles possam trabalhar com bovinos com características de menor emissão de metano”, frisa.

Todas as raças de animais que participaram da pesquisa e atingirem níveis satisfatórios serão certificadas pela Embrapa como animais menos emissores de CH4. “Ao ser certificado com baixa taxa de emissão de CH4, os animais passam a ter um preço melhor em leilão e na venda de sêmen, porque têm características avaliadas que outros não têm, sem dizer que essa certificação torna o setor mais competitivo”, evidencia Cristina.

Escolha das raças

Reprodutores das raças Hereford e Braford durante a coleta de metano no Centro de Pesquisa da Embrapa Pecuária Sul – Foto: Cristina Genro

De acordo com a coordenadora responsável pela avaliação, as raças taurinas europeias Angus, Braford, Charolês e Hereford foram escolhidas para a pesquisa de mensuração do metano por serem as raças mais cruzadas na região Sul do Brasil, além de que os produtores trazem os animais para participar das provas de Eficiência Alimentar e de Avaliação a Campo, realizadas todos os anos com cerca de 120 animais no Centro de Pesquisa da Embrapa Pecuária Sul.

Cristina adianta que há interesse de outras raças, como da francesa Limousin, para participar do estudo, bem como há tratativas em andamento para estender a avaliação para as vacas leiteiras.

Resultados esperados

O resultado da pesquisa será divulgado durante a 45ª Exposição Internacional de Animais – Expointer, que acontece de 27 de agosto a 04 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS. “Vamos relacionar os resultados de emissão de metano com a Prova de Eficiência Alimentar para que possamos avaliar quantas gramas de metano estão sendo emitidos por animal para cada quilo consumido e transformado em peso. Nossa intenção não é comparar entre raças, mas em cada raça ver quais animais atendem ao critério de menores emissores”, reforça Cristina.

Com o propósito de auxiliar as associações produtoras das raças a qualificar seus reprodutores, certificando-as de baixa emissão de metano, a pesquisa visa valorizar o produto nacional no mercado. “Essa pesquisa é essencial para auxiliar a pecuária a produzir em harmonia com a sociedade e o meio ambiente. Através dessa avaliação vamos oferecer animais produzidos de forma mais sustentável nas fazendas brasileiras, valor que agrega à venda desses animais no mercado, além, de maneira geral, vamos poder contribuir com a redução global de emissão de metano pelo rebanho bovino brasileiro”, pontua.

Caminho sem volta

A pesquisadora gaúcha destaca que as quatro raças que participaram da pesquisa estão alinhadas com uma tendência mundial que deverá, em um futuro próximo, incluir características de animais com menor taxa de emissão de metano como critério de seleção de bovinos mais eficientes e adequados aos sistemas de produção mais sustentáveis. “Nós temos muita procura dos frigoríficos para trabalhar na certificação de produtos, principalmente de carne baixo carbono”, menciona Cristina.

Daqui para frente, com o compromisso global assumido em novembro passado durante a COP26, em Glasgow, na Escócia, por mais de 100 países, incluindo o Brasil, com vistas a reduzir as emissões globais de metano em pelo menos 30% até 2030 em relação aos níveis de 2020, o apelo por ações concretas para conter as emissões deste poluente climático serão cada vez maiores. “A pesquisa precisa trabalhar junto com o produtor, com o consumidor, com o frigorífico e com todos os elos da cadeia, para mostrar que não é não comendo carne que nós vamos salvar o planeta, talvez tenha mais impacto andar de carro sozinho do que comer um bife em casa”, observa a pesquisadora.

Em um futuro próximo, segundo Cristina, a questão da sustentabilidade poderá vir a ser uma barreira para comercialização de carne bovina, como já foi para o desmatamento e para as queimadas. “Nós sabemos que as barreiras comerciais estão relacionadas com a questão do ambiente e que nossa carne é produzida com muito metano. Para mudar esse cenário precisamos, enquanto produtores de carne bovina, mudar de postura. Precisamos ter certificações que digam que nossa carne é sustentável porque nossos touros emitem menos metano, que nossa carne é produzida em sistema de produção à base de pasto, bem manejado, ou que está sendo acumulado carbono no solo e nós estamos conseguindo controlar essas emissões”, expressa a pesquisadora, alertando para a necessidade de certificar os processos a fim de garantir a sustentabilidade e a comercialização do produto brasileiro. “Nós temos que passar confiança e transmitir segurança ao nosso consumidor, seja ele da cidade ou o comprador da nossa carne no mercado interno ou de outros países”.

