Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas

Paraná deverá colher 20,6 milhões de toneladas de grãos

O Paraná está colhendo um volume de 20,6 milhões de toneladas de grãos nesse período do ano, contra 22 milhões de toneladas colhidas no mesmo período do ano passado

Publicado em

em

O clima, sob a influência da corrente El Niño, prejudicou o desempenho de parte da safra de grãos de verão 2015/16, frustrando as expectativas de produção no Paraná. O relatório do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento, relativo ao mês de abril, reviu a avaliação e aponta uma queda de produção de 7% em relação ao mesmo período do ano passado. O Paraná está colhendo um volume de 20,6 milhões de toneladas de grãos nesse período do ano, contra 22 milhões de toneladas colhidas no mesmo período do ano passado. 

Para o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, mesmo com a quebra na produção o resultado da safra é satisfatória, pois só ficou abaixo do volume alcançado no ano passado, que foi um recorde. Ele ressaltou que a atenção com o zoneamento agrícola, adesão ao Proagro e/ou ao seguro rural privado reduzem os riscos de perdas da produção e de rentabilidade, considerando que os mecanismos de proteção cobrem os gastos com o custeio e de produção respectivamente. 

Ortigara observou que o zoneamento agrícola é uma ferramenta muito importante à disposição dos produtores, pois com ele é possível fazer o plantio escalonado, dentro da época recomendada pela pesquisa, o que ajuda a minimizar o risco em casos de eventos climáticos severos. 

Para a segunda safra de grãos e safra de inverno, a expectativa também é de cautela, disse o diretor do Deral, Francisco Carlos Siminioni. Segundo ele, a maior parte das culturas entra em fase de risco com a chegada do inverno, e produtos importantes, como milho e feijão da segunda safra, já sofreram com excesso de chuvas nos meses de fevereiro e março, seguido de temperaturas elevadas acima da média em abril. “Ao contrário do que ocorreu na primavera e verão, este mês foi muito seco e também prejudicou principalmente o milho segunda safra, cujo plantio se estendeu até o início de março devido ao atraso na colheita da soja”. 

Simioni diz que a redução na oferta de produção de grãos nos mercados interno e externo elevou as cotações de praticamente todos os produtos agrícolas, com poucas exceções, o que está beneficiando muito o produtor. Segundo ele, este ano o produtor que conseguiu escapar dos reveses do clima está faturando mais, especialmente aquele que diversificou e não apostou todas as fichas em soja, plantando parte da área da primeira safra com milho, produto que vem tendo uma remuneração excelente. 

Soja 

O Deral fez um ajuste na dimensão da produção de soja no Paraná, em função das informações de campo que apontam redução de 8% na produção do grão. O plantio de soja ocupa 5,3 milhões de hectares, quase a totalidade da área agricultável neste período do ano em todo o Estado. A expectativa inicial apontava para uma produção de 18,2 milhões de toneladas, e a colheita está revelando que a produção será de 16,7 milhões. 

Com isso, a safra será 1% menor do que a do ano passado, quando foram colhidas 16,95 milhões de toneladas. Para o economista da Conjuntura Agropecuária do Deral, Marcelo Garrido, ainda assim será uma grande safra de soja, devendo ser a segunda maior da história. 

Com a redução na oferta de soja na região Sul do País, mais o estrago que as chuvas provocaram na produção do grão, com queda de 10% prevista na Argentina, os preços se elevaram no mercado internacional, cenário que beneficiou os produtores paranaenses. Em um ano, os preços pagos ao produtor subiram 16%, passando de R$ 57,57 a saca em abril do ano passado para R$ 66,73 a saca em abril deste ano. 

Segundo Garrido, a tendência para o preço da soja é de manutenção de preços bons no médio prazo, podendo se elevar ainda mais dependendo do desempenho da safra norte-americana que está sendo plantada. Em contrapartida, o produtor vem enfrentando aumento nos custos de produção, por causa da valorização do câmbio. 

A segunda safra de soja plantada no Paraná, que está em campo, está mais promissora, apontando para um aumento de 17% na produção. Esse resultado é reflexo do aumento de área plantada, que este ano foi de 21% e a melhora no clima até agora, quando as temperaturas se mantiveram mais elevadas. Com a chegada do inverno, pode ter alterações na expectativa de produção que aponta para uma colheita de 355.323 toneladas. 

