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Paraná avança em projetos de hidrogênio verde e vira protagonista nacional na área

Estado se prepara para uma grande política de energias renováveis, que envolve matrizes como o biogás e seus derivados, como o hidrogênio renovável, com ações em licenciamento, de caráter tributário e voltadas a consolidar o Estado como indutor da cadeia.

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Paraná avança em projetos de hidrogênio verde e vira protagonista nacional na área - Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Desenvolver uma cadeia do hidrogênio verde, objetivo da recente criação de um Grupo de Trabalho pelo governo federal, unindo ministérios de Minas e Energia e de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, é uma iniciativa que já tem dado passos no Paraná. Considerado o futuro da energia limpa, o também chamado hidrogênio renovável está no centro das atenções após a Europa começar a lançar as primeiras concorrências internacionais para aquisição dessa matriz energética, criando novos capítulos da corrida.

Soma-se a este movimento a criação, por iniciativa da Presidência do Senado Federal, em meados de março, de uma comissão especial que irá debater políticas públicas sobre este sistema energético. O objetivo é fomentar políticas sobre o tema e ter um ganho em escala da tecnologia.

Foto: SEPL

No Paraná, na última terça-feira (28), durante a terceira reunião do ano sobre o tema promovida pelo Governo do Estado e coordenada pela Secretaria do Planejamento, foram encaminhadas resoluções importantes, com a participação de diversos atores regionais, como Copel, Sanepar, Invest Paraná, Parque Tecnológico de Itaipu, Receita Federal, Compagas e Secretaria do Desenvolvimento Sustentável.

O hidrogênio (H₂) é uma matriz energética proveniente do processo da quebra das moléculas ou da água (H₂O) ou do metano (CH₄) e que pode ser conseguido por eletrólise, via energia elétrica, e por biogás. Quando a energia catalisadora desse processo é limpa, aí o hidrogênio produzido pode receber a designação hidrogênio verde. Hoje, esse combustível é usado em maquinários pesados, indústrias como a de siderurgia e em aviões.

“O Paraná se prepara para uma grande política de energias renováveis, que envolve matrizes como o biogás e seus derivados, como o hidrogênio renovável, com ações em licenciamento, de caráter tributário e voltadas a consolidar o Estado como indutor da cadeia”, disse o secretario do Planejamento, Guto Silva.

“Programamos para 3 de maio um grande evento sobre essa energia no Estado, quando deve ser enviado à Assembleia Legislativa do Paraná o projeto de lei da criação do Plano de Hidrogênio Renovável e a assinatura do decreto desonerando a cadeia, com mecanismos que despertem o interesse de players do setor”, informa o secretário do Planejamento, Guto Silva.

Além da participação de pesquisadores e da apresentação de iniciativas na área, na ocasião será feito o lançamento de um livro produzido por pesquisadores envolvidos na iniciativa paranaense, tendo como o tema mais amplo o de energias renováveis, além do planejamento das etapas associadas com os Planos Estaduais de Energia e de Hidrogênio.

Também será entregue a primeira etapa de um estudo do panorama do potencial do Estado para a exploração dessa energia feito pela Paraná Projetos, em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Haverá, ainda, a assinatura do novo Plano de Energia, uma ação em conjunto da Copel e Fiep (Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná). O estudo para a criação de um Descomplica Energia Renovável, que aceleraria o licenciamento voltado à produção de energia renovável, também foi colocado em pauta.

Como a geração dessa nova matriz envolve, no processo da quebra das moléculas (que resulta no H2), o uso de energia que também deve ser renovável (eletrólise via energia elétrica, ou por biogás), a preocupação com toda a cadeia é importante, para que esse hidrogênio produzido possa receber a designação que o qualifica como renovável.

Assuntos da reunião

Entre os temas levantados durante a reunião, estiveram a construção de um Mapa de Ativos relacionados ao hidrogênio renovável no Paraná e o levantamento das etapas da cadeia de produção que deverão ser desoneradas, listando quais negócios e quais elos devem receber esses estímulos para que essa cadeia produtiva seja desenvolvida.

Inicialmente, a modelagem do negócio (estruturação da cadeia) é vista, neste momento, como um dos pontos principais relacionados ao encaminhamento do assunto, seguido de geração da energia, armazenamento, comercialização/distribuição e transmissão.

Segundo Giancarlo Rocco, diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, após esse passo inicial o Estado estará pronto para se aproximar de possíveis investidores, que já estão de olho na iniciativa paranaense. “Primeiramente, vamos fazer o mapeamento da cadeia e de possíveis conexões, fomentaremos parcerias que possam fazer sentido dentro de uma possível cadeia produtiva e, também, quem vai ser desonerado nessa cadeia”, disse.