Métodos para interferir na produção de metano

Pesquisador e chefe geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt: “O sistema ILPF ajuda na remoção de CO2 desde que seja feito sempre com o plantio direto e com um bom manejo de pasto ao longo do ano” – Foto: Ana Maio

De acordo com o pesquisador e chefe geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, para poder interferir na produção de metano da pecuária brasileira é preciso considerar três pilares. O primeiro deles envolve a manipulação direta da fermentação do rúmen, que pode ser feito usando aditivos, um pasto e uma ração de melhor qualidade para os animais. “Tudo isso reduz a fermentação dentro do rúmen, porque altera o perfil para um tipo de fermentação que produz menos metano. Na região Sul, por exemplo, as pastagens são de alta qualidade, o que já contribui para uma emissão menor”, considera.

Berndt diz que a melhor forma do produtor saber se uma pastagem é de melhor qualidade do que outra é pelo ganho de peso do animal ou de produção de leite. “Pasto ruim não dá peso, não produz leite. Claro que o produtor pode fazer a coleta do capim e mandar ao laboratório para análise, mas na prática é observar a resposta do animal, se estiver ganhando peso, se está com uma boa estrutura corporal ou produzindo bastante leite é porque aquele pasto atende a exigência nutricional do animal”, afirma.

O pesquisador paulista também elenca a importância de pensar no rebanho como um todo, pois mesmo tendo uma área de pastejo boa, se há muitos animais juntos pode ser que nos primeiros dias de pastejo todos estejam comendo bem, depois o capim acaba e o gado fica com fome, deixando de ganhar peso ou de produzir leite. “É preciso olhar a quantidade de animais que estão pastejando em uma mesma área para não permitir a degradação superpastejo, porque isso geraria um efeito contrário e pioraria a emissão de metano”, alerta Berndt.

O segundo pilar engloba o aumento da eficiência de produção, área com mais conhecimento e tecnologias acumuladas, que incluem melhoramento genético, nutrição, reprodução, sanidade, bem-estar animal e gestão do negócio. “Quando o produtor tem uma raça melhorada ele não vai colocar esse animal de excelente genética em um pasto ruim ou deixar de vacinar, pelo contrário, vai oferecer o que há de melhor para que esse animal tenha uma reprodução mais eficiente e frequente daquela genética. Então, o melhoramento genético arrasta com ele um monte de tecnologias, justamente porque o animal merece esse cuidado. Esse é um pilar que está nas mãos dos produtores: de não deixar o pasto degradar, sempre buscar uma genética boa, fazer uma suplementação adequada para o seu rebanho (com aditivo mineral ou ração concentrada), aplicar os vermífugos, vacinar, adotar medidas de sanidade. Tudo isso que o pecuarista já sabe que tem que fazer, mas agora também com esse olhar para a sustentabilidade”, salienta.

O terceiro pilar abrange a remoção e a compensação do metano no solo e no ILPF (integração-lavoura-pecuária-floresta) que, segundo Berndt, encontra muita resistência pelo setor agropecuário para entrar na conta da redução do metano. “Esse é um pilar que temos estudado bastante em pasto de manejo intensivo e rotacionado, onde se consegue remover bastante carbono no solo. O sistema ILPF ajuda na remoção de CO2 desde que seja feito sempre com o plantio direto e com um bom manejo de pasto ao longo do ano, com o mínimo de intervenção no solo, sem arar a terra porque o objetivo é estocar o carbono no solo”, detalha.