Milho

 A produção que está em campo atualmente é o milho da segunda safra, que sofreu com a elevação da temperatura a partir do final de março e até o final de abril. O Deral já está calculando uma quebra de 4% na produção esperada. O potencial produtivo inicial previsto apontava para uma produção recorde de 12,9 milhões de toneladas. Agora, com a reavaliação do mês de abril, está sendo prevista uma produção de 12,4 milhões de toneladas, uma redução de 500 mil toneladas de milho no Estado, que se destaca como o maior produtor do País. 

Segundo Edmar Wardensk Gervasio, responsável técnico pela área de milho, a preocupação agora é com o período de inverno que se inicia e pode provocar mais baixas na produção. Isso porque cerca de 84% da área plantada, avaliada em 1,8 milhão de hectares plantados, entra na fase de risco. A ocorrência de geadas daqui para frente pode prejudicar o período de formação dos grãos, explicou. 

O volume de produção de milho no Paraná já vem em queda desde a primeira safra, quando a lavoura teve perdas de 26% no resultado final em relação ao ano passado. Na safra de verão 2015/16 estão sendo colhidas 3,4 milhões de toneladas, uma das menores safras da história neste período do ano. 

Com a redução na oferta de milho no Paraná, na Argentina e queda nos estoques internacionais, o preço está num ritmo de alta nunca verificado antes. Em um ano, teve um aumento de 77% no preço pago ao produtor. 

Segundo levantamento do Deral, o milho vendido pelo produtor estava a R$ 20,87 a saca com 60 quilos em abril do ano passado. Este ano, no mesmo mês, o produtor está vendendo a saca por R$ 37,00. Esse aumento provoca impactos nos custos de produção de aves, suínos e de bovinos de leite que usam o milho como principal insumo na ração animal. 

Feijão

Segundo o Deral, a segunda safra de feijão, em campo, está com 19% da área de 205.459 hectares colhida e a produção que já estava com uma previsão menor para o volume colhido em relação ao mesmo período do ano passado será menor ainda. A falta de estabilidade do clima prejudicou o desenvolvimento das lavouras, que já apresentam uma quebra na produção de 7%. A produção esperada era 374.328 toneladas. 

O excesso de chuvas entre os meses de janeiro e fevereiro, seguido de temperaturas muito elevadas para o período durante o mês de abril, provocou a redução no rendimento das lavouras, explicou o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador. O técnico acredita que a queda na produção poderá ainda se acentuar já que 53% da área plantada, que equivale a 110 mil hectares, está em fase de risco. 

Segundo Salvador, esse cenário influencia o mercado porque essa região que está vulnerável à queda de temperaturas representa cerca de 54% da produção de feijão da segunda safra. Ele ressalvou que o período mais crítico para o feijão da segunda safra está nos próximos 15 dias. Depois disso, as lavouras saem do risco, disse. 

O reflexo desse cenário é o aumento no preço do feijão para o consumidor final. No último ano o preço do feijão de cor subiu 78% no preço pago ao produtor, e 32% de alta para o feijão preto. Em abril do ano passado, o feijão de cor era vendido por R$ 119,20 a saca com 60 quilos e em abril deste ano está cotada a R$ 212,50. O feijão de cor era vendido, pelo produtor, por R$ 110,51 a saca em abril do ano passado e um ano depois está sendo vendido, em média, por R$ 145,43 a saca. 

Trigo 

O avanço do plantio de trigo revela um recuo ainda maior na área ocupada, em relação à área plantada no ano passado. Este ano deverá ser plantado um total de 1,15 milhão de hectares, uma queda de 14% em relação aos 1,34 milhão de hectares plantados no ano passado. Com isso, a expectativa de produção é de 3,5 milhões de toneladas, se tudo correr bem com o clima, observou o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho. 

Houve atraso no plantio de trigo, em decorrência da seca no mês de abril, mas essa situação pode ser recuperada com tranquilidade porque as lavouras são todas mecanizadas, ressaltou o técnico. Além disso, o retorno do frio ajuda nesse período. Espera-se um incremento no plantio a partir desta semana e a recuperação desse pequeno atraso no plantio. 

