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Paraná deverá colher 35,9 milhões de toneladas no ano agrícola 2015/16

Esse volume é 6% menor que a safra anterior (2014/15), que rendeu 38 milhões de toneladas

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A produção de grãos no Paraná do ano agrícola 2015/16 caminha para o seu final, com a expectativa de colher um total de 35,9 milhões de toneladas entre as três safras plantadas no Estado: de verão, outono/inverno e inverno. Esse volume é 6% menor que a anterior (2014/15), que rendeu 38 milhões de toneladas. Este ano a safra foi atingida por vários eventos climáticos negativos desde a primavera do ano passado até o inverno deste ano, informou o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.

No relatório de acompanhamento de safra do Deral, relativo ao mês de julho, divulgado na última sexta-feira (29), o destaque é a finalização das lavouras de segunda safra de milho e de trigo, que estão em campo. Segundo o relatório, houve redução na produção de milho, soja e feijão por conta do clima, que influenciou na queda de produção e na qualidade dos grãos. 

Para o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, os produtores enfrentaram todas as variações possíveis de clima. “Esse período vem desde a primavera de 2015, quando iniciou o plantio da safra 2015-2016, e o inverno que estamos atravessando neste momento, com chuvas no verão, calor e seca entre março/abril/2016. E agora um frio intenso no início do inverno com cerca de seis geadas consecutivas que acabaram prejudicando especialmente a produção de milho segunda safra”, afirmou.

Para o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, se por um lado as variações constantes do clima contribuíram para reduzir a produtividade e a qualidade dos grãos, por outro, contribuiu para a elevação dos preços dos principais produtos cultivados no Estado. Esse fator não foi bom para os consumidores, mas está dando condições para os produtores se manterem capitalizados de maneira geral, observou Simioni.

Para ele, a sustentação dos preços dos grãos está ajudando a manter o produtor na atividade, apesar de alguns problemas localizados de endividamento em algumas explorações.

Soja

A colheita de soja foi encerrada com um volume de 16,5 milhões de toneladas, cerca de 10% abaixo do potencial de produção, que apontava para uma produção de 18,3 milhões de toneladas. Mesmo assim, a produção de soja da safra 2015/16 é a segunda maior da história. Houve uma redução de 1,8 milhão de toneladas de soja, motivada pelo histórico de eventos climáticos que afetaram as demais culturas de grãos no Estado.

Com a redução da oferta, os preços se mantêm elevados, em parte impulsionados pelo câmbio, ainda atrativo para exportação. No mês de julho, o preço pago pela soja ao produtor esteve em média cotado a R$ 77,25 a saca com 60 quilos, valor 26% superior à média de comercialização no mesmo mês do ano passado, quando a saca foi vendida pelo produtor por R$ 61,00, em media.

O ritmo de exportações de soja do Paraná está mais acelerado este ano. De janeiro a junho, o Estado exportou 6,1 milhões de toneladas do grão, volume 35% maior que no mesmo período do ano passado quando foram exportadas 4,5 milhões de toneladas.

A segunda safra de soja, que foi a última plantada no período da entressafra, também apresentou quebra de 8% em relação ao potencial de produção que previa um volume de 351 mil toneladas. Após os eventos climáticos, a safra rendeu um volume de 323 mil toneladas, mesmo assim 6% maior que o colhido no ano passado que foi 304 mil toneladas. 

Milho

A segunda safra de milho está com mais de dois terços da área plantada (2,2 milhões de hectares) já colhida. Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, a safra tinha um potencial de produção de 12,9 milhões de toneladas, mas a colheita deve se encerrar com um volume ao redor de 11,3 milhões de toneladas, uma redução de 13% em relação à estimativa inicial.

O milho foi muito afetado por uma sequência de eventos climáticos negativos que incidiram sobre o atraso no plantio, seguido de um período de excesso de calor no mês de abril deste ano. Depois, vieram várias ocorrências de geadas, que influenciaram na perda de qualidade do grão.