Em âmbito estadual, já há iniciativas em relação à energia em andamento. Ao longo de 2022, a Sanepar realizou estudos conceituais para produção dessa energia a partir da reforma catalítica a seco do biogás, baseada no tratamento de esgoto.

A Sanepar teve um projeto submetido e aprovado em primeiro lugar no âmbito da Seleção Pública MCTI/FINEP/FNDCT (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Financiadora de Estudos e Projetos e Fundo Nacional de Desenvolvimento de Científico e Tecnológico). A Seleção Pública destina-se a apoio a projetos de incentivo ao uso de combustíveis e hidrogênio obtidos de forma sustentável com aplicação no setor de transporte/combustíveis do futuro.

Orçado em cerca de R$ 12 milhões, envolve também a Copel como investidora e coexecutora e tem o Cibiogas e a UFPR como Instituições de Ciência e Tecnologia parceiras.

O projeto prevê, entre outras ações, a construção de uma inédita unidade de referência, com capacidade de produção de 14 kg de H2/dia (o equivalente ao abastecimento de três carros elétricos). Nesse projeto o hidrogênio renovável será utilizado para fins de eletromobilidade.

Essa será a primeira planta do Brasil de produção de hidrogênio renovável focada na reforma catalítica a seco do biogás oriundo do esgoto e deve ter o projeto contratado ainda em 2023, assim que for assinado o termo de outorga com a Finep.

Também em 2022, a Sanepar, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha – Rio de Janeiro (AHK Rio), apresentou proposta de projeto para o Ministério Federal do Meio Ambiente, Natureza, Segurança Nuclear e Proteção (BMUV) da Alemanha visando o desenvolvimento de estudo de viabilidade para a introdução de tecnologias renováveis (verdes) de produção de hidrogênio em estações de tratamento de esgoto no Paraná.

Uma equipe de consultores trabalhará em parceria com a Sanepar avaliando aspectos mercadológicos, regulatórios e modelos de negócios. O projeto, já aprovado pelo governo alemão, tem previsão de o início de suas atividades no Paraná no mês de abril deste ano.

“O hidrogênio se apresenta como uma perspectiva promissora e disruptiva para o setor de saneamento, sendo aderente aos conceitos de economia circular e de transição energética, e convergente com as ações de inovação para a sustentabilidade da Companhia”, afirmou Claudio Stabile, diretor-presidente da Sanepar.

Sistema de agricultura

Também com foco na produção do hidrogênio renovável pelo processo que utiliza biogás, porém produzido por dejetos de animais e resíduos agroindustriais, em novembro do ano passado foi criado um grupo de trabalho visando a elaboração de uma política pública de aproveitamento, por meio do Sistema Estadual de Agricultura, como continuidade nas ações de apoio e incentivo aos produtores rurais, dentro do escopo do Programa Paraná de Energia Rural Renovável (RenovaPR), que já apoia o financiamento de usinas sustentáveis.

Segundo o coordenador do programa RenovaPR no Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, Herlon Almeida, o hidrogênio renovável não é um produto para agora, é para o futuro. “Na agricultura, temos que preparar o Paraná para essa energia, e a rota preferencial do hidrogênio renovável no Paraná passa pelo metano, que é uma alternativa ao modo mais ‘badalado’ de se conseguir essa molécula, que envolve a eletrólise da água”, disse.

O metano (CH4) é produzido normalmente pela decomposição de material orgânico, dejeto animal e resíduos agroindustriais, e é mais agressivo para efeitos do aquecimento global que o gás carbônico, então é preciso estabelecer estratégias para sua recuperação energética.

“Como o Paraná tem muitos criatórios animais, temos que aproveitar para fazer desse material o biogás, do qual pode-se obter o hidrogênio renovável, ao liberar a molécula de carbono. E esta é a rota preferencial dos alemães, por exemplo, que são quem mais demandam hidrogênio renovável no mundo, e querem importar 70% de todo hidrogênio que irão usar até 2030”, diz.

A aposta da Secretaria de Agricultura é que o domínio tecnológico desemboque em boas condições comerciais, e que isso se reflita em acesso ao mercado. “Sabemos que esta energia representa o futuro, mas não sabemos muito quando isso irá ocorrer e a que custo. Por enquanto há uma projeção laboratorial, a partir da qual obteremos indicadores e a projeção de preços”, diz ele.

Herlon lembra que, em fevereiro, a Secretaria de Agricultura participou da assinatura de um acordo com o governo alemão, pela Agência de Cooperação Alemã, voltado a duas cooperativas, sendo uma de Toledo e outra de Nova Santa Rosa, no Oeste do Estado, onde serão produzidos, além do biogás e biometano, que vão gerar energia elétrica para uso veicular, estudos de viabilidade econômica para a produção do hidrogênio renovável.