O estágio de risco só começa daqui a 60 dias, quando a cultura entra em fase de vulnerabilidade à queda acentuada das temperaturas, explicou Godinho. Esta semana foi a primeira vez que o preço do trigo superou os R$ 40,00 a saca. Os preços vinham abaixo desse patamar desde junho de 2014, cenário que afugentou muitos produtores para o plantio do milho safrinha. 

Essa cotação representa cerca de 20% de aumento no preço de venda, mas o produtor também enfrentou alta de 17% nos custos de produção, o que não animou ampliar o plantio. Havia a expectativa dos preços do trigo melhorarem ainda mais para o produtor, em função da desvalorização cambial. Mas a valorização do real nos últimos dias acabou com essa vantagem para o produtor. Atualmente, as cotações do trigo estão mais equilibradas entre os preços praticados internamente com o mercado internacional. 

Segundo Godinho, agora que os preços melhoraram internamente não há oferta do produto no Paraná. Ele explica, porém, que não há espaço para aumento acentuado nas cotações do trigo porque a produção argentina representa uma ameaça à produção nacional. Principalmente depois que o novo governo da Argentina retirou as restrições de exportações, facilitando as vendas de trigo argentino para o mundo. 

Além disso, o mercado internacional está com estoques elevados de trigo, num dos melhores níveis dos últimos cinco anos, disse Godinho. 

Mandioca e Fumo

Os produtores de mandioca e de fumo também estão satisfeitos com os preços de comercialização de seus produtos, que estão em alta no mercado. O preço da mandioca, pago ao produtor, teve um aumento de 86% no último ano. Em abril do ano passado, a raiz era vendida por R$ 194,00 a tonelada, valor que não cobria os custos de produção. E em abril deste ano o preço médio da raiz de mandioca vendido pelo produtor está em média, por R$ 361,00 a tonelada. E o custo de produção estimado é de R$ 208,00 a tonelada. 

Segundo o economista do Deral, Methódio Groxco, os preços da mandioca tendem a permanecer em alta porque a oferta do produto é menor. Este ano, em decorrência do desestímulo dos produtores no ano passado, a produção caiu 6% no volume e 8% na área plantada. O principal derivado da raiz de mandioca, que é a fécula, aumentou 100% no preço desde setembro do ano passado. A saca de 50 quilos com fécula que era vendida em média por R$ 25,00 em abril do ano passado aumentou para R$ 52,00 em abril deste ano. 

O fumo, lavoura também afetada pelo excesso de chuvas durante o período vegetativo, está com uma previsão de 14% na produção, que deverá ser de 149.728 toneladas. Com a menor oferta, o preço aumentou 46% este ano, passando de R$ 106,00 a arroba em abril do ano passado, para R$ 155,00 em abril deste ano. 

Apesar das chuvas, o período de calor que se seguiu depois beneficiou o processo de maturação das folhas de fumo, que está com melhor qualidade em relação à produção dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Com isso, a produção de fumo do Paraná está sendo disputada pelas indústrias”, disse o técnico. 

Fonte: ANPr

Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Probióticos e a promoção da saúde intestinal: potencial ferramenta em rebanhos leiteiros

Os mecanismos de ação dos probióticos são frequentemente baseados em três modalidades, incluindo o antagonismo sobre microrganismos residentes da microbiota intestinal, tanto comensais quanto patógenos; modulação da imunidade inata e adquirida; inibição de toxinas produzidas por microrganismos patógenos, oriundos da alimentação ou água contaminada.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Os probióticos compreendem aditivos alimentares compostos por microrganismos vivos que beneficiam o hospedeiro através da melhora da microbiota intestinal. Quando o animal recebe uma dosagem oral efetiva, esses microrganismos são capazes de se estabelecer no trato gastrointestinal e efetivar a microbiota natural, prevenindo a proliferação de microrganismos patogênicos e melhorando o aproveitamento de nutrientes. Dentre as espécies que possuem propriedades probióticas, ressalta-se as bactérias láticas, grupo de espécies já existentes na microbiota do trato gastrointestinal e urogenital dos animais, onde o gênero Lactobacillus é um dos mais importantes na produção de produtos probióticos. Além deste, destacam-se as bactérias dos gêneros Bifidobacterium, Lactococcus, Propionibacterium e Bacillus, assim como as leveduras Saccharomyces, Pichya e Kluyveromices.