O componente florestal no sistema integrado dificulta o manejo do solo, porque agora se tem as árvores no meio, porém, de outro lado, esse sistema de produção pode melhorar a ambiência, a qualidade da forragem, o aproveitamento dos recursos naturais, o aumento e a diversificação da renda, a reprodução dos animais e a possibilidade do abatimento da emissão dos gases de efeito estufa e do aumento do sequestro de carbono no solo.

“Em sistema de produção de grão intensivo não se encaixa a árvore, porém, se for um sistema de pastejo intensivo, a árvore se encaixa bem no sistema silvipastoril”, pontua o pesquisador, ampliando: “Essas árvores têm um potencial muito grande de remover carbono também em seus troncos, isso faz com que se consiga compensar praticamente toda a emissão de gases dos bovinos nestes sistemas integrados, considerando essa uma produção de carne baixo carbono ou de carbono neutro, dependendo de quanta remoção de CH4 o produtor conseguir remover no sistema”, afirma Berndt.

Quando se intensifica a produção de gado, consequentemente aumenta-se a emissão de metano por hectare/ano, no entanto, se produz mais carne. Com a adoção do sistema ILPF atrelado às boas tecnologias é possível produzir até três vezes mais carne, porque está se encurtando o ciclo de produção dos animais, ou seja, estará produzindo mais, porém emitindo a mesma quantidade de metano.

Fortaleza do Brasil

O chefe geral da Embrapa Pecuária Sudeste considera o sistema intensivo de integração lavoura-pecuária (ILP) uma das fortalezas do Brasil, pois através da adoção deste sistema o produtor consegue três safras ao ano: soja, milho e pasto, além da produção de carne. “É uma competitividade muito grande”, exalta Berndt.

O pecuarista que adota a parceria com a produção de grão, a terra que iria ficar parada na entressafra vai produzir boi, permitindo que o animal continue ganhando peso mesmo no inverno, e quando precisar tirar o boi para dessecar o pasto e começar uma lavoura de soja, por exemplo, o capim já estará crescendo melhor em outro lugar, porque já começou a época das chuvas.

“Então é uma organização de rebanho com grão muito mais inteligente para o produtor aproveitar melhor a área de produção da sua fazenda, além de contribuir bastante para encurtar o ciclo completo de produção do gado, ou seja, faz com que o boi seja abatido mais cedo e desta forma emite menos metano e o produtor ganha em produtividade”, analisa o pesquisador.

Por uma pecuária mais sustentável

Pioneira em várias frentes de pesquisa, a Embrapa Pecuária Sudeste investe há mais de 20 anos em estudos sobre emissões de GEE em sistemas de produção de bovinos de corte e de leite, buscando a baixa emissão de gases como o metano, a fim de diminuir o impacto da atividade no clima.

Localizado em São Carlos, no interior de São Paulo, o centro de pesquisa trabalha com tecnologias tanto para mitigação de metano, quanto para mensurar as emissões, seguindo metodologia reconhecida internacionalmente. Entre os recursos tecnológicos à disposição do setor estão a recuperação de pastagens degradadas, boas práticas de manejo animal e vegetal, uso adequado de insumos, bem-estar animal, redução do ciclo de vida e manejo nutricional.

De acordo com o chefe-geral da unidade paulista, entre os vários resultados alcançados já se comprovou que a pecuária brasileira não é melhor nem pior do que a de outros países em relação a emissão de metano. O maior problema do país, aponta o pesquisador, é a quantidade do rebanho nacional, que, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 chegou a 218,2 milhões de animais, ou seja, para cada brasileiro há um boi e ainda sobram 6,4 milhões de cabeças. “A pecuária é muito forte no país, por isso contribui mais para o aquecimento global, porém, com a adoção de tecnologias e boas práticas, como sistemas integrados, manejo intensivo das pastagens e uso de aditivos na nutrição animal, serão capazes de compensar as emissões geradas pela pecuária e tornar o sistema de produção mais sustentável”, enaltece Berndt.

