Notícias Corredores sustentáveis
Paraná inaugura primeiro posto de biometano do Brasil e abre caminho para corredores de transporte limpo
Nova estrutura em Ponta Grossa reforça políticas públicas de descarbonização, transforma resíduos em energia renovável e impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.

No contexto das políticas públicas voltadas à descarbonização da economia, a atuação do Estado permitiu o desenvolvimento do primeiro posto de combustíveis de biometano no Paraná, na região de Ponta Grossa, inaugurado nesta semana. Esta iniciativa é um marco na concretização dos corredores sustentáveis, que utilizarão energia veicular limpa no transporte dos produtos paranaenses para outros mercados.

Fotos: Divulgação/Supen
Esse posto é o maior do Brasil de Gás Natural Veicular (GNV) em capacidade de abastecimento em alta vasão e agora passa a disponibilizar biometano como combustível veicular. Esse biometano é originado da primeira refinaria deste produto no Estado, localizada em Ponta Grossa.
“A inauguração deste posto de abastecimento de frotas pesadas em gás natural e biometano, representa um marco importantíssimo para a descarbonização da cadeia logística no Estado do Paraná, permitindo a integração não somente no ponto de abastecimento, que já conta com gás natural canalizado fornecido pela Compagas, mas também pela produção do biometano proveniente da Central de Tratamento de Resíduos de Ponta Grossa”, avaliou o superintendente-geral de Gestão Energética, Sandro Vieira.

Foto: Daniel Castellano/Sedest
O projeto Corredores Sustentáveis envolve o desenvolvimento de infraestrutura de abastecimento de caminhões a gás, seja gás natural ou biometano, nas rodovias paranaenses. Este posto em específico está na rota do Norte e Centro do Estado até Paranaguá, permitindo que os transportes de carga trafeguem com gás da região de Maringá e Londrina até o porto.
“Empreendimentos desta natureza ajudam a destravar a cadeia do biogás no Paraná, conforme descrito no Plano Estadual de Biogás e Biometano, especialmente neste caso que será a primeira refinaria a produzir esta molécula em aterro sanitário no Estado”, disse o coordenador de Gás, Biocombustíveis e Hidrogênio do Estado, Thiago Olinda.
Alternativas
Projetos como esse são possíveis, em parte, com o decreto nº 9.817/2025, que isenta o ICMS para bens destinados ao

ativo imobilizado de biorrefinarias fabricantes do combustível sustentável de aviação (SAF na sigla em inglês), biometano, biogás, metanol e CO2. Neste projeto, os equipamentos de compressão e abastecimento foram fabricados por uma indústria paranaense, localizada no município de Campo Largo.
A Secretaria do Planejamento do Paraná (SEPL), em conjunto com a Superintendência-Geral de Gestão Energética (SUPEN), estão buscando atrair investimentos no contexto da transição energética para o Estado do Paraná. Essa atração visa aumentar tanto a oferta quanto a demanda desta opção de energia limpa.
O trabalho para a produção de biometano se apresenta também como importante destaque no cuidado do meio-ambiente, transformando o produto dos aterros sanitários, antes considerados dejetos, vistos, agora, como fonte de energia.

A descarbonização está contida no contexto do combate às mudanças climáticas de vários países, tornando-se uma demanda dessas empresas estrangeiras ou nacionais, que atendem essas economias. Assim, há certificados de origem, como por exemplo os créditos de carbono, das refinarias que atestam que essa cadeia que finda na Europa é retroalimentada de forma descarbonizada. “Além de todo o contexto do plano de descarbonização da economia paranaense, elaborado pelo Estado, iniciativas como essa do posto de biometano trazem mais desenvolvimento, melhorando a economia, gerando mais empregos, pois as grandes empresas têm metas de energia limpa para cumprir. Este é mais um passo para estas empresas virem a se instalar no Paraná”, comentou o secretário do Planejamento, Ulisses Maia.
“A inovação só tem valor quando se transforma em processo social. É exatamente isso que celebramos hoje. O futuro sustentável não é promessa distante, está sendo construído agora. Com políticas públicas inteligentes, o Estado viabilizou esta iniciativa, abrindo caminho para corredores de transporte limpo que levarão a produção do nosso Paraná para o Brasil e o mundo”, afirmou o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca.
Biometano
O biometano é uma energia limpa que começa a ser utilizada como substituto do diesel, um combustível fóssil, mas

também pode servir em automóveis já equipados com o GNV até então instalados. Em termos de rendimento, o biometano e o GNV são iguais. Trocar o diesel pelo biometano é um exemplo de descarbonização.
O que os diferencia é a origem. O biometano pode advir dos aterros sanitários e de outras origens que geralmente eram poluidoras do meio ambiente, como dejetos provenientes da pecuária, por exemplo, ou das cidades, e se tornam energia. O GNV tradicional é proveniente do petróleo.
O Plano de Biogás e Biometano é alinhado ao desenvolvimento sustentável, com propostas de ações para diversificar a matriz energética, integrar recursos renováveis e otimizar a gestão de resíduos. O objetivo é reduzir emissões, promover geração descentralizada de energia e fortalecer o posicionamento estratégico do Estado.

PEDEP
O Plano de Descarbonização da Economia Paranaense (PEDEP) busca promover um desenvolvimento equilibrado, inclusivo e sustentável. O foco está na transição para uma economia de baixo carbono, alinhada com os compromissos climáticos assumidos em âmbito nacional e internacional.
Ele consolida uma estratégica técnica, política e institucional em direção à neutralidade de carbono no Estado até 2050. Está estruturado com base em análises setoriais aprofundadas, modelagem de cenários prospectivos e aplicação de avaliações multicritério.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