Os mecanismos de ação dos probióticos são frequentemente baseados em três modalidades, incluindo o antagonismo sobre microrganismos residentes da microbiota intestinal, tanto comensais quanto patógenos; modulação da imunidade inata e adquirida; inibição de toxinas produzidas por microrganismos patógenos, oriundos da alimentação ou água contaminada.

O antagonismo também é conhecido por exclusão competitiva, onde há competição dos sítios de ligação na mucosa intestinal, dos fatores de crescimento e nutrientes para os microrganismos, e também competição pela atividade metabólica (Figura 1). Ou seja, os microrganismos “bons” que constituem o probiótico impedem o desenvolvimento de outros microrganismos indesejáveis. Desse processo são originados produtos como o ácido lático, acético e fórmico, que ajudam a inibir o crescimento de bactérias maléficas e participam da produção de vitamina B e ácido fólico, compostos fundamentais para a vaca.

Figura 1- Mecanismos de ação das espécies probióticas que resultam na melhora da saúde intestinal.

Além disso, muitas espécies probióticas produzem bacteriocinas, substâncias compostas por peptídeos ou complexos proteicos que agem contra bactérias geneticamente semelhantes, como é o caso da nisina, bacteriocina que inibe o crescimento de bactérias patogênicas de alto risco, como Staphylococcus aureus, além de atuar na modulação ruminal. Trabalhos também mostram que o uso de probióticos melhora a digestão e absorção de nutrientes da dieta através da produção de enzimas como amilase, protease, lipase, maltase, sacarase e lactase.

Por exemplo, a amilase produz ácidos graxos de cadeia curta que são transformados em butirato, lactato e acetato, fontes de energia para a mucosa do intestino. Em um estudo, Nocek et al. (2003), observou que vacas que possuíam fonte de probiótico na dieta, entre 20 dias pré-parto até 70 dias pós-parto, aumentaram o consumo de matéria seca, a produção de leite e teor de proteína do leite, em relação ao grupo não suplementado. Estudando rebanhos da Virgínia, Estados Unidos, foi contabilizado que, de 45 rebanhos onde foi introduzido o probiótico, 31 apresentaram aumento na produção de leite. Frente a isso, fica evidente o efeito benéfico da suplementação com probióticos em dietas de vacas leiteiras. A pesquisa mostra que é possível observar, além do melhor aproveitamento da dieta e consequentemente aumento na produção leiteira, a melhora do estado geral de saúde do animal que recebe uma fonte de probiótico diariamente.

Probióticos e imunidade animal

Todo o processo descrito anteriormente auxilia na melhora da saúde do animal, uma vez que limita o desenvolvimento e proliferação de microrganismos maléficos ao hospedeiro, evitando o aparecimento de enfermidades, e também atua na digestão, oferecendo melhores condições para seu desenvolvimento.  Esses mecanismos de ação fazem parte das reações inespecíficas de defesa, ou seja, imunidade inata. Mas os probióticos também são capazes de influenciar a imunidade específica do animal.

As espécies probióticas realizam a modulação do sistema imune do hospedeiro, auxiliando no controle de infecções e inflamações. O processo de imunomodulação ocorre através da interação entre os microrganismos do probiótico e as células epiteliais e imunes do intestino do animal. Quando esses microrganismos se aderem às células intestinais, há a estimulação da produção de células de defesa, como macrófagos, monucleócitos, células dendríticas e citocinas pró-inflamatórias. Isso acontece porque componentes das paredes celulares dos microrganismos probióticos, como peptidoglicanas, ácido teicóico e lipoteicóico (LTA), reagem com as placas de Peyer presente no intestino e induzem os fatores pró-inflamatórios nas células intestinais do animal.

Em 2017 foi realizado um estudo onde dois grupos de animais foram vacinados, sendo que um deles recebeu, além da vacina, suplementação com probiótico a base de Lactobacillus. Posteriormente o autor observou que o grupo dos animais tratados com o probiótico apresentou níveis superiores de anticorpos específicos e de forma mais duradoura, auxiliando no controle de infestações por carrapatos atrelados a imunização. Adicionalmente, estudiosos mostraram que o tratamento com probióticos apresentou melhores benefícios quando comparados aos tratamentos convencionais da mastite bovina, evidenciando a influência desse aditivo na resposta imunológica das vacas.