Pesquisas em andamento

Com o intuito de avaliar diferentes níveis de intensificação de pasto em uma área de transição de um bioma de Mata Atlântica para o Cerrado, está em andamento uma pesquisa em um bioma de floresta tropical com pastejo contínuo e extensivo, e no outro extremo de pastejo rotacionado, superadubado e irrigado, que carrega em média cinco unidades de animais por hectare/ano. “Isso é cinco vezes mais do que a média nacional, porém em um sistema superintensivo”, constata Berndt.

O pesquisador explica que os cinco sistemas estão sendo comparados em relação a produção de carne, qualidade de carne, emissão de metano, emissão de óxido nitroso (outro gás de efeito estufa importante quando se intensifica muito um sistema, porque as fezes e a urina ficam depositadas em um mesmo local) e a medição de remoção de carbono.

E um outro projeto que está sendo desenvolvido em paralelo é do pasto consorciado com gramíneas. Na região Sul do país é muito comum no pasto nativo ter associação de dezenas de espécies de capim, mas no Cerrado se encontra a pastagem de apenas uma espécie.

A pesquisa está sendo feita com a consorciação entre a Braquiária e o feijão guandu, que é uma leguminosa arbustiva desenvolvida pela Embrapa para recuperação de pastagens degradadas. Neste estudo, a unidade de pesquisa avalia a fixação de nitrogênio do ar sem o uso de adubação. “O feijão guandu equivale a mais ou menos 100 quilos de nitrogênio por hectare/ano depositado na área de pastejo, substituindo a adubação nitrogenada, uma vez que já tem compostos que interferem na fermentação, o que também é estudado. O pasto consorciado é um conceito antigo, tem mais de 60 anos, mas esse conhecimento está agora sendo rediscutido com foco em sustentabilidade”, evidencia Berndt.

Raça Canchim

Há três anos, o Centro de Pesquisa do interior paulista iniciou um experimento com a raça sintética Canchim 7/8 para medir a emissão de metano pelo ganho de peso destes animais, com o intuito de traçar um perfil do gado criado no país.

O método de coleta e análise é o mesmo adotado na Embrapa Pecuária Sul. As coletas são feitas a partir de uma amostra de animais por um determinado tempo em diferentes estações do ano.

Pesquisa de emissão com animais da raça Canchim são realizadas pela Embrapa Pecuária Sudeste – Foto: Divulgação/Embrapa Pecuária Sul

Produzida pela Embrapa Pecuária Sudeste, o Canchim é resultado do cruzamento com 5/8 Charolais e 3/8 de sangue Zebu, é uma raça de porte grande, de crescimento magro, pouca gordura, boa eficiência de crescimento e as emissões de metano são proporcionais a outras raças taurinas. “A variação na emissão do gado pode depender da dieta, da quantidade de água que bebe, do bioma em que está vivendo, entre outros fatores externos. Então, os principais benefícios desta pesquisa são a identificação de tecnologias mais adequadas no ciclo de produção para interferir na emissão de metano”, pontua.

Os experimentos realizados com animais na Embrapa Pecuária Sudeste passam pela avaliação da Comissão de Ética para o Uso de Animais (CEUA) e são conduzidos respeitando o bem-estar animal e os princípios éticos.

Carne carbono neutro

Através do sistema de ILPF ou silvipastoril, a Embrapa Pecuária Sudeste comprovou, em recente estudo divulgado, que é possível produzir carne carbono neutro.

Em oito anos, uma fazenda operando com o sistema de produção integrado, o carbono fixado no tronco das árvores permitiu a neutralização das emissões de CO2 equivalente de 9,4 unidades de animais por hectare (U.A./ha). Cada animal tem 450 quilos de peso vivo. No caso da madeira na serraria, foram necessárias 165 árvores por hectare para neutralizar as emissões de CO2 eq. de 2,3 U.A./ha.

A pesquisa também demonstrou que a sombra das árvores promoveu melhorias na composição morfológica e bromatológica, com menor porcentagem de matéria morta e maiores teores de proteína em comparação ao sistema a pleno sol e conforto térmico animal. Além disso, a ocupação animal também foi semelhante nos sistemas de produção a pleno sol e no sombreado, em função de suplementação com silagem na época das secas.