“Se em três anos, se o estudo andar na rapidez que esperamos, teremos informações concretas de mercado, com custo de produção real, sabendo quanto custaria produzir hidrogênio e a quanto chegaria no mercado em Toledo e para ser transportado à Alemanha”, diz Herlon, assinalando que, neste momento, o importante é preparar estrategicamente o Paraná, estudando fontes, mercados, fornecedores, compradores, o que irá gerar uma série de informações e tentar atrair investidores para o desenvolvimento dessa cadeia de produção.

Foto: SEPL

Chamada pública

Em meados do mês de março, a Copel também comemorou o recebimento de 71 propostas cadastradas na chamada pública para projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de tecnologias para produção de hidrogênio de baixo carbono oriundo de biomassa, biocombustíveis e outros resíduos de natureza orgânica.

Os projetos foram apresentados por 53 empresas e instituições de pesquisa de 17 estados brasileiros. Uma comissão interna irá analisar todas as propostas ao longo das próximas semanas e o resultado da seleção deverá ser divulgado até o final de maio.

Está prevista a aplicação de até R$ 7,6 milhões nas iniciativas contempladas nesta seleção, direcionada para quatro linhas de pesquisa: desenvolvimento de metodologia para produção de hidrogênio de baixo carbono, busca de soluções inovadoras para a logística e distribuição, para armazenamento e para novas aplicações e uso do hidrogênio de baixo carbono. Serão firmados contratos com prazo máximo de execução de 48 meses.

A proposta dos estudos financiados pela Copel é avaliar as alternativas de biocombustíveis e respectivas vantagens e desvantagens em termos de eficiência energética, disponibilidade de matéria-prima e custos.

Outra iniciativa da Copel, mas dentro do programa de inovação aberta Copel Volt, também tem relação com a produção do hidrogênio verde. A companhia selecionou as cinco startups que irão desenvolver provas de conceito em 2023, sendo que uma delas, a colombiana Solenium, que será incubada dentro da Copel tendo como uma das metas construir uma planta experimental de produção do hidrogênio renovável.

A startup colombiana baseou sua proposta no desafio de soluções com hidrogênio verde, armazenamento de energia e demais energias limpas. Para isso, propõe um piloto para produção, armazenamento e reeletrificação de hidrogênio verde, diretamente integrado com a produção de energia solar, com um sistema para gerenciar o consumo e a geração de eletricidade em tempo real.

“A Copel tem uma vocação natural de investir e criar condições para que cadeia produtiva do hidrogênio se torne viável economicamente e, por extensão, venha fomentar o desenvolvimento do Paraná”, afirma Cássio Santana, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Copel.

Dentro das iniciativas que podem representar bons ganhos no futuro para o Paraná, foi indicada, durante a reunião ocorrida na Secretaria de Planejamento, a possibilidade de um estudo para a produção da amônia verde, alcançada a partir do hidrogênio renovável.

“Mesmo sendo a implantação de uma fábrica de fertilizantes algo complexo, poderiam ser reunidas cooperativas em torno dessa iniciativa, visto que, hoje, as empresas de fertilizantes adquirem os derivados e os misturam para alcançar o produto final”, explica o engenheiro de energias renováveis na Copel, Gustavo Ortigara, explicando que, a partir da transformação do hidrogênio renovável se chegaria à amônia e à ureia, que é a base dos fertilizantes. “Porém, ainda temos de levantar a apetite de empresas para esse negócio, que parece promissor”.

Energias renováveis

Além do hidrogênio renovável, na reunião foram levantadas outras oportunidades relacionadas a energias renováveis, como o metanol verde, que poderia vir a substituir o metanol proveniente de origem fóssil, utilizado para a produção do biodiesel e como resina na indústria de madeiras e compensados.

A Sanepar, por exemplo, também estuda iniciativas em hidroenergética em infraestruturas sanitárias, placas solares flutuantes, biogás e todos os seus derivados, como o biometano e o gás carbônico. Além disso, a Companhia pesquisa nos últimos anos novas perspectivas para valoração do lodo de esgoto, rico em matéria orgânica e nutrientes.

“Há quase três décadas possuímos um programa de reciclagem agrícola de lodo, reconhecido internacionalmente como prática sustentável. Porém, neste momento, estamos investigando a possibilidade de produzir fertilizantes orgânico e organomineral a partir do lodo de esgoto”, informa Claudio Stabile.

Fonte: Assessoria AEN-PR

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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