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Pasto sobre Pasto garante estabilidade na produção de forragem e minimiza vazios forrageiros

O resultado é a disponibildade de pastejo durante todo o ano, reduzindo ou eliminando os vazios forrageiros

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Marcia Silveira

Mesclar plantas forrageiras na mesma área, iniciando um novo ciclo de crescimento do pasto sobre outro ciclo, sem remover as diferentes forrageiras em produção. Essa é a lógica do Pasto sobre Pasto, um conceito de produção para alimentação animal que começa a ser difundido por pesquisadores da Embrapa no sul do Brasil. A novidade possibilita maior estabilidade na oferta de forragem ao longo do ano, principalmente nos críticos períodos de transição entre as estações frias e quentes do ano, quando ocorrem os conhecidos vazios forrageiros.

Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS) Danilo Sant’Anna, as condições ambientais de cada lugar podem proporcionar produção de forragem em excesso em alguns momentos, e escassez em outros. “O clima, a escolha das cultivares, a forma e o momento do plantio são alguns dos fatores que influenciam na maior ou menor estabilidade da oferta de pasto ao longo do ano. Isto é, na existência ou não e na duração dos conhecidos vazios forrageiros”, comenta.

Com as estações do ano bem definidas, a Região Sul do Brasil é privilegiada por possibilitar grande diversidade forrageira nas estações frias e também nas estações quentes do ano. “Se por um lado é positivo termos grande diversidade e alternativas de pastagens, tanto de espécies cultivadas quanto nativas do bioma Pampa, por exemplo, por outro lado, isso impõe certa complexidade ao sistema diante de um grande desafio que é produzir pasto o ano todo”, complementa a pesquisadora da Embrapa Márcia Silveira.

Essa complexidade se dá justamente pelas inúmeras possibilidades de tipos de forrageiras possíveis de se usar na região, associadas à dificuldade por parte do produtor em manejar adequadamente as plantas, desde seu plantio até o uso da área pelos animais. Soma-se a isso, ainda, a ação de eventos climáticos como el Niño e la Niña, que frequentemente acometem a Região Sul, impactando a produção ao longo dos ciclos de produção de inverno e verão, bem como os períodos de transição entre as estações quentes e frias do ano, quando ocorrem os vazios forrageiros.

Pasto 365 dias do ano

Justamente buscando reduzir ou eliminar esses períodos de vazio forrageiro, que são agravados pelos efeitos dos fenômenos el Niño e la Niña, pesquisadores da Embrapa Pecuária Sul vêm trabalhando com o conceito de Pasto 365 dias do ano, que direciona o planejamento forrageiro para obter o maior número de dias com pastejo, em cada metro quadrado da propriedade e na maior área útil possível que não esteja sendo usada com uma lavoura. “Para isso, é preciso maximizar e alongar a produção das diferentes forrageiras, trabalhando também nos períodos de transição, com um conjunto de técnicas que expressam o conceito de produção chamado de Pasto sobre Pasto”, destaca Sant’Anna.

O Pasto sobre Pasto, como o próprio nome diz, baseia-se, portanto, no aumento da diversidade forrageira e na sobreposição de plantas forrageiras com características que se complementam. “A ideia é ter, ao mesmo tempo, mais de uma forrageira na mesma área, sobrepondo, no caso do sul do Brasil, forrageiras da estação fria com forrageiras da estação quente e vice-versa”, explica Márcia.

Diversas opções de forrageiras

Diversas são as mesclas forrageiras possíveis dentro desse conceito. Nos trabalhos conduzidos na Embrapa Pecuária Sul, um dos consórcios mais usados foi com três cultivares lançadas pela Embrapa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Associação Sul-brasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (Sulpasto): azevém BRS Ponteio, trevo-branco BRS URS Entrevero e capim-sudão BRS Estribo. Esses materiais vinham sendo utilizados de forma isolada ou dentro dos consórcios convencionais (azevém + trevo). “O ponto inicial para o uso dessas cultivares no Pasto sobre Pasto foi, a partir do conhecimento das características de cada material, vislumbrar oportunidade de complementariedade entre eles e então iniciar a condução de trabalhos com as mesclas nos ciclos de inverno e verão da região, em sucessão e sem o uso de dessecação”, conta Márcia.

Resultados 

Ao longo de dois anos, entre 2016 e 2017, os pesquisadores da Embrapa compararam uma área onde foram aplicados os pilares do Pasto sobre Pasto (mescla de azevém, trevo-branco e capim-sudão) com uma área-testemunha, onde foram realizadas práticas convencionais de dessecação da área antes da implantação da forrageira da estação e uso de pastagens monoespecíficas (azevém no inverno e capim-sudão no verão).

No caso da pastagem de inverno (azevém) implantada de forma convencional, o ganho individual médio dos animais até setembro era de 970 g por dia, em outubro o ganho individual médio foi para 470 g por dia, o que baixou a média geral para 870 g/animal/dia. Na pastagem com a mescla forrageira de inverno (azevém + trevo-branco + capim-sudão em fim de ciclo), os ganhos foram mais estáveis até o fim da condução da fase inverno do trabalho, o que garantiu uma maior média de ganho de peso, chegando a mais de 1 kg/animal/dia.