De acordo com Berndt, o país oferece uma gama muito grande tanto em sistemas de produção animal e vegetal quanto em diversificação de produtos, no entanto, ele considera que a carne carbono neutro ou a carne de baixo carbono não é uma carne para todos os mercados. “Aqueles mercados que buscam uma carne diferenciada, assim como tem no Sul muitas particularidades de produção com associação ao ambiente preservado do Bioma Pampa, que traz diferenciais únicos ao produto produzido nesta região do país, a carne carbono neutro ou de baixo carbono também tem desses diferenciais. E é importante que os produtores interessados em produzir dessa maneira busquem orientação técnica na sua região para saber quais são as tecnologias mais adequadas para seu sistema de produção, porque não tem uma receita única que vale pra todo mundo, é importante conhecer a região, o sistema de produção que está desenvolvendo para poder recomendar as tecnologias mais adequadas”, pontua.

Os resultados das pesquisas e avanços tecnológicos da Embrapa contribuem com as alternativas para adaptação e mitigação frente aos efeitos das mudanças do clima, colocando a descarbonização como meio para o desenvolvimento mais sustentável da pecuária brasileira.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura, commodities e maquinários agrícolas acesse gratuitamente a edição digital Bovinos, Grãos e Máquinas.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Entidades querem restringir a importação de leite

Em razão dos transtornos que a cadeia produtiva do leite tem enfrentado, com estiagens, enchentes e excesso de importação, as federações estaduais recomendam a formulação de uma nova política pública para o desenvolvimento do setor, priorizando a matéria-prima local e o trabalho dos produtores brasileiros.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Mobilização contra o aumento do volume de importação de leite subsidiado, principalmente da Argentina, está sendo estimulada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc).

Presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo: “Não podemos deixar nenhum produtor desamparado, por isso a mobilização das  federações estaduais de agricultura e união de todo o setor são fundamentais para mudar o cenário de baixos preços pagos pelo litro de leite e altos custos de produção” – Foto: Divulgação/MB Comunicação

O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, diz que os transtornos que a cadeia produtiva do leite tem enfrentado – estiagens, enchentes e excesso de importação – recomendam a formulação de uma nova política pública para o desenvolvimento do setor, priorizando a matéria-prima local e o trabalho dos produtores brasileiros.

Nesse sentido, “é muito importante que cada Estado tome uma iniciativa para reduzir a compra do leite de outros países em uma atuação coordenada do setor em todo País”. Alguns Estados elevaram a alíquota de 0% para 12% aos importadores de leite em pó e de 2% para 18% na venda de produto fracionado. Em  outros, os lácteos importados foram excluídos da cesta básica, com aumento de ICMS sobre o leite importado.

Pedrozo informa que a CNA está elaborando um estudo para a aplicação de direitos antidumping à Argentina, com o objetivo de proteger o setor lácteo nacional. O dirigente lembra  que a excessiva importação de leite iniciada no primeiro semestre do ano passado achatou a remuneração do produtor nacional, impactando negativamente a competividade do pequeno e médio produtor de leite. As importações brasileiras de lácteos da Argentina e do Uruguai, em 2023, praticamente dobraram.

O presidente observa que grande parte dos produtores rurais atua na área de lácteos e que a crise no setor derruba a renda das famílias rurais. A forte presença de leite importado no mercado brasileiro provocou queda geral de preços, anulando a rentabilidade dos criadores de gado leiteiro.

Pedrozo defende um debate do setor produtivo com o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar para a definição de medidas de fortalecimento da pecuária leiteira no País com foco no aumento da produção e no fortalecimento do pequeno e do médio produtor de leite. Dessa forma será possível estimular, simultaneamente, a produção e o consumo, abrangendo a redução da tributação, combate às fraudes, criação de mercado futuro para as principais commodities lácteas, manutenção de medidas antidumping e consolidação da tarifa externa comum em 35% para leite em pó e queijo, além da utilização de leite e derivados de origem nacional em programas sociais. “Não podemos deixar nenhum produtor desamparado, por isso a mobilização das  federações estaduais de agricultura e união de todo o setor são fundamentais para mudar o cenário de baixos preços pagos pelo litro de leite e altos custos de produção”, defende.