Probióticos em uma abordagem preventiva e sua implicação em bezerreiros

Cerca de 75% das mortes de bovinos leiteiros ocorre em seu primeiro mês de vida. Em função disso, muitas pesquisas são realizadas a fim de elucidar os cuidados necessários no bezerreiro, assim como controlar as enfermidades mais comuns na rotina das fazendas leiteiras. A principal enfermidade relacionada a morte de bezerras leiteiras é a diarreia, que leva o animal a óbito em razão ao severo desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base. A diarreia corresponde a uma enfermidade multifatorial, porém, frequentemente é resultante da combinação de agentes infecciosos como o rotavírus, coronavírus, Escheria Coli, Salmonella spp., Clostridium perfringens e Eimeria spp., além de ser comum se deparar com infecções causadas por mais de um agente concomitantemente. Esses agentes possuem tendência em afetar os animais em determinada faixa etária (Figura 2), justamente quando esses apresentam suscetibilidade a infecção, por isso a importância da utilização de técnicas nutricionais e de manejo que proporcionem melhores condições para que as bezerras leiteiras não tenham seu desenvolvimento afetado.

Figura 2- Incidência de agentes etiológicos causadores de diarreias em bezerros de acordo com sua idade em dias.

Os probióticos contribuem para o desempenho zootécnico de bezerras leiteiras devido sua influência na permeabilidade intestinal, oferecendo maior eficiência de digestão e evitando o desenvolvimento de microrganismos patógenos. As principais bactérias probióticas associadas a prevenção de diarreia em bezerros são a Lactobacillus acidophillus e a Lactobacillus casei. Ambas são produtoras de ácido lático, ou seja, atuam diminuindo o pH intestinal e tornando o ambiente inadequado para o crescimento de algumas bactérias patogênicas, além de produzirem peptídeos que agem especificamente contra Salmonella typhimurium e acidofilina que inibe o crescimento de Escherichia coli e Salmonella panamá.

Outro microrganismo probiótico que recebe destaque quando o assunto é bezerros é a Saccharomyces boulardii, levedura que além do efeito diarreico, auxilia no desenvolvimento da flora intestinal fisiológica, na síntese de vitaminas complexo B e principalmente, realiza uma complementação enzimática, assim, aumenta a capacidade digestiva do animal jovem, impactando diretamente o seu desempenho.  Autores que utilizaram probióticos em bezerros observaram melhora do ganho de peso corporal total, sendo que os bezerros suplementados apresentaram ganho de 31,4kg, comparado a 25,4kg do grupo controle. Corroborando com esses dados, outro pesquisador mostrou que bezerros suplementados com probióticos, do nascimento aos 30 dias de idade, foram capazes de ganhar de 10 a 40% a mais de peso em relação aos animais não tratados.

Os probióticos apresentam grande potencial de uso nas fazendas leiteiras, sendo uma alternativa para restabelecer ou efetivar a saúde intestinal das vacas, aumentando o aproveitamento da dieta e potencializando sua imunidade. Além disso, é uma ótima opção para ser introduzida nos bezerreiros, uma vez que oferece melhores condições para o animal conseguir superar os desafios existentes nessa fase, influenciando seu ganho de peso e gerando bezerras maiores e mais produtivas futuramente.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: luiza.carneiro@laboratorioprado.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Luiza de Souza Carneiro, médica-veterinária, mestra em Produção de Ruminantes e consultora Técnica Comercial no Laboratório Prado.
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Entidades querem restringir a importação de leite

Em razão dos transtornos que a cadeia produtiva do leite tem enfrentado, com estiagens, enchentes e excesso de importação, as federações estaduais recomendam a formulação de uma nova política pública para o desenvolvimento do setor, priorizando a matéria-prima local e o trabalho dos produtores brasileiros.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Mobilização contra o aumento do volume de importação de leite subsidiado, principalmente da Argentina, está sendo estimulada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc).

Presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo: “Não podemos deixar nenhum produtor desamparado, por isso a mobilização das  federações estaduais de agricultura e união de todo o setor são fundamentais para mudar o cenário de baixos preços pagos pelo litro de leite e altos custos de produção” – Foto: Divulgação/MB Comunicação

O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, diz que os transtornos que a cadeia produtiva do leite tem enfrentado – estiagens, enchentes e excesso de importação – recomendam a formulação de uma nova política pública para o desenvolvimento do setor, priorizando a matéria-prima local e o trabalho dos produtores brasileiros.