De acordo com Garrido, a perda do milho na quantidade foi influenciada pelo excesso de calor em abril e a perda de qualidade foi provocada pela sucessão de geadas. Esse quadro fez a comercialização do grão se manter sustentada em pleno período de colheita. 

Como o quadro é de escassez de oferta de milho no País, a tendência para os preços é se manterem elevados no período de entressafra até a colheita da próxima safra (de verão) que vai acontecer a partir de fevereiro do ano que vem.

No mês de julho, o milho foi comercializado pelo produtor, em média, por R$ 34,69 a saca com 60 quilos, um aumento de 67,26% no ano. No mesmo mês do ano passado a saca de milho era vendida pelo produtor por R$ 20,74 a saca.

Para Francisco Simioni, esse quadro de menor oferta é preocupante, principalmente para manutenção dos custos de produção das cadeias de produção de aves, suínos e bovinos de leite, que dependem do milho como principal insumo para a ração animal. O executivo acredita que a elevação dos preços do milho, em especial no período de entressafra, poderá contribuir para novos aumentos nos preços na produção de alimentos oriundos dessas cadeias produtivas.

Por isso há uma pressão de compra por parte de empresas integradoras e fabricantes de rações para formação de estoques de milho. Há incerteza sobre como vai se comportar o mercado lá na frente, sendo esse um fator de sustentação de preços, explicou Simioni. “Com a escassez, o milho virou um produto disputado e valioso”, acrescentou.

Trigo

 O trigo,um dos últimos produtos da safra de grãos do Paraná a permanecer em campo até o final do ano agrícola, encontra-se 100% plantado, com uma área ocupada de 1,1 milhão de hectares. Até agora, a safra está com bom desenvolvimento e ela deverá ser 19% menor do que no ano passado, quando foram plantados 1,34 milhão de hectares. Naquele ano, a produção de trigo no Estado enfrentou problemas como chuvas na colheita que reduziram a produção esperada. 

Apesar da redução de área, o Deral prevê uma produção maior este ano, de 3,35 milhões de toneladas, 2% a mais que no ano passado, quando foram colhidos 3,28 milhões de toneladas de trigo.

Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, a estimativa de produção de trigo no Paraná está mantida, “apesar de alguns sustos como seca em abril que atrasou o plantio”. Houve um período seco de quase um mês, que voltou à normalização com as chuvas. Mas depois houve a sequência de geadas que voltou a ameaçar, mas não ao ponto de refletir na produtividade esperada, salientou Godinho.

Apesar do bom desempenho das lavouras até agora, a comercialização não está animando muito o produtor que vive sob a ameaça de importação de trigo, que pode derrubar os preços do grão no mercado. No mês de julho, a média de preços recebidos pelo produtor foi de R$ 45,71 a saca/60-kg. Ocorre que no mercado internacional os preços estão competitivos, o que favorece as importações.

Feijão

O Paraná está concluindo a colheita da terceira safra de feijão plantada no Estado, que é pequena, mas que também apresentou quebra de produção como nas duas safras anteriores. No total, o Paraná está colhendo um volume de 595 mil toneladas entre as três safras plantadas no ano agrícola 2015/16, que é 17% menor em relação ao volume colhido no ano anterior que somou 715 mil toneladas. Essa redução representa uma redução de 120 mil toneladas, que está fazendo falta no mercado, disse o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador.

Este ano, explicou Salvador, a redução na produção de feijão ocorreu em todo o País, o que motivou a explosão de preços no mercado, com efeitos devastadores sobe o consumidor que viu o preço do grão subir até a R$ 18,00 ou R$ 19,00 o quilo no varejo.

Segundo a Companhia Nacional de Alimentos (Conab), a produção de feijão no País este ano foi de 2,7 milhões de toneladas, volume 16% menor que o ano anterior quando foram produzidas 3,2 milhões de toneladas. Houve uma perda de 592 mil toneladas, que equivale a uma safra inteira do Paraná, que é o maior produtor do País”, comparou Salvador. Segundo ele, é como se o Paraná se retirasse do mercado durante um ano inteiro.

