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Paraná integra projeto nacional para modernização na vigilância sanitária de suínos
Novo Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos privilegia a vigilância ativa, que o Paraná já pratica desde 2015

O Paraná vai desenvolver um projeto-piloto para a implantação do Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos, apresentado na semana passada pelo Ministério da Agricultura, da Pecuária e Abastecimento. Para isso, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) inicia o trabalho de vigilância ativa sobre o rebanho suíno.
“Com o trabalho permanente e eficaz de muitos anos, desenvolvido pelos técnicos de defesa agropecuária, o Brasil, e particularmente o Paraná, conseguiu a excelência no controle de diversas doenças. Por isso estamos unidos na estratégia adotada para fortificar o sistema”, disse o presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins.
O objetivo é intensificar os cuidados para a detecção preventiva de eventual doença e demonstrar a ausência de enfermidade em suínos domésticos. Além da peste suína clássica (PSC), na qual o Paraná tem experiência eficaz de vigilância, agora se somam a síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos (PRRS), da qual não se tem conhecimento no Brasil, e a peste suína africana (PSA), detectada recentemente na República Dominicana, depois de ser considerada extinta nas Américas.
Segundo o coordenador de sanidade dos suínos na Adapar, João Teotônio, o Estado tem experiência no trabalho de defesa agropecuária, sendo o único a fazer isso de forma ativa desde 2015. “O Paraná será modelo para implantação dessa vigilância justamente porque fomos o primeiro a fazer isso com vistas a ampliarmos a nossa vigilância”, afirmou.
A PSC está erradicada oficialmente do Paraná desde 1994. O reconhecimento internacional de área livre foi feito em 2015. Em 27 de maio de 2021, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) considerou o Estado como zona independente para essa doença, evitando que um eventual caso em unidade federativa distante possa ter influência no status e prejudicar o rebanho paranaense.
Mudanças
Até a semana passada, o principal documento que norteava a vigilância sobre doenças em suínos, particularmente a peste suína clássica, era a Norma Interna 5/2009. Ela previa que, a cada dois anos, deveria ser feito um inquérito soroepidemiológico da suinocultura de subsistência. Por ser desenvolvido em quintais, sem cuidados alimentícios, e muitas vezes próximo a rodovias, é mais suscetível aos fatores de risco para o vírus da PSC.
Também preconizava exames de amostras em reprodutores já velhos, que eram enviados ao abatedouro. Além disso, a Norma Interna 5 estabelecia vigilância em gatilho de mortalidade, ou seja, a partir de uma certa porcentagem de rebanho abatido o produtor era obrigado a informar a defesa agropecuária para que exames descartassem a hipótese de doença. Estabelecia, ainda, o controle de pesquisa do vírus na população de javalis.
O Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos acaba com a exigência do inquérito a cada dois anos e com a análise de reprodutores para abate e elimina o gatilho. “As informações serão refinadas, com uma mudança de tática e uma vigilância ativa, e também na pesquisa das mortalidades notificadas pelos produtores e técnicos da atividade”, afirmou Teotônio.
“O objetivo é fortalecer a capacidade de detecção precoce de casos de PSC, PSA e PRRS”, acrescentou. Isso inclui as propriedades de subsistência, as comerciais e animais asselvajados, particularmente javali.
Laboratório
Além da equipe que faz o trabalho de campo para detecção das doenças, o Paraná conta com um dos mais modernos laboratórios para identificação de patógenos, o Centro de Diagnóstico Marcos Enriette, vinculado à Adapar. No caso da peste suína clássica, a unidade paranaense tem autossuficiência para o primeiro teste, o Elisa.
Para a PSA e a PRRS, a unidade de referência em diagnóstico é o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Belo Horizonte, pertencente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Mas, de acordo com o gerente do laboratório da Adapar, Rubens Chaguri de Oliveira, o novo plano de vigilância abre a possibilidade de outras unidades oficiais também fazerem.
“Há a possibilidade de ampliar o escopo diagnóstico do Marcos Enriette”, disse.
Produção
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne suína, com um rebanho de 40 milhões de cabeças. Cerca de 80% da produção é destinada ao mercado interno. A liderança nacional é de Santa Catarina, com o Paraná na segunda colocação. Em 2020, o Estado tinha um rebanho de 10 milhões de cabeças e produziu 936 mil toneladas de carne suína, volume 11,1% superior ao ano anterior.
A boa sanidade é fundamental para as pretensões econômicas do Estado no setor. “Para o consumidor é uma segurança, uma garantia de qualidade; para o Estado é um ponto a mais na atração de indústrias e criação de postos de trabalho; e no comércio mundial é a certeza de que o Paraná pode ser mais agressivo e competitivo”, acentuou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
Doenças
A peste suína clássica acomete suínos domésticos e asselvajados. Ela está incluída na lista de notificação obrigatória. Não é um vírus que se transmite para o ser humano, mas muito prejudicial para os animais. Entre os sinais clínicos mais comuns estão transtornos circulatórios e lesões cutâneas. O suíno também pode ter febre alta, paralisia das patas traseiras e manchas avermelhadas. Atualmente, pelo menos 83% do rebanho brasileiro está em zona livre.
A peste suína africana também deve ser comunicada tão logo haja qualquer suspeita. A última ocorrência notificada no Brasil é de novembro de 1981, em Pernambuco. O trabalho de vigilância foi eficiente e, em 1984, o País foi declarado livre da PSA. Nos continentes asiático e europeu, ela se dispersou amplamente em 2018.
Em 29 de julho de 2021, foi notificada uma ocorrência na República Dominicana. Em razão disso, as autoridades brasileiras recomendam quarentena para brasileiros e estrangeiros que atuam direta ou indiretamente no setor produtivo e que estejam retornando ao Brasil, além de restrições para visitas a granjas.
A síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos nunca foi registrada no Brasil. Como as outras, também é de notificação obrigatória e imediata caso haja suspeita. Ela causa alta mortalidade em suínos recém-nascidos e desmamados, baixa taxa de concepção, aumento de abortos, natimortos e nascimento de leitões fracos. A doença tem alta taxa de difusão e as vacinas ainda não são eficientes.

