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Paraná quer – e tem tudo para – se tornar hub logístico da América Latina
Dessa maneira o Paraná passa a ajudar o setor produtivo e se torna atrativo para investimentos estrangeiros, o que pode ajudar o escoamento da produção de outros estados e países. O Estado passa a ser um centro distribuidor, gerando dividendos e empregos.

O governo do Paraná quer se tornar um hub logístico da América Latina. Essa é uma bandeira que está sendo empunhada pelo governador Ratinho Junior, que está dando atenção às rodovias, ferrovias, portos e aeroportos para alcançar tal status.
Mas o que é um hub logístico? Porque o Paraná está perseguindo essa meta? Em entrevista exclusiva, o governo do Paraná responde essas e outras perguntas aos leitores e leitoras do jornal O Presente Rural.
O Presente Rural – Explique o que é um hub logístico? Cite alguns pelo mundo.
Governo do Paraná – Hub logístico é o potencial de concentrar diversos serviços em um mesmo local (nesse caso, o Paraná) para atender a demanda do setor produtivo estadual, nacional e internacional. O Paraná é a divisa entre o Sul, o Sudeste, o Centro-Oeste e faz fronteira com Argentina e Paraguai. Está no centro de 70% do PIB da América do Sul, de um mercado consumidor com mais de 200 milhões de pessoas, perto de São Paulo e Buenos Aires. O Paraná também tem acesso ao mar, com portos em Paranaguá e Antonina, e a maior hidrelétrica do mundo na faixa Oeste.
Hub logístico é a capacidade de conectar todos esses ativos e facilitar a logística da iniciativa privada. Para isso, o Estado está investindo na Nova Ferroeste (corredor de 1,3 mil km entre Maracaju, no Mato Grosso do Sul, e Paranaguá), na concessão de aeroportos e na aviação regional, em obras no Porto de Paranaguá para aumentar o calado do mar e o potencial de movimentação de cargas, e em rodovias estaduais e federais.
Dessa maneira o Paraná passa a ajudar o setor produtivo e se torna atrativo para investimentos estrangeiros, o que pode ajudar o escoamento da produção de outros estados e países. O Estado passa a ser um centro distribuidor, gerando dividendos e empregos.
Frankfurt-ALE (com porto e aeroporto fundamentais para a Europa) e Xangai-CHI (com um dos maiores portos da Ásia) são exemplos de conexões globais.
O Presente Rural – Porque o Paraná pretende se tornar um hub logístico?
Governo do Paraná – O Paraná tem algumas das maiores cooperativas agroindustriais da América Latina, é o maior produtor de energia elétrica do país, tem liderança nacional em importantes segmentos agrícolas (avicultura, piscicultura, milho), tem uma indústria pesada (automotiva, equipamentos, móveis), e é uma das maiores economias do país.
O Governo do Estado tem investido ainda mais nessa locomotiva, com crédito subsidiado para pequenos agricultores, programas de atração de grandes investimentos e organização das principais vocações regionais.
O Paraná já tem uma infraestrutura bem organizada, mas pela localização e pelo potencial, é possível crescer ainda mais. Temos que olhar para o alto, chegar nas maiores economias do mundo, o que gera desenvolvimento social. Ser um hub logístico vai potencializar ainda mais essas conexões.
O Presente Rural – Quais as vantagens de ser um estado hub logístico na América Latina?
Governo do Paraná – O Paraná passa a ser uma referência. Com infraestrutura adequada, pode atrair mais investimentos e ser uma alternativa para o escoamento da produção de Argentina e Paraguai para a Europa. Um dos objetivos é que o Paraná seja uma das referências da ligação multimodal bioecânica, conectando os oceanos Atlântico e Pacífico, facilitando a integração do Mercosul. Com a Nova Ferroeste, a nova ponte entre Brasil e Paraguai e o ramal ferroviário em Foz do Iguaçu, o Estado passa a contar com novas possibilidades de integração, que é o que o comércio global exige.