Essa quebra nacional está refletida nos preços, cuja tendência é de se manterem firmes até a entrada da safra de verão que começa a ser plantada em agosto, com início da colheita previsto para outubro. Como não há estoques de feijão, a produção é ajustada ao consumo, cerca de 95% da primeira e da segunda safra de feijão plantadas no Paraná já foram vendidas. “Feijão novo só por outubro”, disse Salvador.

Em um ano, os produtores tiveram aumento de 260% no feijão de cor, que passou de R$ 110,00 a saca de 60 quilos no mês de julho do ano passado para R$ 395,00, em julho deste ano. O feijão preto teve aumento de 148%, passando de R$ 86,00 a saca no ano passado para R$ 213,00 a saca este ano. 

Esses são os maiores preços de feijão alcançados na história. Segundo acompanhamento do Deral, a média dos preços de feijão de cor, este ano, alcançou valor de R$ 250,56 a saca. Preços altos ocorreram, mas em menor intensidade, nos anos de 2013, quando a média alcançou R$ 149,58 a saca e em 2015 quando a média de preços foi de R$ 127,00 a saca.

Mandioca

O Paraná também se destaca como o maior produtor de mandioca do País, com produção concentrada na região Noroeste do Estado. Este ano, a safra está em recuperação de preços após um período de depreciação com pico no ano passado, que motivou a manifestação de produtores nas estradas estaduais.

Por causa dos baixos preços da mandioca no ano passado, este ano houve redução de 7% na área plantada e 6% na produção. No ano passado, a área ocupada com a cultura era de 143.115 hectares; e este ano é de 133.222 hectares. No ano passado a produção de mandioca alcançou volume de 3,95 milhões de toneladas e este ano a previsão é colher 3,73 milhões de toneladas.

No mercado, o quadro é de escassez de produto porque houve redução na produção em todos os estados produtores, disse o economista do Deral, Methódio Groxco. Com isso, houve uma valorização de 171% no preço. Em julho do ano passado o preço era de R$ 147,00 a tonelada e este ano avançou para R$ 399,00, no mesmo mês.

A farinha de mandioca, que estava cotada a R$ 41,00 a saca de 50 quilos em julho de 2015, aumentou para R$ 92,00 a saca em julho deste ano, uma elevação de 124%. E a fécula de mandioca, que estava cotada a R$ 26,00 a saca com 25 quilos em julho do ano passado, avançou para R$ 57,00 a saca em julho deste ano, um aumento de 119%.

Por conta dos preços animadores, os produtores estão adiantando a colheita. No período janeiro a julho do ano passado, 53% da área plantada estava colhida. Este ano, no mesmo período, 70% da área plantada foi colhida, um aumento de 32%.

Fonte: AEN/Pr

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Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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Probióticos e a promoção da saúde intestinal: potencial ferramenta em rebanhos leiteiros

Os mecanismos de ação dos probióticos são frequentemente baseados em três modalidades, incluindo o antagonismo sobre microrganismos residentes da microbiota intestinal, tanto comensais quanto patógenos; modulação da imunidade inata e adquirida; inibição de toxinas produzidas por microrganismos patógenos, oriundos da alimentação ou água contaminada.

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Foto: Shutterstock

Os probióticos compreendem aditivos alimentares compostos por microrganismos vivos que beneficiam o hospedeiro através da melhora da microbiota intestinal. Quando o animal recebe uma dosagem oral efetiva, esses microrganismos são capazes de se estabelecer no trato gastrointestinal e efetivar a microbiota natural, prevenindo a proliferação de microrganismos patogênicos e melhorando o aproveitamento de nutrientes. Dentre as espécies que possuem propriedades probióticas, ressalta-se as bactérias láticas, grupo de espécies já existentes na microbiota do trato gastrointestinal e urogenital dos animais, onde o gênero Lactobacillus é um dos mais importantes na produção de produtos probióticos. Além deste, destacam-se as bactérias dos gêneros Bifidobacterium, Lactococcus, Propionibacterium e Bacillus, assim como as leveduras Saccharomyces, Pichya e Kluyveromices.