Nesse sentido, “é muito importante que cada Estado tome uma iniciativa para reduzir a compra do leite de outros países em uma atuação coordenada do setor em todo País”. Alguns Estados elevaram a alíquota de 0% para 12% aos importadores de leite em pó e de 2% para 18% na venda de produto fracionado. Em  outros, os lácteos importados foram excluídos da cesta básica, com aumento de ICMS sobre o leite importado.

Pedrozo informa que a CNA está elaborando um estudo para a aplicação de direitos antidumping à Argentina, com o objetivo de proteger o setor lácteo nacional. O dirigente lembra  que a excessiva importação de leite iniciada no primeiro semestre do ano passado achatou a remuneração do produtor nacional, impactando negativamente a competividade do pequeno e médio produtor de leite. As importações brasileiras de lácteos da Argentina e do Uruguai, em 2023, praticamente dobraram.

O presidente observa que grande parte dos produtores rurais atua na área de lácteos e que a crise no setor derruba a renda das famílias rurais. A forte presença de leite importado no mercado brasileiro provocou queda geral de preços, anulando a rentabilidade dos criadores de gado leiteiro.

Pedrozo defende um debate do setor produtivo com o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar para a definição de medidas de fortalecimento da pecuária leiteira no País com foco no aumento da produção e no fortalecimento do pequeno e do médio produtor de leite. Dessa forma será possível estimular, simultaneamente, a produção e o consumo, abrangendo a redução da tributação, combate às fraudes, criação de mercado futuro para as principais commodities lácteas, manutenção de medidas antidumping e consolidação da tarifa externa comum em 35% para leite em pó e queijo, além da utilização de leite e derivados de origem nacional em programas sociais. “Não podemos deixar nenhum produtor desamparado, por isso a mobilização das  federações estaduais de agricultura e união de todo o setor são fundamentais para mudar o cenário de baixos preços pagos pelo litro de leite e altos custos de produção”, defende.

Pedrozo alerta que a crise na cadeia do leite afeta diretamente a agricultura familiar, levando milhares de produtores a abandonar a atividade, que já registra forte concentração da produção em Santa Catarina. “Talvez uma das soluções seja regular a importação, criando gatilhos e barreiras para que seu exagero não destrua as cadeias produtivas organizadas existentes”, sugere.

Fonte: Assessoria
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Paraná tem 55 premiados no Mundial do Queijo; melhor queijeiro também é do estado

Entre os paranaenses premiados, são 12 medalhas Super Ouro, 14 Ouro, 14 Prata e 15 Bronze. Além do Brasil, participaram do concurso Itália, Espanha, México, Argélia, Polônia, Irlanda, Colômbia, Argentina, Inglaterra, Suíça, França e Uruguai.

Publicado em

em

Foto: Guilherme White/Foosstudiobrasil

O Paraná teve 55 queijos e produtos lácteos de 23 municípios premiados na 3ª edição do Mundial do Queijo do Brasil, que aconteceu entre os dias 11 e 14 de abril, no Teatro B32, em São Paulo. No total, 1.900 produtos de 13 países foram avaliados por 300 jurados, e 598 queijos e produtos lácteos receberam medalhas. O júri foi presidido pelo queijista Laurent Dubois, um dos melhores artesãos da França na categoria queijo.

Foto: Divulgação/Mundial do Queijo

Entre os paranaenses premiados, são 12 medalhas Super Ouro, 14 Ouro, 14 Prata e 15 Bronze. A competição, organizada pela associação SerTãoBras, avaliou de forma anônima queijos, iogurtes, doces de leite e coalhadas, pela sua aparência exterior e interior, textura, aromas e sabores. Além do Brasil, participaram do concurso Itália, Espanha, México, Argélia, Polônia, Irlanda, Colômbia, Argentina, Inglaterra, Suíça, França e Uruguai.

Os produtos premiados são de Cantagalo (2), Carambeí (1), Cascavel (2), Chopinzinho (1), Curitiba (3), Diamante D’Oeste (1), Guarapuava (1), Jaguapitã (2), Jandaia do Sul (1), Lapa (1), Londrina (6), Manfrinópolis (1), Marechal Cândido Rondon (4), Maringá (1), Nova Laranjeiras (1), Palmeira (6), Palotina (2), Paranavaí (2), Ponta Grossa (2), Ribeirão Claro (3), Santana do Itararé (3), São Jorge D’Oeste (2) e Toledo (7). Confira a lista completa de premiados neste link .