O Presente Rural – Quais as obras que estão em andamento para melhorar a logística atual no Paraná? Quais os prazos?
Governo do Paraná – Nova Ferroeste: Com um total de 1.304 quilômetros de extensão, a ferrovia vai ligar Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, ampliando e modernizando o trecho já existente entre Cascavel e Guarapuava. A previsão é que o investimento alcance R$ 33,4 bilhões. Já com relação à movimentação de carga, a estimativa do estudo é que se chegue a 38 milhões de toneladas no primeiro ano de concessão, ampliando essa cota para 85 milhões de toneladas ao final do período.
Estão em andamento o Estudo de Viabilidade Técnico-Operacional, Econômico-Financeira, Ambiental e Jurídico (EVTEA-J) e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA). Após finalizadas todas as fases do projeto, como os estudos de viabilidade e os estudos de impactos ambientais, será lançado o edital para encaminhar o projeto ao leilão da concessão. O Governo do Estado estima que o projeto vá para a Bolsa de Valores do Brasil (B3) no início de 2022.
A implantação da nova via férrea permitirá o escoamento de grãos vindos do Paraguai e do Mato Grosso do Sul, além de proteína animal e grão do Oeste do Paraná. Atualmente, uma viagem de caminhão de Cascavel à Paranaguá leva em torno de uma semana. O novo projeto prevê que a viagem feita pelo modal ferroviário deve durar em torno de 20 horas.
Concessão de Rodovias: O novo leilão das rodovias terá seis lotes, totalizando 3.368 quilômetros. O pacote é dividido em 65% de rodovias federais e 35% estaduais. Será a maior concessão rodoviária da América Latina.
A proposta ainda está sendo ajustada e será analisada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), último estágio antes de avançar para leilão na Bolsa de Valores (B3). A perspectiva é que o pregão ocorra no primeiro trimestre de 2022. Lembrando que os atuais contratos vencem no dia 27 de novembro.
A diminuição do valor da tarifa é uma das premissas da nova proposta. A previsão é de redução média de 45% a 50% em relação aos atuais valores.
O projeto prevê investimentos de R$ 44 bilhões em obras. Serão 1.783 quilômetros de duplicação; construção de 11 contornos urbanos (Arapongas, Apucarana, Ponta Grossa, Califórnia, Sul Maringá, Norte Londrina, Nova Londrina, Itaúna do Sul, Guaíra, Peabiru e Marmeleiro); 253 quilômetros de faixa adicional nas rodovias já duplicadas; 104 quilômetros de terceira faixa para apoio ao trânsito; sinal wi-fi em todos os trechos de estradas, câmeras de monitoramento e iluminação em LED; e mais 1.000 obras como viadutos, trincheiras e passarelas. Além disso, a proposta estipula outros R$ 35 bilhões para custos de operação e manutenção das vias.

Segunda ponte com o Paraguai está com 70% das obras concluídas. Foto: Divulgação/DER
Investimentos em rodovias: Além da concessão, o Paraná mantém um programa robusto de investimentos em rodovias. Fazem parte do pacote contornos urbanos (Francisco Beltrão, Castro, Wenceslau Braz, Palotina e Marechal Cândido Rondon), duplicações (Rodovia dos Minérios, Maringá-Iguaraçu, Londrina-Mauá da Serra, Doutor Camargo-Rio Ivaí, Umuarama, Guarapuava, Cascavel e Matinhos) e pavimentações (Irati-São Mateus do Sul, Pitanga-Mato Rico, Palmas-Coronel Domingos Soares).
Também há mais de R$ 1 bilhão em investimentos em parceria com a Itaipu Binacional para a Estrada Boiadeira, duplicação do Contorno de Cascavel, duplicação da Rodovia das Cataratas, Contorno de Guaíra, ligação entre Ramilândia e Santa Helena e diversas outras iniciativas.
