Bovinos / Grãos / Máquinas
Paraná deve produzir 21,12 milhões de toneladas de grãos na safra de verão 2023/2024
Para a soja, estima-se uma produção de 18,23 milhões de toneladas. A primeira safra de milho deve gerar 2,59 milhões de toneladas e 167,2 mil toneladas de feijão devem ser colhidas na primeira safra. Além da Previsão Subjetiva da Safra, boletim da semana analisa pescados da Quaresma e exportações de mel

Com o avanço da colheita, o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), atualizou os dados sobre as perdas na safra paranaense de verão 2023/2024 em decorrência do clima. Segundo a Previsão Subjetiva de Safra (PSS) divulgada na quinta-feira (29), o Estado deve colher 21,12 milhões de toneladas de grãos em uma área de 6,2 milhões de hectares. No relatório de janeiro, estimava-se um volume de 22,1 milhões de toneladas.
A expectativa divulgada pelos técnicos corresponde a uma redução de 17% com relação às 25,5 milhões de toneladas esperadas no começo do ciclo e, se confirmada, representa um volume 21% menor comparativamente ao colhido na safra de verão 2022/2023, de 26,67 milhões de toneladas.
Segundo o chefe do Deral, Marcelo Garrido, a quebra se deve principalmente às condições climáticas enfrentadas pelos agricultores. “Tivemos calor intenso, poucas chuvas e mal distribuídas no Paraná, em especial a partir da segunda quinzena de dezembro. É um ano bastante desafiador”, diz. No fim de março, uma nova estimativa deve trazer dados mais refinados sobre as perdas.
Para a soja, estima-se uma produção de 18,23 milhões de toneladas, 16,4% menor do que a estimativa inicial, de 21,8 milhões. A primeira safra de milho deve gerar 2,59 milhões de toneladas, 12,6% abaixo do esperado no começo do ciclo (2,9 milhões); e 167,2 mil toneladas de feijão devem ser colhidas na primeira safra, quebra de 23% sobre a estimativa inicial, de 216 mil toneladas. Segundo os técnicos do Deral, os preços também estão em queda nas três principais culturas neste período.
SOJA – Foram colhidos 52% dos 5,8 milhões de hectares de soja plantados. O relatório do Deral estima a produção em 18,2 milhões de toneladas, uma redução em torno de um milhão de toneladas em relação aos dados de janeiro. A perda no campo, até este momento, é estimada em 3,6 milhões de toneladas ou 16,4% para esta safra.
“Inicialmente, em condições normais, era esperada uma produção de 21,8 milhões de toneladas. Contudo, o clima adverso, especialmente o calor intenso e a estiagem, reduziram a produção no campo”, explica o analista do Deral Edmar Gervásio. Nesta semana, 61% das lavouras estão em boas condições, 32% em condições medianas e 7% em condições ruins.
MILHO – O plantio do milho segunda safra avançou pelo Estado. Até esta semana, já foram plantados 66% dos 2,4 milhões de hectares previstos para esta safra. Essa área teve um leve aumento desde janeiro e, com isso, a produção pode ser 3% maior do que no ciclo 22/23, somando aproximadamente 14,6 milhões de toneladas. As lavouras já plantadas têm condição boa para 94% da área e apenas 6% têm condição mediana.
Já a colheita da primeira safra de milho chegou a 65% dos 296 mil hectares plantados. “A produção atualizada é de 2,59 milhões de toneladas, 373 mil toneladas a menos do que a expectativa inicial, resultando numa perda no campo de 12,6%”, explica Edmar Gervásio.
FEIJÃO – Segundo os técnicos do Deral, muitos produtores que tiveram problemas com a soja nesta safra optaram pelo plantio de feijão na segunda safra, também devido aos bons preços. Com isso, houve um aumento de área de 18% em relação à safra 2022/2023. Estima-se a produção de 691 mil toneladas em 347,7 mil hectares. Se o clima colaborar, esse volume pode ser 44% superior ao da safra anterior, quando foram colhidas 480,5 mil toneladas. Cerca de 97% das lavouras estão em boas condições, e 3% em condições médias.

