Suínos
Paraná estuda legislação de biosseguridade específica sobre criação de porco moura
Espécie é criada ao ar livre, sem confinamento, em pastagens e florestas nativas. Pequenos rebanhos desses animais já foram identificados em pelo menos 21 municípios paranaenses. Com peso adulto de até 300 quilos, o moura é uma das maiores raças em tamanho no Brasil.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) deve divulgar em breve uma portaria de biosseguridade básica para a criação do porco moura, ou também porco crioulo ou caipira. A raça, originária da Espanha, se adaptou ao Sul do Brasil e é reconhecida por sua importância cultural e gastronômica, além do apelo comercial.

Fotos: Rayssa Baú/Secom
O porco moura é criado ao ar livre, sem confinamento, em pastagens e florestas nativas. Pequenos rebanhos desses animais já foram identificados em pelo menos 21 municípios paranaenses. Com peso adulto de até 300 quilos, o moura é uma das maiores raças em tamanho no Brasil.
O diretor do Departamento de Saúde Animal (DESA), da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, afirmou em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná nesta semana que a raça tem potencial para se desenvolver muito mais no Estado. “O desafio é estabelecer medidas de biosseguridade para evitar a entrada e propagação de doenças nas propriedades, pois o sistema de criação ao ar livre requer medidas específicas”, orientou.
Essa portaria será a primeira do Brasil sobre o assunto e foi redigida pela Adapar em conjunto com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). “Ela estabelece exigências básicas de biosseguridade para a suinocultura não tecnificada e de subsistência”, informou o chefe de Divisão de Sanidade dos Suínos da Adapar, João Humberto Teotônio de Castro.
A portaria de biosseguridade básica para a criação do porco moura estabelecerá níveis adaptados ao número de animais, permitindo uma melhor adequação das exigências para cada tipo de produtor.
A Adapar também está estudando e categorizando as criações de suínos em níveis de exigências sanitárias, conforme a quantidade e a forma de produção. Áreas sem regulamentação normativa estão sujeitas a instabilidades passageiras.
Na cadeia geral de suínos, o Estado produziu 12 milhões de unidades em 2023 e ocupa a segunda posição no ranking nacional, com 21,2% de participação, de acordo com dados divulgados em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Criação
Entusiasta e criador da raça moura na região dos Campos Gerais, onde desenvolve uma reserva genética ao longo dos últimos dez anos por meio do manejo extensivo de alta qualidade, Herculano Lisboa disse que o Paraná está consolidando um legado no setor.
“Esta raça suína está no Brasil há mais de 500 anos e se adaptou. Nosso porco não fica doente, não é vacinado”, frisou Lisboa, também na audiência pública. Ele é farmacêutico e bioquímico de formação. A criação foi implementada em sua propriedade com o apoio e orientação do “Projeto Porco Moura” sob comando do professor Marson Bruck Warpechowski, da UFPR. “O porco moura tem ótimo apelo comercial, é um patrimônio brasileiro que precisa ser preservado. É reconhecido como animal único, é um produto do nosso meio, com origem genética espanhola”, lembrou o docente, que também participou do debate.
A zootecnista Maria Marta Loddi, professora da UEPG, explicou o processo de resgate. “Fizemos um mapeamento no Paraná, onde existiam poucos núcleos de criadores, e introduzimos materiais genéticos de Santa Catarina, da Embrapa, e do Rio Grande do Sul. Dessa forma aumentamos o número de criadores no Estado e estamos salvando a raça da extinção”, informou.
“Valorizar a biodiversidade é de suma importância”, afirmou o agricultor Divo Molinnari, que preside a Associação Paranaenses de Criadores de Porco Moura. Para ele, é essencial que as instituições públicas ofereçam apoio técnico e financeiro para os criadores poderem dar continuidade às atividades em suas granjas. “Enfrentamos muitos desafios”, enfatizou, ao considerar o debate um momento histórico para o setor.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