Concessão de aeroportos: Quatro aeroportos paranaenses foram leiloados no ano passado: Foz do Iguaçu, Curitiba (Bacacheri), São José dos Pinhais (Afonso Pena) e Londrina. O Bloco Sul, do qual os terminais paranaenses fazem parte, foi arrematado pelo valor de R$ 2,128 bilhões, um ágio de 1.534% da proposta inicial mínima de R$ 130,2 milhões.
A expectativa é que eles recebam investimentos na ordem de R$ 1,4 bilhão, com obras de ampliação, manutenção e exploração da infraestrutura dos terminais.
A previsão é que o Aeroporto Internacional Afonso Pena, por exemplo, receba R$ 566,2 milhões de investimentos. A principal obra prevista é a construção da terceira pista, com extensão de 3 mil metros, o que permitirá pousos e decolagens simultâneos, ampliação da capacidade e a possibilidade de receber voos diretos da Europa e dos Estados Unidos.
Obras em aeroportos: Além dos quatro concedidos, o Paraná terá 10 aeroportos completamente modernizados nos próximos anos. Dois deles, inclusive, já estão em operação – Cascavel, na Região Oeste, e Umuarama, no Noroeste.
Quatro aeroportos estão com obras com recursos do Estado e do governo federal. No de Pato Branco, no Sudoeste, o Estado investiu R$ 2,87 milhões na pavimentação asfáltica, recapeamento e sinalização horizontal da pista de pouso, área de escape, pátio de manobras e pista de taxiamento. Mais R$ 27 milhões foram destinados recentemente, o que vai permitir à prefeitura concluir a ampliação, incluindo o aumento da pista.
Já a pista do Aeroporto Municipal Aguinaldo Pereira Lima, em Siqueira Campos, no Norte Pioneiro, está recebendo recapeamento asfáltico e sinalização horizontal. Ela tem 1.210 metros de extensão e 23 metros de largura. As intervenções estão 84,37% executadas. O valor é de R$ 2 milhões, com recursos da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Logística.
Polo regional do Noroeste, Maringá ganhou uma ampliação da pista em 280 metros – vai chegar agora a 2.380 metros –, nova taxiway, ampliação do pátio e balizamento de LED. Também com recursos federais, estimados em R$ 35,3 milhões, o Aeroporto Comandante Antônio Amilton Beraldo, mais conhecido como Aeroporto Sant’Ana, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, vai ganhar uma nova taxiway, a reforma e ampliação do pátio de aeronaves, estacionamento de veículos, cerca operacional e terminal de passageiros com mais de 2 mil metros quadrados.
Há, também, quatro protocolos em fase de instrução processual para a celebração de convênios entre Governo do Estado e municípios, em Cornélio Procópio e Arapongas (Norte) e Paranavaí e Loanda (Noroeste).
Portos: A Portos do Paraná já concluiu a primeira etapa das obras de detonação da Pedra da Palangana. Ao todo, a obra deve remover 22,3 mil metros cúbicos das formações rochosas – o equivalente a 12% do total. A profundidade atual, que no trecho mais crítico é inferior a 12 metros, será atualizada e a expectativa é que passe para 14,6 metros, podendo receber navios maiores.
Outra obra emblemática é o Moegão, projeto de centralização da descarga ferroviária em uma moega exclusiva para trens no Corredor de Exportação da região Leste do Porto de Paranaguá. Entre os benefícios, além de aumentar a participação e dar mais agilidade à descarga pelo modal, estão a redução das interferências e cruzamentos rodoferroviários (de 16 para cinco pontos) e a redução dos custos para a cadeia logística. O investimento é de R$ 450 milhões.
O Presente Rural – O que o Estado faz para atrair investidores para esta área?
Governo do Paraná – O Paraná tem o maior programa de desburocratização do país, o Descomplica, o que tem permitido novos investimentos e um bom ambiente de negócios.