A Cooperativa Witmarsum, de Palmeira, na região dos Campos Gerais, conquistou quatro medalhas. Ganhador do Ouro, o queijo Witmarsum Colonial Natural possui o selo de Indicação Geográfica (IG) – que indica a procedência do produto, respeitando os saberes e fazeres dos produtores locais.

“Conquistar uma premiação como a do Mundial é bem mais do que um reconhecimento da qualidade dos nossos produtos, é reconhecer a força dos nossos cooperados que se empenham de sol a sol na produção leiteira, fortalecer o cooperativismo e também uma prova de que somos capazes de produzir queijos tão bons quanto os Europeus”, diz o diretor de Operações da empresa, Rafael Wollmann.

O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, com cerca de 3,6 bilhões de litros ao ano. O leite é o quarto produto em importância no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Paraná, com R$ 11,4 bilhões em 2022, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral). Os queijos paranaenses têm tradição de destaque em concursos nacionais e internacionais

O sistema digital de apuração no 3ª Mundial do Queijo, que soma as notas dos jurados em tempo real, foi desenvolvido pelo Sistema Faep/Senar-PR.

Assistência

Foto: Divulgação/Cooperativa Witmarsum

Entre as queijarias premiadas, algumas recebem assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná). Um exemplo é o Rancho Seleção, de Londrina, no Norte do Paraná, que conquistou uma medalha Super Ouro, três Ouro, uma Prata e uma Bronze.

Outro caso é da Estância Baobá, de Jaguapitã, também no Norte, de Lívia Trevisan e Samuel Cambefort, que recebeu prêmios pelo requeijão de corte (Super Ouro) e pelo baommental (Bronze), um queijo inspirado no emmental, mas com menos maturação e com sabor adocicado.

Na edição passada do Mundial, a queijaria já havia levado sete medalhas. Os prêmios deste ano vieram após um período de muitas dificuldades. Em 2023, a propriedade teve metade de seu rebanho roubado. “Essas medalhas foram uma superação para a gente depois de tanto sufoco”, diz a proprietária. Além do diferencial da produção agroecológica, adotado ainda por poucas propriedades na região, as receitas da Estância Baobá têm valor sentimental. “O requeijão foi o primeiro queijo que fizemos. É uma receita da minha bisavó que foi passada para a minha mãe”.

A Estância Baobá também faz parte da Rota do Queijo Paranaense, iniciativa do IDR-Paraná, e está organizando sua adesão ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf-PR), para ampliar a comercialização. Atualmente a pequena propriedade recebe apoio de extensionistas do IDR-Paraná no sistema reprodutivo. “É um acompanhamento incrível”, diz Trevisan.

Melhor queijeiro

Além dos produtos, o Paraná também se destacou no prêmio de Melhor Queijeiro do Brasil, cujo grande campeão foi o engenheiro de alimentos Henrique Herbert, mestre Queijeiro da Queijaria Flor da Terra, de Toledo, no Oeste do Estado. Natural de Poço das Antas (RS), ele vive no Paraná há 10 anos.

Essa modalidade do concurso avaliou os concorrentes quanto ao saber-fazer profissional, à capacidade de produzir queijos em condições que os tiraram de sua zona de conforto e a habilidade em maturar um queijo em condições especiais. “Com esses resultados, cada vez mais deixamos de ser apenas um importante estado produtor de leite, mas também passamos a ser reconhecidos pelos queijos de excelência que são produzidos aqui”, comemora.

Em sua equipe, Herbert contou o apoio do engenheiro de alimentos Kennidy de Bortoli, natural de Foz do Iguaçu, para desbancar os demais candidatos. Ambos atuam no Parque Científico e Tecnológico de Biociências (Biopark), em Toledo, onde conduzem um projeto de pesquisa em queijos finos. O projeto levou oito medalhas, três de Ouro e cinco de Prata.

“Tanto as medalhas conquistadas pelos nossos queijos quanto a medalha conquistada por nós vêm de encontro com o que o Biopark almeja, que é justamente o desenvolvimento da região Oeste do Paraná, com o fator do ensino e a pesquisa”, diz Herbert.

Fonte: AEN-PR
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.