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Paraná cumpre protocolos e recebe aval para antecipar retirada da vacinação contra aftosa
Mudança de status para área livre de aftosa sem vacinação, aprovada na reunião dos estados integrantes do Grupo V, será oficializada em setembro
O Paraná obteve autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o aval do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para antecipar a suspensão da vacinação contra a febre aftosa do rebanho bovino a partir deste mês de maio, quando ocorre a última imunização do gado no estado. A aprovação do pedido ocorreu na quarta-feira (24) durante a realização da 2ª Reunião do Bloco V do Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), no auditório do Sistema Ocepar, em Curitiba, com a participação de cerca de 110 pessoas dos cinco estados integrantes do Bloco V. Pelo cronograma, a autorização ocorreria no primeiro semestre de 2021. O governador em exercício do Paraná, Darci Piana, participou da abertura do evento, que prosseguiu nesta quinta-feira (25).
A mudança de status para área livre de aftosa sem vacinação, aprovada na reunião dos estados integrantes do Grupo V, será oficializada em setembro próximo, quando o Mapa irá publicar ato normativo de reconhecimento da condição do Paraná, informou Geraldo Marcos de Moraes, diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Mapa. Segundo ele, ainda “ficaram pendentes alguns detalhes e poucas ações para serem finalizados, o que irá ocorrer até setembro, conforme ficou pactuado nesta reunião. Aí, então, o Ministério da Agricultura vai editar as normas relacionadas à suspensão da vacinação no Paraná e as demais normas que implicam no controle de ingresso de animais no estado”.
Pendências
O presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, por sua vez, garantiu que os pontos pendentes apontados pelos técnicos do Mapa serão concluídos dentro do prazo estabelecido. “Não temos a menor dúvida quanto a isso. São quatro pontos técnicos e a nossa estrutura vai estar preparada para resolvê-los. A outra parte se refere à contratação de pessoal que, temos certeza, o governador Ratinho Junior irá cumprir essa questão até setembro quando, então, poderemos comemorar o status e ter a certeza de que estamos prontos para a auditoria internacional um ano depois e para, em 2021, na OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) recebermos o certificado de estado livre de febre aftosa sem vacinação”, pontuou.
Vitória
Martins classificou a aceitação do pedido de retirada da vacinação contra a febre aftosa como “uma grande vitória para o Paraná em relação à questão sanitária. Tivemos referendado nesta reunião o resultado de um trabalho desenvolvido ao longo de vários anos”. E destacou a participação de várias entidades, como a Ocepar, Faep, Fetaep, Fiep, que foram responsáveis por ações junto ao governo do estado, em 2011, que resultou na criação da Adapar, atualmente reconhecida como a melhor agência de vigilância sanitária no país. “E esta conquista é resultado de um trabalho competente em relação à defesa sanitária animal de seus técnicos e demais colaboradores”, acrescentou. Para ele, prevaleceu “o bom senso de todos os participantes do bloco” na questão.
Responsabilidade
O presidente da Adapar disse ainda que a manutenção do status de área livre de vacinação depende do governo e do setor produtivo. “O status sanitário do Paraná depende do governo, que tem de fazer a manutenção, mas principalmente dos produtores. Por isso, o apelo que fazemos é que toda a vigilância será feita em conjunto, ou seja, pelo governo e pelos produtores, questão que iremos reforçar nos seis encontros regionais (veja calendário abaixo) que, esperamos, tenham a participação efetivas dos pecuaristas”, enfatizou.
Prioridade
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, que não pode participar do primeiro dia do evento devido a compromissos com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Brasília, esteve presente na abertura dos trabalhos do segundo dia, quando disse que acompanhou de longe e ficou extremamente feliz com a decisão tomada por todas as entidades. “Tornar o Paraná área livre de aftosa sem vacinação é uma prioridade do setor cooperativista há muito tempo. Apoiamos esta decisão tomada aqui. Sabemos que é um assunto que precisa ser tratado com prudência e muita tranquilidade, mas precisamos avançar. Realizamos um planejamento e o estamos executando. Agora é a hora de agir. O setor tem investido muito no aspecto sanitário e vamos investir mais ainda com o novo status, pois é uma grande responsabilidade para todos os segmentos produtivos e as conquistas serão de todos também”, afirmou.
Mercado
“A pecuária do Paraná passou para um novo status.” É assim que o diretor executivo da Frimesa, Elias Zydek, resume a condição recém-conquistada pelo estado, resultado do empenho do setor oficial e da iniciativa privada há tantos anos. Quanto à suinocultura, ele considera um aval à possibilidade de participar de 65% do mercado externo, “que antes não tínhamos acesso. Mas, a partir de agora, teremos condições de participar de um mercado de aproximadamente três milhões de toneladas por ano”. O executivo disse ainda que a conquista desta condição sanitária contribui para que “tenhamos um conceito muito diferenciado perante o mundo. E isso é imensurável em termos de valores e, principalmente, de conceito da nossa pecuária”.
Suinocultura
Há diversos fatores que impulsionam um grande projeto, como é o do frigorífico de suínos da Frimesa, em Assis Chateaubriand, no oeste paranaense, que irá processar 15 mil cabeças de suínos daqui a dez anos, de acordo com Zydek. “É fundamental para o setor a nova condição alcançada pelo Paraná, pois estávamos muito preocupados com o mercado. No entanto, o novo status proporciona certeza de conquista de mais mercados. Por isso, imprimiremos uma velocidade maior na implantação do projeto”, disse, ao informar que houve uma desaceleração das obras devido vários motivos, e o status sanitário era o principal deles. Agora, a primeira etapa do frigorífico deve entrar em operação até o final de 2020.
Empregos
O projeto da Frimesa, central formada pelas cooperativas Lar, Copacol, Copagril, Primato, C.Vale, prevê a contração de sete mil empregados no frigorífico, em oito anos, ou seja, até a conclusão final do projeto. “E cada emprego na fábrica significa um emprego e meio a mais na cadeia produtiva. É uma fonte de geração de empregos segura, que tanto necessitamos atualmente.” Os investimentos totalização R$ 2,5 bilhões – R$ 1 bilhão no frigorífico e mais R$ 1,5 bilhão na produção, incluídos aí as granjas, fábrica de ração e armazéns nas cooperativas.
Responsabilidade
O diretor do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Ícaro Fiechter, avaliou que a conquista do status de área livre de aftosa sem vacinação implica em responsabilidade de todos os segmentos da cadeia de proteína animal até o consumidor, inclusive do setor público, pela manutenção desta condição. “A vigilância para manter afastado o problema (aftosa) é de todos, afinal é muito melhor dizer eu não tenho a doença e não preciso vacinar. Isso interessa também ao mercado internacional”, enfatizou.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.