O Estado também tem a Invest Paraná, agência dedicada a atrair novos negócios privados. Em pouco mais de 2 anos, mais de R$ 80 bilhões foram prospectados para o Paraná – apenas a Klabin, nos Campos Gerais, vai investir mais de R$ 12 bilhões.
Com legislação moderna, o Paraná também criou o modelo de autorização para projetos de infraestrutura, o que deve facilitar a construção de ramais ferroviários, e uma Lei de Inovação capaz de aproximar a iniciativa privada da administração pública.
Com o BRDE e a Fomento Paraná, o Estado também tem uma política agressiva de crédito para novos investimentos, gerando empregos e potencializando os municípios.
O Estado também desenvolve diversos programas regionalizados para que os potenciais de cada localidade sejam melhor aproveitados, fortalecendo a economia como um todo. Exemplo disso são a cadeia da cultura da seda; o turismo; e a rede de Pequenas Centrais Hidrelétricas.
O Presente Rural – Quais são os investimentos privados já previstos ou no radar?
Governo do Paraná – Investimentos futuros ainda são sigilosos, mas o Estado já anunciou nos últimos meses apoio a grandes projetos, como a Maltaria Campos Gerais, em Ponta Grossa (fábrica de R$ 3 bilhões para produzir 240 mil toneladas de malte por ano); a maior fábrica de empanados e salsichas do mundo, em Rolândia (investimento de R$ 1,8 bilhão da JBS); e o maior frigorífico de suínos da América Latina, em Assis Chateaubriand (a primeira fase da obra deve ser concluída em 2022, com a capacidade inicial de abate de 7.500 suínos por dia e investimentos de R$ 840 milhões).
O Presente Rural – Como ficarão os pedágios após a nova concessão?
Governo do Paraná – O Governo do Estado preparou um guia para entender a nova concessão de rodovias. Ela está dividida em seis lotes que totalizam 3,3 mil quilômetros de estradas. O conjunto é formado por estradas estaduais (35%) e federais (65%). O projeto prevê investimentos de R$ 44 bilhões em obras.
O modelo desenvolvido em conjunto pelo Governo do Estado, governo federal, Assembleia Legislativa, setor produtivo e sociedade civil organizada tem como base três premissas: menor tarifa, maior número de obras e transparência. O contrato será de 30 anos. Vence o leilão quem apresentar o maior desconto na tarifa de pedágio, com expectativa de redução média, já na largada, de 30% em relação aos preços atuais. O Paraná será o único estado sem outorga e sem o limitador de desconto no leilão. O modelo foi personalizado para o Estado.
Os lotes serão leiloados de maneira separada. Ou seja, cada fatia pode ficar sob administração de uma empresa/consórcio. A competição será livre, inclusive para arrematar mais de um lote.
A diminuição do valor da tarifa é uma das premissas da nova proposta. Por exemplo, uma praça de pedágio que tenha uma tarifa de R$ 16,30 vai a leilão com uma redução média de 31%. Antes mesmo do desconto concedido pela concessionária, a tarifa já será reduzida para R$ 11,30. Esse valor ainda diminui conforme a proposta de cada empresa. Se ela conceder 10% de desconto, a tarifa vai a R$ 10,20. Se o desconto for de 17%, a tarifa chega a R$ 9,40. Se for de 26%, R$ 8,50. Ou seja: o valor final esperado é de 37% a 48% menor que o atual. O desconto inicial vai variar de acordo com o trecho e o lote. A média atual das tarifas é de R$ 16,30. Esse valor deve ficar abaixo de R$ 10 depois do leilão.
Os novos acordos contemplarão gatilhos para a implantação da cobrança por quilômetro rodado, decretando o fim da necessidade das praças de cobrança de pedágio. Mas a iniciativa ainda passa por regulamentação no governo federal.