Os mecanismos de ação dos probióticos são frequentemente baseados em três modalidades, incluindo o antagonismo sobre microrganismos residentes da microbiota intestinal, tanto comensais quanto patógenos; modulação da imunidade inata e adquirida; inibição de toxinas produzidas por microrganismos patógenos, oriundos da alimentação ou água contaminada.

O antagonismo também é conhecido por exclusão competitiva, onde há competição dos sítios de ligação na mucosa intestinal, dos fatores de crescimento e nutrientes para os microrganismos, e também competição pela atividade metabólica (Figura 1). Ou seja, os microrganismos “bons” que constituem o probiótico impedem o desenvolvimento de outros microrganismos indesejáveis. Desse processo são originados produtos como o ácido lático, acético e fórmico, que ajudam a inibir o crescimento de bactérias maléficas e participam da produção de vitamina B e ácido fólico, compostos fundamentais para a vaca.

Figura 1- Mecanismos de ação das espécies probióticas que resultam na melhora da saúde intestinal.

Além disso, muitas espécies probióticas produzem bacteriocinas, substâncias compostas por peptídeos ou complexos proteicos que agem contra bactérias geneticamente semelhantes, como é o caso da nisina, bacteriocina que inibe o crescimento de bactérias patogênicas de alto risco, como Staphylococcus aureus, além de atuar na modulação ruminal. Trabalhos também mostram que o uso de probióticos melhora a digestão e absorção de nutrientes da dieta através da produção de enzimas como amilase, protease, lipase, maltase, sacarase e lactase.

Por exemplo, a amilase produz ácidos graxos de cadeia curta que são transformados em butirato, lactato e acetato, fontes de energia para a mucosa do intestino. Em um estudo, Nocek et al. (2003), observou que vacas que possuíam fonte de probiótico na dieta, entre 20 dias pré-parto até 70 dias pós-parto, aumentaram o consumo de matéria seca, a produção de leite e teor de proteína do leite, em relação ao grupo não suplementado. Estudando rebanhos da Virgínia, Estados Unidos, foi contabilizado que, de 45 rebanhos onde foi introduzido o probiótico, 31 apresentaram aumento na produção de leite. Frente a isso, fica evidente o efeito benéfico da suplementação com probióticos em dietas de vacas leiteiras. A pesquisa mostra que é possível observar, além do melhor aproveitamento da dieta e consequentemente aumento na produção leiteira, a melhora do estado geral de saúde do animal que recebe uma fonte de probiótico diariamente.

Probióticos e imunidade animal

Todo o processo descrito anteriormente auxilia na melhora da saúde do animal, uma vez que limita o desenvolvimento e proliferação de microrganismos maléficos ao hospedeiro, evitando o aparecimento de enfermidades, e também atua na digestão, oferecendo melhores condições para seu desenvolvimento.  Esses mecanismos de ação fazem parte das reações inespecíficas de defesa, ou seja, imunidade inata. Mas os probióticos também são capazes de influenciar a imunidade específica do animal.

As espécies probióticas realizam a modulação do sistema imune do hospedeiro, auxiliando no controle de infecções e inflamações. O processo de imunomodulação ocorre através da interação entre os microrganismos do probiótico e as células epiteliais e imunes do intestino do animal. Quando esses microrganismos se aderem às células intestinais, há a estimulação da produção de células de defesa, como macrófagos, monucleócitos, células dendríticas e citocinas pró-inflamatórias. Isso acontece porque componentes das paredes celulares dos microrganismos probióticos, como peptidoglicanas, ácido teicóico e lipoteicóico (LTA), reagem com as placas de Peyer presente no intestino e induzem os fatores pró-inflamatórios nas células intestinais do animal.