Colheita de feijão em Irati. Foto: Gilson Abreu/AEN
BOLETIM – Além de mais informações sobre a safra de grãos, o Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 23 a 29 de fevereiro elaborado pelo Deral, apresenta dados sobre o preço de pescados, um prato cujo consumo cresce no período da quaresma. A pesquisa de preços no varejo realizada pelo Deral apontou que o quilo do filé de tilápia estava sendo comercializado em fev/24 por R$ 52,16, alta de 3% quando comparado ao mesmo período de 2023. Entretanto, quando comparado aos preços de jan/24, há uma queda de 4,5% no preço.
Também há análises a respeito do preço da carne bovina e do custo médio de produção de suínos no Paraná, e ponderações sobre a exportação de mel em 2023. De acordo com dados fornecidos pelo Agrostat Brasil, durante o período de janeiro a dezembro de 2023, as exportações nacionais de mel “in natura” alcançaram 28.555 toneladas. Embora esse volume represente uma redução de 22,7% em comparação com o mesmo período de 2022, no qual foram exportadas 36.886 toneladas, o setor manteve sua presença marcante no cenário global.
No cenário estadual, o Paraná encerrou o ano de 2023 como o quarto maior exportador de mel natural, registrando uma receita cambial de US$ 7,284 milhões, um volume de 2.626 toneladas e um preço médio de US$ 2,77 por quilo. Em comparação com o ano anterior, houve uma diminuição no volume exportado (4.466 toneladas) e na receita (US$ 16,799 milhões), com um preço médio anterior de US$ 3,76 por quilo.

Colheita de milho – 2021. Foto: Gilson Abreu/AEN

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Setor lácteo recebe R$ 104 milhões da Conab e alerta para insuficiência do pacote
O aporte federal será direcionado a pequenos produtores e famílias em vulnerabilidade e entidades do setor reforçam que o volume ainda é insuficiente para reverter a crise causada pelo excesso de importações.

Acompanhando o anúncio do pacote de apoio pela Conab na terça-feira (23), o setor lácteo comemorou a ajuda de R$ 104 milhões para sete estados, mas alertou para a necessidade de um consórcio de ações com impacto imediato e mais expressivo, capaz de reverter a crise da atividade. No pacotão demandado pelas indústrias, cooperativas e produtores está uma série de medidas, como a adoção de uma política de benefício tributário para empresas de alimentos que usam o leite em pó nacional, adoção de sobretaxa de 50% para a entrada de leite em pó, manteiga, soro e muçarela vindos da Argentina e do Uruguai e suspensão emergencial das compras de produtos do Mercosul por seis meses. O pedido ainda inclui uma sobretaxa extra e provisória do produto vindo desses dois países até que a investigação de antidumping em curso no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) seja concluída.

Foto: Débora Beina/Divulgação
Durante reunião na manhã desta terça, o presidente da Conab, Edegar Pretto, detalhou como a companhia fará a compra de leite em pó por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O aporte de R$ 104 milhões dará prioridade aos pequenos produtores e o produto adquirido será destinado a famílias em vulnerabilidade. No entanto, alertou o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, o rateio do volume entre os estados causa disparidade, uma vez que nem todos estão sujeitos às mesmas condições de enfrentamento, como o Sul do Brasil. A estimativa é que o Rio Grande do Sul fique com 44% do aporte, o suficiente para escoar menos de 2 mil toneladas. “O volume está muito aquém do que o setor necessita neste momento”, alegou Palharini.
Palharini avaliou que, por mais que seja um excelente anúncio, o volume é insuficiente para a adoção de medidas de impacto imediato. “O setor vem há meses com problema de rentabilidade. Todas as medidas são bem-vindas, mas os governos precisam entender a urgência do momento”, salientou. O executivo reforçou que a crise de oferta excessiva que vive hoje o mercado brasileiro decorre do excedente de importações, movimento feito por indústrias alimentícias que usam o leite em pó na composição de seus produtos, como fábricas de chocolates, pães e biscoitos. “Esse leite importado está sendo utilizado na produção de biscoitos, chocolates e alimentos processados, um produto que, anteriormente, era adquirido de empresas e produtores brasileiros”, ponderou.
Presente na reunião, o secretário de Agricultura, Edivilson Brum destacou os anúncios já feitos em socorro ao setor. “É fundamental que a gente tenha noção da importância da bacia leiteira do Rio Grande do Sul, motivo pelo qual esta é uma notícia muito boa”, disse Brum, lembrando que o governo do Estado também fará uma compra, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural e da Secretaria de Desenvolvimento Social. “Isso ajuda e muito a bacia leiteira, mas o ideal seria se pudéssemos abrir mercado internacional para exportação do leite. Essa sim seria uma notícia incrível e tenho convicção de que todos nós comungamos do mesmo sentimento de que esse caminho é fundamental para o fortalecimento da economia gaúcha”.
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Sistemas ILP com leguminosas elevam ganho de peso e reduzem metano na pecuária
Estudo da Embrapa Cerrados mostra que consórcios entre gramíneas e leguminosas aumentam o estoque de carbono no solo e permitem maior produção de carne com menor emissão de gases de efeito estufa.

Sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) que incluem consórcio entre leguminosas e gramíneas forrageiras de maior potencial produtivo promovem melhor desempenho animal e menor intensidade de emissão entérica de metano (CH₄), além de elevar o acúmulo de carbono no solo. A conclusão é de um estudo conduzido pela Embrapa Cerrados (DF), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). O trabalho científico foi destaque em simpósio internacional coordenado pelo Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), da Universidade de São Paulo (USP). Veja quadro abaixo.
Os resultados fazem parte da tese de doutorado da bolsista Thais de Sousa, que está sendo desenvolvida com a colaboração dos pesquisadores da Embrapa Cerrados Arminda de Carvalho, Roberto Guimarães Junior e Robélio Marchão, sob orientação da professora da UnB Lucrécia Ramos.
Durante o estudo, pesquisadores avaliaram como diferentes estratégias de intensificação na pecuária influenciam o ganho de peso de bovinos nelore BRGN, a emissão de metano entérico e o acúmulo de carbono no solo. Foram analisados três sistemas de produção: uma pastagem contínua solteira de capim BRS Piatã (S1); uma pastagem contínua de BRS Piatã consorciada com a leguminosa feijão-guandu IAPAR 43 (S2); e uma pastagem em rotação com lavoura (ILP) de capim BRS Zuri (S3).
Os resultados mostraram que os animais apresentaram maior ganho de peso nos sistemas mais intensificados. No S1, o ganho médio diário foi de 0,44 kg; no S2, de 0,69 kg; e no S3, de 0,76 kg por animal. A intensidade de emissão de metano, que expressa a relação entre emissão e o ganho de peso total por área foi menor nos sistemas S2 e S3. Por outro lado, a pastagem solteira utilizada como referência no estudo alcançou 450 g CH₄ kg GPV/ha (quilo de ganho de peso vivo por hectare), o consórcio com leguminosa emitiu 269 g CH₄ kg GPV/ha e o sistema integrado com capim Zuri em rotação, 224 g CH₄ kg GPV/ha.
O estoque de carbono no solo na camada de 0 – 30 cm acompanhou a mesma tendência, sendo maior nos sistemas integrados, com destaque para o S2 com a presença da leguminosa, que apresentou 83,17 t C ha⁻¹ (toneladas por hectare), em comparação a 62,20 t C ha⁻¹ na pastagem solteira, ou seja, mais de 20 t ha⁻¹ de incremento de C no consórcio do Piatã com o guandu anão.
Emissões de GEE
O estudo também demonstrou que é possível intensificar a produção pecuária e, ao mesmo tempo, mitigar as emissões de GEE. Sistemas bem manejados, seja com a inclusão de leguminosas ou com a rotação lavoura-pecuária, permitiram maior produção de carne com menor emissão de metano, além de aumentarem o carbono armazenado no solo, melhorando o balanço geral. Resultados anteriores obtidos na mesma área experimental já haviam demonstrado que os sistemas integrados também reduzem as emissões de óxido nitroso (N2O), um outro gás de efeito estufa, em até 59%.
Esses resultados evidenciam que tecnologias como o consórcio de pastagens com leguminosas e a rotação com lavoura são fundamentais para tornar a pecuária mais sustentável e resiliente, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa e uma produção de carne de baixo carbono.
Os dados foram coletados no experimento com sistemas ILP mais antigo do Brasil, localizado na Embrapa Cerrados e implantado em 1991. As avaliações ocorreram em maio, agosto e dezembro de 2024.
Metano no centro dos debates
O Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, e mais de 90% dessa produção ocorre em sistemas a pasto, que ainda apresentam grande potencial de intensificação. A emissão de metano entérico, gerado no processo digestivo dos animais, tem um alto potencial de aquecimento global, 27 vezes maior que o do CO₂ em 100 anos, sendo influenciado principalmente pela qualidade, disponibilidade e consumo da forragem por ruminantes.
O tema foi destaque nas discussões sobre como a agropecuária brasileira pode contribuir para mitigação das mudanças climáticas durante a COP30, realizada em Belém (PA). “A redução das emissões sem comprometer o desempenho animal é um dos principais desafios da agropecuária, e sistemas integrados, consorciados ou intensivos têm se mostrado alternativas viáveis na descarbonização desse setor”, afirma a pesquisadora Arminda de Carvalho.
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Exportações de carnes do Mato Grosso crescem 43% e chegam a US$ 3,85 bilhões em 2025
Alta da receita entre janeiro e novembro é puxada pela carne bovina e ocorre mesmo com redução no número de abates, refletindo valorização do produto e demanda externa aquecida.