Pedrozo alerta que a crise na cadeia do leite afeta diretamente a agricultura familiar, levando milhares de produtores a abandonar a atividade, que já registra forte concentração da produção em Santa Catarina. “Talvez uma das soluções seja regular a importação, criando gatilhos e barreiras para que seu exagero não destrua as cadeias produtivas organizadas existentes”, sugere.

Fonte: Assessoria
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Paraná tem 55 premiados no Mundial do Queijo; melhor queijeiro também é do estado

Entre os paranaenses premiados, são 12 medalhas Super Ouro, 14 Ouro, 14 Prata e 15 Bronze. Além do Brasil, participaram do concurso Itália, Espanha, México, Argélia, Polônia, Irlanda, Colômbia, Argentina, Inglaterra, Suíça, França e Uruguai.

Publicado em

em

Foto: Guilherme White/Foosstudiobrasil

O Paraná teve 55 queijos e produtos lácteos de 23 municípios premiados na 3ª edição do Mundial do Queijo do Brasil, que aconteceu entre os dias 11 e 14 de abril, no Teatro B32, em São Paulo. No total, 1.900 produtos de 13 países foram avaliados por 300 jurados, e 598 queijos e produtos lácteos receberam medalhas. O júri foi presidido pelo queijista Laurent Dubois, um dos melhores artesãos da França na categoria queijo.

Foto: Divulgação/Mundial do Queijo

Entre os paranaenses premiados, são 12 medalhas Super Ouro, 14 Ouro, 14 Prata e 15 Bronze. A competição, organizada pela associação SerTãoBras, avaliou de forma anônima queijos, iogurtes, doces de leite e coalhadas, pela sua aparência exterior e interior, textura, aromas e sabores. Além do Brasil, participaram do concurso Itália, Espanha, México, Argélia, Polônia, Irlanda, Colômbia, Argentina, Inglaterra, Suíça, França e Uruguai.

Os produtos premiados são de Cantagalo (2), Carambeí (1), Cascavel (2), Chopinzinho (1), Curitiba (3), Diamante D’Oeste (1), Guarapuava (1), Jaguapitã (2), Jandaia do Sul (1), Lapa (1), Londrina (6), Manfrinópolis (1), Marechal Cândido Rondon (4), Maringá (1), Nova Laranjeiras (1), Palmeira (6), Palotina (2), Paranavaí (2), Ponta Grossa (2), Ribeirão Claro (3), Santana do Itararé (3), São Jorge D’Oeste (2) e Toledo (7). Confira a lista completa de premiados neste link .

A Cooperativa Witmarsum, de Palmeira, na região dos Campos Gerais, conquistou quatro medalhas. Ganhador do Ouro, o queijo Witmarsum Colonial Natural possui o selo de Indicação Geográfica (IG) – que indica a procedência do produto, respeitando os saberes e fazeres dos produtores locais.

“Conquistar uma premiação como a do Mundial é bem mais do que um reconhecimento da qualidade dos nossos produtos, é reconhecer a força dos nossos cooperados que se empenham de sol a sol na produção leiteira, fortalecer o cooperativismo e também uma prova de que somos capazes de produzir queijos tão bons quanto os Europeus”, diz o diretor de Operações da empresa, Rafael Wollmann.

O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, com cerca de 3,6 bilhões de litros ao ano. O leite é o quarto produto em importância no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Paraná, com R$ 11,4 bilhões em 2022, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral). Os queijos paranaenses têm tradição de destaque em concursos nacionais e internacionais

O sistema digital de apuração no 3ª Mundial do Queijo, que soma as notas dos jurados em tempo real, foi desenvolvido pelo Sistema Faep/Senar-PR.

Assistência

Foto: Divulgação/Cooperativa Witmarsum

Entre as queijarias premiadas, algumas recebem assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná). Um exemplo é o Rancho Seleção, de Londrina, no Norte do Paraná, que conquistou uma medalha Super Ouro, três Ouro, uma Prata e uma Bronze.