Em 2017 foi realizado um estudo onde dois grupos de animais foram vacinados, sendo que um deles recebeu, além da vacina, suplementação com probiótico a base de Lactobacillus. Posteriormente o autor observou que o grupo dos animais tratados com o probiótico apresentou níveis superiores de anticorpos específicos e de forma mais duradoura, auxiliando no controle de infestações por carrapatos atrelados a imunização. Adicionalmente, estudiosos mostraram que o tratamento com probióticos apresentou melhores benefícios quando comparados aos tratamentos convencionais da mastite bovina, evidenciando a influência desse aditivo na resposta imunológica das vacas.

Probióticos em uma abordagem preventiva e sua implicação em bezerreiros

Cerca de 75% das mortes de bovinos leiteiros ocorre em seu primeiro mês de vida. Em função disso, muitas pesquisas são realizadas a fim de elucidar os cuidados necessários no bezerreiro, assim como controlar as enfermidades mais comuns na rotina das fazendas leiteiras. A principal enfermidade relacionada a morte de bezerras leiteiras é a diarreia, que leva o animal a óbito em razão ao severo desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base. A diarreia corresponde a uma enfermidade multifatorial, porém, frequentemente é resultante da combinação de agentes infecciosos como o rotavírus, coronavírus, Escheria Coli, Salmonella spp., Clostridium perfringens e Eimeria spp., além de ser comum se deparar com infecções causadas por mais de um agente concomitantemente. Esses agentes possuem tendência em afetar os animais em determinada faixa etária (Figura 2), justamente quando esses apresentam suscetibilidade a infecção, por isso a importância da utilização de técnicas nutricionais e de manejo que proporcionem melhores condições para que as bezerras leiteiras não tenham seu desenvolvimento afetado.

Figura 2- Incidência de agentes etiológicos causadores de diarreias em bezerros de acordo com sua idade em dias.

Os probióticos contribuem para o desempenho zootécnico de bezerras leiteiras devido sua influência na permeabilidade intestinal, oferecendo maior eficiência de digestão e evitando o desenvolvimento de microrganismos patógenos. As principais bactérias probióticas associadas a prevenção de diarreia em bezerros são a Lactobacillus acidophillus e a Lactobacillus casei. Ambas são produtoras de ácido lático, ou seja, atuam diminuindo o pH intestinal e tornando o ambiente inadequado para o crescimento de algumas bactérias patogênicas, além de produzirem peptídeos que agem especificamente contra Salmonella typhimurium e acidofilina que inibe o crescimento de Escherichia coli e Salmonella panamá.

Outro microrganismo probiótico que recebe destaque quando o assunto é bezerros é a Saccharomyces boulardii, levedura que além do efeito diarreico, auxilia no desenvolvimento da flora intestinal fisiológica, na síntese de vitaminas complexo B e principalmente, realiza uma complementação enzimática, assim, aumenta a capacidade digestiva do animal jovem, impactando diretamente o seu desempenho.  Autores que utilizaram probióticos em bezerros observaram melhora do ganho de peso corporal total, sendo que os bezerros suplementados apresentaram ganho de 31,4kg, comparado a 25,4kg do grupo controle. Corroborando com esses dados, outro pesquisador mostrou que bezerros suplementados com probióticos, do nascimento aos 30 dias de idade, foram capazes de ganhar de 10 a 40% a mais de peso em relação aos animais não tratados.

Os probióticos apresentam grande potencial de uso nas fazendas leiteiras, sendo uma alternativa para restabelecer ou efetivar a saúde intestinal das vacas, aumentando o aproveitamento da dieta e potencializando sua imunidade. Além disso, é uma ótima opção para ser introduzida nos bezerreiros, uma vez que oferece melhores condições para o animal conseguir superar os desafios existentes nessa fase, influenciando seu ganho de peso e gerando bezerras maiores e mais produtivas futuramente.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: luiza.carneiro@laboratorioprado.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Luiza de Souza Carneiro, médica-veterinária, mestra em Produção de Ruminantes e consultora Técnica Comercial no Laboratório Prado.
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