O Paraná e os paranaenses não tiveram uma experiência exitosa com o primeiro pedágio. Foram anos de preços abusivos e obras não realizadas. É hora de mudar essa realidade. A nova concessão é a chance de dar um salto logístico de longo prazo porque transformará as principais rodovias, agora de maneira concreta, nas melhores e mais seguras do país. E esse processo ocorre em paralelo com a responsabilização das atuais concessionárias pelo fracasso dos contratos que se encerram neste ano.
As rodovias do programa foram selecionadas de acordo com a necessidade de investimentos em infraestrutura rodoviária e com critérios técnicos e de viabilidade. A ampliação da malha concedida do Estado visa a melhor integração do modal rodoviário e conectividade entre cidades, polos produtivos e de escoamento, bem como aprimorar a segurança viária, fluidez do tráfego e oferta de serviços de atendimento ao usuário. O Estado é líder em diversos setores, e precisa de uma infraestrutura à altura para que possa continuar crescendo e ampliando sua relevância na economia brasileira.
O Governo do Paraná incluiu no pacote federal a PR-280 (Sudoeste), a PR-323 (Noroeste) e a PR-092 (Norte Pioneiro). As três rodovias têm histórico de acidentes e, apesar do crescimento das cidades e dos negócios que as envolvem, continuam a demandar recursos com manutenção e modernização. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) está começando a implementar terceiras faixas nessas rodovias para antecipar as melhorias, mas o objetivo é de solução definitiva. Com a inclusão, serão 1,1 mil quilômetros de rodovias estaduais com os requisitos do pedágio, que envolvem melhora na segurança, na iluminação e no trânsito.
Uma concessão conjunta facilita a atração de investidores para essas rodovias, que têm fluxo menor do que as federais. As rodovias estaduais também concentrarão cerca de 60% dos investimentos dos contratos de concessão, ou seja, terão padrão internacional de qualidade e segurança. Esse projeto soluciona gargalos históricos em PRs que nunca receberam o devido cuidado.
O Presente Rural – Atualmente boa parte dos custos do agronegócio está ligado à logística. Como essas obras e projetos podem melhorar esse cenário, especialmente para as agroindústrias?
Governo do Paraná – Apenas a Nova Ferroeste vai reduzir em 27% o custo das exportações. De acordo com os técnicos responsáveis pelo estudo, a construção da ferrovia terá um impacto imenso dentro da logística nacional, diminuindo custos e ampliando a capacidade de exportação.
A área de influência indireta abrange 925 municípios de três países. São 773 do Brasil, 114 do

Nova Ferroeste deve reduzir preço do frete para o agronegócio. – Foto: Jonathan Campos/AEN
Paraguai e 38 da Argentina. No Brasil, impacta diretamente 425 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas. A área representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Há estimativa de um aumento de 40% nas exportações de grãos e celulose para o Paraguai, por exemplo.
Já as tarifas de pedágio poderão ter redução de até 50% no Paraná, com expectativa até de ultrapassar esse patamar na disputa da nova concessão. Esse cálculo, elaborado em conjunto entre o Governo do Estado e a União, pode derrubar o valor cobrado atualmente em algumas praças pela metade, com garantia de execução das obras previstas no edital de concessão. Dessa maneira, o custo logístico das empresas também será reduzido.
O Presente Rural – O Paraná tem algum projeto ou programa para melhorias em estradas rurais?
Governo do Paraná – O Paraná tem o Programa Estradas Rurais Integradas, que garante o acesso aos serviços de saúde, transporte escolar, escoamento da produção, lazer e turismo rural. O Estado já garantiu a pavimentação de 474 quilômetros em 118 convênios apenas neste ano. Os recursos somam R$ 144,7 milhões. O objetivo é terminar o ano com 600 quilômetros.
Parte dos recursos para investimento nas estradas rurais vem do financiamento de R$ 1,6 bilhão com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, sacramentado no ano passado pelo Governo do Estado. Do montante, cerca de R$ 126 milhões serão destinados a obras de reestruturação nas vias do campo. Outra fatia é oriunda das taxas do Detran.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