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Brasil reforça parceria com a OCDE em agenda agrícola sustentável na COP30
Reunião de Carlos Fávaro com Marion Jansen fortalece a atuação brasileira na organização e debate avanços em comércio, inovação e políticas agroambientais.

Na quinta-feira (20), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, realizou uma reunião bilateral com a diretora de Comércio e Agricultura da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Marion Jansen, na AgriZone, a casa da agricultura sustentável na COP30, em Belém (PA). O encontro reforçou o compromisso do Brasil em ampliar sua participação na organização e avançar em temas estratégicos da agenda agrícola internacional.
Durante a reunião, foram discutidos indicadores agroambientais e os trabalhos conduzidos pelos grupos da OCDE dedicados à agricultura, comércio, meio ambiente e políticas agrícolas. Um dos pontos de destaque foi o realinhamento da participação brasileira no Programa de Cooperação e Pesquisa (CRP), considerado fundamental para fomentar estudos, inovação e intercâmbio técnico entre países. Fávaro ressaltou a importância de que métricas globais reflitam de maneira mais precisa as realidades produtivas tropicais.
“Estamos trabalhando para que a voz do Brasil esteja cada vez mais presente nos fóruns internacionais. Nossa produção sustentável, aliada à inovação, nos coloca em posição de apoiar agendas globais e garantir que decisões sobre agricultura e comércio levem em conta a realidade de quem produz alimentos com responsabilidade”, destacou o ministro.
A bilateral marcou também a apresentação da nova adida brasileira junto à OCDE, Bárbara Cordeiro, que assumirá o posto em janeiro de 2026. O diálogo abriu novas perspectivas de cooperação e consolidou o interesse mútuo em fortalecer a atuação técnica do Brasil na organização.
Após a reunião, a OCDE promoveu o painel “O desafio do comércio agrícola sustentável: um diálogo de alto nível”, na AgriZone. Participaram do debate Marion Jansen, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua.
O painel reuniu especialistas, representantes internacionais e formuladores de políticas para discutir caminhos para um comércio agrícola sustentável em um cenário global de desafios ambientais e crescente demanda por alimentos. Os participantes abordaram a harmonização de indicadores, estratégias de mitigação e adaptação climática e políticas que considerem a diversidade das realidades produtivas ao redor do mundo.
Durante o debate, o secretário Luís Rua destacou o papel estratégico do Brasil. “O Brasil tem excelência na agenda da sustentabilidade e na preservação ambiental, mas também se destaca pela produção de alimentos. O país pode liderar pelo exemplo, com atividades produtivas sustentáveis e responsabilidade ambiental, aliadas à inovação e à tecnologia. Esses elementos permitem que o Brasil se consolide cada vez mais como um player estratégico na produção de alimentos, garantindo a segurança alimentar global e conciliando preservação ambiental e desenvolvimento do setor produtivo”, afirmou.
O painel reforçou, ainda, o protagonismo brasileiro no desenvolvimento de tecnologias e políticas públicas voltadas à sustentabilidade, contribuindo para que o comércio internacional avance com equilíbrio, competitividade e compromisso ambiental.
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Agricultura regenerativa ganha destaque na COP30 como caminho para um agro mais sustentável
Painel do Mapa no Pavilhão Brasil debate práticas que reduzem emissões, recuperam solos e fortalecem a competitividade da agricultura de baixo carbono no país.

Representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) participaram, neste penúltimo dia da COP30, de um painel dedicado à agricultura regenerativa como caminho para um agronegócio mais sustentável e resiliente. O encontro ocorreu no Pavilhão Brasil, na Blue Zone, reunindo especialistas e autoridades para discutir soluções que integrem produção e preservação.
O painel teve como foco mostrar como práticas regenerativas podem reduzir emissões de carbono, restaurar a capacidade produtiva dos solos e ampliar a eficiência das cadeias agropecuárias. Os participantes também discutiram os desafios e as oportunidades para expandir essas técnicas no campo brasileiro, sobretudo diante das mudanças climáticas e da necessidade de fortalecer a segurança alimentar.
O auditor fiscal federal agropecuário do Mapa, Luís Rangel, destacou que o Programa Caminho Verde Brasil será um dos principais motores da transformação sustentável no país. A iniciativa prevê a recuperação de áreas atualmente degradadas, devolvendo-as à produção por meio de ciência, tecnologia e inovação, fortalecendo a agricultura de baixo carbono e ampliando a competitividade do Brasil no cenário global.
Rangel também reforçou que o governo vem ampliando os instrumentos de incentivo para que mais produtores adotem práticas sustentáveis. Entre eles, está o desconto de 0,5% no Plano Safra para quem investe em sistemas produtivos sustentáveis e tecnologias de baixa emissão. Para ele, “a transição verde já é uma realidade no campo brasileiro, e programas como o Caminho Verde mostram que é possível produzir mais, conservando os recursos naturais”.
Além disso, o debate ressaltou que a agricultura regenerativa está alinhada às metas nacionais de sustentabilidade, contribuindo para o uso eficiente do solo, o aumento da biodiversidade e a redução de impactos ambientais, sem comprometer a produtividade de pequenos, médios e grandes produtores.
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Mobilização do setor rural retira de pauta PL que aumentaria custos extrajudiciais no Paraná
Pressão do Sistema Faep, sindicatos e produtores garante suspensão do projeto que poderia elevar em até 532% taxas essenciais para atividades rurais e impactar o preço dos alimentos no estado.

O Projeto de Lei (PL) 1016/2025, referente ao aumento dos valores de referência aos atos extrajudiciais no Paraná, foi retirado da pauta de votação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A ação é resultado da mobilização do Sistema Faep, com apoio dos sindicatos e produtores rurais, que também envolveu o G7 (grupo que reúne sete entidades representativas do setor produtivo paranaense), os deputados estaduais e o governo estadual. O projeto de lei havia sido protocolado na Alep pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR).
Caso o PL 1016/2025 fosse aprovado, o impacto financeiro seria significativo na agropecuária estadual. Isso porque os produtores rurais teriam que pagar, por exemplo, até 532% a mais para averbação sem valor econômico, 351% para emissão de certidões e 82% para pedidos de escrituras com valor acima de R$ 750 mil. Com o aumento dos custos dentro da porteira, o valor dos alimentos para a sociedade paranaense sofreria reajuste.
“A retirada de tramitação do projeto é uma vitória do setor rural e também da sociedade paranaense, já que teria impacto para todos os cidadãos. O momento em que vivemos, principalmente no meio rural, é delicado, com altos custos de produção, margens apertadas e problemas extras, como as intempéries climáticas. Essa vitória é coletiva, resultado da mobilização de diversos elos da cadeia produtiva rural”, destaca o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette. “O Sistema Faep, nossos sindicatos e produtores rurais agradecem a sensibilidade dos deputados estaduais, principalmente do presidente da Alep, Alexandre Curi, e do governador, Carlos Massa Ratinho Junior”, complementa.
A retirada do PL da pauta da Alep evita que os produtores rurais tenham que pagar a mais em operações de registro, averbação, retificação de área, georreferenciamento, regularização ambiental e ratificação de área em faixa de fronteira. Esses documentos são necessários para o financiamento, regularização fundiária, crédito rural, registro de propriedades, regularização ambiental e, até mesmo, a obtenção de financiamentos bancários.



