Conectado com

Notícias

Parceria quer transformar lodo de estação de tratamento de água em fertilizantes

Lodo de Estação de Tratamento de Água, ao ser convertido em fertilizante, poderá ser comercializado e ter custo similar aos adubos organominerais. Na foto, o decantador da Eta de Cubatão, que produz 75 toneladas de lodo diariamente.

Publicado em

em

Foto: Caue Ribeiro

Converter lodo de Estação de Tratamento de Água (ETA) em matéria-prima para produção de fertilizantes de liberação controlada é o desafio que vai unir esforços e competências de três centros de pesquisa da Embrapa e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O estudo vai desenvolver rotas tecnológicas alternativas, com o uso de nanotecnologia, para driblar as dificuldades características do lodo de ETA, altamente variáveis.

O convênio de cooperação científica e tecnológica celebrado prevê o desenvolvimento de um produto a partir de lodos de ETA para vinculação ou incorporação de formulações ativas de microrganismos, com ação benéfica às plantas, em grânulos ou pellets de fertilizantes, com múltiplas funcionalidades de fornecimento de nutrientes.

Três unidades da Embrapa – Instrumentação e Pecuária Sudeste, localizadas em São Carlos (SP), e Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), com saberes de diferentes áreas do conhecimento vão trabalhar para definir uma rota de produção de concentrados zeolíticos a partir de lodos de ETA característicos.

Além disso, vão identificar diferentes microrganismos benéficos; desenvolver e avaliar técnicas de produção; de encapsulamento das suspensões de microrganismos, além de avaliar a eficiência agronômica dos fertilizantes bioativos.

O estudo, aprovado na 3ª chamada de propostas ao Programa Fapesp de Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), da Sabesp, para apoiar projetos de pesquisa voltados à modernização do setor de saneamento, espera  integrar diferentes estratégias para proporcionar maior eficiência agronômica e competitividade ao reaproveitamento dos resíduos.

Com prazo de execução de 60 meses e com recursos financeiros de mais de R$ 2,7 milhões, a proposta é também otimizar o uso de microrganismos bioagentes na agricultura.

Nesta quarta-feira (06), Iara Regina Soares Chao e Fernanda Koga Tovar, engenheiras civis do Departamento de Prospecção Tecnológica e Propriedade Intelectual da Sabesp, visitaram os laboratórios da Embrapa Instrumentação e da Embrapa Pecuária Sudeste, associados ao projeto. “Fiquei muito impactada, gostei demais de conhecer os laboratórios e toda a infraestrutura instalada das duas unidades da Embrapa em São Carlos. São laboratórios modernos, com tecnologias de ponta. A gente se sente muito orgulhoso por estar desenvolvendo este trabalho em parceria com a Embrapa”, diz Iara Chao.

Complexidade do lodo de ETA

A destinação do lodo de estação de tratamento de água é um desafio devido às suas características, entre elas, variabilidade de composição, baixo teor de matéria orgânica e, principalmente, altos teores de sais de alumínio, além de outros fatores que limitam consideravelmente sua aplicação em solos agrícolas.

O engenheiro do Departamento de Execução de Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Sabesp, Marcelo Kenji Miki, explica que o desafio do lodo de ETA é um tanto mais exigente. “Há pouca literatura disponível e cada lodo de ETA tem uma característica um tanto única, devido a variabilidade das condições do manancial”, explica o engenheiro.

Além da complexidade das características do lodo de estações de tratamento, os altos volumes e o custo envolvido no descarte tornam esse resíduo um problema. As disposições são diversas, desde retorno ao próprio corpo de captação de água até aterros comuns.

No entanto, o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Caue Ribeiro, coordenador do projeto, acredita que a estrutura mineral do lodo de ETA poderia, em princípio, ser base para a produção de peletizados- material compactado -, que atuariam como condicionadores de solo ou como adjuvantes para sistemas de liberação controlada de fertilizantes.

Assim, o produto poderia ser uma alternativa de alto consumo em volume do resíduo. “Rotas tecnológicas que imobilizassem os sais de alumínio em estruturas não solúveis poderiam, aliadas a tecnologias de formulação, habilitar condições de uso agrícola deste resíduo”, afirma o engenheiro de materiais, coordenador da Rede de Nanotecnologia para o Agronegócio (Rede AgroNano).

Segundo o especialista em sistemas nanoestruturados de liberação lenta e controlada de insumos agrícolas, a proposta é desenvolver uma rota de produção de concentrados zeolóticos a partir de reações com hidróxido de potássio (KOH), que possam ser formulados como grânulos de fertilizantes extrudados utilizando amido plastificado com ureia para compor um fertilizante NK de liberação lenta.

“Não há no mercado, ainda, um produto com esse conceito integrado -fertilização e proteção biológica. A utilização agrícola dos lodos de ETA poderia ser solução adequada, pela alta demanda de insumos e tolerância dos sistemas a condições variadas de composição de solo de vários cultivos”, diz Ribeiro.

Benefícios econômicos e ambientais

Para o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Alberto Carlos Campos Bernardi, o estudo será uma alternativa de utilização do resíduo das ETAs, que deixariam de ser um passivo ambiental para ter valor agregado e funcionar como uma fonte mais eficiente de nutrientes.

Segundo ele, o cenário atual de baixa disponibilidade de matérias-primas e alta de preços pode comprometer seriamente, e até inviabilizar, alguns setores da agropecuária nacional a médio prazo. “Por isso, o desenvolvimento e a validação de fontes de nutrientes e fertilizantes utilizando matérias-primas disponíveis no país e de novas tecnologias, que apresentem alta eficiência nos sistemas de produção tropicais, pode representar uma grande contribuição ao agronegócio, reduzindo o problema ambiental do resíduo e agregando valor a ele como fonte de nutrientes”, avalia o agrônomo.

De acordo com a Sabesp, o custo da destinação do lodo de ETA em aterro é estimado atualmente em R$ 300 a tonelada, um valor passivo, ou seja, não há retorno do valor investido. Mas no projeto proposto, o fertilizante poderá ser comercializado e poderá ter custo similar aos dos fertilizantes organominerais, em torno de R$ 250 a tonelada.

A ETA de Cubatão, por exemplo, produz diariamente 75 toneladas de lodo, contendo 25% de sólidos, o que significa um custo diário de R$ 5.6 mil para esta estação, enquanto a estação de Taiassupeba produz 225 toneladas por dia.

“Espera-se que a resolução deste problema possa vir de diferentes campos do conhecimento e, muitas vezes, de instituições não tão afins do setor. Assim, vemos com bons olhos este projeto de pesquisa pelos desafios apresentados pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação, e com o desejo de trazermos contribuições relevantes em nosso setor”, adianta o engenheiro Miki.

Para o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Wagner Bettiol, a inovadora estratégia empregada no complexo problema busca viabilizar o aproveitamento dos resíduos da ETA, considerando as propriedades de composição desses materiais.

“Na Embrapa Meio Ambiente vamos avaliar os possíveis efeitos do lodo gerado para controlar a murcha da bananeira, a mais importante doença da cultura. Para isso, inicialmente, o resíduo será avaliado sobre possível fitotoxicidade às plantas”, adianta o pesquisador. Testes também serão realizados com alface e rúcula, hortaliças folhosas naturalmente potencialmente fitotóxicas.

Fonte: Assessoria Embrapa Instrumentação

Notícias

Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

Publicado em

em

Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Notícias

Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

Publicado em

em

Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Notícias

Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

Publicado em

em

Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.