As exportações de carnes de Mato Grosso cresceram 43,12% entre janeiro e novembro de 2025, na comparação com o mesmo período de 2024. Considerando conjuntamente as vendas externas de carne bovina, suína e de aves, o Estado saltou de cerca de US$ 2,7 bilhões no ano passado para US$ 3,85 bilhões neste ano, consolidando o setor como um dos principais motores da balança comercial mato-grossense.
O avanço foi puxado principalmente pela carne bovina, que segue como o carro-chefe das exportações estaduais. De janeiro a novembro de 2025, Mato Grosso exportou US$ 3,62 bilhões em carne bovina, contra US$ 2,45 bilhões no mesmo período de 2024. Mesmo com a redução no número de abates, que passaram de 7,14 milhões de cabeças em 2024 para 5,39 milhões em 2025, o aumento da receita reflete valorização do produto e forte demanda internacional, especialmente da China, principal destino da carne bovina do Estado.
A carne suína também contribuiu para o desempenho positivo. As exportações passaram de US$ 59,97 milhões entre janeiro e novembro de 2024 para US$ 68,55 milhões no mesmo intervalo de 2025. Embora o número de abates tenha recuado de 2,79 milhões para 2,07 milhões de cabeças, o setor manteve crescimento em valor, impulsionado pela ampliação de mercados compradores, sobretudo na Ásia.
No segmento de aves, Mato Grosso exportou US$ 167,17 milhões em 2025, contra US$ 190,72 milhões no ano anterior. Apesar da retração no valor exportado e na quantidade de frangos abatidos — que caiu de 211,87 milhões para 158,13 milhões de cabeças, a carne de frango segue como componente relevante da pauta exportadora estadual, com presença consolidada em mercados do Oriente Médio e da Ásia.
Os dados compilados pelo Data Hub da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) indicam que, mesmo com ajustes no volume de abates em 2025, Mato Grosso ampliou de forma expressiva a receita das exportações de carnes. O resultado evidencia ganhos de competitividade, valorização internacional das proteínas animais e a força da cadeia produtiva estadual, que segue sustentando o crescimento econômico e a inserção do Estado nos principais mercados globais.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso, Paulo Bellicanta, o crescimento nas exportações totais de carnes evidencia um momento de fortalecimento da indústria frigorífica mato-grossense no mercado internacional. Segundo ele, o desempenho reflete uma combinação de valorização dos produtos, consolidação de mercados estratégicos e maior eficiência comercial das plantas exportadoras. “O resultado mostra que Mato Grosso conseguiu transformar competitividade produtiva em receita. Mesmo com ajustes no volume, especialmente nos abates, as exportações cresceram porque o Estado ampliou valor, diversificou destinos e consolidou a carne mato-grossense como produto confiável no mercado global”, avaliou.
Bellicanta destaca que o avanço nas exportações bovinas, somado ao crescimento da carne suína e à manutenção da presença da avicultura em mercados consolidados, demonstra a força do portfólio de proteínas do Estado. “Quando olhamos o conjunto das carnes, o crescimento é consistente. Isso indica que o setor está menos dependente apenas de volume e mais orientado para estratégia comercial, preços e acesso a mercados”, afirmou.