Outro caso é da Estância Baobá, de Jaguapitã, também no Norte, de Lívia Trevisan e Samuel Cambefort, que recebeu prêmios pelo requeijão de corte (Super Ouro) e pelo baommental (Bronze), um queijo inspirado no emmental, mas com menos maturação e com sabor adocicado.

Na edição passada do Mundial, a queijaria já havia levado sete medalhas. Os prêmios deste ano vieram após um período de muitas dificuldades. Em 2023, a propriedade teve metade de seu rebanho roubado. “Essas medalhas foram uma superação para a gente depois de tanto sufoco”, diz a proprietária. Além do diferencial da produção agroecológica, adotado ainda por poucas propriedades na região, as receitas da Estância Baobá têm valor sentimental. “O requeijão foi o primeiro queijo que fizemos. É uma receita da minha bisavó que foi passada para a minha mãe”.

A Estância Baobá também faz parte da Rota do Queijo Paranaense, iniciativa do IDR-Paraná, e está organizando sua adesão ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf-PR), para ampliar a comercialização. Atualmente a pequena propriedade recebe apoio de extensionistas do IDR-Paraná no sistema reprodutivo. “É um acompanhamento incrível”, diz Trevisan.

Melhor queijeiro

Além dos produtos, o Paraná também se destacou no prêmio de Melhor Queijeiro do Brasil, cujo grande campeão foi o engenheiro de alimentos Henrique Herbert, mestre Queijeiro da Queijaria Flor da Terra, de Toledo, no Oeste do Estado. Natural de Poço das Antas (RS), ele vive no Paraná há 10 anos.

Essa modalidade do concurso avaliou os concorrentes quanto ao saber-fazer profissional, à capacidade de produzir queijos em condições que os tiraram de sua zona de conforto e a habilidade em maturar um queijo em condições especiais. “Com esses resultados, cada vez mais deixamos de ser apenas um importante estado produtor de leite, mas também passamos a ser reconhecidos pelos queijos de excelência que são produzidos aqui”, comemora.

Em sua equipe, Herbert contou o apoio do engenheiro de alimentos Kennidy de Bortoli, natural de Foz do Iguaçu, para desbancar os demais candidatos. Ambos atuam no Parque Científico e Tecnológico de Biociências (Biopark), em Toledo, onde conduzem um projeto de pesquisa em queijos finos. O projeto levou oito medalhas, três de Ouro e cinco de Prata.

“Tanto as medalhas conquistadas pelos nossos queijos quanto a medalha conquistada por nós vêm de encontro com o que o Biopark almeja, que é justamente o desenvolvimento da região Oeste do Paraná, com o fator do ensino e a pesquisa”, diz Herbert.

Fonte: AEN-PR
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Momento favorece compra de boi magro para confinamento

Ao contrário do que acontecia até o início desta década, desde 2022, levantamento do Cepea mostra que os valores do boi magro têm caído de março a maio, justificados pela demanda relativamente baixa de agentes que ainda não concluíram o planejamento das operações do segundo semestre.

Publicado em

em

Foto: Everton Queiroz

Pesquisas do Cepea apontam que a atual relação entre os preços do boi magro e os ajustes do contrato julho de 2024 negociado na B3 (distante três meses, período de um ciclo de confinamento) sinaliza um bom momento para as compras de novos lotes dessa categoria de animal.

Ao contrário do que acontecia até o início desta década, desde 2022, levantamento do Cepea mostra que os valores do boi magro têm caído de março a maio, justificados pela demanda relativamente baixa de agentes que ainda não concluíram o planejamento das operações do segundo semestre.

Ressalta-se que o boi magro representa cerca de 60% do custo de produção de confinamento.

Os outros insumos de impacto nos custos são os da alimentação.

O milho e o farelo de soja, tradicionais balizadores da cotação de alternativas para a dieta, estão em patamares inferiores aos registrados em anos recentes.

 

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.