“A capacidade de suporte, portanto, da pastagem consorciada no sistema Pasto sobre Pasto foi maior em relação ao sistema convencional. Isso tanto para a fase hibernal como para a fase estival, o que proporcionou um melhor resultado produtivo para o sistema proposto. A contribuição do trevo-branco no fim do ciclo do azevém foi o que provavelmente proporcionou ganhos em torno de 1 kg por animal/dia até o fim do ciclo”, explica Sant’Anna.

Os ganhos na fase de verão também chamam a atenção, principalmente nas mesclas forrageiras. Enquanto no sistema convencional o ganho individual médio foi de 970 g por dia, no Pasto sobre Pasto esse número ultrapassou os 1,2 kg por animal/dia. “É possível observar a influência que o trabalho com pastagens mistas pode ter no produto que nos remunera o sistema, ou seja, no ganho de peso individual e por área dos animais”, conclui Márcia.

Confira abaixo a tabela também com os ganhos por área em cada um dos ensaios.

Principais Pilares

Os pilares do Pasto sobre Pasto baseiam-se em algumas premissas, que servem como guia geral para o produtor:

– conhecimento das condições de clima e solo da região e de cada potreiro do sistema de produção, pois elas influenciam diretamente na produção de forragem e nas possibilidades de sucesso de cada mescla forrageira proposta;

– conhecimento das características das diferentes forrageiras buscando sinergia e complementaridade entre as espécies e/ou cultivares usadas;

– manejo estratégico do uso do pasto com as mesclas forrageiras ao longo do ciclo e nos períodos de transição (fim do ciclo de uma cultura e início da cultura em sucessão);

– implantação de espécies sem uso de dessecação e sem revolvimento do solo, a fim de não ser interrompido nenhum ciclo de produção;

– adoção da técnica chamada de dessecação pré-plantio quando se trabalha com lavouras de grãos e há necessidade de usar herbicidas dessecantes para implantar a lavoura. A operação é realizada um dia antes ou muito próximo do plantio da lavoura, a fim de se ter o máximo de tempo possível de pastejo na área antes de plantar a lavoura;

– nutrição adequada e direcionada, a fim de suprir as necessidades de nutrientes para o desenvolvimento de todas as espécies forrageiras envolvidas nas mesclas.

É fundamental para o sucesso do Pasto sobre Pasto que nenhuma planta sofra qualquer tipo de restrição, como por exemplo de disponibilidade de água, principalmente no momento do estabelecimento da mescla forrageira. É crucial, ainda, a realização de manejos específicos antes da introdução das forrageiras da estação, como o rebaixamento prévio das plantas com o aumento da carga animal, por exemplo.

Todos esses manejos necessários para trabalhar o conceito estão descritos na Circular Técnica 52, lançada em 2019 pela Embrapa.

Fertilidade do solo também é melhorada

Outro importante benefício do Pasto sobre Pasto é que ao mesmo tempo em que se estabiliza e intensifica a oferta de forragem aos animais, também se proporciona o mesmo com relação à oferta de biomassa vegetal para a microbiota do solo. Nos períodos de falta de forragem, além de haver redução da oferta de alimentos aos animais, reduz-se concomitantemente os processos de melhoria das condições de fertilidade do solo, relacionados com a maior ou menor atividade da microbiota do solo.

“Em outras palavras, ao ocorrer períodos de vazios forrageiros e/ou reduzido crescimento de pastos e raízes, perdemos tempo e oportunidades de melhorar também os solos. Com a estabilidade proporcionada pelo Pasto sobre Pasto, temos mais tempo de planta verde e raiz crescendo, e isso proporciona mais alimento tanto para os animais como para a microbiota do solo, que, a partir dessa biomassa, forma agregados de solo, matéria orgânica e, por fim, melhora acentuadamente suas condições de fertilidade e vida”, explica Sant’Anna.

Além da melhor distribuição de forragem ao longo do tempo e da melhoria da qualidade do solo, outro benefício que se observa no uso de forrageiras em sucessão no sistema Pasto sobre Pasto é o auxílio e contribuição da mescla forrageira para o controle de diferentes plantas invasoras.

“A área com forrageiras consorciadas apresentou apenas 16% de cobertura do solo por plantas indesejáveis (predominantemente milhã) quando comparado a 51% da área só com a forrageira de verão. Tal fato pode ser explicado pela maior cobertura do solo – 94% em comparação a 61% de cobertura na área dessecada para plantio da forrageira na forma de pasto monoespecífico. Logo, a presença de plantas desejáveis (como o trevo-branco) no momento do plantio do capim-sudão reduziu a possibilidade de surgimento de plantas indesejáveis na área”, explica a pesquisadora.

Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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