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Paraná ganha duas novas usinas de biogás com tecnologia inovadora de captação de dióxido de carbono
Com entrada em operação até o fim de abril, as usinas vão produzir 15,6 mil m³ de biogás com tecnologia pioneira de aproveitamento do CO2. Empreendimentos atestam o desenvolvimento do setor de biogás no Brasil, segundo avaliação da Abiogás
Duas novas usinas de geração elétrica a biogás, produzido a partir de resíduos agropecuários e alimentares, estão dando a partida neste bimestre no Paraná. Após cerca de um ano de obras, a cooperativa Castrolanda e o grupo Unium – que reúne projetos conjuntos da própria Castrolanda e das cooperativas Frísia e Capal – inauguram plantas que vão produzir 15.600 m3 diários de biogás e têm capacidade elétrica instalada de 1.430 kW, num investimento total de R$ 17,8 milhões. Os dois sistemas já estão preparados para converter biogás em biometano e usam uma tecnologia pioneira no Brasil, desenvolvida pela CH4 Solution, que capta o dióxido de carbono (CO2) presente no biogás para outros usos.
A planta da Castrolanda entrou em operação no último dia de março no município de Piraí do Sul, no Paraná. O biodigestor foi instalado na Unidade de Produção de Leitões (UPL) e usa dejetos suínos como matéria prima, com produção de 100 m3 por hora (2.400 m3/dia). O combustível alimenta uma usina de 230 kW de potência. O sistema completo recebeu investimentos de R$ 4 milhões.
Até o fim de abril, também dá a partida a usina da Energik Geradora de Energia, do grupo Unium, instalada em Castro (PR). O biodigestor será abastecido por dejetos suínos de um frigorífico da Alegra e por logística reversa da usina de leite da Naturalle – duas das 16 marcas alimentícias que integram a carteira da Castrolanda –, além de resíduos das unidades de batatas fritas e de lavagem de batatas da própria cooperativa. Serão 550 m3/hora (13.200 m3/dia), que vão abastecer uma geração de 1.200 kW de potência. Foram R$ 13,8 milhões investidos.
Economia com CO2 e resíduos e produção de biofertilizantes
Além da produção elétrica, os sistemas da Castrolanda e da Energik, como já foram instalados para converter biogás em biometano, podem captar um resíduo desse processo que é utilizado no sistema produtivo: o CO2. A tecnologia, instalada pela CH4 Solution, é pioneira no país. O gás será usado em frigoríficos da Alegra. Com o aproveitamento do dióxido de carbono, por enquanto apenas na planta da Energik, a economia anual chega a R$ 1 milhão – cifra gasta para adquirir gás carbônico no mercado.
De acordo com o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, esta tecnologia de produção de biogás com aproveitamento do CO2 é extremamente inovadora e rara no mundo. “O Brasil está evoluindo na produção de biogás. Contamos com mais de R$ 700 milhões em investimentos em sete grandes projetos de biogás em andamento para este ano e projetamos financiamentos de R$ 50 bilhões até 2030. Além disso, estamos avançando em pesquisa e inovação, com projetos e patentes únicas no mundo”, afirmou.
Na avaliação de Gardemann, a crise do coronavírus não deve afetar o desenvolvimento do setor de biogás no Brasil, que conta com projetos de médio a longo prazos. “Vislumbramos, inclusive, uma possibilidade de crescimento com a retomada da economia pós-crise, quando o país vai demandar por projetos de infraestrutura principalmente no interior”, avalia.
O Brasil possui cerca de 400 plantas de biogás, um crescimento de 40% ao ano, segundo dados da entidade, porém, com um enorme potencial de crescimento ainda não explorado. De acordo com cálculos da ABiogás, seria possível produzir 50 bilhões de m3/ano equivalentes, se o País utilizasse os resíduos de sua gigantesca produção agropecuária, aliada ao saneamento referente a uma população de mais de 200 milhões de habitantes. Esta produção seria suficiente para suprir 80% da demanda de diesel no Brasil. Alemanha e Itália, os dois países com mais usinas de biogás no mundo, somam 13 mil plantas, 8 mil alemães e 5 mil italianas.
Na Castrolanda, economia também na destinação de resíduos
Outra economia se dará com a disposição dos resíduos. Somente as indústrias que abastecem a Energik gastavam R$ 1,5 milhão por ano, em média, para descartar os resíduos que agora vão alimentar o biodigestor.
“Destinávamos os resíduos a um terceiro, não tínhamos controle ou rastreabilidade. Agora usamos esses resíduos internamente, com toda a rastreabilidade e garantia de que estamos fazendo a destinação ambientalmente correta”, explica Vinicius Fritsch, gerente de Negócios Energia da Castrolanda.
Como as plantas já produzem biometano, Fritsch conta que o combustível será usado para abastecer veículos de pequeno e grande portes. A princípio, serão feitos testes na frota do grupo Unium que deverão durar seis meses. Após isso, o uso do biometano deverá ser estendido à frota da Castrolanda.
Há ainda outra vantagem para Castrolanda e Unium, que é a possibilidade de produzir biofertilizantes. “Esse mercado vem crescendo 25% ao ano”, diz Fritsch, detalhando que a demanda pelo produto vem crescendo para substituir os fertilizantes químicos, bastante danosos ao meio ambiente, sobretudo aos recursos hídricos.
Com tantos benefícios, outros sistemas estão a caminho. “Na planta da Energik temos área suficiente para construir mais quatro biodigestores. A partir de 2021, pretendemos instalar um biodigestor por ano, chegando a cinco sistemas em 2025”, afirma o gerente da Castrolanda.
Inspiração e história
O que motivou as cooperativas a olharem com mais atenção para o biogás e o biometano foi a iniciativa de um cooperado da Castrolanda, lembra Fritsch. “Um dos nossos cooperados, Jan Haasjes, tem um biodigestor desde 2013. Ele usa os dejetos suínos de sua propriedade para gerar energia elétrica, que abastece sua chácara, e energia térmica, que aquece os barracões dos leitões. E ainda gera biometano, que abastece sua frota, e biofertilizante.”
A partir de 2016, a Castrolanda participou de missões técnicas na Europa para buscar tecnologia e desenvolver plantas. Na Itália, a diretoria da cooperativa conheceu a BTS, que posteriormente abriu uma subsidiária no Brasil – a CH4 Solution, que deu suporte para o desenvolvimento dos projetos.
A Castrolanda foi fundada em 1951 por imigrantes holandeses que se instalaram na região de Castro, no Paraná. A cooperativa reúne cerca de 1,1 mil cooperados, 3,38 mil colaboradores e 16 marcas, de variados gêneros alimentícios. Atualmente, a cooperativa tem operações na região dos Campos Gerais paranaense – em Castro, Ponta Grossa, Piraí do Sul e Ventania –, e também em Itapetininga e Itararé, no interior de São Paulo.
Já o grupo Unium foi criado em 2017, como resultado de uma parceria entre Castrolanda, Frísia e Capal. Não se trata de uma fusão das três cooperativas, mas sim de uma holding que reúne projetos conjuntos entre elas.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.