Suínos
Parvovirose causa falhas reprodutivas nas fêmeas
Vírus causa problemas reprodutivos nas matrizes, trazendo prejuízos para o produtor se não tomar as corretas medidas protetivas
Uma doença conhecida, mas difícil de ser diagnosticada, a parvovirose pode ser um pesadelo para o suinocultor. Os prejuízos inclusos na enfermidade estão desde perda de vida útil da matriz até de leitões ao nascer. Para explicar um pouco mais sobre o vírus e o que se sabe de novidade sobre o assunto, o professor doutor André Streck, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), fala sobre “o que há de novo sobre parvovírus e parvovirose em suínos” no Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu de 22 a 24 de maio, em Porto Alegre, RS.
O parvovírus é um vírus bastante pequeno – com um tamanho de cerca de 25 nanômetro -, considerado um dos menores que atinge os animais, explica Streck. Este vírus, por ser pequeno, tem como uma das principais características a resistência. “Ele é resistente à variação térmica, de pH e, inclusive, de luz solar”, conta. O professor diz que devido a esta característica, em uma granja que não siga exatamente os processos de biosseguridade e que o vírus esteja protegido da incidência direta de raios solares, ele pode sobreviver por até seis meses. Nas granjas, é um desastre para matrizes.
O profissional explica que a parvovirose é a doença causada pelo parvovírus. “Esta é uma enfermidade que causa basicamente doenças reprodutivas nos animais”, informa Streck. Ele exemplifica dizendo que se um animal adulto tem o vírus, ele, no máximo, terá uma elevação de temperatura extremamente branda, chegando a ser quase subclínica. “Ou seja, não vamos ver muita coisa nesse animal. Se nós pegássemos e fizéssemos um exame de sangue, veríamos uma queda nos leucócitos extremamente branda, mas outros sinais clínicos esse animal não vai apresentar”, conta.
Falhas reprodutivas
Streck diz ainda que mesmo desta forma, não é muito difícil de observar a doença, isso porque se a fêmea estiver prenha podem acontecer os abortamentos. “O único sinal clínico que vemos do parvovírus é em fêmeas gestantes que então terão abortos”, comenta. Ele explica que essas falhas reprodutivas podem vir de algumas formas, como por exemplo, a fêmea retornar ao estro, ou seja, o animal que o produtor tentará fazer a inseminação e verificar que não deu certo. “Neste caso, pode ser uma parvovirose que está acometendo o animal”, diz.
O que também pode acontecer, de acordo com o professor, é a morte do embrião ou do feto, resultando na mumificação desse feto. “Quando isso acontece nós não vamos verificar o abortamento no decorrer da gestação. O que a gente verifica é que essa fêmea deu à luz a uma leitegada, e junto a ela vai ter a presença de algumas múmias com estes animais saudáveis”, conta, acrescentando que podem ser duas ou três múmias no momento da parição.
Streck informa que o atrasado na data da parição ou alguns neonatos que nascem, mas são extremamente enfraquecidos, são outros sinais da doença. “Em outras palavras, qualquer falha reprodutiva pode estar associada ao parvovírus”, diz. Porém, o especialista esclarece que o sinal mais clássico do vírus é realmente o feto mumificado. “A presença de múmias na parição é bem característica dessa doença. É o sinal mais claro”, afirma.
A doença na prática
Os prejuízos do vírus são sentidos no bolso do suinocultor. Porém, mesmo assim, perder a matriz por completo é raro de acontecer, esclarece Streck. “O que acontece é que a matriz acaba perdendo vida útil no momento em que ela acaba tendo mais presença de múmias. Isso acaba gerando um custo maior em termos de reposição de matriz”, conta.
Para evitar estas perdas e maiores dores de cabeça, o professor conta que existem medidas preventivas. “A primeira e mais clássica são as vacinas. Hoje no mercado existe uma gama de vacinas somente para parvovírus”, diz. Ele explica que estas vacinas devem ser dadas no animal a partir de seis meses de idade, com reforço quatro semanas depois da primeira parição e duas semanas antes da cobertura. “Essas vacinas conseguem fazer uma boa proteção contra o parvovírus”, garante. Streck reitera que a primeira medida que o produtor tem que fazer é a vacinação. “Ela não é obrigatória, mas muito recomendada. Em termos de custo/benefício é bastante eficiente”, assegura.
Outra medida de prevenção citada pelo profissional é para aumentar a biossegurança na granja. “Espaços que têm um elevado nível de biossegurança simplesmente não tem parvovírus nos suínos. É importante realmente tentar elevar o nível de biosseguridade ao máximo, assim conseguimos fazer um bom controle e prevenção desse vírus”, diz.
É comum… mas quanto?
O professor afirma que problemas reprodutivos não são incomuns de serem encontrados nas granjas brasileiras. “Existem problemas reprodutivos. Mas esses problemas podem ser por diversas causas, sejam virais, bacterianas, nutricionais, de manejo ou parasitárias. E uma das coisas que complica muito é que geralmente menos de um terço de problemas reprodutivos são corretamente diagnosticados. Os outros dois terços de tudo isso, nós ainda não sabemos a causa”, conta Streck.
Ele comenta que isso acontece porque problemas reprodutivos vão aparecer somente um, dois meses depois que o problema realmente surgiu. “Somente depois que a fêmea teve a múmia, por exemplo. O que causa aquela múmia, estava lá no passado e, às vezes, não conseguimos perceber isso no momento certo”, diz. Streck explica que é complicado dizer que somente o parvovírus está causando todos estes problemas. “Nas minhas experiências trabalhando em granjas, verifiquei que quando tentamos fazer o diagnóstico do parvovírus, muitas vezes o resultado não é tão efetivo e não conseguimos diagnosticar. Isso porque pode ter sido outro agente causador que não estávamos imaginando em um primeiro momento”, comenta.
O profissional afirma que por este diagnóstico ser complexo, é difícil avaliar o prejuízo direto que o vírus causa. “Isso é realmente complicado de avaliar. O que posso dizer é que o vírus está presente no Brasil e temos dados de produtores que apontam que quando deixam de vacinar por um tempo esses problemas realmente aumentam. Mas no momento não temos um estudo direto da prevalência do vírus no Brasil”, diz.
Streck ainda acrescenta que a incidência do vírus nas granjas não dependerá da região, mas da qualidade de trabalho que será desenvolvido, além do manejo e do que é feito em biossegurança naquela propriedade.
Vírus Mutante
Sendo a vacinação uma das melhores medidas preventivas, Streck comenta que vem sendo pesquisado no decorrer dos anos a diversidade do parvovírus. Ele explica que ainda é necessário trabalhar e explorar mais sobre a incidência do vírus, principalmente pelo fato das mutações que está sofrendo, se adaptando em cada região. “O que precisamos é trabalhar mais as novas variantes. As novas limitações representam um risco para nós, como pode representar uma nova enfermidade, para que possamos usar melhor as ferramentas”, diz.
O profissional explica que o vírus não é como se achava no passado. “Ele não é um vírus completamente estável, mas que sofre interferências. Ele está simplesmente se adaptando, independentemente da vacina, para achar uma condição melhor para que sobreviva”, informa. Ele diz que o que pode ser feito é trabalhar mais as novas variantes. “No Brasil temos as vacinas para o vírus. Mas o interessante é que já há empresas brasileiras investindo em parceiras com grupos de pesquisa justamente para tentar entender como é que esse vírus se comporta no Brasil. Ou seja, como é a diversidade desse vírus aqui e se a vacina que está sendo disponibilizada seria habituada ou não”, confidencia.
Mais informaçõe você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
