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Paraná estreita relações com instituições de pesquisa e inovação agrícola dos Estados Unidos
Durante os dias de atividades a delegação paranaense participou de eventos com a finalidade de fomentar e aprimorar as relações com empresários, produtores rurais, acadêmicos, startups, investidores e demais gestores.

Representantes do Governo do Estado participaram de uma série de visitas técnicas e cursos em universidades e empresas nos estados de Iowa e Missouri, região Centro-Oeste, nos Estados Unidos. A missão, um desdobramento de uma viagem do governador Carlos Massa Ratinho Junior ao país, teve como objetivo a troca experiências, capacitações e busca por iniciativas na área da agricultura para serem aplicadas em instituições paranaenses. A programação ocorreu durante a semana e encerrou na última sexta-feira (09).
Os secretários da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldo Nelson Bona; da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI), Alex Canziani; além do diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Richard Golba; e diretor da Invest Paraná, José Eduardo Bekin, representaram o Paraná na missão. Durante os dias de atividades a delegação participou de eventos com a finalidade de fomentar e aprimorar as relações com empresários, produtores rurais, acadêmicos, startups, investidores e demais gestores.
Para Bona, a oportunidade mostrou que o Paraná tem potencial para desenvolver o empreendedorismo no setor agropecuário. “As visitas foram relevantes para conhecermos experiências que associam a formação acadêmica, sobretudo na área do agronegócio, e a retenção de talentos com o empreendedorismo. Iremos levar a experiência para aperfeiçoar a estrutura já existente no Estado para um modelo que sirva de vitrine, apresentando o que temos desenvolvido nos aspectos econômico, social e inovação em todas as áreas e sobretudo no agronegócio”, disse.
O grupo visitou a Universidade Estadual de Iowa (ISU), instituto de pesquisa pública na cidade de Ames, conhecida pelo destaque em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, principalmente nas áreas de agricultura, engenharia e ciências dos materiais. Durante a agenda, os representantes do Paraná foram recebidos com uma série de palestras relacionadas ao desenvolvimento de programas de fomento à inovação e ecossistemas de empreendedorismo para a área agrícola.
O secretário da Inovação, Alex Canziani, destacou a variedade e riqueza do ecossistema de inovação em Iowa, além da possibilidade de conexões entre o estado americano com o estado brasileiro. “Iowa é o Vale do Silício do agro, pela quantidade de instituições, pela quantidade de startups que estão saindo daqui para o mundo todo. Vejo isso como uma oportunidade para podermos nos conectar e para estabelecer parcerias, fazer intercâmbio de alunos nossos, fazer conexão entre os nossos ecossistemas”, disse.
A iniciativa buscou promover, incentivar e realizar a cooperação com órgãos internacionais de apoio para contribuir com o processo de inovação em áreas estratégicas para o Estado. O diretor-presidente do IDR-Paraná, Richard Golba, considerou que, embora existam diferenças entre os países, a atividade agrícola dos estadunidenses também tem na essência a cooperação. “É impossível não mencionar as belezas arquitetônicas, os recursos naturais, as paisagens deslumbrantes e a infraestrutura de transporte extremamente desenvolvida. Contudo, o que realmente se sobressai é a cooperação. Cada um colabora visando seus próprios interesses, mas com objetivos claros. Cooperar não é um ato romântico, mas sim uma estratégia objetiva para alcançar resultados específicos. Em suma, estou voltando com uma renovada inspiração, pois essa experiência realmente reforçou nossos propósitos”, afirmou.
Outro local visitado pelo grupo foi o centro de empreendedorismo da Kirkwood Community College, a maior escola técnica dos Estados Unidos, localizada na cidade de Cedar Rapids. O centro oferece recursos para os estudantes que desejam abrir seus próprios negócios, oferecendo orientações sobre elaboração de planos de negócios, estratégias de marketing e facilitando a conexão com mentores e investidores.
O diretor da Invest Paraná, José Eduardo Bekin, destacou a incubadora ISU Research Park e a cooperativa Landus Cooperative, como exemplo de instituições que demonstram que as pesquisas estão associadas ao crescimento econômico, servindo de inspiração para futuras iniciativas do Paraná.
“Acreditamos que é fundamental capacitar nossos agricultores, especialmente aqueles de pequenas propriedades, para que possam desenvolver o espírito empreendedor. Com o agronegócio, queremos aumentar a riqueza e promover o empreendedorismo em todas as suas formas. Em resumo, o objetivo é fazer com que todos prosperem, gerando renda de maneira sustentável e preservando o meio ambiente”, afirmou.
No Missouri, a comitiva visitou o ecossistema de inovação 39 North, que pretende ser um Hub de tecnologia alimentar e ciência das plantas; a BioSTL que desenvolve soluções em agricultura, medicina, saúde e outras áreas de tecnologia; o World Trade Center que atua no fomento do comércio internacional; e o Danforth Plant Science Center, um centro que desenvolve pesquisas com plantas para aplicação na indústria de alimentos e de combustíveis.
Além dos secretários e dirigentes compuseram a delegação o assessor técnico da Seti, Paulo Afonso Schmidt, o diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco, e o presidente do Cilla Tech Park, Paulo Alvim.
O Paraná tem um sistema de sete universidades estaduais com cursos de graduação e pós-graduação na área de agricultura. Além de pesquisa científica, há programas que estimulam a inovação por meio de fomento para iniciativas inovadoras e articulação entre instituições públicas e privadas.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



